Feliz Natal e um 2016 muito vencedor!
Quero desejar aos amigos corinthianos um Feliz Natal e um 2016 com muitas vitórias.
Neste ano o Timão conquistou seu sexto título brasileiro.
E para fechar 2015, quero compartilhar abaixo alguns vídeos sobre as campanhas destes títulos e também daqueles conquistados pela Copa do Brasil.
Muita grana ou muito papo?
Precisamos conversar sobre a Klar, Corinthians
Klar é a nova parceira do Corinthians. Mas, de onde veio a Klar? (Foto: ESPN) |
Uma temporada como a que o Corinthians fez em 2015 é difícil de se ver. Um desempenho acima da média que, naturalmente,atrai empresas – e o dinheiro delas. É o caminho natural e o Corinthians tem, de certa forma, aprendido a capitalizar o sucesso obtido dentro de campo.
Talvez por isso, não chamou muita atenção o anúncio, no último dia 2, da nova patrocinadora do Corinthians para 2016 e 2017 – aKlar, empresa com atuação no comércio de limpeza. Segundo a nota oficial do clube, a Klar é uma marca de outra empresa, aTabor Chemicals, que por sua vez é parte da Holding GLAIC, um conglomerado de empresas de vários segmentos, como Petróleo & Gás, Agricultura, Papel e Celulose, Tintas e Vernizes, Construção Civil e Esporte.
Não será a primeira vez que uma empresa relativamente desconhecida do público em geral se utiliza de um acordo de patrocínio com o Corinthians para alavancar seu nome no mercado. Um exemplo muito recente é o da Iveco, marca de caminhões da Fiat. Ela já era líder do segmento, nacional e internacionalmente falando, mas faltava inserção no grande público. Em 2012, a marca ocupou o patrocínio master da nossa camisa e viu sua notoriedade explodir em poucos meses. Foi divulgado recentemente até um video sobre o assunto:
O que quero dizer é que seria compreensível, para uma marca, se lançar no mercado apoiada em uma parceria com o Corinthians, cuja torcida possui um potencial de consumo acima da média. É um investimento que vale a pena, que pode compensar – se a parceria for bem explorada. Tanto que, à primeira vista, não vi empecilhos nesse patrocínio.
Só que o presidente da Klar começou a falar. E nos últimos dias, ele tem falado demais: em poucos dias, o senhor Marcelo Pradofez as seguintes declarações (extraídas de matérias do Meu Timão, Globo Esporte e Gazeta Esportiva):
Marcelo Prado, presidente da Klar no Brasil (Foto: Globo Esporte) |
1 – Revelou que o valor do contrato de patrocínio é variável, mas que pode, em 2018, ultrapassar a marca de US$ 20 milhões (R$ 80 milhões). E sem exigir um espaço específico na camisa, pois essa decisão é do clube – pode ser manga, omoplata, meião. Vale lembrar que hoje, por exemplo, a Caixa paga R$ 31 milhões no espaço nobre da camisa. Enfim.
2 – Indicou que pretende contratar um reforço “internacional top” para o Corinthians, de um país cuja seleção esteve nas semifinais da última Copa do Mundo (ou seja, Argentina, Alemanha ou Holanda). Segundo ele, a família está dificultando a transferência.
3 – Afirmou que a Klar enviou ao Corinthians uma proposta para a compra dos naming rights da Arena, nos termos exigidos pelo clube – ou seja, cerca de R$ 400 milhões em 20 anos de contrato. Deu a entender, ainda, que sabe quais são as outras empresas concorrentes, dizendo ainda que sua proposta corre por fora.
A despeito do deslumbramento geral com as promessas do novo parceiro do nosso Corinthians, sempre tem aquele grupo mais atento de corinthianos que quer saber mais. Tive a sorte de encontrar alguns desses torcedores em um grupo de Facebook, a Barbearia Battaglia. E o debate que se sucedeu ali, hoje de madrugada, me preocupou. E acho que deveria preocupar vocês também, por isso estou escrevendo esse texto. Mas antes, vamos aos fatos.
