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Colapso
Corinthians é goleado pela Portuguesa, amplia série sem vitórias para oito partidas e agora se vê mais perto do rebaixamento do que da Libertadores
DE SÃO PAULOO Corinthians de Tite viajou em crise para Campo Grande (MS), onde enfrentaria a Portuguesa ontem à tarde pelo Campeonato Brasileiro. E volta hoje em colapso.
Com a derrota por 4 a 0 para a Portuguesa, agora são oito partidas sem vencer (sete pelo Brasileiro, uma pela Copa do Brasil), período em que anotou apenas um gol. É a pior sequência desde 2000.
A goleada sofrida ontem deixa o time em 13º lugar no Nacional, com 31 pontos –foi ultrapassado pela Lusa.
O milionário Corinthians está muito mais perto da zona de rebaixamento (seis pontos do 17º) do que da área de classificação para a Libertadores (11 pontos para o 4º).
O Corinthians não perdia por quatro gols de diferença desde 2005, quando uma goleada por 5 a 1 para o São Paulo terminou por derrubar o treinador Daniel Passarella.
Por enquanto, o discurso da diretoria corintiana é de que Tite não corre esse risco. Ontem, os líderes do elenco saíram em defesa do técnico.
O Corinthians ainda disputa a Copa do Brasil –está nas quartas– e tem 14 rodadas para reagir no Nacional.
O próximo duelo será contra o Bahia, quarta-feira, em Mogi Mirim, porque o clube perdeu mando de campo por causa da briga com a torcida do Vasco, em Brasília.
IMPOTENTE
Já faz muito tempo que o ataque do Corinthians não assusta. E a antes segura defesa já não funciona mais.
No péssimo gramado do estádio Morenão, a Portuguesa precisou de só sete minutos para abrir o placar.
Correa cruzou da direita e o centroavante Gilberto subiu livre entre Gil e Edenilson para fazer 1 a 0 de cabeça.
Cinco minutos depois, em lance parecido, o mesmo Correa cruzou para o mesmo Gilberto anotar o segundo.
Ainda havia mais de 60 minutos de partida a disputar, mas o Corinthians já estava nocauteado. Guerrero perdeu um pênalti –Lauro pegou.
Tite tentou reanimar o time ao trocar Ibson por Danilo. Nada. Enquanto tentava atabalhoadamente criar alguma coisa, o Corinthians permitia contra-ataques.
Aos 31min, Gilberto fez o terceiro, com facilidade incrível: foi lançado no campo de defesa, avançou livre, driblou Cássio, rolou para o gol.
O vexame continuou no segundo tempo –dentro e fora do campo. Paulo André levou cartão amarelo, Gil foi expulso. Um torcedor acertou uma garrafa no auxiliar, o que deve render punição ao clube. E a Portuguesa só fez mais um. É grave a crise.
www.folha.com
A programação da www.radioopera.com.br desta segunda com gravações espetaculares. Dentre os destaques, a ópera Turandot, de Puccini, gravado em São Francisco (EUA), em 1977. O Maestro é Riccardo Chailly e no elenco a notável soprano Monteserrat Caballé (foto) e o inesquecível Luciano Pavarotti.
Segunda
ACIS E GALATEA (Handel) Horário: 07:00
Londres, fevereiro/1978. Maestro: John Eliot Gardiner.Elenco: Norma Burrowes, Anthony Rolfe Johnson, Martyn Hill, Willard White.
FLAVIO (Handel) Horário: 08:30
Innsbruck, agosto/1989. Maestro: René Jacobs.
Elenco: Jeffrey Gall, Derek Lee Ragin, Lena Lootens, Bernada Fink, Christina Högman, Gian Paolo Fagotto, Ulrich Messthaler.
GLI UGONOTTI (“Les Huguenots”) (Meyerbeer) Horário: 11:00
Milão, 7/6/1962. Maestro: Gianandrea Gavazzeni.
Elenco: Joan Sutherland, Giulietta Simionato, Fiorenza Cossotto, Franco Corelli, Wladimiro Ganzarolli, Giorgio Tozzi, Nicolai Ghiaurov, Walter Gullino, Piero De Palma, Giuseppe Bertinazzo, Manuel Spatafora, Antonio Cassinelli, Alfredo Giacomotti, Silvio Maionica.
TURANDOT (Puccini) Horário: 13:45
São Francisco, 04/11/1977. Maestro: Riccardo Chailly.
Elenco: Montserrat Caballé, Luciano Pavarotti, Leona Mitchell, Giorgio Tozzi, Raymond Manton
NABUCCO (VERDI) Horário: 15:40
Nápoles, 20/12/1949. Maestro: Vittorio Gui.
Elenco: Gino Bechi, Gino Sinimberghi, Luciano Neroni, Maria Callas, Amalia Pini, Iginio Ricco.
TANNHÄUSER (Wagner) Horário: 17:40
Bayreuth, 1961. Maestro: Wolfgang Sawallisch.
Elenco: Victoria de los Ángeles, Dietrich Fischer-Dieskau, Grace Bumbry, Josef Greindl, Gerhard Stolze, Franz Crass, Georg Paskuda, Theo Adam, Elsa Margaretha Gardelli.
Uma pausa para alguns dias de férias. O blog estará de volta à ativa na próxima semana. Até logo!
Da FOLHA:
Corinthians e Cruzeiro não saíram do 0 a 0, neste domingo, no Pacaembu, pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro.
O time mineiro lidera a competição com 50 pontos, oito de vantagem em relação ao Botafogo. A equipe paulista ocupa a 11ª posição, com 31, a oito do G4.
O Corinthians não vence há seis rodadas. Neste período, só marcou um gol.
O Cruzeiro interrompeu uma sequência de oito vitórias consecutivas.
O JOGO
No primeiro tempo, o goleiro corintiano Cássio fez grandes defesas em cabeçada do volante Nilton e chutes do atacante Ricardo Goulart e do lateral esquerdo Egídio.
Sem o suspenso Guerrero e com Pato no banco, só aos 41min o time da casa levou perigo ao adversário. O meia Douglas recebeu lançamento rasteiro na área e chutou em cima de Fábio, mas a arbitragem apontou impedimento.
Diante de 28 mil pessoas, o Corinthians voltou melhor do intervalo e quase marcou em cabeçada de Emerson na pequena área, aos 5min. De longe, Douglas exigiu intevenção de Fábio aos 12min.
