Corinthians segue jogando futebol cirúrgico no melhor estilo Fábio Carille. A vítima da vez foi o Atlético-GO. Na tarde deste domingo, no estádio Serra Dourada, em Goiânia, o Timão se impôs fora de casa e venceu o adversário por 1 a 0, com gol anotado por Rodriguinho.
Como resultado, o Corinthians, que havia iniciado a rodada na quarta posição, saltou para a liderança do Brasileirão, empatado com o Cruzeiro, com sete pontos conquistados em nove disputados. Apenas o Grêmio, que joga neste domingo à noite, pode ultrapassar o Timão. A Chapecoense, que entra em campo na segunda-feira, pode no máximo igualar a pontuação alvinegra.
Vale lembrar que o Corinthians entrou em campo neste domingo com uma modificação em relação à equipe utilizada no fim de semana passado. Recuperado de dores na coxa, Pablo entrou no lugar de Balbuena, que está se recuperando de lesão. Assim, o Timão foi escalado com: Cássio; Fagner (capitão), Pedro Henrique, Pablo e Guilherme Arana; Gabriel e Maycon; Jadson, Rodriguinho e Romero; Jô.
Como já se tornou comum nas partidas realizadas pelo Corinthians de Fábio Carille, atuar fora de casa não foi um problema. Desde os minutos iniciais, o Timão foi quem tomou as rédeas do jogo. Com apenas dois minutos, os meio-campistas alvinegros abriram caminho na intermediária, e Maycon soltou uma bomba obrigando Felipe a fazer grande defesa.
Aos 13 minutos, porém, é que surgiu a primeira grande chance de gol. E que chance! Guilherme Arana avançou com destreza pela esquerda e deu passe cirúrgico para Jô. O camisa 7, livre de marcação, praticamente embaixo do gol, finalizou sem muita força. Felipe se aproveitou para executar um milagre atleticano no Serra Dourada, evitando o primeiro tento alvinegro.
Pouco mais de dez minutos depois, contudo, não houve nada que o goleiro adversário pudesse fazer para evitar a abertura do placar. Arana fez tabela sensacional com Romero e partiu com total liberdade na ala esquerda. Ao se aproximar da grande área, cruzou rasteiro para Rodriguinho. O camisa 26 não titubeou: encheu o pé e, de primeira, balançou as redes.
Oportunidades reais de gol não foram mais vistas no primeiro tempo. Contudo, um lance merece destaque: já nos acréscimos Romero tentou um drible da vaca no campo defensivo e errou. O paraguaio, inconformado, correu atrás dos marcadores os obrigando a recuar a pelota até o goleiro Felipe. Pressionado pelo camisa 11 do Timão, ele se livrou da bola pela linha lateral. A raça do atacante rendeu aplausos e gritos da Fiel presente no Serra Dourada.
SEGUNDO TEMPO
A etapa final começou bastante semelhante à inicial: Corinthians se sentindo em casa e pressionando o Atlético-GO. Logo aos três minutos, Romero soltou uma bomba de fora da área, dando trabalho a Felipe. Dois minutos depois, foi a vez de Jadson arriscar o chute, mandando a bola por cima do gol atleticano.
Passados mais alguns minutos, o Corinthians construiu uma “jogada-relâmpago” com Maycon e Jadson. O volante enfiou bola em profundidade entre os marcadores do Atlético-GO e encontrou Jadson se infiltrando. O camisa 10 bateu cruzado, mas Felipe defendeu.
Diante de certo comodismo do Corinthians com o resultado positivo, Carille decidiu mexer na equipe para tentar aumentar o marcador. O treinador promoveu a estreia de Clayson, que entrou na vaga de Jadson para dar mais mobilidade ao ataque.
O toque de Carille não demorou para surtir efeito! Jô enfiou bola redondinha para Clayson, que disparou com total liberdade no campo defensivo do Atlético-GO. O jovem atacante ficou cara a cara com Felipe e, mesmo tendo opção de tocar para Rodriguinho, preferiu tentar a finalização. O goleiro esticou o pé direito e conseguiu salvar a pátria tricolor.
Já nos minutos finais, Carille promoveu mais duas mudanças: colocou Kazim e Clayton nas vagas de Jô e Romero. Nada que alterasse o placar, no fim das contas. Mas também nada que atrapalhasse a festa da Fiel que compareceu às arquibancadas do Serra Dourada.
O Corinthians conquistou o seu primeiro triunfo no Campeonato Brasileiro na tarde deste domingo, na Fonte Nova. Mesmo sem empo o Vitória por 1 a 0, com gol marcado pelo centroavante Jô no segundo tempo.
O resultado levou o Corinthians aos 4 pontos ganhos, na parte superior da tabela de classificação. Por sua vez, o Vitória, que vinha de um empate por 0 a 0 com o Avaí na Ressacada, permaneceu com apenas 1.
