Uma discussão importante.
Os problemas de uma política de esportes
19/11/2012
Coluna Econômica
Há tempos o Ministério da Saúde firmou parceria com grandes hospitais privados, como o Sírio Libanês e o Albert Einstein para difundir seu conhecimento para polos hospitalares em todos os cantos do país.
O mesmo procedimento deveria ser adotado pelo Ministério dos Esportes com os grandes clubes esportivos, que se dedicaram ao desenvolvimento de atletas.
No Seminário “Gestão Esportiva”, do projeto Brasilianas, foi apresentado o “case” do Esporte Clube Pinheiro, de São Paulo.
O clube tem 113 anos, 38 mil associados num total de 136 mil pessoas, 2.900 atletas e um orçamento anual de R$ 132 milhões.
De 1960 a 2012 preparou atletas responsáveis por 10% das medalhas olímpiadas obtidas pelo Brasil, desde os pioneiros Manuel dos Santos (primeiro medalhista olímpico de natação), a João do Pulo, Douglas Vieira, Gustavo Borges, César Cielo e Rafael Silva.
Existem 130 diretores trabalhando voluntariamente na área de esportes amadores. Seu papel principal é o da formação de atletas potenciais com recursos do clube e das leis de incentivo.
Se o Pinheiros fosse um país, no último Panamericano teria sido o 9o colocado – o Brasil foi o 3o.
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Responsável pelos projetos de Lei de Incentivo ao Esporte do Clube, Suzana Pasternak constata haver muito recurso para preparar o país para as Olimpíadas, mas pouco conhecimento sobre o que fazer com ele.
Hoje em dia, há um conjunto de atletas levados a toda sorte de eventos, sem nenhuma forma de planejamento, diz ela. O atleta sai de casa, entra em estado de fadiga, com um treinamento intensivo sem orientação esportiva e psicológica, diz ela. Falta conhecimento dentro das próprias organizações esportivas.
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O foco do Pinheiros não é o atleta que aparece na mídia. Quando os atletas adquirem essa dimensão, o clube não rem condições de retê-lo. A importância do atleta campeão é no fomento à sua modalidade. Mas o foco de qualquer política olímpica tem que ser os jovens e, especialmente, as crianças com potencial.
Quando Cielo tornou-se superestrela, não cabia mais no bolso do clube. A opção era investir ou em um único atleta ou na base de 5 mil jovens preparados pelo clube.
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O grande problema das políticas públicas é a falta de técnicos especializados em gestão do esporte. Não adianta apenas faculdade de educação física, diz Suzana. Gestão de esporte é muito mais que isso. Há a necessidade de suporte dos parceiros públicos para trabalho mais consistente.
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Mais crítico, o advogado Alberto Murray Neto tem denunciado sistematicamente o que considera gestão temerária de Carlos Arthur Nuzman à frente do COI (Comitê Olímpico Brasileiro).
Seu avô, Major Silvio de Magalhães Padilha, foi primeiro finalista olímpico da América do Sul em provas de atletismo nas Olimpíadas. Hoje em dia, ele dirige uma ONG com o nome do avô.
Major Silvio criou as bases do esporte em São Paulo, precedendo a União. Em 1939, criou a primeira Secretaria de Esportes do país.
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Alberto considera que não há política pública de esportes no Brasil. E que o Plano Emergencial de Medalhas para os Jogos Olímpicos de 2016 é uma farsa. “Só quem não entende nada de esportes pode acreditar que pode-se criar uma potência olímpica trabalhando 4 anos apenas”, diz ele.
A visão integrada
Segundo ele, uma política desportiva precisaria, de partida, envolver o Ministério da Educação, da Saúde e das Cidades, para poder massificar o esporte. 12% das escolas públicas têm espaços mal ajambrados chamados de de praças de esporte, com professores de educação física mal remunerados, diz ele. Nos Estados Unidos, o esporte é inteiramente calcado na escola e nas Universidades.
