Uma discussão importante.
Os problemas de uma política de esportes
19/11/2012
Coluna Econômica
Há tempos o Ministério da Saúde firmou parceria com grandes hospitais privados, como o Sírio Libanês e o Albert Einstein para difundir seu conhecimento para polos hospitalares em todos os cantos do país.
O mesmo procedimento deveria ser adotado pelo Ministério dos Esportes com os grandes clubes esportivos, que se dedicaram ao desenvolvimento de atletas.
No Seminário “Gestão Esportiva”, do projeto Brasilianas, foi apresentado o “case” do Esporte Clube Pinheiro, de São Paulo.
O clube tem 113 anos, 38 mil associados num total de 136 mil pessoas, 2.900 atletas e um orçamento anual de R$ 132 milhões.
De 1960 a 2012 preparou atletas responsáveis por 10% das medalhas olímpiadas obtidas pelo Brasil, desde os pioneiros Manuel dos Santos (primeiro medalhista olímpico de natação), a João do Pulo, Douglas Vieira, Gustavo Borges, César Cielo e Rafael Silva.
Existem 130 diretores trabalhando voluntariamente na área de esportes amadores. Seu papel principal é o da formação de atletas potenciais com recursos do clube e das leis de incentivo.
Se o Pinheiros fosse um país, no último Panamericano teria sido o 9o colocado – o Brasil foi o 3o.
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Responsável pelos projetos de Lei de Incentivo ao Esporte do Clube, Suzana Pasternak constata haver muito recurso para preparar o país para as Olimpíadas, mas pouco conhecimento sobre o que fazer com ele.
Hoje em dia, há um conjunto de atletas levados a toda sorte de eventos, sem nenhuma forma de planejamento, diz ela. O atleta sai de casa, entra em estado de fadiga, com um treinamento intensivo sem orientação esportiva e psicológica, diz ela. Falta conhecimento dentro das próprias organizações esportivas.
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O foco do Pinheiros não é o atleta que aparece na mídia. Quando os atletas adquirem essa dimensão, o clube não rem condições de retê-lo. A importância do atleta campeão é no fomento à sua modalidade. Mas o foco de qualquer política olímpica tem que ser os jovens e, especialmente, as crianças com potencial.
Quando Cielo tornou-se superestrela, não cabia mais no bolso do clube. A opção era investir ou em um único atleta ou na base de 5 mil jovens preparados pelo clube.
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O grande problema das políticas públicas é a falta de técnicos especializados em gestão do esporte. Não adianta apenas faculdade de educação física, diz Suzana. Gestão de esporte é muito mais que isso. Há a necessidade de suporte dos parceiros públicos para trabalho mais consistente.
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Mais crítico, o advogado Alberto Murray Neto tem denunciado sistematicamente o que considera gestão temerária de Carlos Arthur Nuzman à frente do COI (Comitê Olímpico Brasileiro).
Seu avô, Major Silvio de Magalhães Padilha, foi primeiro finalista olímpico da América do Sul em provas de atletismo nas Olimpíadas. Hoje em dia, ele dirige uma ONG com o nome do avô.
Major Silvio criou as bases do esporte em São Paulo, precedendo a União. Em 1939, criou a primeira Secretaria de Esportes do país.
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Alberto considera que não há política pública de esportes no Brasil. E que o Plano Emergencial de Medalhas para os Jogos Olímpicos de 2016 é uma farsa. “Só quem não entende nada de esportes pode acreditar que pode-se criar uma potência olímpica trabalhando 4 anos apenas”, diz ele.
A visão integrada
Segundo ele, uma política desportiva precisaria, de partida, envolver o Ministério da Educação, da Saúde e das Cidades, para poder massificar o esporte. 12% das escolas públicas têm espaços mal ajambrados chamados de de praças de esporte, com professores de educação física mal remunerados, diz ele. Nos Estados Unidos, o esporte é inteiramente calcado na escola e nas Universidades.
O modelo americano
Em Nova York foram criados centros desportivos em inúmeros bairros, dentro da estratégia de diminuição da criminalidade. No caso do Brasil, não existem nem leis permitindo o uso do espaço urbano para isso. No caso brasileiro, Ministério dos Esportes, COI, Federações e Confederações atuam sem um papel definido. Não há um agente coordenador dos recursos e dos esforços. E os recursos maiores são aplicados apenas nos grandes atletas.