As duas equipes voltarão a entrar em ação pela competição nacional no próximo fim de semana. No sábado, o Vitória buscará a sua reabilitação contra o Coritiba, no Barradão. No dia seguinte, o ainda invicto Corinthians enfrentará o Atlético-GO, no Serra Dourada.
O jogo – Embora os dois times tivessem notórias dificuldades de criação, o Vitória foi um pouco mais incisivo nos primeiros minutos de partida, com o apoio dos seus torcedores. Chegou a reclamar de um pênalti de Fagner, por um toque de mão na bola que o árbitro Péricles Bassols interpretou como legal.
Em ritmo lento, o Corinthians demorou a dar uma resposta à moderada força ofensiva do Vitória. O time visitante recorria a inversões de jogo e a lançamentos longos para compensar a sua falta de inventividade, o que não era suficiente para fazer o goleiro Fernando Miguel suar o uniforme.
Após meia hora de partida, o Corinthians enfim incomodou. Jô recebeu a bola na ponta direita, entrou na área e chutou em cima de Fernando Miguel. Na sobra, Romero ainda ajeitou para Rodriguinho carimbar a marcação na finalização. O lance de perigo animou momentaneamente a torcida alvinegra.
Do outro lado, o Vitória tentou recuperar terreno com velocidade e, vez ou outra, conclusões de longa distância. Não assustou o goleiro Cássio dessa forma, porém, ainda assim, seguiu para o vestiário aplaudido por sua torcida.
Para justificar a empolgação, Petkovic cobrou dos seus comandados uma transição mais rápida da defesa ao ataque no segundo tempo. Foi o Corinthians, contudo, que colocou a bola na rede poucos minutos após retornar do intervalo. Lançado por Jadson do lado esquerdo da área, Romero passou para Maycon completar para a rede. A jogada acabou anulada por impedimento do paraguaio.
O ímpeto do Corinthians até melhorou a partir de então, apesar de agora oferecer mais espaços para o Vitória. Na expectativa de aproveitá-los, Petkovic trocou Cleiton Xavier pelo argentino Pisculichi antes de ver Maycon desperdiçar grande oportunidade de gol, quase da marca do pênalti, com um arremate para fora.
Fábio Carille também resolveu entrar em ação. Chamou Marquinhos Gabriel para ir a campo, mas resolveu manter o ataque como estava após Balbuena se machucar. Léo Santos substituiu o paraguaio e passou a formar uma dupla de zaga caseira com Pedro Henrique.
Como o panorama do jogo não mudou, Carille recorreu a Marquinhos Gabriel aos 26 minutos, na vaga de Maycon. Petkovic rebateu com a alteração do aplaudido Rafaelson, que já o havia irritado com uma série de falhas técnicas, pelo jovem Jhemerson.
E o Corinthians levou a melhor depois das mexidas. Aos 30, Jadson enfiou bem a bola para Marquinhos Gabriel, que seguiu o exemplo e acionou Jô, mais à frente. O centroavante avançou pelo lado esquerdo da área e concluiu na saída de Fernando Miguel para tirar o zero do placar.
A desvantagem fez Petkovic gastar a sua última ficha com a entrada de Euller no posto de Uillian Correia. Bastante satisfeito com o 1 a 0, o Corinthians recuou nos últimos minutos, contando com o reforço de Paulo Roberto no lugar de Jadson, e conseguiu inibir as investidas do Vitória.
FICHA TÉCNICA VITÓRIA 0 X 1 CORINTHIANS
Local: Arena Fonte Nova, em Salvador (BA) Data: 21 de maio de 2017, domingo Horário: 16 horas (de Brasília) Árbitro: Péricles Bassols (PE) Assistentes: Clóvis Amaral (PE) e Cleberson do Nascimento (PE) Público: 16.515 pagantes Renda: R$ 460.438,50 Cartão amarelo: Marquinhos Gabriel (Corinthians) Gol: CORINTHIANS: Jô, aos 30 minutos do segundo tempo
VITÓRIA: Fernando Miguel; Leandro Salino, Alan Costa, Fred e Geferson; Willian Farias, Uillian Correia (Euller) e Cleiton Xavier (Pisculichi); Paulinho, David e Rafaelson (Jhemerson) Técnico: Dejan Petkovic
CORINTHIANS: Cássio; Fagner, Balbuena (Léo Santos), Pedro Henrique e Guilherme Arana; Gabriel, Maycon (Marquinhos Gabriel), Jadson (Paulo Roberto), Rodriguinho e Romero; Jô Técnico: Fábio Carille
Dois títulos em três dias deram ao Corinthians de Carlos Alberto Parreira o status de melhor time do Brasil em maio de 2002. Quinze anos depois de conquistar a Copa do Brasil e o Torneio Rio-SP com o clube paulista, o ex-treinador voltou a se render à equipe montada no começo daquela temporada.
