Equipe principal do Corinthians que venceu o campeonato de 1914.Américo .Peres, Amilcar , Aparício e Neco ( em pé). Police, Bianco e César (agachados).Fúlvio, Aristides e Casemiro (sentados).
O ano de 1914 é um marco importante na história do Corinthians . O clube, nascido em 1910, disputava pela segunda vez o campeonato paulista.
Foi um ano atribulado para o futebol paulista.Brigas acirradas ,algumas antigas e outras novas, com clubes ameaçando abandonar jogos e o campeonato. No fim de tudo a cisão entre as duas federações.
Muitos foram os motivos das brigas que levou a separação mas , é inegável, que a popularização do futebol não era bem vista pelos times da influente elite paulistana.
A entrada do Corinthians no campeonato incentivava a chegada de outros clubes de bairros populares. Traziam novos jogadores e um público diverso daquele que frequentava os torneios , fato que choca parte dos dirigentes.
A campanha do Corinthians – no ano de 1914 foi arrasadora: o time venceu com grandes placares,jogando bonito e ganha seu primeiro título de campeão paulista.
Campeão invicto de 1914, com grande destaque para Neco que começava sua brilhante carreira.
A elite paulistana entrava em parafuso com a chegada de um “time de carroceiros” – como eram atacados os corinthianos- e ,já no segundo ano- campeão invicto.
Neste ano, completa um século- em que o Corinthians começou seu domínio no futebol paulista e brasileiro.
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O CORINTHIANS MAIOR QUE A COPA.
Por Edgard Soares
Roque Citadini me concedeu este espaço em seu Blog para expor minha tese de que o Corinthians não precisaria sediar a abertura da Copa do Mundo para ter um estádio à altura de suas tradições e importância no cenário esportivo brasileiro. Ao contrário do que ele escreveu.
Tenho certeza de que Roque concordará com meus argumentos porque é uma pessoa inteligente.
Afora isso, para os que não sabem, e creio que seja a maioria, sou a pessoa que há mais tempo conhece Roque Citadini no Parque São Jorge, o Roque candidato a dirigente.
Ele estava a meu lado em janeiro de 1991 e fazia parte de minha chapa Força Independente que concorreu as eleições presidenciais daquele ano. Acreditava em minhas propostas, defendi-as e se aproximou em função delas.
Éramos jovens, com menos de 40 anos, e Roque já era nesta data Presidente do Tribunal de Contas do Governo, queria participar da vida política do clube; eu já havia sido eleito em eleições diretas duas vezes conselheiro do Corinthians, além de ter sido diretor de patrimônio do clube.
Roque só voltaria ao Corinthians como dirigente muitos anos depois, em 2.000, como vice-presidente de futebol. Eu fui vice-presidente de marketing de 1995 a 1998.
Roque também sabe que sua eleição à Presidente do CORI em 2006 contou com minha ajuda e costura interna decisiva na diretoria para que ela fosse de consenso. O que não era, antes de minha interferência. Ele, como é um homem honrado, melhor do que ninguém, pode falar a respeito e confirmar o que estou afirmando aqui.
Invoco estas lembranças para que fique claro que Roque e eu não precisamos de intermediários para nos entender e porque se temos um laço de amizade há tantos anos é porque há respeito mútuo entre nós.
O que não quer dizer que não possamos discordar sobre um determinado assunto.
Minhas ponderações são simples:
1) Como qualquer corinthiano estou feliz pelo Corinthians finalmente possuir um estádio próprio.
E torço, mais do que qualquer um, para que este empreendimento não acabe se tornando uma dor de cabeça monumental para o clube.
2) Infelizmente o que se viu até hoje é uma total falta de transparência nesta empreitada e nisso, tenho certeza, Roque e eu concordamos.
3) O que me leva a estranhar quando Roque afirma que não se interessa pelo futuro do estádio e pelas projeções se o mesmo vai dar lucro ou prejuízo, como ele escreveu. “O que interessa é que temos um estádio”. Como não interessa? Parece o Mário Gobbi falando que não interessava de onde vinha o dinheiro do Kia Joorabchian.
4) A par do Itaquerão, que hoje é irreversível, sou obrigado a lembrar que o Corinthians não precisaria do Governo Federal, de incentivos fiscais, do Lula e do estranho favor que a empreiteira Odebrecht está fazendo em relação à construção do mesmo.
5) O argumento de Roque é que sem a Copa do Mundo não haveria dinheiro disponível nem empreiteira boazinha financiando, ela própria, a construção como está acontecendo. Eu diria: infelizmente, se isso fosse verdade. Porque dinheiro do Governo, prioritariamente, não é para construir estádio.
