Santos faz 5, o que rival não sofria há 6 anos
PAULISTA Corinthians não tomava cinco gols desde agosto de 2007; vencedor completou quarto jogo sem derrota
Com direito a gritos de olé, timinho e outras provocações, o Santos impôs a maior goleada ao Corinthians de Mano Menezes, considerando a primeira passagem do técnico entre 2008 e 2010.
O time santista venceu por 5 a 1, ontem, na Vila Belmiro, no primeiro clássico do ano.
E o placar poderia ter sido mais amplo para o time do litoral, dado o domínio sobre o rival da capital paulista, especialmente na etapa final.
O Santos fez 2 a 0 no primeiro tempo, com Arouca e Gabriel. Ampliou na etapa final com dois de Thiago Ribeiro e outro Bruno Peres.
Todos os gols da equipe tiveram como semelhança jogadas rápidas de contra-ataque pelas pontas do campo.
O volante Guilherme fez o gol de honra do Corinthians, em chute de fora da área, ainda no primeiro tempo, quando o duelo foi um pouco mais equilibrado entre os times.
O time paulistano até teve mais posse de bola, mas finalizou muito pouco e ofereceu espaços nos contra-ataques.
A última vez que o Corinthians sofreu uma goleada assim foi em de agosto de 2007 –5 a 2 para o Atlético-MG–, quando era treinado por José Augusto. Em setembro do ano passado, o time perdeu por 4 a 0 para a Portuguesa, ainda sob o comando de Tite.
Ontem, o Santos completou o quarto jogo sem derrota em 2014. Com isso, lidera o Grupo C com dez pontos e viu, mesmo que momentaneamente, a crise referente a venda de Neymar ser esquecida –o assunto foi ignorado no estádio durante o jogo.
“Esse placar deixa a gente prazeroso. Espero que seja o primeiro degrau que vamos subir na temporada”, avaliou o atacante Thiago Ribeiro.
“O lado bom do Santos é apostar na molecada da base e isso vem dando resultado. Jogando assim, vamos fazer muitos gols e envolver os rivais”, completou o jogador.
Já o Corinthians perdeu a segunda partida consecutiva, ouviu seus torcedores vaiarem Pato –que entrou no final do jogo– e é o segundo do Grupo B, com seis pontos.
“Vamos avaliar o que aconteceu, treinar e cada responsável pelo Corinthians vai assumir. Não é normal. Mas sentimos os gols”, tentou justificar Emerson no gramado.
O time terá até domingo para colocar ordem na casa. Neste dia irá enfrentar a Ponte Preta, em Campinas.
Diante dos protestos, Fifa não pode ser imperialista e autoritária
Candidato à presidência da entidade, ex-diplomata no Brasil diz que críticas no país não são só contra a Copa, mas por menos corrupção
LEANDRO COLONDE LONDRES
Primeiro candidato à eleição de 2015 para presidente da Fifa, o francês Jérôme Champagne, 55, diz que a entidade precisa evitar a imagem de “imperialista e autoritária” em países como o Brasil.
Ele afirma que o atual modelo do Comitê Executivo da Fifa criou um “toma lá, dá cá” com os continentes. “Às vezes não é ético, não é moral”, disse em entrevista à Folha, após lançar a candidatura em Londres na semana passada para uma das eleições mais importantes da entidade após escândalos de corrupção.
Sobre os protestos no Brasil contra a Copa e a Fifa, Champagne respondeu: “A Fifa tem que analisar o que se passa para não ser vista como imperialista e autoritária.”
Secretário-adjunto e diretor internacional da Fifa entre 1999 e 2010, Champagne era braço-direito do presidente Joseph Blatter, a quem elogia. Ele defende mudanças do Comitê Executivo e mais transparência nas transações milionárias de jogadores.
Diplomata no Brasil entre 1995 e 1997, Champagne tem Pelé como seu principal cabo eleitoral: “É o rei do futebol, isso é incrível para mim”. Ele afirmou que saiu da Fifa por, entre outras coisas, ter sido “excluído” da Copa no Brasil.
Folha – O senhor fez parte da gestão Blatter por 11 anos. Como convencer de que é novidade? Sua candidatura não é mais do mesmo?
Jérôme Champagne – Pode investigar meu passado: fui diplomata de carreira, dois anos no Brasil, trabalhei na Fifa, no comitê da Copa de 98 e quatro anos como consultor. Paguei meus impostos na Suíça e nunca recebi mais do que meu salário.