O modelo americano
Em Nova York foram criados centros desportivos em inúmeros bairros, dentro da estratégia de diminuição da criminalidade. No caso do Brasil, não existem nem leis permitindo o uso do espaço urbano para isso. No caso brasileiro, Ministério dos Esportes, COI, Federações e Confederações atuam sem um papel definido. Não há um agente coordenador dos recursos e dos esforços. E os recursos maiores são aplicados apenas nos grandes atletas.
O gasto com as Olimpíadas
Nunca houve tanto recurso disponível, diz ele. No ciclo olímpico, que acabou em Londres, fora, R$ 550 milhões da Lei Piva, R$ 520 milhões de patrocínio de estatais, R$ 644 milhões do Ministério dos Esportes, R$ 433 milhões de renúncia fiscal. E os resultados foram pífios. Com R$ 2 bi a mais, o país conseguiu apenas 2 medalhas a mais. E os recursos não foram aplicados de forma transparente, diz ele.
Dinheiro que não chega ao atleta
Há uma enxurrada de dinheiro que não chega nem ao técnico nem ao atleta, diz ele. O único projeto que coloca dinheiro nas mãos de ambos é o de Paula e Ana Moser. E isso porque os recursos não passam por nenhuma federação. Nas federações e confederações não há governança, transparência, gestão eficiente, diz ele. Os dirigentes se perpetuam por décadas graças a estatutos que matam qualquer possibilidade de oposição.
Os novos estádios
Em Manaus, está sendo construído um estádio de R$ 1 bi, onde o dinheiro público é roubado a rodo, diz ele. No Engenhão houve enorme superfaturamento e o estádio acabou entregue ao Botafogo por preço de banana. Os estádios para a Copa não têm viabilidade econômica. E os investimentos nas Olímpiadas, assim como no Panamericano, não vão deixar legado para os clubes e para as cidades.
O legado do Panamericano
É possível fazer as Olimpíadas sem megalomania e a Copa apenas melhorando um pouco os estádios para atender aos requisitos da FIFA, diz. É preciso fazer uma Copa que caiba no bolso do país. Em 1963 São Paulo sediou um Panamericano. Todos os eventos foram sediados no Pacaembu e nos clubes. Construiu-se o CRUSP para alojamento dos atletas. Deixou-se um legado para a cidade. No Panamericano do Rio, nada se aproveitou.
Unidos pelo Ibope
Ao lado de Tirone, Andrés Sanchez e Juvenal Juvêncio se unem em apoio a Haddad
Haddad recebeu Andres, Juvenal e Arnaldo Tirone
Com a presença de mais de 500 pessoas, Juvenal Juvêncio roubou a cena ao brincar com a rivalidade do São Paulo com o Corinthians e sobre a parceria “inédita” entre os times da capital paulista.“Só o Haddad para unir eu e o Andres numa mesma causa”, brincou o presidente do São Paulo, que mostra postura diferente ao capitão, ídolo e goleiro tricolor, Rogério Ceni, que declarou seu apoio a José Serra.
Junto com Juvêncio, Andrés Sanchez, hoje diretor de seleções da CBF, e Arnaldo Tirone, mandatário do Palmeiras, se sentaram ao lado de Fernando Haddad e da vice Nádia Campeão. Ausente no evento, o presidente da Portuguesa, Manuel da Lupa, mandou uma carta de apoio ao candidato petista neste segundo turno.
www.uol.com.br
Sem sal, sem açúcar
(Mary Cassat, “The loge”, 1882) (Reprodução)
Sem jogos do Corinthians durante a semana, o mundo desportivo fica sem rumo.
E sem assunto. A quarta fica sem cara de quarta-feira.
Vejam em que nossa mídia anda insistindo: no caso do roubo atribuído ao pessoal do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), em Londres; no contrato de amistosos da Seleção Brasileira; e, como faz tradicionalmente, em uma ou outra fofoca sobre o estádio do Corinthians.
O caso do roubo em Londres (que parece não ser só na Inglaterra) é ruim para o Brasil e deveria ser clareado o quanto antes.
Com direito a nomes e números.
A Seleção é outro assunto que volta quando não temos alguma coisa expressiva no esporte.