Em entrevista ao UOL Esporte, Parreira voltou a falar que o Corinthians era dono do melhor lado esquerdo do mundo – à época, o lateral Kléber, o meia Ricardinho e o atacante Gil atuavam pelo setor. “Era e eu continuo afirmando isso hoje. Ter os três jogadores que nós tínhamos, eram jogadores fora de série”, disse.
O técnico admitiu ainda que o trabalho à frente do Corinthians – o time chegou também à final do Campeonato Brasileiro no fim do ano – o credenciou a voltar à seleção brasileira. Parreira assumiu a equipe brasileira no começo de 2003 e comandou o Brasil na Copa do Mundo da Alemanha, em 2006.
No Corinthians, Parreira venceu a Copa do Brasil após um empate por 1 a 1 com o Brasiliense fora de casa – antes, no Morumbi, venceu por 2 a 1. No Rio-SP, superou o São Paulo na final.
CORINTHIANS DE 2002 O LEVOU À SELEÇÃO
“Eu fui para a seleção por causa do Corinthians, porque chegou ao final do ano e a seleção brasileira estava sem treinador. Nas pesquisas de opinião pública o meu nome saiu disparado, então foi natural. E eu nem queria, eu já tinha sido convidado antes e eu não queria mais voltar à seleção brasileira. Mas aí um dia me pegaram nas férias. O Ricardo Teixeira, o Marco Antônio Teixeira, secretário do Zagallo e o Américo Faria. Ficamos 5 horas falando de seleção brasileira.”
PASSAGEM PELO CLUBE TRAZ SAUDADE
“Eu tive alguns momentos bons na minha carreira. Este ano no Corinthians foi maravilhoso, eu me identifiquei muito com a torcida do Corinthians e até hoje, quando eu olho na televisão, vejo e falo: ‘que legal que eu já passei por aquilo ali, conheço e sei como é bom estar ali’.”
DOIS TÍTULOS EM TRÊS DIAS
“O time estava pronto. Outra vantagem é que a gente manteve o time jogando. Eu não fiquei trocando jogadores. Isso aí é muito importante. Mantive o time jogando o ano todo e os caras diziam que tinha que mudar. Eu fiquei até o final e eu acho que eu estava certo. Chegamos nas finais de todas as competições.”
MELHOR LADO ESQUERDO DO MUNDO?
“Era e eu continuo afirmando isso hoje. Ter os três jogadores que nós tínhamos, eram jogadores fora de série. O Kleber embora não tem tido uma carreira longa na seleção brasileira, mas era jogador de nível de seleção brasileira, o Ricardinho jogou na seleção e foi campeão. O Gil também era um jogador diferenciado teve lá uma temporada comigo maravilhosa. Eram os três jogadores canhotos e jogavam muito bem. É para mim um dos melhores trios do lado esquerdo do futebol mundial sem dúvida alguma.”
GOSTO AMARGO NO BRASILEIRO
“Faltou, seria chave de ouro terminar o ano ganhando o brasileiro, as três competições. O jogo final chegou a ficar 2 x 1, mas nós chegamos muito desgastados. O time do Santos era muito jovem, com Diego e Robinho. A gente depois daquele esforço (2 x 1) no segundo tempo deu uma caída. Eu me lembro que a gente estava jogando seguidamente, mas valeu tudo a pena no Corinthians.”
TOQUE DE BOLA
“Às vezes falam: o Parreira não sei o que lá, o Parreira de 94, do Mauro Silva, Dunga. Mas tudo isso é momento. Se você olhar o time do Corinthians, é importante ressaltar a gente não tinha lobby, o Corinthians não tinha um 9, um jogador de área, era Deivid, Leandro e Gil. Não tinha um 9 de oficio e as coisas saiam. Não tinha um volante de oficio, era o Fabrício, que era um meia, Vampeta e Ricardinho. Com esses jogadores de meio-campo, com os laterais que a gente tinha, Kleber e Rogério, aquele Corinthians só podia jogar desse jeito: tocando a bola. O time usou o momento, aproveitando as características dos jogadores. Realmente o time tocava muito bem a bola, foi uma época muito boa.”
PERFIL CORINTHIANS?
“É engraçado como são as apercepções das pessoas. Tinha essa história não tinha perfil, não tinha cara (do clube), essas coisas todas. No Bragantino, em 1991, lá em Bragança Paulista, eu meti um terno bacana e quando eu cheguei lá era um ambiente muito simples, todo mundo com sandália de dedos, camisetinhas, bermudas. Pô, eu cheguei todo de terno, mas eu sou do povo, eu sou gente, não tem nada a ver. No Corinthians foi sensacional, fui muito bem recebido.”