Os visitantes não repetiam o muito bom desempenho do primeiro tempo.
A partida se tornou mais aberta, porém sem acerto nas finalizações.
Quarta-feira, o Corinthians recebe o Grêmio para o primeiro confronto pelas quartas de final da Copa do Brasil. Domingo, joga contra a Portuguesa no Mato Grosso do Sul, enquanto o Cruzeiro pega o Internacional em Novo Hamburgo.
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Eduardo Knapp/Folhapress |
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O corintiano Douglas tenta impedir chute do cruzeirense Egídio no Pacaembu |
No dia 22 de setembro de 1973, na convenção do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), Ulysses Guimarães proferiu um histórico discurso intitulado “Navegar é Preciso, Viver não é Preciso”.
Através dele, o principal líder da oposição democrática ao regime militar lançou a sua “anti-candidatura” à presidência da República, tendo como candidato à vice-presidência Barbosa Lima Sobrinho, outro grande democrata. Era uma demonstração de coragem para enfrentar o Governo do Gal. Garrastazu Médici, o então chefe do regime militar. Esta “anti-candidatura” – mesmo sem chance de vitória no Colégio Eleitoral, abriu caminho para a estrondosa vitória do MDB nas eleições parlamentares de 1974.
Em tempos em que figuras da estatura de Ulysses e Barbosa Lima são cada vez mais raras na política brasileira, lembrar daqueles que lutaram pela democracia no Brasil é essencial, pois, como escreveu o filósofo George Santayana, “Aqueles que esquecem o passado, estão condenados a repetí-lo”.
Assim, transcrevo abaixo, na íntegra, este fantástico discurso.
“O paradoxo é o signo da presente sucessão presidencial brasileira. Na situação, o anunciado como candidato, em verdade, é o Presidente, não aguarda a eleição e sim a posse. Na Oposição, também não há candidato, pois não pode haver candidato a lugar de antemão provido. A 15 de janeiro próximo, com o apelido de “eleição”, o Congresso Nacional será palco de cerimônia de diplomação, na qual Senadores, Deputados Federais e Estaduais da agremiação majoritária certificarão investidura outorgada com anterioridade. O Movimento Democrático Brasileiro não alimenta ilusões quanto à homologação cega e inevitável, imperativo da identificação do voto ostensivo e da fatalidade da perda do mandato parlamentar, obra farisaica de pretenso Colégio Eleitoral, em que a independência foi desalojada pela fidelidade partidária. A inviabilidade da candidatura oposicionista testemunhará perante a Nação e perante o mundo que o sistema não é democrático, de vez que tanto quanto dure este, a atual situação sempre será governo, perenidade impossível quando o poder é consentido pelo escrutínio direto, universal e secreto, em que a alternatividade de partidos é a regra, consoante ocorre nos países civilizados.
Não é o candidato que vai percorrer o País. É o anticandidao, para denunciar a antieleição, imposta pela anticonstituição que homizia o AI-5, submete o Legislativo e o Judiciário ao Executivo, possibilita prisões desamparadas pelo habeas corpus e condenações sem defesa, profana a indevassabilidade dos lares e das empresas pela escuta clandestina, torna inaudíveis as vozes discordantes, porque ensurdece a Nação pela censura à Imprensa, ao Rádio, à Televisão, ao Teatro e ao Cinema.
No que concerne ao primeiro cargo da União e dos Estados, dura e triste tarefa esta de pregar numa “república” que não consulta os cidadãos e numa “democracia” que silenciou a voz das urnas.
Eis um tema para o teatro do absurdo de Bertold Brecht, que, em peça fulgurante, escarnece da insânia do arbítrio prepotente ao aconselhar que se o povo perde a confiança do governo, o governo deve dissolver o povo e eleger um outro.
Não como campanha, pois eqüivaleria a tola viagem rumo ao impossível, a peregrinação da Oposição pelo País perseguirá tríplice objetivo:
1 – Exercer sem temor e sem provocação sua função institucional de crítica e fiscalização ao governo e ao sistema, clamando pela eliminação dos instrumentos e da legislação discricionários, com prioridade urgente e absoluta a revogação do AI-5 e a reforma da Carta Constitucional em vigor.
2 – Doutrinar com o Programa Partidário, unanimemente aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral, conscientizando o povo sobre seu conteúdo político, social, econômico, educacional, nacionalista, desenvolvimentista com liberdade e justiça social, o qual será realidade assim que o Movimento Democrático Brasileiro for governo, pelo sufrágio livre e sem intermediários do povo.
3 – Concitar os eleitores, frustrados pela interdição de a 15 de janeiro de 1974 eleger o Presidente e o Vice-Presidente da República, para que a 1 5 de novembro do mesmo ano elejam senadores, deputados federais e estaduais da oposição, etapa fundamental para atuação e decisões parlamentares que conquistarão a normalidade democrática, inclusive número para propor Emendas e Reforma da Carta Constitucional de 1969 e a instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito, de cuja ação investigatória e moralizadora a presente legislatura se encontra jejuna e a atual administração imune, pela facciosa intolerância da maioria situacionista.
Hoje, e aqui, serei breve.
Somos todos cruzados da mesma cruzada. Dispensável, assim, pretender convencer o convicto, converter o cristão, predicar a virtude da liberdade a liberais, que pela fé republicana pagam até o preço de riscos e sofrimentos.
Serei mais explícito e minudencioso ao longo da jornada,quando falarei também a nossos irmãos postados no outro lado do rio da democracia.
Aos que aí se situaram por opção ou conveniência, apostasia política mais rebelde à redenção.
Prioritariamente, aos que foram marginalizados pelo ceticismo e pela indiferença, notadamente os jovens e os trabalhadores, intoxicados por maciça e diuturna propaganda e compelidos a tão prolongada e implacável dieta de informações.
Quando a Oposição clama pela reformulação das estruturas político-sociais e pela incolumidade dos direitos dos cidadãos, sua reiteração aflige os corifeus dos poderosos do dia.
Faltos de razão e argumentos, acoimam-na de fastidiosa repetição. Condenável é repetir o erro e não sua crítica. Saibam que a persistência dos abusos terá como resposta a pertinácia das denúncias.
Ressaltarei nesta Convenção a liberdade de expressão, que é apanágio da condição humana e socorre as demais liberdades ameaçadas, feridas ou banidas.
A oposição reputa inseparáveis o direito de falar e o direito de ser ouvido.