Qualquer destes times contra os quais o Brasil vem jogando nos últimos anos tanto faz para nosso torcedor.
Quase todos os selecionados escolhidos são fracos.
Ah! Há um assunto que poderia render muito, mas a imprensa não gosta.
Trata-se das declarações do Deputado Romário (craque no campo e no microfone). Não sei o que está esperando nossa mídia que não cobra alguma resposta dos citados para a crítica que o Deputado faz.
Sim, é certo que a estratégia da CBF é a do silêncio absoluto. Mas, convenhamos, isto não obriga a grande imprensa a ficar calada.
Há também uma ou outra notícia sobre a construção do estádio do Corinthians.
Nada que mude nada.
É o tatu!
A organização da Copa de 2014 escolheu o tatu-bola como mascote do evento.
Parabéns. Talvez esta escolha evite a extinção do pobre animal.
Mas quem gosta mesmo de tatu é a CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
E o gosto não é pela carne (cujo consumo é proibido), mas das reações do bicho quando sente qualquer perigo. Imediatamente se fecha como uma bola, depois vai pro buraco se esconder.
É a politica adotada pela CBF quando aparece algum problema.
Vejamos agora alguns exemplos. O Ministro do Esporte, Aldo Rabello, afirmou que precisa acabar esta história de dirigentes de entidades de esportes manterem-se por décadas e décadas no cargo. O que faz a CBF diante da importante manifestação do Ministro? Corre pro buraco e se fecha sem falar uma palavra. Afinal o Sr. Aldo Rabello está falando exatamente para eles, e estes se fingem de mortos.
Como o tatu.
O mesmo ocorre com as declarações do deputado (ex- atleta) Romário, que vem espinafrando a Direção da CBF, especialmente o técnico.
Como reage a CBF: nem um piu!
Fecham-se como uma bola e vão pro buraco.
É preciso avisar a CBF que o mascote da Copa não é um animal que deva ter seu gesto imitado quando em situação adversa.
Afinal esta entidade está clandestina?
Palestra e Palmeiras
O Blog do Juca publica artigo de Jota Christianini (historiador palestrino ou palmeirense) sobre os acontecimentos que levaram à mudança do nome da agremiação (Palestra para Palmeiras) na fase pós segunda guerra.
O artigo relata a tensão nas reuniões em que os dirigentes procuravam salvar a agremiação e seu patrimônio, já que havia uma campanha generalizada para “tomarem” os bens daqueles grupos que estavam na guerra ao lado dos vencidos (Alemanha, Japão e Itália).
A campanha foi dura e atingiu todas as regiões.
O importante Hospital Alemão, que fica na Bela Vista, teve que mudar o nome para Oswaldo Cruz da noite para o dia. A colônia japonesa perdeu o Hospital – depois chamado Santa Cruz. O terreno do Canindé, que era de uma associação de imigrantes alemães, foi “comprado”.
E o Palestra ficou na linha de tiro.
Durante todo o período de ascensão do fascismo italiano, ninguém escondia o aplauso ao “Duce”. O Clube chegou a adotar posturas de puro racismo (como proibir entrada de negros), numa época em que ser adepto de Mussollini rendia prestígio e principalmente… muito dinheiro. Foi uma época fácil para os palestrinos.
O que queriam compravam e o que olhavam traziam.
Mas o dinheiro fácil e a adesão ao fascismo cobrou um preço elevado.
Tornara-se um Clube que excluía uma parcela grande da Cidade (que não tinha o mesmo “sangue” dos oriundi).
Com isso, abriu espaço para o Corinthians se tornar a maior torcida no Estado, situação que o tempo só aumentou.
Mas a fúria dos que venceram a guerra desejava mais.
Queria o patrimonio dos “imigrantes com vínculo aos partidários do eixo”. E aí valia tudo.
Inclusive “tomada” das propriedades dos vencidos.
No artigo do Blog do Juca há um ponto interessante que poucos falam nos dias atuais.
Diz o historiador palmeirense: “Prossegue a reunião. Chega um telegrama , vindo do Corinthians, hipotecando solidariedade ao Palestra. Assina Vicente, um jovem conselheiro, também imigrante.”