E porque estádio com dinheiro do Governo é caminho certo para super-faturamento e corrupção. Como é que alguém como Roque pode achar que esse é o único caminho?
6) Porém, o que importa, é que no caso do Corinthians, haveria sim, plenas condições de erguermos um estádio contando somente, unicamente, com investidores particulares.
7) Expliquei um milhão de vezes como isso funcionaria (foram cinco reuniões do Conselho Deliberativo a respeito. Nunca, na história do clube, se esmiuçou tanto um projeto de qualquer área como o que apresentei).
Bem, mas isso é passado.
8) O que resta, prezado Roque, é que encarando o estádio como Incorporação Imobiliária, seria possível, sim, construí-lo. E de uma maneira muito, mas muito vantajosa para o Corinthians.
Sou especialista no assunto, minha empresa tem 32 anos, trabalhamos para as maiores Incorporadoras do país, sei do que estou falando.
É algo como você falar a sobre a Prestação de Contas de um dos 600 prefeitos do estado.
9) Poderiam ser outros nomes, outras empresas.
Mas o modelo, que é o mais importante, se encaixaria nas seguintes premissas: os investidores teriam direito a venda (por tempo determinado de 10.000 cadeiras cativas) e a venda do namimg rights por 10 anos. Todas as outras vendas de naming rights pertenceriam ao Corinthians.
10) As vendas ou aluguéis de camarotes, por exemplo, também pertenceriam 100% ao Corinthians. Assim como aluguéis de lojas, estacionamento, espaço para shows e eventos de qualquer natureza. Repito: só as cativas e a primeira venda do namimg rights.
11) Haveria garantia mais do que suficiente dos investidores identificados. Repito, poderiam ser outros nomes. mas como exemplo no caso que apresentei eles seriam Bradesco, Petros, Banif, Construtora Hochtief (que já construiu mais de 30 estádios em todo o mundo). Terreno comprado e passado em nome do Corinthians desde o primeiro instante. Um seguro de construção, Perfomance Bond, feito em Londres. Zero de dinheiro público no business. Auditoria da Price na operação.
12) A conta fechava porque o estádio para 55 mil pessoas (o que não é nenhum estadiozinho), a 1.800 metros do Parque São Jorge, tinha projeto aprovado e terreno comprado. Tudo isso documentado. Com presença dos investidores ao vivo nas reuniões do Conselho Deliberativo.
13) Não faça como os medíocres, porque você não é medíocre, que se retorciam por eu ter tido a idéia. Isso é mero detalhe.
Tecnicamente, Roque, sabe porque tudo isso era possível, plausível, real? Porque o Corinthians tinha uma demanda reprimida dos torcedores para a aquisição das cadeiras cativas. Porque o naming rights estava vendido para o Bradesco antes de a construção se iniciar. Porque a localização era excepcional.
Qualquer estruturador de negócios competente poderia ter feito isso. Não tenho culpa de ter sido eu.
14) E não consideramos jamais o Marketing Plan com Copa do Mundo.
Concluindo:
Ponderando estes dados, mesmo que sinteticamente, tenho certeza de que Roque quis dizer uma coisa aqui no seu Blog e escreveu algo que permitiu outra interpretação. Não foi feliz, em minha opinião. Acontece.
Todas as colocações públicas de Roque desde 2.000 (ou desde 1991), por sinal, levam em outra direção.
Ele sempre acreditou, ou disse acreditar, na força individual do Corinthians, chegando mesmo a superstimá-la em várias ocasiões. Afirmar que o Corinthians dependeria de uma Copa do Mundo para construir seu estádio é o mesmo que negar tudo o que pregou anteriormente. Seria jogar no ralo suas próprias teses.
Pensando melhor, ele sabe disso. Para finalizar:
Num determinado momento em 2002 convenci o Presidente da FPF, então bastante capitalizada, Eduardo Farah, (eu era vice-presidente de marketing da entidade) a fazer um empréstimo para o Corinthians transformar o estádio Alfredo Schurig num estádio para 35 mil pessoas. Aliás, o mesmo número de público do Pacaembu.
Fiz uma defesa ardorosa da idéia e Farah aceitou. Havia cinco grandes empresas interessadas em propaganda estática no local, de enorme passagem e visibilidade, que amortizariam quase totalmente o empréstimo. O que significava, mais uma vez, sua auto-suficiência para o empreendimento.
Telefonei para o Presidente Dualib e para o Vice-Presidente de Futebol, Roque Citadini. Ambos foram à Federação para um almoço e receber formalmente a notícia. Aliás, a ótima notícia.