É inócua a prerrogativa que faculta falar em Brasília, não podendo ser escutado no Brasil, porquanto a censura à Imprensa, ao rádio e à Televisão venda os olhos e tapa os ouvidos do povo. O drama dos censores é que se fazem mais furiosos quanto mais acreditam nas verdades que censuram. E seu engano fatal é presumir que a censura, como a mentira, pode exterminar os fatos, eliminar os acontecimentos, decretar o desaparecimento das ocorrências indesejáveis.
A verdade poderá ser temporariamente ocultada, nunca destruída. O futuro e a história são incensuráveis.
A informação, que abrange a crítica, é inarredável requisito de acerto para os governos verdadeiramente fortes e bem intencionados, que buscam o bem público e não a popularidade. Quem, se não ela, poderá dizer ao Chefe de Estado o que realmente se passa, às vezes de suma gravidade, na intimidade dos Ministérios e dos múltiplos e superpovoados órgãos descentralizados?
Quem, se não ela, investigará e contestará os conselhos ineptos dos Ministros, as falsas prioridades dos técnicos, o planejamento defasado dos assessores? Essa a sabedoria e o dimensionamento da prática com que o gênio político britânico enriqueceu o direito público: Oposição do Governo de Sua Majestade, ao Governo de sua Majestade.
A burocracia pode ser preguiçosa, descortês, incapaz e até corrupta. Não é exclusivamente na Dinamarca, em qualquer reino sempre há algo de podre. Rematada insânia tornar impublicáveis lacunas, faltas ou crimes, pois contamina de responsabilidade governante que a ordena ou tolera.
Eis por que o poder absoluto, erigido em infalível pela censura, corrompe e fracassa absolutamente.
É axiomático, para finalizar, que sem liberdade de comunicação não há, em sua inteireza, Oposição, muito menos Partido de Oposição.
Como o desenvolvimento é o desafio da atual geração, pois ou o Brasil se desenvolve ou desaparecerá, o Movimento Democrático Brasileiro, em seu Programa, define sua filosofia e seu compromisso com a inadiável ruptura da maldita estrutura da miséria, da doença, do analfabetismo, do atraso tecnológico e político.
A liberdade e a justiça social não são meras conseqüências do desenvolvimento. Integram a condição insubstituível de sua procura, o pré-requisito de sua formulação, a humanidade de sua destinação.
A liberdade e a justiça social conformam a face mais bela, generosa e providencial do desenvolvimento, aquela que olha para os despossuidos, os subassalariados, os desempregados, os ocupados em ínfimo ganha-pão ocasional e incerto, enfim, para a imensa maioria dos que precisam para sobreviver, em lugar da escassa minoria dos que têm para esbanjar.
Este o desenvolvimento vivificado pelas liberdades roosevelteanas, inspiradoras da Carta das Nações Unidas, as que se propõem a libertar o homem do medo e da necessidade. É o perfilhado na Encíclica Populorum Progressio, isto é, prosperidade do Povo, não do Estado, que lhe é consectária, cunhando seu protótipo na sentença lapidar: o desenvolvimento é o novo nome da paz.
Desenvolvimento sem liberdade e justiça social não tem esse nome. É crescimento ou inchação, é empilhamento de coisas e valores, é estocagem de serviços, utilidades e divisas, estranha ao homem e a seus problemas.
Enfatize-se que desenvolvimento não é silo monumental e desumano, montado para guardar e exibir a mitologia ou o folclore do Produto Interno Bruto, inacessível tesouro no fundo o mar, inatingível pelas reivindicações populares. É intolerável misitificar uma Nação a pretexto de desenvolvê-la, rebaixá-la em armazém de riquezas, tendo como clientela privilegiada, senão exclusiva, o governo para custeio de tantas obras faraônicas e o poder econômico, particular ou empresarial, destacadamente o estrangeiro, desnacionalizando a indústria e dragando para o exterior lucros indevidos.
É equívoco, fadado à catástrofe, o Estado absorver o homem e a Nação.
A grandeza do homem é mais importante do que a grandeza do Estado, porque a felicidade do homem é a obra-prima do Estado.
O Estado é o agente político da Nação. Além disso e mais do que isso, a Nação é a língua, a tradição, a família, a religião, os costumes, a memória dos que morreram, a luta dos que vivem, a esperança dos que nascerão.
Liberdade sem ordem e segurança é o caos. Em contraposição, ordem e segurança sem liberdade são a permissividade das penitenciárias. As penitenciárias modernas são mini-cidades, com trabalho remunerado, restaurante, biblioteca, escola, futebol, cinema, jornais, rádio e televisão.
Os infelizes que as povoam têm quase tudo, mas não têm nada, porque não têm a liberdade. Delas fogem, expondo a vida ou aguardam aflitos a hora da libertação.
Do alto desta Convenção, falo ao General Ernesto Geisel, futuro Chefe da Nação.
As Forças Armadas têm como patrono Caxias e como exemplo Eurico Gaspar Dutra, cidadãos que glorificaram suas espadas na defesa da lei e na proteção à liberdade. O General Ernesto Geisel a elas pertence, dignificou-as com sua honradez, delas sai para o supremo comando político e militar do Brasil.
A história assinalou-lhe talvez a última oportunidade para ser instituído no Brasil, pela evolução, o governo da ordem com liberdade, do desenvolvimento com justiça social, do povo como origem e finalidade do poder e não seu objeto passivo e vítima inerme.
Difícil empresa, sem dúvida. Carregada de riscos, talvez. Mas o perigo participa do destino dos verdadeiros soldados.
A estátua dos estadistas não é forjada pelo varejo da rotina ou pela fisiologia do cotidiano.
Não é somente para entrar no céu que a porta é estreita, conforme previne o evangelista São Mateus, no Capítulo XXIII, versículo 24.
Por igual, é angustiosa a porta do dever e do bem, quando deles depende a redenção de um povo. Esperemos que o Presidente Ernesto Geisel a transponha.
A Oposição dará à próxima administração a mais alta, leal e eficiente das colaborações: a crítica e a fiscalização.
Sabe, com humildade, que não é dona da verdade. A verdade não têm proprietário exclusivo e infalível.
Porém sabe, também, que está mais vizinha dela e em melhores condições para revelá-la aos transitórios detentores do poder, dela tantas vezes desviados ou iludidos pelos tecnocratas presunçosos, que, amaldiçoam e exorcizam os opositores, pelos serviçais de todos os governos, pelos que vitaliciamente apoiam e votam para agradar ao Príncipe.