O gasto com as Olimpíadas
Nunca houve tanto recurso disponível, diz ele. No ciclo olímpico, que acabou em Londres, fora, R$ 550 milhões da Lei Piva, R$ 520 milhões de patrocínio de estatais, R$ 644 milhões do Ministério dos Esportes, R$ 433 milhões de renúncia fiscal. E os resultados foram pífios. Com R$ 2 bi a mais, o país conseguiu apenas 2 medalhas a mais. E os recursos não foram aplicados de forma transparente, diz ele.
Dinheiro que não chega ao atleta
Há uma enxurrada de dinheiro que não chega nem ao técnico nem ao atleta, diz ele. O único projeto que coloca dinheiro nas mãos de ambos é o de Paula e Ana Moser. E isso porque os recursos não passam por nenhuma federação. Nas federações e confederações não há governança, transparência, gestão eficiente, diz ele. Os dirigentes se perpetuam por décadas graças a estatutos que matam qualquer possibilidade de oposição.
Os novos estádios
Em Manaus, está sendo construído um estádio de R$ 1 bi, onde o dinheiro público é roubado a rodo, diz ele. No Engenhão houve enorme superfaturamento e o estádio acabou entregue ao Botafogo por preço de banana. Os estádios para a Copa não têm viabilidade econômica. E os investimentos nas Olímpiadas, assim como no Panamericano, não vão deixar legado para os clubes e para as cidades.
O legado do Panamericano
É possível fazer as Olimpíadas sem megalomania e a Copa apenas melhorando um pouco os estádios para atender aos requisitos da FIFA, diz. É preciso fazer uma Copa que caiba no bolso do país. Em 1963 São Paulo sediou um Panamericano. Todos os eventos foram sediados no Pacaembu e nos clubes. Construiu-se o CRUSP para alojamento dos atletas. Deixou-se um legado para a cidade. No Panamericano do Rio, nada se aproveitou.
Sem sal, sem açúcar
(Mary Cassat, “The loge”, 1882) (Reprodução)
Sem jogos do Corinthians durante a semana, o mundo desportivo fica sem rumo.
E sem assunto. A quarta fica sem cara de quarta-feira.
Vejam em que nossa mídia anda insistindo: no caso do roubo atribuído ao pessoal do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), em Londres; no contrato de amistosos da Seleção Brasileira; e, como faz tradicionalmente, em uma ou outra fofoca sobre o estádio do Corinthians.
O caso do roubo em Londres (que parece não ser só na Inglaterra) é ruim para o Brasil e deveria ser clareado o quanto antes.
Com direito a nomes e números.
A Seleção é outro assunto que volta quando não temos alguma coisa expressiva no esporte.
Qualquer destes times contra os quais o Brasil vem jogando nos últimos anos tanto faz para nosso torcedor.
Quase todos os selecionados escolhidos são fracos.
Ah! Há um assunto que poderia render muito, mas a imprensa não gosta.
Trata-se das declarações do Deputado Romário (craque no campo e no microfone). Não sei o que está esperando nossa mídia que não cobra alguma resposta dos citados para a crítica que o Deputado faz.
Sim, é certo que a estratégia da CBF é a do silêncio absoluto. Mas, convenhamos, isto não obriga a grande imprensa a ficar calada.
Há também uma ou outra notícia sobre a construção do estádio do Corinthians.
Nada que mude nada.
Rumo ao Rio-2016
Medalha de lata
O Comitê Organizador queimou a largada nos trabalhos para os Jogos de 2016.
As cópias piratas (para usar expressão mais suave) de arquivos da Olimpíada de Londres formaram episódio constrangedor, humilhante e embaraçoso para os brasileiros, anfitriões da próxima festa mundial do esporte.
A demissão de dez supostos responsáveis pela atitude ilícita e deselegante não encerra o escândalo; apenas confirma a praxe de que são necessários bodes expiatórios, para livrar cabeças coroadas de cobranças e eventuais suspeitas.
Os bombeiros de plantão inicialmente não ligaram para a fumaça, provocada dias atrás pelo jornalista Juca Kfouri. A reação imediata foi a de ignorar a denúncia de que observadores patrícios haviam se apoderado de informações dos britânicos sem a devida autorização. Era melhor deixar a notícia esvair-se.