Durante 11 anos, vi como funciona. Não sou arrogante de achar que sei tudo, mas acho que estou em posição para defender o que defendia lá dentro.
Por que decidiu ser candidato?
A eleição de 2015 definirá que tipo de futebol queremos no século 21. Vemos hoje uma elitização, um número cada vez menor de ligas, clubes, jogadores. Hoje, há mais dinheiro na América Sul e na África do que 20 anos atrás, mas continua uma diferença enorme em relação à Europa.
Há também desigualdade no futebol europeu. Na Liga dos Campeões, há um número cada vez menor de quem pode ganhar. Se quero aprofundar esse debate, tenho que ser candidato.
O senhor foi braço-direito de Blatter, atual presidente. Isso não prejudica a imagem e o discurso de mudança?
Não sei, não sou quem decide se machuca ou não minha imagem. Não tenho vergonha do que fiz ao lado dele. Conheço o senhor Blatter. Não é corrupto, é um homem honesto.
Por que o senhor saiu da Fifa?
Tive um conflito com o presidente da Confederação Asiática, que queria modificar o estatuto em duas federações para permitir que amigos ganhassem. Ele pediu minha cabeça. E também apoiei Blatter na tese de que a Fifa tem um papel regulador sobre o futebol europeu.
Dizem que o senhor saiu também por causa do atual secretário-geral, Jérôme Valcke.
Não vou comentar muito sobre ele. Mas posso dizer, sem sentimento de revanche, que, quando a Fifa decidiu dar a Copa ao Brasil, em 2007, fiquei contente porque tive o privilégio de morar dois anos no país. Sou apaixonado pelo Brasil, meu filho nasceu em Brasília. Poderia ter esse conhecimento aproveitado, mas ninguém quis. Entendi que não era interesse de algumas pessoas. Fui excluído.
Como vê a imagem negativa da Fifa, ainda mais no Brasil?
Isso dói muito. É uma organização honesta, que cometeu erros, mas tem trabalhadores dedicados e honestos. A Fifa é criticada por comportamentos de quem não está lá dentro. Pessoas se demitiram da Fifa por acusações, mas essas pessoas não eram da Fifa, como o Ricardo Teixeira, que estava lá por ser presidente da CBF.
No caso do escândalo da ISL (empresa de marketing), temos de conhecer a história. Até cinco, seis anos, em países como Suíça e Alemanha, uma empresa dar uma comissão era legal, mas há coisas que são legais e não éticas.
No caso da ISL, ficou provado que, além de Teixeira, o ex-presidente da Fifa João Havelange recebeu comissão. O senhor o considera corrupto?
Não sei todos os detalhes. Eu cheguei à Fifa em 1999. Eu não sabia do caso ISL, que faliu em 2001. Tenho respeito pelo que fez o presidente Havelange, ao derrotar o dirigente inglês (Stanley Rous) na disputa em 74, adotar uma visão não racista do futebol, universalizá-lo. Ele lançou os programas de desenvolvimento, expulsou a federação da África do Sul por causa do apartheid em 76. Apesar das críticas, temos que render homenagem ao que ele fez.
Qual o principal problema para quem dirige a Fifa?
O de governança. É preciso mudar a composição do Comitê Executivo (indicado pelas confederações). O presidente não pode montar um governo para implementar seu programa e ainda tem trabalhar com o adversário lá dentro. A consequência é o “toma lá, dá cá”, o presidente tem que fazer compromissos.
Poderia dar um exemplo de ‘toma lá, dá cá’?
Os programas de desenvolvimento da Fifa (que concedem desde consultoria técnica até equipamentos esportivos e assistência financeira): quando alguém pede, temos que dar. Todos fazem isso. Não é ilegal; às vezes não é ético, não é moral. A África conta com 54 federações, mesmo número da Europa, e tem quatro cadeiras no comitê, contra oito da Europa. Há um direito divino da Europa?
O senhor vê erros na organização da Copa no Brasil?
Fui do comitê da Copa de 98, na França. Tivemos erros. Um ano antes estávamos atrasados, e no fim foi fantástica. No Brasil, a coordenação talvez pudesse ter começado um pouco antes. Agora tem de fazer com que essa Copa seja um sucesso. O Brasil merece.
Qual sua opinião sobre os protestos contra a Copa no Brasil e o “padrão Fifa”? Escolher 12 sedes não foi um exagero?