A oposição oferece ao governo o único caminho que conduz à verdade: a controvérsia, o diálogo, o debate, a independência para dizer “sim” ao bem e a coragem e para dizer “não” ao mal – a democracia em uma palavra.
Senhores Convencionais:
Do fundo do coração digo-lhes que não agradeço a indicação que consagra minha vida pública. Missão não se pede. Aceita-se, para cumprir, com sacrifício e não proveito.
Como Presidente Nacional do Movimento Democrático Brasileiro agradeço-lhes, aí sim, o destemor e a determinação com que ao sol, aos ventos e desafiando ameaças desfilam pela Pátria o lábaro da liberdade.
Minha memória guardará as palavras amigas aqui proferidas, permitindo-me reportar às da lavra dos grandes líderes Senador Nelson Carneiro e Deputado Aldo Fagundes, parlamentares que têm os nomes perpetuados nos Anais e na admiração do Congresso Nacional.
Significo o reconhecimento do Partido a Barbosa Lima Sobrinho, por ter acudido a seu empenhado apelo.
Temporariamente deixou sua biblioteca e apartou-se da imprensa, trincheiras de seu talento e de seu patriotismo, para exercer perante o povo o magistério das franquias públicas, das garantias individuais e do nacionalismo.
Sua vida e sua obra podem ser erigidas em doutrina de nossa pregação
Por fim, a imperiosidade do resgate da enorme injustiça que vitimou, sem defesa, tantos brasileiros paladinos do bem público e da causa democrática. Essa Justiça é pacto de honra de nosso partido e seu nome é ANISTIA.
Senhores Convencionais:
A caravela vai partir. As velas estão paridas de sonho, aladas de esperanças. O ideal está ao leme e o desconhecido se desata à frente.
No cais alvoroçado, nossos opositores, como o velho do Restelo de todas as epopéias, com sua voz de Cassandra e seu olhar derrotista, sussurram as excelências do imobilismo e a invencibilidade do establishment. Conjuram que é hora de ficar e não de aventurar.
Mas no episódio, nossa carta de marear não é de Camões e sim de Fernando Pessoa ao recordar o brado:
“Navegar é preciso.
Viver não é preciso”.
Posto hoje no alto da gávea, espero em Deus que em breve possa gritar ao povo brasileiro: Alvíssaras, meu Capitão. Terra à vista!
Sem sombra, medo e pesadelo, à vista a terra limpa e abençoada da liberdade.”
De ALINNE FANELLI, PARA A FOLHA
O Corinthians perdeu para a Ponte Preta por 2 a 0, no estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, e completou cinco jogos sem vencer no Campeonato Brasileiro, com quatro derrotas e um empate.
Os gols foram marcados aos 42 min e aos 48 min da etapa final por Fellipe Bastos e Adaílton.
Com o resultado, o Corinthians fica com os 30 pontos na sétima posição. A Ponte continua na zona de rebaixamento, em penúltimo lugar, com 19 pontos.
Em relação à última partida, o Corinthians não contou com Fábio Santos e Alessandro, lesionados. Edenílson fez a lateral direita e Igor a esquerda. No meio de campo, Maldonado jogou ao lado de Ralf.
O time da casa foi melhor no primeiro tempo e deu trabalho para o goleiro Cássio, bastante exigido.
Na segunda etapa, a equipe de Tite encontrou espaços e foi mais ao ataque com as entradas de Emerson e Danilo nos lugares de Romarinho e Pato. Mas, as finalizações estavam sem qualidade.
Na próxima rodada, no domingo, o Corinthians recebe o Cruzeiro no Pacaembu, às 16h. Às 18h30, a Ponte Preta enfrenta o Atlético-PR em Curitiba.
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Julia Chequer/Folhapress |
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Douglas, do Corinthians, tenta escapar da marcação de dois jogadores da Ponte |
O JOGO
A Ponte Preta deu muito trabalho para o Corinthians no primeiro tempo e Cássio foi decisivo.
Aos 13 min, o time de Campinas teve um gol anulado de Chiquinho, que estava em posição irregular.
Guerrero arriscou um chute para a meta de Roberto aos 15 min e o goleiro da Ponte ficou com a bola.
Aos 20 min, Uendel chutou forte pela esquerda e obrigou Cássio a espalmar para a linha de fundo.
Três minutos depois, Alef fez bom lançamento para Chiquinho, ele tirou Paulo André da jogada e chutou para fora.
O Corinthians teve uma boa oportunidade aos 25 min. Douglas cobrou falta, Pato mandou de cabeça para o gol e Roberto tirou. No rebote, Ralf finalizou e a bola sofreu desvio.
Pato cobrou uma falta na entrada da área e o goleiro da Ponte defendeu.
O melhor lance foi para o time da casa aos 31 min. A bola voltou para o sistema defensivo do Corinthians, Chiquinho chegou antes da marcação adversária e chutou em cima de Cássio.
Aos 42 min, Alef cabeceou para a meta do goleiro corintiano, que deu um tapa na bola antes de ela entrar no gol.
O Corinthians voltou do intervalo com duas alterações. Tite substituiu Pato e Romarinho por Danilo e Emerson.
As alterações deram mais movimentação ao ataque da equipe corintiana. Emerson arriscou duas vezes forte para o gol e assustou a Ponte.
Do outro lado, Alef recebeu passe de Adrianinho e também chutou de fora da área. As finalizações não estavam com qualidade.
O Corinthians tinha espaço para jogar e tentava aproveitar o desgaste que alguns jogadores da Ponte demonstraram. Porém, faltou qualidade nas finalizações.
Qualidade que não faltou para Fellipe Bastos. Aos 42 min, em cobrança de falta, o jogador bateu com perfeição e abriu o placar.
Adaílton aumentou aos 48 min, quando aproveitou passe para a defesa, tirou de Cássio e tocou para o gol.
No dia 22 de setembro de 1973, na convenção do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), Ulysses Guimarães proferiu um histórico discurso intitulado “Navegar é Preciso, Viver não é Preciso”.
Através dele, o principal líder da oposição democrática ao regime militar lançou a sua “anti-candidatura” à presidência da República, tendo como candidato à vice-presidência Barbosa Lima Sobrinho, outro grande democrata. Era uma demonstração de coragem para enfrentar o Governo do Gal. Garrastazu Médici, o então chefe do regime militar. Esta “anti-candidatura” – mesmo sem chance de vitória no Colégio Eleitoral, abriu caminho para a estrondosa vitória do MDB nas eleições parlamentares de 1974.
