May 15, 2012

Um Parreira à paulista

 

Amedeo Modigliani, “Grande Figura Nua Deitada”, 1918.

EXPOSIÇÃO: AMEDEO MODIGLIANI NO MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO
QUANDO: Abre amanhã, dia 16/5, às 19h30, para convidados; de ter. a dom., das 11h às 18h; qui., das 11h às 20h; até 15/7.
ONDE: Masp (av. Paulista, 1.578, tel. 0/xx/11/3251-5644).  ACESSO: Estação de Metrô Trianon-MASP.
QUANTO R$ 15.

 

Neste dia (15 de maio), há 10 anos, o técnico Carlos Alberto Parreira vivia um momento ímpar em sua vitoriosa carreira.
O Corinthians, time que ele dirigia, ganhava naquela noite, em Brasília, a Copa do Brasil. Três dias antes havia conquistado no Morumbi o Torneio Rio-S.Paulo, que reunia as 16 principais equipes cariocas e paulistas. Foi um momento especial em sua carreira, como ele mesmo falaria tempos depois.

Quando Parreira chegou ao Corinthians, era um técnico para lá de contestado, especialmente em São Paulo, pela mídia e pelos torcedores.
Sua fama de retranqueiro era o mínimo de que se falava. Embora já tivesse um longa carreira com grandes vitórias (como Campeão do Mundo pela Seleção Brasileira nos EUA, 1994; Campeão Nacional com o Fluminense (embora tivesse dirigido a equipe somente na parte final do campeonato), Parreira era impiedosamente criticado. Tanto que, alguns dias antes de ser contratado pelo Corinthians, em grande entrevista, disse que não desejava dirigir qualquer Clube no ano de 2002, após sua passagem pelo Inter de Porto Alegre.

A mídia paulista era especialmente azeda com Parreira.
Acusavam-no de ter um discurso muito refinado (incompatível com o futebol, segundo eles). Não era um boleiro e os jogadores não “gostavam” disso. Por outro lado, havia a dramática passagem pelo SPFC, alguns anos antes.  Logo após conquistar o Campeonato do Mundo, chegou ao Tricolor, que era todo festa. Seria a reunião de um time diferenciado, com um técnico  que falava sem erros de linguagem, tão ao gosto dos lordes. Foi um fracasso total. Creio que Parreira nunca esqueceu o “conto do vigário” em que caiu.  Aquilo que a mídia dizia ser um “Olimpo”, na verdade se tratava de um Clube com métodos quase varzeano.
Que levaria o treinador a um curto (e inesquecível) período no Tricolor.

No dia de sua apresentação no Corinthians,  a Diretoria alvinegra quase foi massacrada pelos jornalistas, que “queriam  vingança” por Parreira não ter vencido no São Paulo. Poucas foram as vozes que divergiram, vendo em Parreira um profissional de alto nível, sério e competente.

O tempo se encarregou de mostrar que o ex-técnico da Seleção era – na verdade – um treinador ideal para um grande Clube. Organizado, sua Comissão Técnica tinha toda a programação do ano. De treinos técnicos, jogos, coletivos e até dias de rachão. E ele sempre gostou de fazer o que poucos técnicos apreciam: treinar. Treinar o tempo todo, sempre cobrando disciplina em campo.

Sua vitoriosa passagem pelo Corinthians marcou sua carreira. Decorridos 10 anos daquela conquista, ele se tornou um técnico que deixou imensa saudade e uma marca positiva entre os corinthianos. Após aquela temporada, desapareceram os rótulos acusando-o de retranqueiro, despreparado e anti-futebolista. E ele merece todo o respeito por ser um profissional correto, sério competente e vitorioso.
E nós do Corinthians agradecemos. Muito.

Não esquecem 

O que leva uma torcida, na hora em que seu time é campeão, gritar e cantar xingamentos contra um adversário que não estava ali?
Simples. Freud explicaria bem. Não se esquecem do adversário – em qualquer situação – porque queriam, na verdade, não o título,  mas o status e a grandeza que correspondem ao outro e eles não têm.

Mônica e Sônia

A coluna de hoje da Mônica Bérgamo, na Folha, e a da Sônia Racy, no Estadão, deveriam circular juntas.
Todas as fotos são iguais. Torcedores “famosos” – a maioria banqueiros – num camarote no Morumbi, no último domingo. Será que apareciam para prestigiar a equipe deles? Não creio. Talvez  fosse mais um banqueiro querendo melhorar sua  imagem diante do público (Vejam, eles vão ao futebol!  então são gente comum…) do que para mostrar a força do time.

