Aug 15, 2012

Olha aí!

Tarsila do Amaral, “Sol Poente” (1929)

 

Este Blog, há muito tempo, vem discutindo o momento ruim que vive nosso futebol.
Sobretudo com ausência de jogadores “foras-de-série”. Isto já ocorreu na Copa da Africa so Sul, 2010, onde o elenco era dos mais fracos que o futebol brasileiro já apresentou. Não adianta a mídia inventar que este ou aquele é craque, por uma ou outra jogada. Com o tempo, a realidade se impõe. O craque Tostão, na
Folha de hoje, 15/8, fala deste grave problema.
É hora de refletirmos sobre ele, ou então, a Copa de 2014 será pesada.

 

Pior do que pensava

TOSTÃO

Após as más atuações e a derrota para o México, o futebol brasileiro está pior do que pensava

Prefiro ver o Brasil melhor no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do que ganhar mais medalhas. De qualquer maneira, se quiser evoluir, em todas as áreas, incluindo o esporte, será necessário diminuir as patotas, a perniciosa relação de troca de favores e colocar os mais bem preparados e mais dignos nos cargos estratégicos.

Não basta planejar e investir.

Projeto não fala, não pensa, nem tem alma.

O Brasil joga hoje, contra a Suécia, a última partida no estádio Rasunda, onde ganhou a Copa de 1958. Recentemente, vi, em DVD, todos os jogos, na íntegra. A seleção era melhor do que imaginei com 11 anos, ao escutar as partidas pelo rádio. O Brasil mostrou ao mundo que era possível unir o futebol imprevisível, descontraído e criativo com a eficiência.

Chico Buarque, décadas atrás, em um belíssimo texto, disse que os europeus eram os donos do campo, por ocuparem melhor os espaços, e os brasileiros, os donos da bola, por gostarem de ficar com ela e de tratá-la com intimidade. Hoje, o Brasil não é dono do campo nem dono da bola.

Está pior do que pensava. Antes da Olimpíada, achei que o time, por ser quase o principal, diferentemente de outros países, seria o grande favorito e que nossos jovens dariam show em defesas de jogadores desconhecidos. Enganei-me.

Contra o México, Mano errou ao colocar Alex Sandro no meio-campo, aberto, com a função de ser secretário de Marcelo. Alex Sandro e o time já tinham jogado mal contra a Coreia do Sul. Mano errou também ao levar Hulk. A prioridade era mais um zagueiro ou um lateral direito. A defesa jogou muito mal em todas as partidas.

O Brasil não tem um craque definitivo. O único com chance de ser um fora de série é Neymar. Ainda não é. Sem craques experientes a seu lado, no Santos e na seleção, ficará muito mais difícil para ele evoluir. Neymar vive um momento perigoso. Deram a ele o prestígio de uma celebridade mundial, de gênio, e também uma enorme responsabilidade. Se o Brasil não for campeão do mundo, os mesmos que o adulam vão massacrá-lo.

A formação ineficiente e, muitas vezes, promíscua, nas categorias de base dos clubes, e o estilo de jogar dificultam o aparecimento de craques. Com menos craques, há menos chances de isso mudar. Mano, pelo menos no discurso, tenta fazer alguma coisa, sem sucesso. As marcas da mediocridade foram impregnadas na alma dos jogadores, técnicos e de parte da imprensa.

Não adianta trocar de técnico, a não ser que surja alguém especial, romântico e racional, profundo conhecedor de detalhes técnicos, táticos, observador da alma humana e, ao mesmo tempo, corajoso, combativo e que não precisa gritar, se exibir e dizer que é tudo isso. Falta ao futebol um Zé Roberto.

www.folha.com

13 Comments

  • O Brasil só teve um adversário difícil nas Olimpíadas. O México. Deu no que deu…

  • nossos “craques” na performance do garoto midia Neymar que voltou de Londres com o titulo de atleta de triatlo – corre, pedala e…nada!! deveriam descer do salto e adquirirem um pouco de cultura sobre o futebol principalmente a respeito da seleçao tricampeã para ter o melhor exemplo a seguir

  • Bom dia,

    A evolução do condicionamento físico, diminuiu demais os espaços no gramado, o que dificulta o futebol técnico…

    É preciso criatividade, perseverança e, acima de tudo, ‘muito dinheiro’ para se formar um time que vença e encante.

    Vide o Barcelona…

  • Citadini,

    Aprecio o Tostão porém como 99% dos jornalistas, atualmente ele escreve conforme o último resultado (ele mudou um pouco seu estilo). Se o Brasil saísse campeão, o texto dele seria outro e bem diferente. Infelizmente as pessoas são movidas a resultado final e não ao contexto.