Em tempos em que figuras da estatura de Ulysses e Barbosa Lima são cada vez mais raras na política brasileira, lembrar daqueles que lutaram pela democracia no Brasil é essencial, pois, como escreveu o filósofo George Santayana, “Aqueles que esquecem o passado, estão condenados a repetí-lo”.
Assim, transcrevo abaixo, na íntegra, este fantástico discurso.
“O paradoxo é o signo da presente sucessão presidencial brasileira. Na situação, o anunciado como candidato, em verdade, é o Presidente, não aguarda a eleição e sim a posse. Na Oposição, também não há candidato, pois não pode haver candidato a lugar de antemão provido. A 15 de janeiro próximo, com o apelido de “eleição”, o Congresso Nacional será palco de cerimônia de diplomação, na qual Senadores, Deputados Federais e Estaduais da agremiação majoritária certificarão investidura outorgada com anterioridade. O Movimento Democrático Brasileiro não alimenta ilusões quanto à homologação cega e inevitável, imperativo da identificação do voto ostensivo e da fatalidade da perda do mandato parlamentar, obra farisaica de pretenso Colégio Eleitoral, em que a independência foi desalojada pela fidelidade partidária. A inviabilidade da candidatura oposicionista testemunhará perante a Nação e perante o mundo que o sistema não é democrático, de vez que tanto quanto dure este, a atual situação sempre será governo, perenidade impossível quando o poder é consentido pelo escrutínio direto, universal e secreto, em que a alternatividade de partidos é a regra, consoante ocorre nos países civilizados.
Não é o candidato que vai percorrer o País. É o anticandidao, para denunciar a antieleição, imposta pela anticonstituição que homizia o AI-5, submete o Legislativo e o Judiciário ao Executivo, possibilita prisões desamparadas pelo habeas corpus e condenações sem defesa, profana a indevassabilidade dos lares e das empresas pela escuta clandestina, torna inaudíveis as vozes discordantes, porque ensurdece a Nação pela censura à Imprensa, ao Rádio, à Televisão, ao Teatro e ao Cinema.
No que concerne ao primeiro cargo da União e dos Estados, dura e triste tarefa esta de pregar numa “república” que não consulta os cidadãos e numa “democracia” que silenciou a voz das urnas.
Eis um tema para o teatro do absurdo de Bertold Brecht, que, em peça fulgurante, escarnece da insânia do arbítrio prepotente ao aconselhar que se o povo perde a confiança do governo, o governo deve dissolver o povo e eleger um outro.
Não como campanha, pois eqüivaleria a tola viagem rumo ao impossível, a peregrinação da Oposição pelo País perseguirá tríplice objetivo:
1 – Exercer sem temor e sem provocação sua função institucional de crítica e fiscalização ao governo e ao sistema, clamando pela eliminação dos instrumentos e da legislação discricionários, com prioridade urgente e absoluta a revogação do AI-5 e a reforma da Carta Constitucional em vigor.
2 – Doutrinar com o Programa Partidário, unanimemente aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral, conscientizando o povo sobre seu conteúdo político, social, econômico, educacional, nacionalista, desenvolvimentista com liberdade e justiça social, o qual será realidade assim que o Movimento Democrático Brasileiro for governo, pelo sufrágio livre e sem intermediários do povo.
3 – Concitar os eleitores, frustrados pela interdição de a 15 de janeiro de 1974 eleger o Presidente e o Vice-Presidente da República, para que a 1 5 de novembro do mesmo ano elejam senadores, deputados federais e estaduais da oposição, etapa fundamental para atuação e decisões parlamentares que conquistarão a normalidade democrática, inclusive número para propor Emendas e Reforma da Carta Constitucional de 1969 e a instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito, de cuja ação investigatória e moralizadora a presente legislatura se encontra jejuna e a atual administração imune, pela facciosa intolerância da maioria situacionista.
Hoje, e aqui, serei breve.
Somos todos cruzados da mesma cruzada. Dispensável, assim, pretender convencer o convicto, converter o cristão, predicar a virtude da liberdade a liberais, que pela fé republicana pagam até o preço de riscos e sofrimentos.
Serei mais explícito e minudencioso ao longo da jornada,quando falarei também a nossos irmãos postados no outro lado do rio da democracia.
Aos que aí se situaram por opção ou conveniência, apostasia política mais rebelde à redenção.
Prioritariamente, aos que foram marginalizados pelo ceticismo e pela indiferença, notadamente os jovens e os trabalhadores, intoxicados por maciça e diuturna propaganda e compelidos a tão prolongada e implacável dieta de informações.
Quando a Oposição clama pela reformulação das estruturas político-sociais e pela incolumidade dos direitos dos cidadãos, sua reiteração aflige os corifeus dos poderosos do dia.
Faltos de razão e argumentos, acoimam-na de fastidiosa repetição. Condenável é repetir o erro e não sua crítica. Saibam que a persistência dos abusos terá como resposta a pertinácia das denúncias.
Ressaltarei nesta Convenção a liberdade de expressão, que é apanágio da condição humana e socorre as demais liberdades ameaçadas, feridas ou banidas.
A oposição reputa inseparáveis o direito de falar e o direito de ser ouvido.
É inócua a prerrogativa que faculta falar em Brasília, não podendo ser escutado no Brasil, porquanto a censura à Imprensa, ao rádio e à Televisão venda os olhos e tapa os ouvidos do povo. O drama dos censores é que se fazem mais furiosos quanto mais acreditam nas verdades que censuram. E seu engano fatal é presumir que a censura, como a mentira, pode exterminar os fatos, eliminar os acontecimentos, decretar o desaparecimento das ocorrências indesejáveis.
A verdade poderá ser temporariamente ocultada, nunca destruída. O futuro e a história são incensuráveis.
A informação, que abrange a crítica, é inarredável requisito de acerto para os governos verdadeiramente fortes e bem intencionados, que buscam o bem público e não a popularidade. Quem, se não ela, poderá dizer ao Chefe de Estado o que realmente se passa, às vezes de suma gravidade, na intimidade dos Ministérios e dos múltiplos e superpovoados órgãos descentralizados?
Quem, se não ela, investigará e contestará os conselhos ineptos dos Ministros, as falsas prioridades dos técnicos, o planejamento defasado dos assessores? Essa a sabedoria e o dimensionamento da prática com que o gênio político britânico enriqueceu o direito público: Oposição do Governo de Sua Majestade, ao Governo de sua Majestade.