O currículo de Carlos Alberto Parreira destaca o título obtido pelo Brasil na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, visitas a mais de 130 países como profissional do futebol, várias passagens por outras seleções, um Brasileiro pelo Fluminense e uma temporada brilhante pelo Corinthians. Foi há 15 anos, quando levou o clube paulista a dois títulos importantes conquistados na mesma semana – o Rio-São Paulo e a Copa do Brasil.
Nesta entrevista exclusiva ao Terra , o técnico recorda-se daquela temporada, na qual o Timão também chegou à final do Brasileiro, mas não superou o Santos de Diego e Robinho.
Carlos Alberto Parreira teve uma passagem vitoriosa no Corinthians em 2002, quando conquistou os títulos do Torneio Rio-São Paulo e da Copa do Brasil
Parreira conta como armou aquele time, equilibrado e ofensivo, com Gil e Deivid se destacando no ataque, Ricardinho ditando o ritmo no meio e Dida garantindo vitórias e empates com a ponta dos dedos.
Ricardinho e Dida saíram depois dos títulos, transferidos para o São Paulo e Milan respectivamente, e não disputaram o Brasileiro. E o Corinthians não conseguiu substitutos à altura dos dois, sofrendo com os desfalques.
Mas os percalços em 2002 foram superados por momentos de alegria que se repetiram várias vezes e deixaram a torcida em estado de euforia. Foi assim, por exemplo, nos jogos decisivos contra o São Paulo, na final da Copa do Brasil contra o Brasiliense, na goleada incontestável ( 6 a 2) sobre o Atlético-MG pelo Brasileiro. Esses exemplos são citados na entrevista. Mas há outros que celebram toda aquela jornada.
Terra – Quinze anos depois, qual o sentimento e as lembranças que ficaram daquela temporada vitoriosa como técnico do Corinthians?
Parreira – O Corinthians é um clube com uma demanda igual a da Seleção Brasileira. A pressão é muito grande, com cobrança da torcida, da imprensa. De um modo geral, há a exigência permanente por resultados. O ano de 2002 foi marcante e maravilhoso. E tudo aquilo teve sua razão de ser. A começar pelo trabalho na pré-temporada, que foi fundamental para conhecer os jogadores, estabelecer as prioridades. O grupo era muito bom e se doou. Havia também uma unidade entre os dirigentes, com Edgar Simões (coordenador de futebol), Roque Citadini (vice de futebol) e o presidente Alberto Dualib dando o apoio que vinha de cima.
O título daquele Rio-São Paulo ganha em importância pelo fato de a competição não ter sido mais realizada desde então?
Não sei exatamente. Mas o torneio foi muito difícil com os 16 melhores clubes dos dois Estados. Ou seja, enfrentamos e deixamos para trás os quatro grandes do Rio e os nossos tradicionais rivais caseiros. Isso valoriza o título. Até hoje, tem muito corintiano que passa por mim na rua e pede: ‘Parreira, volta pro Corinthians’. Isso porque aquela campanha ficou marcada na memória deles.
E o que você responde pra eles?
Agradeço e digo que não dá mais, já parei faz tempo. Meu último trabalho como técnico foi com a seleção da África do Sul, na Copa do Mundo de 2010, e na despedida vencemos a França por 2 a 1.
Na primeira partida da final do Rio-São Paulo de 2002, o Corinthians conseguiu uma virada histórica sobre o São Paulo, vencendo por 3 a 2. Lembra de algum bastidor daquele jogo?
Sim, sempre. Nosso time foi muito apático no primeiro tempo, irreconhecível. Levamos 1 a 0 e no intervalo, enquanto eu atravessava o gramado do Morumbi até o vestiário, um repórter me perguntou: ‘Parreira, o que está faltando ao time?’ Eu, no ato, respondi: ‘Falta alegria.’ E foi isso que eu disse no vestiário. ‘Olha, perder ou ganhar faz parte do jogo. Agora o que não pode é o Corinthians perder como está perdendo. Sem vontade, sem disposição, sem vibração. Vocês estão vendo o São Paulo jogar. Vamos correr.’ Não falei nada de tática. O que se viu no segundo tempo foi outro time, vibrante o tempo todo. Fizemos 3 a 1, numa apresentação irretocável; o São Paulo diminuiu depois. Na segunda partida, num jogo também muito disputado, conseguimos o título com um empate (1 a 1).
É a favor da volta do Rio-São Paulo?
É uma competição bastante interessante, mas a gente tem de ser realista. Não há espaço no nosso calendário, aumentaria a exposição dos jogadores. Veja por exemplo o que acontece agora. Temos uma Libertadores que se estende pelo ano todo, a Sul-Americana, a Primeira Liga e por aí vai. É muita coisa e o mais impressionante é que já tem técnico poupando o time no mês de março, já escalando os reservas. Isso é prova de que tem alguma coisa errada. Não estou criticando ninguém, até porque se eu estivesse em algum clube poderia estar fazendo o mesmo. Mas isso é reflexo de um problema sério.