    Não acho que o Brasil jogou mal. Alias, vinha jogando o suficiente para os resultados e perdeu a final. Agora o Neymar é um jogador normal… não é mais um craque, não é aquele cara que foi protagonista com 19 anos de títulos de libertadores, brasileiro e paulista.

    Como seria bom se os comentários fossem como os do Claudio Carsughi.

    Abs

    • Boa Rubens. Excelente comentário.

  • Devemos nos preocupar com os clubes. Seleção deve ser 2º plano e tá bom demais.

    • Boa. Sempre pensei assim !

  • acho q ele deveria ter levado um goleiro entre os atletas com mais de 23 anos..ele acertou ao levar thiago silva e marcelo..nunca em ter levado hulk q é ate bom, mas damião é superior

  • Também concordo que não adianta trocar de técnico. Mano Menezes é igual aos demais. Tem gente que defende o Muricy, mas ele só conseguiu esses títulos todos porque trabalha como os demais brasileiros. Quando foi necessário mostrar técnica, um diferencial, levou um surra dos espanhóis. Aquela derrota não seria diferente se ele dirigisse a seleção brasileira contra a espanhola. Há uma certa arrogância por parte da imprensa, jogadores e até mesmo dos torcedores: não conseguimos admitir que não somos os melhores do mundo há tempos. Estamos atrás da Holanda, Alemanha, Argentina, Uruguai, México, Espanha, Itália, no mínimo.

  • Penso que aquela mesma seleção, com outro goleiro (Gabriel falhou muito e passou toda a insegurança possivel), com Daniel Alves no lugar do fraco Rafael, e com Ramires e Paulinho nos lugares de Sandro e Alex Sandro, será muito forte.

    Mesmo porque ganhar medalha de ouro, nunca significou sinal de seleção principal forte.

  • Ganharam!!!! Amistoso!!! Se valer alguma coisa!!! Esses “Baloubet du Rouet” refugam todos.!!!!!!! Fora Mano, Nuzman e Andres!!!! Chegaaaaaaaaaaaaaaaa Pior, reclamaram da camisa!!!! É mole???? Mas como diz o Zé Simão “É mole mais sobe!!!” hahahahaha

  • Na minha opinião o que tem que ser feito não é apenas acabar com os favores, e negociatas envolvendo empresarios e jogadores…. que a seleção é um balcão de negocios e que isso nos prejudica, todo mundo jásabe. Eu particularmente não ligo a mínima para a seleção, inclusive nem vi esta disputa olimpica “ridícula”, tanto faz como tanto fez o Brasil não ganhar o outro.

    Ligo só para o meu time, e olhe lá, pois é duro ver a promiscuidade dentro do clube de coração e continuar sendo apaixonado por ele, então resolvi deletar a seleção para não sofrer em dobro.

    O grande problema do futebol brasileiro não esta na seleção e nem nos elencos profissionais, esta na formação dos jogadores. Todas as grandes equipes possuem suas bases comandadas por diretores ligados a empresas e empresários, que querem usar o time apenas como muma vitrine de jovens talentos para que antes mesmo de virarem profissionais sejam negociados com outros times do Brasil e do mundo. Hoje, o que vale é jogador “pseudo” habilidoso, como o neymala, que faz malabarismo com a bola, chama a atenção da mídia e é valorizado. Depois disso, vale equipes de base conquistanto títulos sem valor algum. De que vale um título nas categorias de base, se quando chegam ao profissional os jovens não tem maturidade para encarar a responsa…

    Vejam o neymala… venderam para a mídia um novo pelé. Quando o ronaldo disse que ele tinha que ir para o futebo europeu para evoluir, cairam de pau nele, mas o gordo estava certo. Hoje para minha felicidade, o neymala só tem mkt, já não consegue enganar as zagas adversarias e se tudo der certo vai levar o time das manjubinhas a falencia com seus 3 milhões\mês de salarios. Estou adorando ver isso…

  • “Não adianta trocar de técnico, a não ser que surja alguém especial, romântico e racional, profundo conhecedor de detalhes técnicos, táticos, observador da alma humana e, ao mesmo tempo, corajoso, combativo e que não precisa gritar, se exibir e dizer que é tudo isso.”

    Já existe esse cara, chama-se Adenor Leonardo Bacchi, o Tite.

    (mas não espalha, ele está muito bem no nosso querido Corinthians e não queremos perder mais um bom treinador para a seleção brasileira rs.)

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