A Copa deve ser realizada com no mínimo oito estádios ou, com segurança, nove. A decisão pertence a quem a tomou. Entendo as pessoas que criticam. Os protestos não são só contra a Copa, mas contra a impunidade, um sentimento por menos corrupção, como a história do mensalão.
Sobre o “padrão Fifa”, isso mostra que a entidade tem um padrão de qualidade, é bom. Mas a Fifa tem que analisar o que se passa no Brasil para não ser vista como imperialista e autoritária.
Temos na Espanha o caso Neymar. Como o senhor vê essas transações milionárias?
Esses grandes clubes são locomotivas, atraindo torcida, imagem. Não tenho problema com transferência milionária, mas que seja transparente.
O Paris Saint-Germain tinha um dos melhores centros de formação. E o Marquinhos (zagueiro brasileiro) foi comprado por € 35 milhões, mas o clube tinha outros franceses na mesma posição. Nada contra o Marquinhos. O problema é que esses clubes têm tanto dinheiro que não têm preocupação em formar.
O senhor mexeria em regras do futebol como presidente?
Temos que proteger os árbitros, que fazem um trabalho duríssimo. Incomoda -me ver jogadores gritando na cara deles. Proponho que importemos boas experiências, como no rúgbi, onde só o capitão pode falar com o árbitro.
Há também o cartão laranja, aplicado antes da expulsão, em que o jogador passaria dois, três minutos fora. E tem a tecnologia. Agora, vamos ao estádio com smartphones. Vemos tudo o que acontece, menos o árbitro. Se não queremos que a tecnologia domine o futebol, temos que dominar a tecnologia.
www.folha.com
Hoje São Paulo completa 460 anos de vida bem vivida. É uma cidade peculiar. Desde que o Padre Anchieta, por aqui chegou, está sempre crescendo. Mais gente, mais casa, mais restaurantes, mais carros, mais teatros e cinemas, mais brigas e mais festas.
É uma cidade cosmopolita, feia e bela, agressiva e calma e com um ar de que “tenho de ir pra frente” que incomoda qualquer um. Disparadamente, é a melhor coisa que o Brasil conseguiu produzir nestes 500 anos de vida.
É um grande caldeirão que recebe todos e consome todos. Quando aqui cheguei- no começo dos anos 70- para estudar Direito demorei um pouco para entrar no ritmo.
Conheço muitas grandes cidades no mundo. Na América Nova York ( uma beleza), Los Angeles, São Francisco dentre outras. Na Europa já visitei quase todas : de Roma a Berlin, de Paris a Milano.
Tenho- no entanto- a sensação que somos iguais e diferentes.
Esta capacidade de receber todo mundo e formar uma Salada Geral – que São Paulo valentemente mostra- não é fácil de se encontrar.
Ja recebeu tudo : italianos, portugueses, africanos, índios, alemães, àrabes e judeus, espanhóis, japoneses, coreanos, chineses( que hoje brotam por todo lado) e os mais novos queridos da metrópole: os bolivianos. Segundo o consulado são entre 200 e 250 mil. Nem eles sabem direito.
E os nordestinos- fantásticos- que tocaram e tocam a vida com um charme que nenhuma outra cidade mostra.
Dia após outro as pessoas vão lutando, vencendo, perdendo, guerreando e convivendo em uma cidade que tem a cara de todos.
Foi neste mundo de todos que nasceram tantos e tantos gênios que aqui chegaram e venceram.
E nasceu também o Corinthians a cara mais charmosa desta metrópole.
Que sorte temos de estar por aqui neste ano.
Esta cidade merece o maior abraço do mundo.
Suspeita na compra de Neymar derruba presidente do Barcelona
ESPANHA Sandro Rosell nega irregularidade em transferência; jogador e pai não comentam
LUISA BELCHIORCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRILUCAS VETTORAZZODO RIO
A suposta irregularidade na transferência de Neymar do Santos para o Barcelona alcançou ontem proporções inéditas no futebol espanhol.
O presidente da equipe catalã, Sandro Rosell, anunciou demissão por “ameaças e ataques à sua família”, três anos e meio após ter sido eleito com o maior número de votos da história do clube.
Rosell é o principal alvo de uma ação na Justiça espanhola que investiga um suposto crime de apropriação indevida de verbas, que ele classificou ontem de “injusta”.
Segundo o jornal espanhol “El Mundo”, o Barcelona pagou 1 95 milhões (R$ 300 milhões) por Neymar e não os 1 57 milhões (R$ 180 milhões) declarados inicialmente.