Esse é Miguel Angel Larios, novo parceiro do Corinthians (Foto: BOL) |
2 – Em 2004, Miguel Larios fundou no RJ em time de futebol, o Esporte Clube Poland do Brasil. Por acaso, esse é o nome de uma das empresas dele, a Poland Química (guarde esse nome). Mas em 2005, o clube muda de nome, para Tigres do Brasil, e graças a muito investimento, conquista duas Copas Rio (2005 e 2009) e o acesso à elite carioca, nessa temporada. Especula-se que o CT da equipe é o mais moderno do estado, e que foram gastos mais de R$ 20 milhões só na reforma do Estádio De Los Larios (sim, o estádio leva o nome da família).
3 – No último dia 22 de outubro, foi anunciada uma parceria entre Corinthians e Tigres. O Corinthians cederá atletas para o clube carioca, e em troca terá prioridade na compra de promessas que por lá surgirem. Quem representou o Tigres na coletiva foi o seu diretor-executivo, Washington Reis. Por acaso, Reis é deputado federal (PMDB/RJ), assim como nosso superintendente, Andres Sanchez (PT/SP). Mas isso certamente é uma coincidência.
4 – Mais ou menos 40 dias depois do anúncio dessa parceria, surge a notícia do patrocínio da Klar no Corinthians. No dia do anúncio, tudo que se sabia sobre a Klar era que a empresa tinha um site na Internet e uma fanpage no Facebook com menos de 100 curtidas (hoje já são mais de 5200). Tratou-se de um negócio rápido o suficiente para já ser concretizado na partida final do Brasileirão, contra o Avaí, no último dia 6. O resto, já comentei lá em cima: declarações sobre reforço top, rios de dinheiro, naming rights, etc.
O que preocupa a todos não é a história em si, e suas conexões não tão aparentes. O que preocupa é o que NÃO está sendo contado. Os furos. Vamos a eles:
Existem, hoje na Receita, 77 registros para “Klar” na busca de CNPJ. Apenas dois apontam para empresas relacionadas ao segmento de produtos de limpeza. Amras as empresas já foram encerradas, uma em 1994 e outra esse ano. Veja abaixo:
Problema 2
A Tabor Chemicals possui um CNPJ ativo na Receita, desde março de 2014. E só. Não tem fanpage, site na Internet, nenhuma referência além disso. Ah, e curiosamente, a empresa funciona no mesmo endereço da Poland Química (lembram dela?). Mesma rua, mesmo lote, e dividem a mesma quadra. Confira:
Sobre a Holding GLAIC, o maior mistério: não foi encontrada NENHUMA referência ou informação na Internet. Absolutamente nada. A única coisa que se encontra, fazendo uma pesquisa, são as referências feitas pelo release do Corinthians – e vastamente replicados na mídia.
Cometi a ousadia de procurar a Klar pelos seus canais de comunicação (o site e a fanpage). Apesar de não esperar qualquer tipo de resposta, decidi fazer a eles, muito respeitosamente, as seguintes perguntas:
Me preocupa muito essa negociação. Esse grupo, formado por Klar / Tabor Chemicals / Holding GLAIC, tem muito poucas referências na Internet. CNPJ recentes, capital social relativamente baixo – a Tabor tem capital de R$ 500 mil, e uma única proprietária: a filha de Miguel Larios. Será que esse grupo tem capacidade financeira para bancar um investimento de mais de R$ 600 milhões no Corinthians em 20 anos? E, mais importante: POR QUÊ o Corinthians?
Cada vez mais vemos as grandes empresas se afastando dos negócios corriqueiros do clube, dando espaço a grupos menores ou sem expressão. A impressão que fica é que, quanto maior o rigor dos negociantes, mais difícil fica transitar pelo clube, e isso não é bom.
Acredito que cabe a nós, torcedores, colocar os pés no chão e exigir explicações do Corinthians. Quais são os reais atores dessa negociação? Como ocorreu essa escalada de conversações, que em um mês partiu de um mero convênio de atletas com o Tigres e chegou a uma profunda parceria, culminando em uma proposta de naming rights para a Arena? Como assim??