A FPF já tinha feito o projeto, que ficou lindo, e o doaria sem custos ao Corinthians. Até o impacto de trânsito estava solucionado com área de grande estacionamento ligando as duas marginais.
Liguei então para a assessoria da Prefeita Marta Suplicy para quem minha Agência tinha trabalhado, com sucesso, na campanha de 2.000 e porque era importante que ela apoiasse o projeto. Apenas apoiasse, mais nada.
Assim que Farah deu a boa nova aos dois dirigentes corinthianos, na presença da prefeita Marta, que também estava no almoço, Roque pediu a palavra:
“Esse sempre foi meu sonho. Estou super-feliz. Sempre acreditei que o Corinthians poderia fazer sozinho o seu estádio”.
Gravamos então uma entrevista de Roque e Farah falando sobre o assunto para o programa Futebol Paulista e Você que ia ao ar na Rede Vida e na Rede TV! simultaneamente. Conservo até hoje a fita betacam do programa.
Roque, como eu – e como se vê – sempre achou que o Corinthians poderia fazer sozinho o seu estádio. Sem Copa do Mundo.
Estou neste momento no Rio Grande do Norte, mas telefonei para minha Produtora em São Paulo.
Solicitei que fossem ao arquivo e digitalizassem a fita do Futebol Paulista e Você e me mandassem por Internet. Revi a entrevista de Roque. Confirmei mais uma vez:
“Sempre achei que o Corinthians não precisava de ninguém para construir o seu sonho”.
Acredito que ele não tenha mudado de idéia.
Blog do Citadini:
Este blog, como sabem os internautas , é um espaço de discussões sobre o Corinthians. É amador e feito as pressas entre trabalho e descanso.Quase sempre, sem qualquer revisão de texto.
O que aparece por aqui representa a visão de corinthiano. E , por aqui, aparecem muitas brigas.
O conselheiro Edgard Soares enviou manifestação que publico acima. Poderia ter feito em outros veículos ( seguramente com maiores números de leitura) mas preferiu aqui pelo gosto do debate alvinegro.
Embora fale mais do ” Roque” do que do estádio, apresenta sua versão. Óbviamente não concordo com tudo que diz “do Roque” até porque “esquece” de dezenas de vezes em que estivemos em campos opostos em questões corinthianas. Mas isso não tem a menor importância para o assunto atual.
Na manhã de hoje , os jornais trazem declarações do ex-ministro Célio Borja, sobre o Movimento de 1964. Diz que o “golpe” ocorreu porque o presidente João Goulart iria dar um golpe pior do que a ditadura de 1964. Mas haveria o tal “golpe do Jango” ? E como este seria ? Pior do que o regime de 1964?
Todos os que viveram 1964 ( e estavam no poder ) negam o tal “golpe do Jango” que o ex-ministro Célio Borja traz ao debate 50 anos depois de 31 de março.
Este é o caso do estádio que o Edgard defende. Como ele mesmo diz no inicio de seu texto “é uma tese”. Poderia ser melhor, pior ou um desastre. Mas é -claramente- uma discussão teórica.
Minha posição sempre foi muito clara neste debate. O projeto apresentado pelo Edgard no Conselho Deliberativo – com todos os louvores- que ele diz ter, era parte de uma acordo eleitoral para a eleição do André Sanchez. “Votem no Andrés e o projeto vai ao CD”. O atual presidente Mário Gobbi foi claro na reunião quando disse em voz alta – no microfone- dirigindo a Edgard : ” Edgard , está cumprido nosso acordo. O projeto esta no CD”.
Recebi muitas críticas de amigos da oposição quando fui o primeiro a questionar aquela discussão toda. Embora todos soubessem que era uma “barganha eleitoral” queriam que o veto ao projeto só viesse da parte da diretoria que não concordava. Não achei correto. Estas questões do Corinthians estão acima de situação e oposição. E disse o que pensava.
Tambem fui contra os projetos da diretoria que vinham na mesma linha. O próprio Luiz Paulo Rosemberg ficou uma “arara” quando questionei o estádio do Pacaembu e o estádio de 30 mil lugares em Itaquera ( ou outro lugar).
Disse- e não tenho porque mudar- que a Copa abria um novo tempo no futebol. E que, se a abertura do evento não fosse no Morumbi, o novo estádio só poderia vir pelo Corinthians. O “Edgard” sabe o quanto questionei o Andrés por ter ido ao “inicio das obras com Lula e Serra no Morumbi”.
Esclareço apenas que tivemos vários projetos discutidos à época. Em todos tive a mesma opinião. Ou entramos na Copa ou ficaremos sem estádio. E não se trata de ganhar nada do governo, não. A Copa alavanca investidores, dinheiro, governos etc. Tanto que o SPFC estava louco para entrar no trem.