Reflexo de um calendário inadequado?
Sim, a questão do calendário do futebol brasileiro é definitivamente insolúvel. Não tem jeito. É uma discussão que já dura alguns anos e vai prosseguir assim. Há os que defendem que se copie o modelo europeu. Mas não tem como. Aqui temos o Natal, o carnaval, as férias escolares, o verão. Além disso, o Brasil não tem dimensões pequenas como a Alemanha. Somos quase um continente. Na CBF, defendi com Ricardo Rocha e Carlos Alberto Torres que os Estaduais tivessem 12 datas. Mas são 19 e aí entram questões políticas de vários Estados, atreladas também aos interesses de transmissão dos jogos pela TV. Isso acaba prejudicando o aspecto técnico, para o qual seria conveniente que as competições fossem enxutas, com tempo para a preparação das equipes, intervalos mais longos entre os jogos. Os Estaduais poderiam começar para os pequenos em setembro, outubro, funcionando como uma seletiva para a fase principal, com os times mais expressivos.
Na Copa do Brasil daquele ano histórico, o Corinthians passou sufoco contra o Paraná, pelas quartas de final …
Exatamente. O técnico do Paraná era o querido Caio Junior (vítima do acidente de avião com o time da Chapecoense, em novembro, na Colômbia). Na primeira partida, estávamos ganhando por 3 a 0 no Pacaembu e criando oportunidades para fazer o quarto gol e liquidar a fatura. Mas aí levamos um gol e aquilo me tirou o sono. Não dormi realmente na noite do jogo. Fui para casa revoltado. Sabia que aquele gol podia arrebentar a gente no outro jogo. O Paraná era um time muito bem montado, o Caio fazia um excelente trabalho. E o que houve? Lá, na casa deles, abriram 1 a 0 e se fizessem o segundo se classificariam. Foi um sufoco, com o Dida fazendo defesas milagrosas, a bola batendo na trave. Mas passamos.
Depois de superar o São Paulo na semifinal, o time viveu outro drama, contra o Brasiliense, na final. Como foi a decisão?
O Brasiliense tinha eliminado o Fluminense e o Atlético-MG em quatro partidas. A equipe não chegou à final de graça, por acaso. E havia uma situação curiosa. O que se dizia na época era que o Luís Estevão (ex-senador cassado por falta de decoro parlamentar e então presidente do clube do DF) deixava os jogadores do Brasiliense em estado de graça, supermotivados, porque pagava os bichos (premiação por vitória) no vestiário. Os caras se matavam em campo, e o bicho era maior que o salário. Era uma motivação sadia, nada contra. Vencemos o primeiro jogo por 2 a 1 com uma polêmica danada no segundo gol – Gil teria feito falta num defensor adversário antes de rolar a bola para Deivid marcar. Na última partida, levaram a gente para um campo esburacado, em Taguatinga, sem nenhuma condição. O Brasiliense fez 1 a 0 e a pressão ficou enorme. Lembro do alívio nosso no banco de reservas na hora em que Leandro cruzou da esquerda e o Deivid empatou. O 1 a 1 nos deu o título, muito celebrado.
Os dois títulos expressivos vieram num intervalo de menos de quatro dias. O do Rio-São Paulo, em 12 de maio, e o da Copa do Brasil, no dia 15. Pode-se dizer que foi uma semana intensa …
Eu lembro que o presidente Dualib passou por mim e me perguntou: “Parreira, o que você quer mais? Dois títulos numa semana está de bom tamanho?” Claro que foi uma semana totalmente atípica para os jogadores, dirigentes, torcida, pra mim e meus colegas da comissão técnica. Inesquecível. E claro também que uma derrota para o Brasiliense nos arranharia. Afinal, a obrigação ali era do Corinthians.
As duas conquistas também foram marcantes por duelos à parte entre Corinthians e São Paulo, não?
Sim, foram quatro desses clássicos em menos de 20 dias. E o São Paulo tinha um belo time, com um ataque sensacional, formado por França, Kaká e Reinaldo, e ainda com Rogério Ceni, Belletti, o Júlio Baptista estourando. Por outro lado, nosso time era também muito bom, com Dida, Ricardinho, Vampeta, Kleber, Gil.
Você optava por um time ofensivo. Por quê?
Aquele time do Corinthians foi um marco na minha carreira. Só jogávamos com um volante, o Fabrício, que na verdade era meia. E tudo funcionava muito bem. Não tinha porque mudar. O Vampeta atuava como segundo ou terceiro homem do setor e o Ricardinho completava o meio. Era uma equipe técnica, sem um camisa 9. O Gil atuava como quarto homem pela esquerda e o Deivid entrava que nem um facão como fazia Jairzinho na Copa de 70. O Leandro jogava solto atrás do Deivid, girando, entrava na área, voltava, ia pra esquerda, ia pra direita, compunha o meio quando a gente perdia a bola. Na hora que a gente tinha o domínio, ele tinha liberdade e se juntava aos que vinham de trás – Ricardinho, Vampeta, Rogério. Era um desenho tático muito interessante. O Corinthians, eu costumava dizer, possuía o melhor lado esquerdo do futebol mundial, com Ricardinho, Gil e o Kleber. Eles desequilibravam, dava prazer vê-los jogar. O técnico monta um time de acordo com o material que tem à disposição. A formação foi ofensiva muito em razão disso.