Precisamos saber como um clube do porte do Corinthians é capaz de, em nota oficial, citar uma empresa que aparentemente não existe, e outra que não tem mais do que um CNPJ ativo? Como o clube permite que essa empresa fale à imprensa sobre projetos e contratações para os próximos anos como se fosse parte do núcleo duro da gestão, inclusive se comparando àParmalat?
Minha humilde opinião é que até mesmo a MSI de Kia Joorabchian e Boris Berezovsky era mais sincera. Eles prometeram investir no clube, e cumpriram (foram R$ 150 milhões em contratações), mas deixaram claro que queriam a gestão do futebol em troca. Fomos largamente investigados, citados em páginas policiais inúmeras vezes entre 2005 e 2007. No fim, todos foram inocentados, mas a crise provocada pela saída da MSI, aliada a outros fatores, nos levou ao rebaixamento e ao fundo do poço da moralidade. Não quero viver isso de novo. Acho que não mereço. Nenhum de nós merece.
Acorda, Corinthians. A Fiel precisa de mais KLAReza!
ESTADÃO CONTEÚDO
09 Dezembro 2015 | 21h 05
Presidente Roberto de Andrade está irritado com a Klar
Começou mal a relação entre o Corinthians e o seu novo patrocinador, a empresa de produtos de limpeza Klar. O presidente Roberto de Andrade e o superintendente de Futebol Andrés Sanchez ficaram irritados com o presidente da Klar, Marcelo Prado, e o clube soltou uma nota oficial nesta quarta-feira desmentindo as recentes declarações do parceiro comercial.
Em entrevista à rádio Transaméricana última segunda-feira, o empresário disse que fez à diretoria do Corinthians uma proposta pelo “naming rights” do estádio Itaquerão, em São Paulo. Afirmou também que estava negociando a contratação de um jogador “estrangeiro e top” que disputou a semifinal da Copa do Mundo e o valor do contrato de patrocínio no uniforme passaria de US$ 20 milhões (cerca de R$ 75 milhões).
Essas três afirmações de Marcelo Prado tiveram grande repercussão no Parque São Jorge. Andrade e Sanchez passaram a ser questionados por sócios, conselheiros e diretores. Nesta quarta-feira, então, ficou decidido que o patrocinador seria desmentido por meio de um nota oficial no site.
O texto afirma: “1) A Klar não está envolvida na negociação para os direitos de ”naming rights” da Arena Corinthians. O processo ainda está em andamento, protegido sob cláusula de confidencialidade das empresas envolvidas; 2) A Klar não tem nenhum envolvimento na compra ou negociação de jogadores do clube; 3) Os acordos relativos a qualquer jogador são feitos pelo Departamento de Futebol, e não por patrocinadores ou quaisquer outros parceiros comerciais do clube; 4) O clube nega também os valores do investimento feito pela Klar, tornado público nos últimos dias, com relação à propriedade na camisa do time”.
O Estado apurou que, apesar do mau estar provocado pelas declarações do presidente da Klar, a diretoria do Corinthians não cogita nesse momento a hipótese de romper o contrato de patrocínio com a empresa. O acordo foi assinado na semana passada e é válido até dezembro de 2017.
No último domingo, na partida contra o Avaí, na última rodada do Campeonato Brasileiro, a marca da Klar foi exibida nas mangas do uniforme. Para o próximo ano, a ideia da diretoria é fazer um rodízio entre os patrocinadores em diferentes espaços da camisa, com exceção apenas do peito e das costas.
39 anos da grande invasão corinthiana ao Rio
Amanhã completa 39 anos da histórica “invasão” corinthiana ao Rio de Janeiro, no jogo da semifinal do Brasileirão/76, entre o Timão e Flu. Segundo Celso Unzelte é, ainda, o jogo com maior público da história do Corinthians: 146.043 pagantes. É, também, uma das mais belas páginas de nosso esporte e da vida do nosso clube. O texto que segue é comentário de Nelson Rodrigues, no jornal O GLOBO, sobre o ocorrido. É uma peça histórica, magnífica, orgulho pra todos: corinthianos, tricolores e outros mais.