Por último lembro ao Edgard que este não foi o único projeto de estádio que apresentou ao Corinthians. Louvo o esforço mas acredito que a opção pela Arena Corinthians em Itaquera- como parte da Copa- foi o melhor caminho. Por mais que vc e o Luiz Paulo Rosemberg digam o contrário.
(O estádio da Ponte Grande. O primeiro do Corinthians)
Incrivelmente fora de tempo e lugar, o pessoal do Corinthians volta a debater as questões da Copa e de seu jogo de abertura com polêmicas que estão para lá de resolvidas.
Quando a Fifa anunciou que o Brasil seria sede da Copa do Mundo de Futebol de 2014, abriu-se uma nova fase para as construções e reformas da infraestrutura de nosso esporte-rei.
Com a Copa, velhos estádios seriam remodelados e novos seriam construídos. Era um caminho claro, igual ao ocorrido em outros países que sediaram o evento deste porte.
Abria-se para o Timão a possibilidade de construir uma nova e moderna Arena.
O vice-presidente Luiz Paulo Rosemberg disse que era contra o clube entrar nesta “aventura” de construir uma Arena para abrir a Copa. É verdade. Quando compareceu ao Cori com os projetos do Pacaembu e de um estádio menor (30 mil lugares) em Itaquera (ou em outro lugar) sua posição foi clara. Nada de Copa.
Tive -com outros conselheiros- a oportunidade de contestá-lo (está nas Atas) com um argumento simples : ou entrávamos na Copa ou ficaríamos de fora. Suas razões, projeções, “arquitetura financeira” ( que eu nunca levei muita fé) era bom argumento de retórica para professor de economia. Só não batia com a realidade. A Copa -e só a Copa- atrairia investimentos, empresas, governo (e todas as áreas). Nada mais. Por mais bonito e lúdico que fossem outras sugestões.
Os outros projetos – que também corriam pelo clube- tinham o mesmo defeito: não eram para a Copa. E não teriam apoio e fôlego para tornar-se realidade.
(O velho estádio da Fazendinha, com seus traços tipicamente ingleses)
Na primeira fase da preparação da Copa, o SPFC tentou colocar o Morumbi como o estádio para abrir o evento. Sabia que este era o caminho para uma profunda (e cara, caríssima) reforma do estádio. Num primeiro momento chegou a ter sucesso. Até o presidente Andrés compareceu ( junto com presidente e governador) na solenidade de “inicio” das reformas do Morumbi para a Copa. Foi um grave erro que deve dar a ele uma forte dose de arrependimento.
Mas o Morumbi é um grande problema para qualquer reforma. Velho, com projeto ruim (e com incríveis falhas) só um túnel com o Federal Reserve poderia bancar uma mudança estrutural.
Neste tsunami de mudanças em nosso futebol, rodaram os estádios de Rosemberg e também outros dois projetos de conselheiros. Tinham o mesmo defeito de origem: não eram para a Copa.
Era claro e cristalino que se a cidade fosse procurar um novo estádio ele só poderia ser o do Corinthians. É o único clube que poderia viabilizar um investimento tão grande.
Sempre ouvi -sem dar muita bola- as fórmulas financeiras que suportavam a construção da Arena Corinthians. Quase nunca vi muita lógica nos números, reiteradamente, apresentados por Luiz Paulo Rosemberg e pelos outros envolvidos no projeto.
( O estádio reformado da Fazendinha.)
É claro que o clube entrará num período de dificuldades financeiras. Terá que pagar o estádio. Mas, e daí? É o preço para ter uma moderna Arena que abre a Copa e impede um vexame histórico para a cidade.
Por esta razão, qualquer projeto do Corinthians fora da perspectiva da Copa, seria discussão sem rumo e sem fim. E não sairiam do papel.
Também não entro, e nem leio, essas intermináveis matérias jornalisticas que discutem a propriedade, empréstimos, garantias etc sobre a Arena do Timão.
Tudo é pouco relevante.
O importante é que o clube vai ter uma moderna Arena para a Copa e para seu futuro. As dívidas? Ora serão pagas pelo único clube que pode pagar.
Outros estádios que o clube teve, nos seus mais de 100 anos, foram construídos com dificuldades até maiores. É só lembrar da construção dos estádios da Ponte Grande e do Parque são Jorge.
Nem fico discutindo essas fórmulas e projeções.
O importante foi feito. O Corinthians pegou o trem da Copa (tirou o SPFC do banquinho preferencial) e está as portas de completar seu trabalho inicial.