A burocracia pode ser preguiçosa, descortês, incapaz e até corrupta. Não é exclusivamente na Dinamarca, em qualquer reino sempre há algo de podre. Rematada insânia tornar impublicáveis lacunas, faltas ou crimes, pois contamina de responsabilidade governante que a ordena ou tolera.
Eis por que o poder absoluto, erigido em infalível pela censura, corrompe e fracassa absolutamente.
É axiomático, para finalizar, que sem liberdade de comunicação não há, em sua inteireza, Oposição, muito menos Partido de Oposição.
Como o desenvolvimento é o desafio da atual geração, pois ou o Brasil se desenvolve ou desaparecerá, o Movimento Democrático Brasileiro, em seu Programa, define sua filosofia e seu compromisso com a inadiável ruptura da maldita estrutura da miséria, da doença, do analfabetismo, do atraso tecnológico e político.
A liberdade e a justiça social não são meras conseqüências do desenvolvimento. Integram a condição insubstituível de sua procura, o pré-requisito de sua formulação, a humanidade de sua destinação.
A liberdade e a justiça social conformam a face mais bela, generosa e providencial do desenvolvimento, aquela que olha para os despossuidos, os subassalariados, os desempregados, os ocupados em ínfimo ganha-pão ocasional e incerto, enfim, para a imensa maioria dos que precisam para sobreviver, em lugar da escassa minoria dos que têm para esbanjar.
Este o desenvolvimento vivificado pelas liberdades roosevelteanas, inspiradoras da Carta das Nações Unidas, as que se propõem a libertar o homem do medo e da necessidade. É o perfilhado na Encíclica Populorum Progressio, isto é, prosperidade do Povo, não do Estado, que lhe é consectária, cunhando seu protótipo na sentença lapidar: o desenvolvimento é o novo nome da paz.
Desenvolvimento sem liberdade e justiça social não tem esse nome. É crescimento ou inchação, é empilhamento de coisas e valores, é estocagem de serviços, utilidades e divisas, estranha ao homem e a seus problemas.
Enfatize-se que desenvolvimento não é silo monumental e desumano, montado para guardar e exibir a mitologia ou o folclore do Produto Interno Bruto, inacessível tesouro no fundo o mar, inatingível pelas reivindicações populares. É intolerável misitificar uma Nação a pretexto de desenvolvê-la, rebaixá-la em armazém de riquezas, tendo como clientela privilegiada, senão exclusiva, o governo para custeio de tantas obras faraônicas e o poder econômico, particular ou empresarial, destacadamente o estrangeiro, desnacionalizando a indústria e dragando para o exterior lucros indevidos.
É equívoco, fadado à catástrofe, o Estado absorver o homem e a Nação.
A grandeza do homem é mais importante do que a grandeza do Estado, porque a felicidade do homem é a obra-prima do Estado.
O Estado é o agente político da Nação. Além disso e mais do que isso, a Nação é a língua, a tradição, a família, a religião, os costumes, a memória dos que morreram, a luta dos que vivem, a esperança dos que nascerão.
Liberdade sem ordem e segurança é o caos. Em contraposição, ordem e segurança sem liberdade são a permissividade das penitenciárias. As penitenciárias modernas são mini-cidades, com trabalho remunerado, restaurante, biblioteca, escola, futebol, cinema, jornais, rádio e televisão.
Os infelizes que as povoam têm quase tudo, mas não têm nada, porque não têm a liberdade. Delas fogem, expondo a vida ou aguardam aflitos a hora da libertação.
Do alto desta Convenção, falo ao General Ernesto Geisel, futuro Chefe da Nação.
As Forças Armadas têm como patrono Caxias e como exemplo Eurico Gaspar Dutra, cidadãos que glorificaram suas espadas na defesa da lei e na proteção à liberdade. O General Ernesto Geisel a elas pertence, dignificou-as com sua honradez, delas sai para o supremo comando político e militar do Brasil.
A história assinalou-lhe talvez a última oportunidade para ser instituído no Brasil, pela evolução, o governo da ordem com liberdade, do desenvolvimento com justiça social, do povo como origem e finalidade do poder e não seu objeto passivo e vítima inerme.
Difícil empresa, sem dúvida. Carregada de riscos, talvez. Mas o perigo participa do destino dos verdadeiros soldados.
A estátua dos estadistas não é forjada pelo varejo da rotina ou pela fisiologia do cotidiano.
Não é somente para entrar no céu que a porta é estreita, conforme previne o evangelista São Mateus, no Capítulo XXIII, versículo 24.
Por igual, é angustiosa a porta do dever e do bem, quando deles depende a redenção de um povo. Esperemos que o Presidente Ernesto Geisel a transponha.
A Oposição dará à próxima administração a mais alta, leal e eficiente das colaborações: a crítica e a fiscalização.
Sabe, com humildade, que não é dona da verdade. A verdade não têm proprietário exclusivo e infalível.
Porém sabe, também, que está mais vizinha dela e em melhores condições para revelá-la aos transitórios detentores do poder, dela tantas vezes desviados ou iludidos pelos tecnocratas presunçosos, que, amaldiçoam e exorcizam os opositores, pelos serviçais de todos os governos, pelos que vitaliciamente apoiam e votam para agradar ao Príncipe.
A oposição oferece ao governo o único caminho que conduz à verdade: a controvérsia, o diálogo, o debate, a independência para dizer “sim” ao bem e a coragem e para dizer “não” ao mal – a democracia em uma palavra.
Senhores Convencionais:
Do fundo do coração digo-lhes que não agradeço a indicação que consagra minha vida pública. Missão não se pede. Aceita-se, para cumprir, com sacrifício e não proveito.
Como Presidente Nacional do Movimento Democrático Brasileiro agradeço-lhes, aí sim, o destemor e a determinação com que ao sol, aos ventos e desafiando ameaças desfilam pela Pátria o lábaro da liberdade.
Minha memória guardará as palavras amigas aqui proferidas, permitindo-me reportar às da lavra dos grandes líderes Senador Nelson Carneiro e Deputado Aldo Fagundes, parlamentares que têm os nomes perpetuados nos Anais e na admiração do Congresso Nacional.
Significo o reconhecimento do Partido a Barbosa Lima Sobrinho, por ter acudido a seu empenhado apelo.