NELSON E A INVASÃO CORINTIANA
Nelson Rodrigues
1-Uma coisa é certa: – não se improvisa uma vitória. Vocês entendem? Uma vitória tem que ser o lento trabalho das gerações. Até que, lá um dia, acontece a grande vitória. Ainda digo mais: – já estava escrito há seis mil anos, que em um certo domingo, de 1976, teríamos um empate. Sim, quarenta dias antes do Paraíso estava decidida a batalha entre o Fluminense e o Corinthians.
2-Ninguém sabia, ninguém desconfiava. O jogo começou na véspera, quando a Fiel explodiu na cidade. Durante toda a madrugada, os fanáticos do timão faziam uma festa no Leme, em Copacabana, Leblon, Ipanema. E as bandeiras do Corinthians ventavam em procela. Ali, chegavam os corinthianos, aos borbotões. Ônibus, aviação, carros particulares, táxis, a pé, a bicicleta.
3-A coisa era terrível. Nunca uma torcida invadiu outro estado, com tamanha euforia. Um turista que, por aqui passasse, havia de anotar no seu caderninho: –“O Rio é uma cidade ocupada”. Os corinthianos passavam a toda hora e em toda parte.
4-Dizem os idiotas da objetividade que torcida não ganha jogo. Pois ganha. Na véspera da partida, a Fiel estava fazendo força em favor do seu time. Durmo tarde e tive ocasião de testemunhar a vigília da Fiel. Um amigo me perguntou: – “E se o Corinthians perder?” O Fluminense era mais time. Portanto, estavam certos, e maravilhosamente certos os corinthianos, quando faziam um prévio carnaval. Esse carnaval não parou. De manhã, acordei num clima paulista. Nas ruas, as pessoas não entendiam e até se assustavam. Expliquei tudo a uma senhora, gorda e patusca. Expliquei-lhe que o Tricolor era no final do Brasileiro, o único carioca.
5-Não cabe aqui falar em técnico. O que influi e decidiu o jogo foi a torcida. A torcida empurrou o time para o empate.
6-A torcida não parou de incitar. Vocês percebem? Houve um momento em que me senti estrangeiro na doce terra carioca. Os corinthianos estavam tão certos de que ganhariam que apelaram para o já ganhou. Veio de São Paulo, a pé, um corinthiano. Eu imaginava que a antecipação do carnaval ia potencializar o Corinthians. O Fluminense jogou mal? Não, não jogou mal. Teve sorte? Para o gol, nem o Fluminense, nem o Corinthians. Onde o Corinthians teve sorte foi na cobrança dos pênaltis. A partir dos pênaltis, a competição passa a ser um cara e coroa. O Fluminense perdeu três, não, dois pênaltis, e o Corinthians não perdeu nenhum. Eis regulamento de rara estupidez. Tem que se descobrir uma outra solução. A mais simples, e mais certa, é fazer um novo jogo. Imaginem que beleza se os dois partissem para outro jogo.
7-Futebol é futebol e não tem nada de futebol quando a vitória se vai decidir no puro azar. Ouvi ontem uma pergunta: “O que vai fazer agora o Fluminense?” Realmente, meu time não pode parar. O nosso próximo objetivo é o tricampeonato carioca. Vejam vocês:
– empatamos uma partida e realmente um empate não derruba o Fluminense. Francisco Horta já está tratando do tricampeonato. Estivemos juntos um momento. Perguntei: – “E agora?” Disse – amanhã vou tomar as primeiras providências para o tricampeonato. Como eu, ele não estava deprimido. O bom guerreiro conhece tudo, menos a capitulação. Aprende-se com uma vitória, um empate, uma derrota. Só a ociosidade não ensina coisa nenhuma.
No seguinte jogo, vocês verão o Fluminense em seu máximo esplendor.
NELSON RODRIGUES era tricolor e publicou este texto no GLOBO em 6/12/76, no dia seguinte ao jogo Fluminense x Corinthians.
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