Bom exemplo 

O Blog do Birner, no dia de hoje, publica uma interessante matéria sobre a briga do SPFC/Inter/Oscar/ Bertolucci.
Um membro de um Tribunal Superior – onde tramita o caso – vai se dar por impedido na matéria, por ser torcedor militante do São Paulo. É um exemplo que deve ser destacado. Em tese, a imparcialidade em casos como este, estaria comprometida. Mas faz bem o juiz em se afastar da questão. Há outros casos idênticos a esse. E alguns onde o comportamento foi no sentido contrário.
Devemos aplaudir o magistrado lembrado pelo Blog do Birner e  não nos esquecer dos que fizeram de maneira diversa.

26 Comments

  • Interessante esse post sobre o Parreira. Entendo o fato de ele não ter ido bem no SPFC. Existe uma evidente diferença entre ser “refinado” e “elitista”.

    • Foi um barraco e tanto.

  • Meu poema, ou melhor, meu texto sobre a situação de Jobson: E AGORA, JOSBON?

    http://jogadademestres.blogspot.com.br/2012/05/e-agora-jobson.html

    Abraço!

  • Parreira foi derrubado no SPFC por jogadores como Muller, André Luis e Valdir Bigode. Posteriormente, assumiu Muricy Ramalho e, coincidentemente, o time melhorou o desempenho.

    No Corinthians, foi muito bem. E seu único erro foi voltar a Seleção Brasileira para atender um pedido do seu amigo Zagallo, carreirista ao extremo, que aquela altura do campeonato, já não trabalhava em time algum.

    Foi uma pena o Corinthians, em 2003, jogar a LA com Geninho no comando. Triste. Com o Parreira, a história seria outra, certamente. Ao menos, não passaríamos vexame.

    Ademais, Parreira foi o técnico da Seleção Brasileira que mais ouviu impropérios em toda a história. E, em momento algum, perdeu a ótima postura. O futebol apresentado pela Seleção não era bonito de se ver, mas, depois de 24 anos de fracassos em Copa do Mundo, entendo que o Parreira fez a coisa certa. O importante, em 1994, era ganhar. Este mérito é do Parreira.

    • Parreira tem muitos méritos.

  • Tenho muita saudade do Parreira. Para mim, o melhor técnico que o Corinthians teve nos últimos tempos. Realmente foi muito ruim para o Corinthians quando ele saiu para servir a seleção brasileira.

    • A mãe dele também achava isso.

  • Confesso que eu também torcia o nariz para o Parreira,
    mas depois do que ele fez no Coringão passei a admirá-lo a ponto de
    torcer por um acerto dele antes do Tite.

    Aquele time do Parreira se levava gol, a gente sabia que reagiria, era seguro, confiável, vejo semelhanças com nosso time atual,
    não na tática,
    mas no pragmatismo!

    • Ele ganhou grande admiração dos corinthianos.

  • É verdade, o Parreira encontrou um elenco e tanto no Coringão e não decepcionou. No começo eu achei que seria uma baita furada, mas queimei a lingua com gosto, pois o Timão arrebentou!!!

    Já o spfw viu a sua pseudo organização cair por terra quando ele fez um brilhante trabalho no maior clube do país!

    Sobre o time campeão xingando um adversário que nem estava ali, é isso ai, nem pelé, nem robinho e nem neymala conseguem fazer o timeco da baixada ser maior Coringão.

    Agora quanto ao juiz sair do caso, isso não é digno de elogio, não fez mais que a obrigação dele, afinal de contas, ter ética e imparcialidade é a base do judiciário!!! É por isso que o Brasil está cheio de corruptos, achamos que qualquer postura correta de qualquer um dos poderes é digna de elogio, quando na verdade é dever!!!!

    Outra coisa, ou é sãopaulino ou é ético, as duas coisas juntas é impossível!!!!

    • Muita gente não acreditava num bom trabalho de Parreira. A campanha era contra era forte.

      • O s4n7os parece aquele viralatinha sarnento latindo para o poderoso Rottweiller (Coringão):

        – Ei…ei…presta atenção em mim, presta atenção em mim…só porquê eu sou pequininho você não brnca comigo?