Tão logo perceberam que havia fogo, e este poderia alastrar-se, trataram de colocar em prática ações de emergência. Uma nota lamentou o ocorrido e informou que os culpados pagariam a conduta leviana com a perda do emprego. Nota adicional reiterou que agiram por iniciativa própria, sem o conhecimento dos superiores nem de “nenhuma outra liderança da Rio-16”. Só não foram demitidos por justa porque se entendeu que não houve intenção criminosa. Ou seja, não passou de um pecadilho, na avaliação dos dirigentes do COL.
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, classificou de “lamentável” a pilhagem cibernética, em nota publicada no site da pasta. Mas destacou que o Comitê agiu corretamente ao liberar-se dos funcionários levianos. Em determinado trecho do comunicado oficial, ressalta que foi um fato passado entre “entidades privadas”. No mais, vamos em frente que atrás vem gente. Como se, dessa maneira, esperasse limpar a mancha com uma suave ensaboada moral.
Não é assim, não. A história tem mais arestas soltas do que aparadas. A começar pela postura do governo. Ao frisar o caráter de empresa particular do Comitê Organizador, fica a impressão de que o ministro ensaiou não meter a mão na cumbuca e olimpicamente driblar a polêmica. COL e Comitê Olímpico Brasileiro são entidades privadas, mas de enorme interesse público. Muito mais agora, que recursos municipais, estaduais e federais são destinados, com generosidade, para a preparação dos Jogos Olímpicos de 2016. Portanto, o governo tem o dever de cobrar atitudes transparentes, de fiscalizar os movimentos dessas empresas. E como tem!
O comportamento de COL e COB é ainda mais estranho. O presidente das duas entidades, não por acaso a mesma pessoa, tinha de vir a público e prestar esclarecimentos no ato. Deveria ser o primeiro a falar, a dar a cara para bater, a ser cobrado. Esse o papel que se espera de uma liderança, já que assim é tratado no site oficial. No entanto, optou pelo silêncio, estratégia usada também pelo prefeito do Rio.
Ninguém explicou que arquivos eram esses, a quais equipes pertenciam os observadores trapalhões, de onde vieram, que cargos ocupavam e havia quanto tempo. Silêncio total, desmentidos oficiais e aposta na anestesia moral em que vivemos.
É sempre igual: explode um bafafá tremendo, grave e, na hora em que a lama ameaça sujar tubarões, se apela para o recurso do “eu não sabia”, “foi um bando de aloprados”, “agiram por iniciativa pessoal” e por aí vai, à espera do esquecimento.
O episódio desprestigia a cúpula da Rio-16 e mostra que começamos nossos Jogos com bela medalha de lata.
Antero Greco
(O Estado de S.Paulo, Esportes, 26/9/2012, p.E-2)
Mais um gol do craque Romário !
Para alguns está surpreendendo, para outros, apenas confirmando que é uma pessoa séria e que não se deixou envolver pela cartolagem e pela política de baixo extrato. Embora seja de um partido que apoia o governo, não tem perdido oportunidades de colocar problemas que o mundo do esporte vive por todo lado. Romário traz para a Câmara a mesma agilidade, criatividade e astúcia que tinha nos gramados. Continuando neste ritmo, será uma das belas surpresas para o Parlamento brasileiro. E o futebol ganhará muito com seu desempenho, que segue em caminho oposto a parlamentares (que nunca tiveram nada com o esporte) e que, nos dias atuais, só fazem agradar aos cartolas e pinçar algum lugar na mídia esportiva.
O Blog do Juca publicou discurso de Romário, onde o Deputado parabenizou a iniciativa do Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, de vetar recursos públicos à Confederações esportivas que não tenham alternância de poder. Como lembra Juca, a medida atingirá, diretamente, o famoso COB ( Comitê Olímpico Brasileiro).
Veja abaixo o texto na íntegra:
“Assisti ontem (13) à entrevista do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, ao jornalista Fernando Rodrigues e gostaria de parabenizá-lo pela iniciativa de vetar recursos públicos e outros benefícios às confederações esportivas que não tenham alternância de poder em suas direções.
Ele e a presidenta Dilma têm o meu apoio total.
Só espero que eles não se esqueçam de incluir o Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Há tempos eu venho dizendo que é preciso consertar uma coisa: o esporte sobrevive do dinheiro público, mas a gestão continua privada.
Talvez isso finalmente mude agora.
Os presidentes das Confederações de Atletismo e de Desporto Aquático, por exemplo, já estão há mais de 20 anos no poder.
Muita cara de pau!