Anteontem, a Justiça acatou denúncia apresentada por um sócio do time, Jordi Cases, de oposição ao grupo de Rosell, após a imprensa local divulgar supostas taxas extras pagas ao pai de Neymar.
O vice Josep María Bartomeu assumirá interinamente o cargo até 2016, quando terminaria o mandato de Rosell.
Em catalão, Rosell, abalado, disse na noite de ontem que sua renúncia é irrevogável. Na coletiva de imprensa em que foi feito o anúncio, o clube não permitiu que os jornalistas fizessem perguntas.
“Minha época aqui terminou”, disse ele, que também foi responsável pela contratação de Ronaldinho Gaúcho, em 2003, quando ainda não era presidente do clube.
Rosell voltou a defender a contratação de Neymar. Foi correta, disse, mas “despertou a inveja dos demais”.
Na época (meados de 2013), o brasileiro chegou a ser sondado pelo Real Madrid, principal adversário do Barça, mas a imprensa espanhola afirma ter havido discordâncias dentro do próprio clube diante da contratação.
Neymar e seu pai informaram que não comentarão o assunto Rosell neste momento.
No Santos, conselheiros cogitam pedir impeachment do presidente, Odílio Rodrígues Filho, caso investigações comprovem má administração e exigem ver a documentação completa do negócio.
ZONA CINZENTA
Ao ser questionado ontem sobre o caso, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse não saber detalhes sobre a venda de Neymar do Santos ao Barcelona, mas afirmou que existe uma “zona cinzenta” no mercado das transferências que “permite que as coisas não aconteçam da maneira mais correta”.
Ele se referia às fraudes financeiras em transações envolvendo jogadores.
“O melhor para nós seria que todo o dinheiro envolvido nas transferências passasse pela Fifa. Mas isso não conseguiríamos fazer porque não somos um banco e não temos como ser um”, disse Valcke.
“Podemos achar um parceiro para fazer isso por nós? Eu não sei. Essa é uma discussão que teremos que fazer internamente”, concluiu o dirigente, durante uma coletiva de imprensa no estádio do Maracanã, na zona norte do Rio.
Valcke se reuniu ontem com integrantes do COL, o comitê organizador local da Copa do Mundo, para fazer um balanço das visitas recentes aos estádios do Mundial.
Segundo ele, a entidade trabalha em uma forma de dar mais transparência às negociações dos jogadores.
Com gol de Guerrero, Corinthians vence o segundo jogo do ano
PAULISTA Atacante peruano marca de cabeça aos 34 min do segundo tempo, após cruzamento de Emerson
ALEX SABINOENVIADO ESPECIAL A AMERICANAComo queria o técnico do Corinthians, Mano Menezes, a bola chegou bastante ao atacante Guerrero na partida de ontem contra o Paulista, em Americana. O peruano teve quatro chances de marcar e aproveitou a última delas.
Seu gol de cabeça, aos 34 min do segundo tempo, após cruzamento de Emerson, foi suficiente para manter os 100% de aproveitamento da equipe alvinegra no Paulista.
O Corinthians teve domínio total do primeiro tempo.
O Paulista, com Dinélson no papel de criador das jogadas ofensivas, tinha pouco a oferecer. A movimentação dos corintianos Rodriguinho, Danilo e Romarinho confundia a marcação adversária.
Mas os problemas de finalização atrapalhavam o time de Mano. Logo aos 4 min, Guerrero teve duas grandes oportunidades na mesma jogada, mas as desperdiçou.
Principal referência ofensiva do time, o atacante também não conseguiu alcançar o cruzamento de Diego Macedo logo na sequência.
O time tentava pôr em prática dois mantras do técnico para marcar gols: fazer a bola chegar ao peruano e arriscar chutes de fora da área.
Com Rodriguinho, Ralf e Romarinho, o Corinthians tentou furar a barreira do Paulista, mas sem sucesso.
Para tentar dar mais velocidade à equipe, Mano colocou Emerson no início do segundo tempo. Quando isso aconteceu, uma mudança tática de Giba, treinador do Paulista, quase deu resultado. Dinélson ficou mais aberto pela esquerda e o time de Jundiaí encontrou espaço.
Aos 9 min do segundo tempo, o volante Ewerton Pereira chegou na cara do gol corintiano, mas o zagueiro Gil salvou. Mano apelou a todas as armas que tinha, e Pato entrou nos 15 minutos finais.
Quando o Corinthians parecia estar cansado, Guerrero consegui o gol decisivo.
E Mano Menezes pôde, enfim, comemorar aliviado.