        É simples: eles querem o lugar das bambizelas (bambi + gazelas) como nossos paga-paus oficiais. Imaginem a glória pra eles ???

        • É visão curta.

  • Espero que em 2013 e 2014 voce lembre das datas ruins que fez o time passar. E no final de 2012 tambem.

    • ´Data ruim a gente esquece. Vc já esqueceu de 2007.Como todos nós.

  • Citadini,
    seus posts são “uma delicia”. O de hoje reverenciando Parreira é de suprema felicidade.
    Nos tempos em que ele dirigiu o TIMÃO (que aliás o levou de volta à seleção), tínhamos um toque de bola semelhante (guardadas as proporções) ao que o Barcelona exibe hoje.
    Uma pessoa educada , que não queria aparecer mais que os jogadores; não falava palavrões e muito culto. Também tenho muitas saudades. Quem sabe ele volta, né ?
    Quanto a você, repito, está em grande forma. O blog sempre fala do nosso Corinthians com extremo bom gosto.
    Abraços

  • Se formos nos recordar do ano de 2002, lembraremos que o time do SPFW tinha a base das seleções brasileiras de 2002 a 2010. Tinha o Kaká, Luis Fabiano, Julio Batista, Rogério Ceni e o Edmilson, em seus auges. O time do Parreira notadamente era inferior tecnicamente. Seus principais jogadores eram Ricardinho, Gil e Kleber. Vampeta já não vivia mais seu auge técnico. Era muito engraçado ver você tirando onda com os bambis, dizendo que o Gil era melhor que o Kaká. De fato, em território nacional, ele ganhou muito mais títulos que o atual jogador do Real Madrid. No entanto, o futuro nos mostrou que quem era mesmo diferenciado era o esquema de jogo do Parreira — Gil era somente um cachaceiro que sabia driblar pela esquerda.

  • Concordo o Parreira foi um grande técnico do Corinthians. Com as devidas comparações, podemos situar o estilo de jogar priorizando a posse de bola, com a seleção da Espanha e também com o Barcelona. Para os adversários era muito chato jogar com o Corinthians, naquela época. Pela que não houve continuada. Citadini você que era dessa época o que ocorreu com a falta de continuidade. Eu que fui um critico ácido com Tite no ano passado, vejo de grande valia a sua continuidade no cargo. Acredito que foi um ponto positivo na administração do Andrés.

  • Sobre o Parreira, de fato ele fez um ótimo trabalho em 2002, chegando a três finais de campeonatos; nas quais venceu duas e foi vice em outra. Eu posso está enganado, mas não me recordo de nenhum outro técnico que passou pelo CORINTHIANS após Parreira o qual tenha levado o TIMÃO a três decisões de campeonato no mesmo ano.

    Quanto a Freud e os rivais, isso é a mais pura verdade. Quando o 5ão paul0, o s4n7os ou o pa6meiras ( Opa! Este ultimo não. Afinal, não conquistam um título a anos) vencem um campeonato, as suas respectivas torcidas ao em vez de comemorarem o feito, preferem ofender o TODO PODEROSO CORINTHIANS. Confesso que tento compreende-los, afinal os pobres diabos mesmo possuindo estádio a anos, conquistando libertadores e pseudos “mundiais” (TORNEIO INTERCONTINENTAL TOYOTA) não conseguem ter 1/3 da grandeza do TIMÃO.

    Hoje será uma noite de fortes emoções, afinal de contas o TIMÃO terá um clássico nacional pela frente. Eu acredito que o aguerrido time do CORINTHIANS trará um bom resultado do Rio de Janeiro, um empate ou até mesmo uma vitória, mas não perderá para vasco em São Januário.

    • Não sei se Freud explica. Tenta.

  • Aê Citadini, então Freud explica porque você fala tanto do São Paulo.

    Abraço

    • Explica. É um caso onde não existe medo de dizer a verdade.

      • Eles erram prá valer.

  • vc está completamente equivocado..naquela época o sp vivia uma crise tremenda..nao ganhava de ng e o time era fraco…e nao tinha quela conversa de clube diferenciado…
    e outra..pra mim o parreira nao esta nem entre os 20 melhores treinadores q o brasil ja teve…pra mim é comum

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