Temporariamente deixou sua biblioteca e apartou-se da imprensa, trincheiras de seu talento e de seu patriotismo, para exercer perante o povo o magistério das franquias públicas, das garantias individuais e do nacionalismo.
Sua vida e sua obra podem ser erigidas em doutrina de nossa pregação
Por fim, a imperiosidade do resgate da enorme injustiça que vitimou, sem defesa, tantos brasileiros paladinos do bem público e da causa democrática. Essa Justiça é pacto de honra de nosso partido e seu nome é ANISTIA.
Senhores Convencionais:
A caravela vai partir. As velas estão paridas de sonho, aladas de esperanças. O ideal está ao leme e o desconhecido se desata à frente.
No cais alvoroçado, nossos opositores, como o velho do Restelo de todas as epopéias, com sua voz de Cassandra e seu olhar derrotista, sussurram as excelências do imobilismo e a invencibilidade do establishment. Conjuram que é hora de ficar e não de aventurar.
Mas no episódio, nossa carta de marear não é de Camões e sim de Fernando Pessoa ao recordar o brado:
“Navegar é preciso.
Viver não é preciso”.
Posto hoje no alto da gávea, espero em Deus que em breve possa gritar ao povo brasileiro: Alvíssaras, meu Capitão. Terra à vista!
Sem sombra, medo e pesadelo, à vista a terra limpa e abençoada da liberdade.”
Nesta terça-feira uma programação na www.radioopera.com.br com grandes gravações. La serva padrona (Paisiello); I puritani (Bellini); Rigoletto( Verdi). O destaque fica pela ópera La Gioconda, de Ponchielli( foto), gravada em Milano (1931). Maestro será Lorenzo Molajoli e no elenco só grandes nomes como Giannina Arangi-Lombardi e Ebe Stignami. Será as 10,50 hs. Bom dia musical à todos.
Terça
TANCREDI (Rossini) Horário: 07:25
Munique, 17-30/julho/1995. Maestro: Roberto Abbado.
Elenco: Veselina Kasarova, Eva Mei, Ramón Vargas, Harrie Peeters, Melinda Paulsen, Veronica Cangemi.
LA GIOCONDA (Ponchielli) Horário: 10:50
Milão, Setembro/1931. Maestro: Lorenzo Molajoli.
Elenco: Giannina Arangi-Lombardi, Ebe Stignani, Camilla Rota, Alessandro Granda.
LA SERVA PADRONA (Paisiello) Horário: 13:30
Cremona, 15/5/1991. Maestro: Paolo Vaglieri.
Elenco: Anne Victoria Banks, Gian Luca Ricci.
LULU (Berg) Horário: 14:20
Londres, agosto-setembro/1996. Maestro: Ulf Schirmer.
Elenco: Constance Hauman, Julia Juon, Theo Adam, Peter Straka, Monte Jaffe, Michael Myers, Gert Henning-Jensen, Sten Byriel, Helen Gjerris, Ulrik Cold, Susanne Elmark.
I PURITANI (Bellini) Horário: 17:10
Cidade do México, 29/05/1952. Maestro: Guido Picco.
Elenco: Maria Callas, Giuseppe di Stefano, Piero Campolonghi, Roberto Silva, Rosa Rimoch, Tanis Lugo, Ignacio Ruffino.
RIGOLETTO (Verdi) Horário: 19:30
Milão, 13-21/05/1994. Maestro: Riccardo Muti.
Elenco: Roberto Alagna, Renato Bruson, Andrea Rost, Dimitri Kavrakos, Mariana Pentcheva, Antonella Trevisan, Giorgio Giuseppini, Silvestro Sammaritano, Ernesto Gavazzi, Antonio de Gobbi, Nicoletta Zanini, Ernesto Panariello.
A derrota do Corinthians, ontem no Pacaembu, para o Goiás, é mais do que a perda de 3 pontos. Marca um momento muito ruim do Timão nesta temporada.
Distante dos líderes o Corinthians começa aquele discurso maroto que luta para entra na “àrea da Libertadores”. Claro equívoco. O Corinthians é time para lutar pelo título em qualquer competição. Caso isso não ocorre algum problema sério está ocorrendo e precisa ser resolvido .
Diferente de outras equipes que andam fazendo péssima campanha no Nacional, o Timão não está com salário atrasado. Pelo contrário. O Corinthians tem – de muito longe- a maior folha de pagamento do futebol brasileiro- com salários de fazer inveja até para times do exterior. O Timão apresenta – também de longe- as melhores condições de trabalho para seus profissionais.
Sem esses problemas comuns no Brasil ( atraso de pagamento, falta de campo para treinar etc) ficamos meditando o que terá ocorrido com a queda tão grande do Timão.
Alguns dizem que é só falta de motivação. Não acho. Seria o fim que craques que estão por lá necessitassem de alguma motivação extra para vencer. Talvez muitos dos jogadores que por lá andam não são os craques que acreditam ser.
Sempre disse que o maior jogador do time era o técnico que conseguia montar o time ( organizado e dedicado) mesmo com poucos “fora-de-série”.
Não sei o tamanho dos problemas. Só sei que o time precisa mudar. Esqueçam os títulos, festas e aplausos. Se a campanha continuar neste ritmo poucos jogadores sobrarão com futuro.
E não encontrarão mais contratos com os valores atuais.
Nenhuma surpresa
A visita do ex-presidente Dualib ao CT e ao estádio no último final de semana está causando um barulho, sem qualquer motivo. Os protestos de membros da direção são puro jogo de cena. Há muito tempo a direção atual tem relações de grande proximidade com o ex- presidente. A visita- acompanhado de grande número de conselheiros ligados à direção- sómente torna mais clara uma relação que não é recente e não é escondida. Alguns protestos de grupos da situação são só para efeito público. E nada mais.
Timão volta a marcar, mas perde do Goiás no Pacaembu e se complica
William CorreiaSão Paulo (SP)
Após três jogos, o Corinthians voltou a marcar gol, mas saiu do Pacaembu neste domingo sem motivos para festa. Aproveitando-se da ineficiência dos comandados de Tite, o Goiás, que tinha perdido seus dois últimos compromissos, venceu por 2 a 1, gerando a segunda derrota seguida do Timão, a terceira em quatro partidas sem vitória, e complicando o atual campeão mundial.