E o presidente do COB, Carlos Nuzman, tá querendo se reeleger mais uma vez agora em outubro.
Se conseguir, também chegará a duas décadas à frente do COB.
E para quê?
Para vermos o fiasco que aconteceu em Londres?
Não seria melhor para o esporte se houvesse alternância no poder?
Soube que o Nuzman não recebe salário. Então por que tanto apego?
O que eu sei é que o COB precisa mudar de cara e deixar de ser amador.
Precisa começar a fazer uma gestão mais profissional e que dê resultados mais satisfatórios diante de tanto dinheiro aplicado nos últimos anos.
Desde que o Comitê Paraolímpico Brasileiro passou a alternar os presidentes, os resultados apareceram e hoje evoluímos para a sétima potência mundial nas Paraolimpíadas.
Por isso, concordo com o ministro Aldo para limitar o tempo de permanência e o número de mandatos desses caras dentro de alguns parâmetros. A renovação sempre é bem vinda nessas entidades e seria uma maneira de estimular a democracia.
E a idéia dele de baixar uma regulamentação no próprio Ministério do Esporte para condicionar essas entidades privadas ao preenchimento de alguns requisitos para terem acesso aos recursos públicos foi ótima.
Dessa forma, o governo não legislará sobre entidade privada nenhuma, mas definirá parâmetros para liberar os recursos que as mantêm. Se quiserem receber, precisam se enquadrar às regras impostas pelo governo. Certíssimo.
Pra finalizar, acho que entre essas normas elaboradas pelo governo deveria estar também a garantia do voto direto aos atletas. Nada mais justo do que o próprio competidor que rala e representa o país lá fora possa ajudar a escolher os melhores administradores de suas confederações e do COB. Fica a sugestão.
O ministro disse corretamente na entrevista que essas entidades não são “casas reais”.
Concordo. Até porque, se fossem, os dirigentes não seriam os reis, mas os bobos da corte.”
Sem surpresas
Kurt Schwitters (1887-1948), “Merzbild Rossfett“, 1919 (Reprodução)
O futebol é um esporte fantástico, porque não admite unanimidade.
O torcedor sempre se encarrega de contestar algo, criando um caminho diferente para descrever os fatos. Ontem, tivemos mais uma rodada do Campeonato Brasileiro.
Emoção, gritos e choros sobraram por todo lado.
O Corinthians, como qualquer guri sabe, vive um momento pouco comum no futebol.
Suas duas últimas conquistas ainda não saíram da cabeça do torcedor (e também dos jogadores). Não adianta dizer que isso é bom ou ruim, sendo melhor disputar o Brasileirão com uma fome insaciável de vitórias. Os fatos são mais fortes que este desejo. Por esta razão o time alterna boas e más atuações, vitórias e derrotas.
Até o empate entra na categoria de “deixa prá lá”.
Na noite passada, o Corinthians não fez a melhor exibição do mundo, mas poderia ter vencido.
Mesmo com o Flu mordido, querendo a vitória (que interessante, todos querem sempre jogar tudo contra o Timão!) o resultado poderia ser melhor.
Nada que mude o mundo.
Clássico é clássico
Vi nos jornais que o Palestra perdeu para a Lusa e o Santos foi batido pelo Bahia.
Pelo que diz o noticiário nos jornais, houve protestos de torcedores palestrinos e santistas. No caso dos esmeraldinos, acho um exagero: clássico é clássico e tudo pode acontecer, como diz a mídia. Inclusive uma vitória por 3 gols da Lusa. No caso santista, não sei qual seria uma boa justificativa. Talvez dizer que jogar contra times baianos é muito difícil. Pode ser.
Alguns acreditarão.
Mudança
Qualquer mudança na legislação desportiva do país precisa estabelecer o fim da reeleição para os cargos de dirigentes.
Clubes, Federações e Confederações de qualquer esporte devem ter mandatos de até 3 anos e nada mais.
O pessoal dos tais “desportos olímpicos”, que vivem uma “eternidade” nos altos cargos, que procure o que fazer.
Apoio (em excesso) prejudica
Di Cavalcanti, “Samba” (1925) (reprodução)
Tanto o técnico Mano Menezes quanto o Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Sr. Carlos Nuzman, vêm recebendo declarações de apoio por todo lado.
Da mídia em geral, de dirigentes, de políticos, de atletas, de analistas etc. Todas muito interessantes, mas, ao mesmo tempo, muito preocupantes.