Para o Brasileiro, o Corinthians perdeu Dida e Ricardinho. Como foi esse baque?
Muito complicado. Não conseguimos substituir o Ricardinho, no mesmo nível. O time sem esses dois foi praticamente desfeito no início do Brasileiro. O Doni veio do Botafogo-SP e não era ainda o goleiro que depois se consagrou. Ainda estava meio inseguro. Para o lugar do Ricardinho, efetivamos o Renato, um bom jogador, que chutava bem de fora da área, mas não tinha o senso de organização e nem a técnica do Ricardinho.
A campanha no Brasileiro teve muitos altos e alguns baixos, com derrotas elásticas. O que houve?
Levamos sim umas bordoadas no Brasileiro. Uma delas veio depois de um jogo em que vencemos o Paysandu, em Belém. Isso foi numa quarta-feira de noite e deixamos o Norte direto para Porto Alegre, onde o adversário era o Grêmio no fim de semana. Durante a viagem, perdemos uns três ou quatro jogadores, gripados. Fomos então obrigados a mudar bastante o time. E o Grêmio nos derrotou por 4 a 0. Mas, na rodada seguinte, vencemos o Goiás por 3 a 0. Também houve um tropeço contra o Atlético-PR na nossa casa, num sábado. Perdemos por 3 a 0, num jogo igual o tempo todo, mas no qual o Atlético soube aproveitar os contra-ataques. Saí dessa partida bem chateado, em silêncio. Aí, eu me lembro, o Roque Citadini (vice de futebol) notou a minha expressão de abatimento, a gente quase não perdia, e me ligou pra casa às 10 horas da manhã do domingo. “Oi, Parreira, como você está? Tudo bem? Não liga não. Isso acontece. Hoje é dia de lamber as feridas.”
Antes da final contra o Santos, qual o jogo daquele Brasileiro que mais lhe marcou?
Foi a nossa vitória épica por 6 a 2 sobre o Atlético-MG, no Mineirão, pelas quartas de final, com uma atuação muito boa do Deivid, que fez quatro gols, um deles um golaço de fora da área. Estádio cheio, o Atlético muito credenciado a chegar à disputa do título. Foi sensacional. Ninguém ganha impunemente do Atlético-MG por 6 a 2 numa fase final de Brasileiro. Também foi de arrepiar a semifinal com o Fluminense. Sofremos uma derrota no primeiro jogo por 1 a 0 que tivemos de reverter em casa, numa partida também dramática e que ganhamos por 3 a 2.
E não havia como parar Diego e Robinho no ataque do Santos?
Era uma tarefa muito difícil. Eles estavam numa fase exuberante. Mas não eram somente os dois. O Santos, como um todo, cresceu de uma forma impressionante na fase final do Brasileiro, vinha numa ascendente. Perdemos a primeira partida por 2 a 0 e eu senti um golpe profundo quando levamos o segundo gol, numa saída errada de bola do Fabrício. Aquele gol foi mortal, o time sentiu muito. Na última partida, viramos para 2 a 1 e estávamos a um gol do título, pressionando, o Fábio Costa defendendo tudo, a torcida cantando o hino na arquibancada do Morumbi. Mas o Santos, com todo o mérito, acabou fazendo mais dois gols e venceu por 3 a 2.
Você disse em 2002 que era diferente ganhar um título pelo Corinthians. Diferente por quê?
É algo muito especial, uma experiência até difícil de explicar. A torcida vibra muito, a fiel é encantadora, faz uma festa única. Diferente nesse sentido, por causa de toda a emoção que gira em torno. É consagrador e inesquecível. Isso vale para o técnico e, claro, para os jogadores e todos os envolvidos no trabalho.
O time do Corinthians não conseguiu repetir o desempenho apresentado na quarta-feira, contra a Universidad de Chile, pela Sul-Americana, e foi incapaz de vencer a Chapecoense na noite deste sábado, no estádio de Itaquera. Diante de uma equipe que jogou melhor do que praticamente em toda a temporada, o Timão até saiu na frente com Jô, mas viu Wellington Paulista selar o 1 a 1 na etapa final.
O resultado fez com que os dois times ficassem com a mesma pontuação de Flamengo e Atlético-MG, os outros dois clubes que entraram em campo no final de semana. O tropeço dentro de casa, no entanto, não estava nos planos do técnico Fábio Carille, que planejava um início forte no Brasileiro para colocar a equipe na briga por mais um título na atual temporada.