É a mais pura verdade.
O único Clube que não aceitou a violência que era cometida contra o alviverde foi o Corinthians. Não sei se a informação do telegrama (com assinatura de um conselheiro Vicente) é das mais precisas. Sei que o Corinthians reuniu o Conselho e decidiu se manifestar contra a “tomada” do estádio palestrino.
Uma delegação (contaram-me as testemunhas da época) foi ao Palestra levando uma “moção” de solidariedade.
É um gesto que sempre engrandeceu ao Timão e que tive oportunidade de reelembrar numa reunião em 2003, quando um dirigente do Palestra, filho de um ex-presidente do Clube, se uniu ao SPFC para retirar uma vantagem que tínhamos no regulamento do Campeonato.
O resto da história todo mundo conhece inclusive o alto preço que pagou o Palestra pela sua adesão ao fascismo.
Só espinhos
(Carlos Alberto Parreira) (Reprodução)
Ser técnico da Seleção Brasileira é estar aberto a todo tipo de crítica.
Quase sempre – diferentemente do que ocorre nos Clubes – na Seleção não há defensores que equilibrem o jogo de torcida.
Ontem, 19/9, a torcida voltou a pegar no pé do técnico Mano Menezes, gritando o nome do técnico Felipão, o último campeão.
Isso é regra para técnico de Seleção, quase sempre leva vaias, e, no caso brasileiro, a torcida está vaiando em qualquer jogo, já que a equipe não está disputando nada.
Recordo-me do caso do técnico Carlos Alberto Parreira, um profissional de primeira qualidade.
Após uma temporada de grande sucesso no Corinthians, onde ganhou títulos e apoio dos alvinegros, Parreira foi submetido a uma campanha terrível, que pretendia sua volta à Seleção. Sinceramente, não queria. Mas ante a pressão de Zagallo (profissional que havia aberto as portas para Parreira em 1970), do presidente Ricardo Teixeira e dos barões das imprensas carioca e paulista, ele cedera mesmo com clara má vontade.
Já havia dirigido a Seleção e ganho um título especial, na Copa dos Estados Unidos, 1994.
Sua fama de retranqueiro, inventada pela mídia de São Paulo, tinha ido por água abaixo em 2002, com o time do Corinthians jogando leve, organizado e com belo futebol.
Tinha grande admiração da torcida corinthiana.
Era aplaudido em todos os restaurantes da cidade, em cenas que ficaram na história. Mas a pressão insana – aliada a seu caráter correto (não poderia abandonar quem tanto tinha ajudado em sua carreira) – o levou a voltar para a Seleção.
Alguns meses após sua saída do Corinthians, fui ao Rio de Janeiro participar de um evento onde estava a família de Parreira e vi o tamanho da revolta de seus familiares por ter ele trocado o Corinthians pela Seleção Brasileira. Todos seus familiares declaravam que o melhor período de sua vida tinha sido no ano em que dirigiu o Corinthians.
Suas filhas e esposa diziam para mim e Eliane que nunca deixavam de assistir os jogos do Timão como torcedoras fanáticas.
Mas a surpresa maior veio da mãe de Parreira, uma senhora já bem idosa (hoje falecida), que desabou a criticar o filho pelo retorno à Seleção.
Entre elogios, a torcida corinthiana dizia que aquilo (a Seleção) era um inferno e que Parreira só fez isso porque não havia contado para ela. Poucos instantes após, chegaria ao evento o ex-presidente Ricardo Teixeira e as palavras da mãe do técnico tornaram-se ainda mais duras. Ela contestou, em voz alta, aquela insensatez que havia sido o retorno à Seleção.
Por mais que eu e Eliane tentássemos fazer colocações amenas, a idosa senhora não interrompia suas críticas.
Esta é a vida de técnico de Seleção: críticas e mais críticas, sem direito a qualquer defesa.
Nos Clubes é diferente, os técnicos que caem no gosto do torcedor, como Parreira ou Tite, passam a ter um escudo da torcida, defendendo-os em todo lugar.
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