Com a derrota para o México, na final do futebol nas Olimpíadas de Londres, o técnico Mano Menezes passou a ser contestado por muita gente.
Mas, defendido por um número ainda maior de pessoas. O Presidente da CBF, José Maria Marin, e o Diretor da Seleção, Andrés Sanches, saíram logo com declarações de apoio ao treinador. A CBF divulgou que até o ex-presidente Lula teria telefonado e elogiado o desempenho brasileiro pela medalha de prata conquistada.
Mano Menezes é um experiente profissional do futebol e sabe que todos estes discursos vão abaixo se a Seleção não começar a apresentar uma boa atuação nos próximos jogos.
Palavras (ainda que belas) não seguram ninguém no cargo, especialmente na Seleção. Ou vence – e bem – os próximos jogos, ou deve ficar preparado para o pior. E com este elenco de “estrelas” que tem nosso futebol qualquer técnico “suará frio” para dirigir a Seleção.
O Presidente do COB, Sr. Carlos Nuzman, é outro que vem sendo defendido pelo desempenho em Londres da equipe olímpica do Brasil.
Tabelas, gráficos e elogios brotam como nunca. Da mídia, de políticos e do governo.
Tudo ajuda pouco. Deve o Sr. Nuzman lembrar-se que o governo gastou muito para resultados tão pequenos em Londres.
Isto é um problema. Mas o problema mesmo é que a Presidente Dilma Roussef , que já derrubou o presidente da entidade que dirige o futebol (CBF) , tomou uma simples medida: recusou-se a receber em audiência o Sr. Ricardo Teixeira. Mesmo com apelos de muitos segmentos (desde cartolas até de políticos – e até mesmo do ex-presidente Lula), a Presidente bateu o pé e disse: Não recebo! E o Presidente da CBF viu que não daria para comandar o futebol – em uma Copa do Mundo – com um veto deste tamanho.
O Presidente Marin nunca foi recebido pela Presidente da República, mas ele finge que “não é com ele”.
Isto é, não pede audiência. O Sr. Nuzman deve ficar atento. O apoio do governador Cabral e do prefeito do Rio, Paes, são importantes, mas, como no caso da CBF, se a Presidente bater o pé, a coisa toda muda. E aí não adianta apoio na mídia, na política, etc.
Ninguém teve tanto apoio quanto Ricardo Teixeira na hora em que deixou o Rio de Janeiro e foi para Miami.
Muito apoio pode atrapalhar.
Empate no Brasileirão é ruim
Numa disputa de pontos corridos, como é o caso do Campeonato Brasileiro, o empate é um resultado ruim.
Foi o que ocorreu ontem à noite, 8/8, no Pacaembu, no jogo do Corinthians contra o Atlético de Goiás. Mesmo estando há vários jogos sem derrotas, o Timão pouco acrescenta à sua campanha com estes empates que vem conseguindo.
O time corinthiano mostra que é difícil de ser vencido mas que, por outro lado, não tem êxito em “fazer” um bom resultado, no caso uma vitória. Esteve melhor, com a defesa e o meio de campo sempre organizados e atuando bem, mas faltam gols.
Ontem, vendo o técnico Tite gesticulando por todo lado à beira do gramado, lembrei-me de Mussolini, sanguinário ditador italiano, às vésperas de entrar na Segunda Guerra.
Queria, porque queria, ir para a guerra junto com a Alemanha, mas não tinha exército. Nesta situação produziu uma frase que ficou famosa na história: “Até Michelangelo precisava de mármore para fazer estátuas. Se tivesse apenas argila, teria sido um simples oleiro”. É a situação do nosso técncico.
Precisa de jogadores de ataque de qualidade superior.
Lembre-se, por outro lado, que o nosso goleiro não foi feliz no gol dos adversários, mas isso não deveria alterar muito a partida.
Todos falham em certos lances, até o goleiro. Boa foi a jogada do gol de empate, mostrando que o Romarinho tem muito para render no Timão.
Não é um resultado que mude o mundo, mas adia uma arrancada maior do Corinthians para mudar o Campeonato.
Esportes e TV
Não sei o motivo que levou a Globo e a Record a brigaram tanto para transmitir estas Olimpíadas de Londres. Na maior parte dos países são transmitidos apenas alguns jogos mais importantes, ficando a maioria dos esportes coberta pelo noticiário geral. Estas longas e cansativas transmissões da SporTV (e creio que a da Record também) pouco interesse despertem no público.