Sem ajuda de governo (além das oferecidas a todas os clubes e empresas) sem mácula, o clube vence uma etapa importante de sua vida.
Seria bom que os envolvidos em outros projetos (dirigentes e conselheiros) entendessem que o carro passou e qualquer discussão apenas abre espaço para os adversários derrotados nesta luta.
E nada mais.
Arena do Corinthians, que abrirá a Copa de 2014.
Quando o pessoal do Departamento de Futebol do Paulistano desejou refazer um time de futebol a situação era difícil. Na primeira tentativa, o novo clube trouxe muita briga entre a elite paulistana, dívidas e uma falência. Mas eles queriam fundar um novo time de futebol, já que o ideal do Paulistano estava comprometido com a chegada do “profissionalismo”.
Havia, também, os concorrentes que ocupavam a cidade. O Palestra – ancorado no entusiasmo do fascismo de Mussolini- tinha dinheiro e mais dinheiro (e grandes equipes com muitos títulos). Mas sua adesão ao autoritarismo italiano deu tudo, inclusive uma visão racista que afastava uma grande parte do público. Dizem que tinham a maior torcida na cidade. É possível. Era uma metrópole quase italiana que ficou muito entusiasmada com o Duce. O Corinthians – com pouca grana- lutava como um leão contra a onda. Com a industrialização do Estado, no entanto, chegavam por aqui levas e levas de baianos, sergipanos, pernambucanos, cearense etc. E, com eles, o Timão viraria o jogo e se tornaria a maior torcida. O erro palestrino foi essencial para esta mudança.
Neste quadro, com o fim do Paulistano, surge a luta pela formação do SPFC. E, reconheçamos, foram mais hábeis que os palestrinos. Embora se declarassem elite -econômica e cultural- da cidade, entraram no jogo para conquistar a massa. Assumiram- de uma vez- o profissionalismo abandonando os ” ideais do Paulistano”. O principal exemplo disso foi aceitar negro no time, coisa que só o Corinthians fazia , já que o Palestra era pela “pureza de raça”. A contratação de Leônidas foi uma jogada arriscada e de grande sucesso. O “Diamante Negro” sairia da cadeia, no Rio, para ser o maior ídolos do novo clube. Foi o primeiro grande passo dos tricolores.
Nos anos 50 entenderam a importância de ter um estádio e passaram a trabalhar intensamente. Por quase vinte anos lutaram, envolveram empresários, governos e até outros clubes na “missão” de construir o Morumbi. Até o Corinthians – em erro grave- entrou na campanha com dirigentes alvinegros comprando “carnês” do novo estádio que o presidente Laudo Natel definia como “estádio do Corinthians”.
Foi uma segunda grande vitória dos tricolores. Com um novo estádio puderam dar mais um salto para sua consolidação na cidade. Tinham a força -decadente- do Palestra, os aparecimentos meteóricos do Santos e a garra e luta do Corinthians. Nesta década de Morumbi, deu um sobrepasso quando ultrapassou o Palestra embora nunca chegasse perto do Corinthians cada vez maior.
Com a chegada da Copa do Mundo deste ano, abriu-se mais uma nova oportunidade de avanço do tricolor. Era preciso refazer o Morumbi para a Copa e para as novas décadas. O estádio fora construído em outros tempos de forma precária e com incríveis erros que torna cara qualquer reforma.
Os tricolores tinham claro que esta era a oportunidade do avanço. Receberam o apoio inicial da CBF e do governo e iniciaram sua nova jornada. Até o Corinthians – em lamentável erro da direção- apoiou a reforma do Morumbi. O presidente Andrés deveria proibir aquela foto dele no gramado do Morumbi em apoio a “nossa ” sede de abertura da Copa.
Mas os tricolores esqueceram o básico: o Morumbi era um estádio quase irreformável. Se aceitassem derrubar e construir outro seria mais fácil. Mas o orgulho sem medida levou os tricolores a um mundo de irrealismo que chegou ao desenlace fatal : aquele Morumbi estava fora do Mundial.
A tentativa de modernizar o estádio estava vencida.
O pior viria com duas noticias nada animadoras para os tricolores: O Corinthians construiria seu estádio – para abrir a Copa e crescer mais ainda- e o Palestra construiria novo estádio.
A partir de 2015 a cidade terá 3 clubes com estádios : o mais moderno e maior será o do Corinthians. O Palestra poderá ganhar novo gás em sua luta pelo segundo lugar na cidade. O São Paulo… Bem o SPFC, errou o pulo. Não pegou o trem e precisa esperar outro momento da história que poderá vir em décadas. Ou séculos.