O elenco corintiano agora terá dois esperados dias de folga após a maratona de jogos decisivos, voltando a treinar na terça-feira de olho na partida contra o Vitória, marcada para sábado, às 16h (de Brasília), no estádio do Barradão. A Chape, por sua vez, terá a difícil missão de visitar o Lanús na quarta-feira, às 21h45 (de Brasília), em Buenos Aires, pela quinta rodada do Grupo 7 da Taça Libertadores da América.
Qualidade de Jô e Rodriguinho põem o Timão à frente
O primeiro tempo começou com um susto para os corintianos que foram à zona leste para curtir um reencontro com os campeões paulistas. Após lateral cobrado por Reinaldo, a bola ficou viva na área dos mandantes e o atacante Rossi, livre de marcação, chutou cruzado rasteiro. A bola bateu na trave de Cássio e aliviou os presentes, que ainda se acomodavam nas cadeiras da arena alvinegra.
A resposta corintiana veio em dose dupla. Romero, que arrancou muito aplausos ao travar um cruzamento de Luiz Antônio e recuperar a bola para o Timão, recebeu passe de Gabriel na entrada da área e chutou forte com a perna direita, exigindo boa defesa de Jandrei. Logo na sequência, Guilherme Arana chegou pela lateral e cruzou para Rodriguinho, livre na área. O meia cabeceou colocado, mas mandou rente à trave esquerda da Chape.
Quando os catarinenses pareciam já se estabelecer no jogo, o Timão mostrou seu bom momento para arrancar um gol na marra. Fagner deu belo drible em Rossi e arrancou pelo meio do campo, entregando a bola para Rodriguinho. Na entrada da área, o armador ameaçou tocar para Romero, aberto pela esquerda, mas enganou os marcadores ao acionar Jô, na marca do pênalti. O camisa 7 girou com facilidade sobre Victor Ramos e mostrou categoria para tirar do goleiro com um toque no alto, abrindo o placar.
O gol deixou o Alvinegro com menos responsabilidade, mas ainda sofrendo com as bolas cruzadas na área pelo adversário. Em mais uma, aos 24, Apodi tocou por cima de Cássio e carimbou a trave, mas o juiz marcou impedimento. Dez minutos depois, em jogada pela esquerda, Pablo se machucou e caiu no chão, paralisando o lance devido a uma ordem do árbitro. Sem condições de seguir em campo, o defensor foi substituído por Pedro Henrique.
Chape joga bem e consegue empate justo
A Chapecoense voltou para a etapa final disposta a mostrar que tinha condição de encarar de igual para igual o Timão, mantendo sua marcação adiantada e dificultando uma pressão dos donos da casa. A grande chance do time paulistano nos primeiros minutos saiu de um contra-ataque após escanteio mal cobrado pelos visitantes. Romero carregou bem, mas errou o passe para Rodriguinho. O meia ainda consertou, mas Gabriel completou a falha e entregou para a zaga rival.
O volume de jogo dos catarinenses, porém, era maior e resultou enfim no empate. Após boa jogada pelo lado direito, mal guardado por Arana e Romero nesta noite, Apodi cruzou na segunda trave e Artur deu um tranco em Fagner para cabecear. A bola bateu no travessão, quicou em cima da linha e Wellington Paulista, na pequena área, chutou para conseguiu a igualdade no placar. Os alvinegros reclamaram de falta em Fagner, mas o juiz nada marcou.
Preocupado com a boa marcação adversária e com a falta de criatividade corintiana, Carille realizou substituições ofensivas, primeiro com Léo Jabá no lugar de Romero, depois com Kazim na vaga de Gabriel, deixando o turco ao lado de Jô para apostar em jogadas aéreas. Do outro lado, preocupado em assegurar ao menos esse ponto na viagem de volta para Santa Catarina, Vágner Mancini fechou seu time com Nenen no lugar de Luiz Antônio.
Kazim melhorou a profundidade da equipe, que passou a lançar bolas longas para ele e Jô. Na base da pressão, os donos da casa apostaram na presença de área dos dois centroavantes, mas não conseguiram impor pressão. Bem postada e sem recuar, marcando a saída de bola, a Chape soube segurar o ímpeto final dos corintianos e conseguiu o tão desejado empate longe dos seus domínios.