E também não considero que os patrocinadores ganhem alguma coisa com isso.
A grana mata a pompa
A anunciada venda do atleta Lucas (ex-Marcelinho) do SPFC para o PSG (será que já assinaram ou faltou caneta?) mostra um lado nada romântico do futebol.
O Tricolor vendeu o garoto por duas razões simples: primeira, o jogador queria sair; segundo, o SPFC está precisando (e muito ) de grana. O atleta entra na mesma nau em que já embarcaram muitos brasileiros: vai para a Europa muito cedo (não se consagrou no Brasil ou na Seleção) e querendo “arrumar a vida”.
Se será um craque por lá é outra coisa.
Olimpíadas e futebol
Thomas Eakins, “The Biglen Brothers Racing”, 1873 (reprodução)
Estas Olimpíadas não são a maravilha toda de que falavam por aí.
Primeiro, aquela abertura que mais parecia com Jogos Colegiais de Xiririca. Monótona, arrastada, sem criatividade, dando ao Rio a possibilidade de, mesmo sem grandes esforços, fazer um papel bem melhor.
Agora, nesta edição londrina dos jogos, aparecem confusões por todo o lado. Entrega de resultados em modalidades como o badmiton (sinceramente, nem sabia que isso existia), envolvendo 4 países numa trama ao estilo da máfia. Depois, o “corpo mole” de algumas equipes para fugirem de confrontos na fase seguinte.
Por último, os casos de doping, já comprovados, que mancham qualquer disputa.
E sempre com um tratamento leve da mídia.
Hoje pela manhã, um brasileiro que não conseguiu classificação, foi direto ao falar com a TV: “não dormi bem”. Pronto, está dada a explicação! Simples, sem qualquer fuga. E a mídia nada diz. Poderia ter perguntado se foi o travesseiro, o aparecimento de uma pulga, ou até mesmo uma goteira no quarto…
Nada, nenhum questionamento.
Imagino se no futebol algum atleta aparecer com esse tipo de justificativa o que ocorreria. Cairia o mundo. E nem se diga que os olímpicos são atletas “amadores”. Muitas das confederações gastam rios de dinheiro (público) e não são objeto de qualquer cobrança ou indagação.
O COB, bem, o COB é aquilo que já conhecemos.
Dinheiro sobrando, distribuído para os chapas das confederações.
E grande parte dos recursos é consumida com a própria burocracia olímpica.
É, acho que é melhor acompanhar apenas o futebol.
Futebol, Olimpíadas e outros
Grant Wood. “Adolescência”, óleo sobre tela e têmpera, 1932. (reprodução)
Tite, nosso técnico, fez uma análise precisa do empate de ontem, 5/8, em São Januário, contra o Vasco da Gama.
Disse, na Folha, de hoje: “Gostei muito do desempenho, a marcação, a ofensividade. Mas fico com o sentimento de que a gente tem que transformar em vitória, poderia ter vencido.” Também acho.
O Corinthians foi melhor e poderia ter vencido.
Não acho que este empate seja um desastre como a guerra na Síria.
Mas não foi o melhor resultado. Mesmo estando há 6 jogos sem derrota, neste tipo de disputa o importante é vencer. O empate ajuda pouco, quase nada.
Vamos para frente, pois a equipe pode melhorar sua sequência sem derrotas e conseguir vitórias, mudando o campeonato.
“Valeu pela experiência”
Este é o bordão que mais ouço dos atletas brasileiros participantes da Olimpíada londrina.
Valeu para quem? Foi boa a viagem, bons hoteis, ótimos papos. E daí?
A mídia gosta de pegar no pé de jogadores de futebol quando, saindo do gramado, os atletas vêm com aquelas máximas “jogamos com determinação e humildade”; “o professor pediu para marcar no campo todo” etc e tal. Porém pouco falam em relação aos atletas olímpicos, que mantêm sempre a mesma cantilena: “valeu pela experiência”. Reduziram a máxima “o importante é competir” para “o importante é viajar e estar aqui”.
Oh vida dura!
O Blog do Perrone traz uma interessantíssima matéria sobre um barraco no Tricolor Paulista.