O Corinthians termina a rodada ainda mais afastado da faixa da tabela do Campeonato Brasileiro que garante vaga na Libertadores do ano que vem, diminuiu ainda mais a possibilidade de ser campeão e ainda motivou seu adversário: o Goiás, agora, tem só um ponto a menos em relação ao campeão paulista.
Mais uma vez, o ataque pode ser responsabilizado pelo resultado. No primeiro tempo, o Timão perdeu gols demais, dois deles com Pato isolando tendo só o goleiro à frente. Na volta do intervalo, o Goiás fez o seu com o ex-são-paulino Hugo, aos 11 minutos. Aos 32, o Corinthians empatou graças a desvio de Ramon após bola que bateu em Pato, mas Amaral garantiu o triunfo alviverde aos 39.
Vaiado por sua torcida, um dos elencos mais caros do futebol brasileiro tenta se reencontrar na quarta-feira, quando visitará a Ponte Preta em jogo marcado para as 21h50 (de Brasília), em Campinas. Já o Goiás, atual campeão da Série B, tenta embalar mais uma vez no Paraná, diante do Coritiba, às 21 horas de quarta-feira.
O jogo –O Corinthians precisou de menos de três minutos para mostrar sua maior deficiência: colocar a bola nas redes. Alexandre Pato, reforço mais caro da temporada no futebol brasileiro, foi o símbolo disso. Primeiro, prendeu a bola limpando cinco defensores com dribles curtos e lentos, perdendo a bola sem decidir entre chutar e tocar. Um minuto depois, sua finta deu certo diante do zagueiro Rodrigo, mas ele isolou.
Os vacilos individuais do camisa 7 eram prejudiciais também porque o atacante era o alvo das jogadas de ataque, aproveitando-se bem da marcação do veterano lateral direito Vitor, enquanto Romarinho ficava preso na ponta direita e Guerrero não conseguia encontrar espaços. Douglas, que poderia tornar todos como boa opção, jogava afastado dos colegas.
Não bastassem os problemas ofensivos, o Timão também sofria com dificuldades físicas. Com menos de oito minutos, Alessandro sentiu dores e acabou complicando a criatividade alvinegra. Edenilson foi deslocado para a lateral direita e Ibson entrou no meio-campo como se fosse um marcador do Goiás, pois tratava as trocas de passes.
Ibson também complicava defensivamente. Os jogadores do time do Centro-Oeste cansaram de desarmá-lo com facilidade e, assim, executaram com tranquilidade o plano de seu técnico. A equipe alviverde se espalhou no gramado, forçando o Corinthians a lançar para Pato, que dificilmente levava a bola à frente com perigo, e facilmente percebeu que poderia surpreender jogando com velocidade nas costas dos laterais de Tite.
Tão irritado quanto a torcida, o técnico do Timão ordenou que Douglas estivesse mais próximos dos atacantes, mesmo que, para isso, os três jogadores mais ofensivos recuassem para iniciar um toque de bola rápido. Assim, Romarinho teve espaço para chutar com perigo e Guerrero voltou a ser alvo de cruzamentos para assustar o goleiro Renan.
O Goiás até conseguiu assustar em cabeçada de Walter na pequena área que desviou em Fábio Santos, mas o Corinthians tinha o controle do jogo, e no seu campo do ataque. Se Ibson estava ‘anulado’, Pato apareceu mais, o que não foi uma boa notícia. Aos 43 minutos, na cara do goleiro após troca de passes na grande área adversária, o camisa 7, na cara do goleiro, que já estava caído, isolou mais uma vez.
O lance do caro ex-jogador do Milan só serviu para irritar ainda mais os torcedores, que chegaram a vaiar o time no intervalo e, na volta para o segundo tempo, adotaram cânticos de cobrança por um jogo melhor. Tite, mais uma vez, só trocou por lesão: Fábio Santos, responsável por um corredor para o Goiás atacar, foi trocado por Igor, que, em menos de um minuto, deu mais trabalho ao rival atacando.
Mas as dificuldades ofensivas já não eram mais o principal problema corintiano neste domingo. O Goiás preencheu seu meio-campo isolando Douglas e o trio da frente, frequentando o campo corintiano em busca de um erro dos comandados de Tite. Aos oito minutos, Walter conseguiu espaço para cabecear forte e só parar na defesa de Cássio.
Aos 11 minutos, entretanto, a falha alvinegra foi fatal. Renan Ribeiro teve tranquilidade para deixar a bola com Hugo, que se aproveitou da frágil marcação de Paulo André na grande área para só ter o trabalho de bater na saída de Cássio, balançando as redes e aumentando a indignação corintiana no Pacaembu.
Gil, um dos poucos com atuação convincente entre os que vestiam preto e branco neste domingo, resolveu agir. Aos 16 minutos, apareceu na área e bateu forte, só não empatando porque Rodrigo conseguiu salvar o Goiás em cima da linha. Logo após o lance, Tite mostrou toda sua irritação com a postura de Paulo André no gol goiano ao trocá-lo por Sheik, avançando o time e recuando Ralf para a zaga.
O camisa 11, porém, logo mostrou que não seria a solução. Aos 18 minutos, Gil, mais uma vez, virou arma ofensiva, mas lançando com precisão para Romarinho dominar na grande área, deixar um rival no chão e chutar para Renan executar excelente defesa. No rebote, o atacante chutou torto, mas a bola foi ao encontra de Sheik, que estava livre na pequena área, com o gol vazio, e furou. As cadeiras e arquibancadas do Pacaembu sofreram com os chutes e socos de corintianos que não acreditavam no que viam.
Por mais meia hora, os torcedores se olhavam enquanto não fixavam os olhos no campo, xingando ou buscando uma explicação para a incapacidade de seu time em fazer gols. O Goiás, tranquilo, foi reforçando sua marcação com as substituições e desperdiçando contra-ataques.
Até que o sentimento de alívio dominou o Pacaembu. Aos 32 minutos, Douglas cobrou falta da lateral esquerda, Gil desviou e a bola bateu em Alexandre Pato. No caminho, diante da dificuldade corintiana em marcar gols, ela ainda teve que resvalar em Ramon, do Goiás, antes de balançar as redes.
Animado, o Timão acelerou suas jogadas mais uma vez, mas foi o Goiás que saiu satisfeito de campo, além da sua vontade de, ao menos, empatar. As falhas defensivas corintianas voltaram a aparecer e, aos 39 minutos, Amaral subiu sem nenhum incômodo para testar firme após cobrança de escanteio e definir a vitória alviverde.