Um empresário (ou será ex?) de um famoso supermercado teria exagerado nas cobranças ao time, ao fazer duras declarações públicas. Diz a matéria que o dito cujo – embora filho de portugueses, abandonou a Lusa – fica mandando, durante os jogos, mensagens SMS para o auxiliar técnico, exigindo mudanças na equipe, substituições de jogadores etc. A Diretoria tratou de desautorizar as críticas feitas em público ao treinador tricolor.
Curioso é que, na matéria do Perrone, um Diretor reclama que o empresário deveria trazer a rede de supermercados para anunciar na camisa do time.
Poderia repetir o que fez com o filho, quando corria na Fórmula 1, ou quando um batalhão de atletas era levado para a maratona de Nova York e a mídia divulgava o incentivo como ” apoio cultural” . Esqueçam , senhores. Isto já não vos pertence mais ! O tal empresário não é mais o dono da rede de supermercados. É grande acionista, mas não o principal.
Se desejarem falar com o novo investidor majoritário, devem procurar na lista de Paris por um nome argelino.
O Sr. Derrota
Presidente do COB ocupa o cargo há 17 anos
Do Blog do Nassif
Por Vinicius Carioca
Pede pra sair, Nuzman: o que aprender com o desempenho da Grã-Bretanha nas Olimpíadas
De Kiko Nogueira, No Diário do Centro do Mundo
Nuzman, presidente do COB há 17 anos, reeleito, sem oposição, para mais três
O Brasil, mais uma vez, vai micar.
Já virou uma tradição – ou, numa expressão cara ao meu irmão Paulo, o triunfo da esperança. Olimpíadas têm, no mínimo, uma função importante: inspirar as pessoas a saírem do sofá e praticar esportes. Por que o país não evolui na competiçao? Bem, há muitas explicações. A principal delas nós sabemos: o Brasil não tem uma estrutura que proporcione o surgimento de atletas de outra modalidade que não seja o futebol. Além disso, não há renovação: Cesar Cielo, Fabiana Murer, Bernardinho, Marta, Daiane, Diego Hipólito etc etc. Nada de novo, a não ser na turma do judô.
Mas há um nome que é o mais velho deles e deveria responder por esse desempenho.
Carlos Arthur Nuzman está há 17 anos no Comitê Olímpico Brasileiro, sem trazer resultados expressivos. O que explica esse apego? Em 2000, ele reclamou que não tinha verba e que, se tivesse, transformaria o país em potência olímpica. Bem, contou com 2 bilhões de reais, investidos na preparação para Londres. E aí?
Sim, ele teve um papel importante no fato do Rio de Janeiro ter vencido a disputa para sediar os Jogos de 2016.
Mas o que isso faz dele? Organizador de festas? Em abril, ele foi reeleito até 2016. Foi o único a registrar uma chapa. Nuzman guarda alguma semelhança com Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. Ambos são especialistas em se perpetuar nos cargos. Teixeira, porém, tem duas vantagens: 1; ele saiu; 2. apesar de tudo, ele entregou resultados importantes durante seu reinado.
Lorde Moynihan: espantado com o baixo número de atletas ingleses vindos de escolas públicas
Nos Estados Unidos, o presidente do Comitê Olímpico é Stephanie Streeter, eleita em março de 2009.
Seu colega chinês, Liu Peng, assumiu em 2008. O presidente do British Olympic Association, BOA, Lorde Moynihan, está lá desde 2005. Seu mandato expira este ano. A Grã-Bretanha deve terminar em terceiro lugar no quadro de medalhas. O Brasil provavelmente estacionará no 25º, atrás de Cazaquistão, Bielorússia, Coreia do Norte, entre outros.
Na semana passada, Moynihan declarou ser inaceitável a desproporção entre medalhistas oriundos de escolas públicas e privadas.
Apenas 7% dos ingleses frequentam escolas particulares – mas metade das medalhas ganhas em Pequim pertencia a alunos dessas instituições. Até agora, o chamado Team GB faturou nove ouros. Quatro são de gente de escolas privadas e um quinto é de um atleta que estudou na Alemanha. ”Nós teremos falhado se, em 2016, olharmos para trás e não acharmos que transformamos nossa paisagem esportiva. Os Jogos de 2012 têm de causar arrepios em cada uma das nossas crianças”.
Nuzman tem visto, provavelmente, as boas práticas em outros lugares.
Há várias lições a aprender. Mas, talvez, a principal delas é a que ele jamais admitirá: quem perde há tanto tempo precisa sair.
Pede pra sair, Nuzman.
Publicado no www.advivo.com.br/luisnassif/
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