FICHA TÉCNICA CORINTHIANS 1 X 1 CHAPECOENSE
Local: Estádio de Itaquera, em São Paulo (SP) Data: 13 de maio de 2017, sábado Horário: 19 horas (de Brasília) Árbitro: Elmo Alves Resende Cunha (GO) Assistentes: Fabricio Vilarinho da Silva (Fifa-GO) e Cristhian Passos Sorence (GO) Público: 31.470 pagantes Renda: 1.477.730,80 Cartões amarelos: Rodriguinho, Fagner (Corinthians); Wellington Paulista, Andrei Girotto (Chapecoense) Gols:
CORINTHIANS: Jô, aos 22 minutos do primeiro tempo
CHAPECOENSE: Wellington Paulista, aos 11 minutos do segundo tempo
CORINTHIANS: Cássio; Fagner, Balbuena, Pablo (Pedro Henrique) e Guilherme Arana; Gabriel (Kazim), Maycon, Jadson, Rodriguinho e Romero (Léo Jabá); Jô Técnico: Fábio Carille
CHAPECOENSE: Jandrei; Apodi, Victor Ramos, Luiz Otávio e Reinaldo; Andrei Girotto, Luiz Antônio (Nadson) e João Pedro; Rossi (Nenen), Wellington Paulista (Osman) e Arthur Técnico: Vagner Mancini
Tá precisando de gol em mata-mata? Chama o Rodriguinho! Um dos destaques do Corinthians recém-campeão paulista, o meia-atacante voltou a deixar sua marca nesta noite de quarta-feira, na vitória por 2 a 1 sobre a Universidad de Chile, no estádio Nacional, em Santiago. Sorte do Timão, que já havia triunfado na Arena, por 2 a 0, e conquistou a classificação para a segunda fase da Copa Sul-Americana.
Os gols do confronto em território chileno foram marcados por Rodriguinho e Jadson, justamente os responsáveis pela engrenagem ofensiva do Corinthians de Carille. Mas a noite era do camisa 26: com o tento sobre a La U, oriundo de lindo arremate de canhota, ele chegou ao oitavo em oito duelos de mata-mata pela equipe brasileira na temporada.
O Corinthians conhecerá seu próximo oponente da Copa Sul-Americana via sorteio, a ser realizado pela Conmebol depois das partidas da primeira fase. A partir desta quinta-feira, o time “vira a chave” e se concentra na estreia do Campeonato Brasileiro, sábado, às 19h (de Brasília), diante da Chapecoense, na Arena Corinthians.
PRIMEIRO TEMPO
Em apenas quatro minutos, a Universidad de Chile teve oportunidades suficientes para ao menos abrir o placar do estádio Nacional. A defesa alvinegra, sem Pablo, desfalque por conta de forte sinusite, cometeu duas perigosas faltas próximas à área de Cássio. Na primeira, Espinoza acertou a barreira; depois, Jara finalizou por cima.
A equipe comandada por Fábio Carille não demorou a dar o troco. Em rápido contra-ataque, Rodriguinho acionou Jadson no setor esquerdo, onde a marcação chilena demorava a recompor. O camisa 10 ergueu a cabeça, cortou para o meio e finalizou forte, acertando a trava do goleiro Johnny Herrera.
Conforme havia treinado na véspera da partida, Carille botou Romero para acompanhar as investidas do veterano Beausejour, lateral-esquerdo. O atacante do Corinthians, porém, embora bastante comprometido no momento da marcação, pecava na conclusão de jogadas e em passes curtos. Numa das boas triangulações iniciadas pelo trio Guilherme Arana, Maycon e Jadson, o paraguaio optou por alçar a bola na área, mas cruzou à meia altura, facilitando o bloqueio da defesa adversária.
Sem a posse da bola, o Timão abria mão do esquema 4-2-3-1 e se fechava em duas linhas de quatro, com Rodriguinho e Jô à frente. A Universidad, por sua vez, parecia sentir o peso da desvantagem e não conseguia fazer Cássio trabalhar para valer. Melhor para a torcida corinthiana, que viu Rodriguinho chamar a responsabilidade no Chile e marcar o único gol do primeiro tempo.
Aos 36 minutos, após tiro de meta de Cássio, o camisa 26 viu Jô disputar a bola no alto com um zagueiro da Universidad, sem sucesso. O meio-campista, então, dominou com categoria, se livrou de um marcador e partiu em velocidade para a área dos mandantes, isso com Rodríguez e Vilches o acompanhando de perto. Sem problemas para o armador, que gingou dentro da área, cortou o zagueiro, ajeitou para a perna esquerda e arrematou cruzado, sem chances de defesa a Herrera.
A empolgação alvinegra em Santiago, contudo, deu lugar a uma triste notícia. O lateral-direito Léo Príncipe, que substituía Fagner, suspenso, acusou dores na coxa direita e não conseguiu seguir em campo. Carille decidiu chamar o volante Paulo Roberto, titular no empate com a Ponte Preta do último domingo, que chegou a desempenhar a função no início da carreira.
SEGUNDO TEMPO
Mesmo longe de Itaquera, o Timão parecia estar em casa. E não demorou a dilatar o placar do estádio Nacional no período complementar. Aos 12, Rodriguinho, outra vez, ficou cara a cara com Johnny Herrera, bateu mascado e viu a bola sobrar limpa para Jô. O atacante corinthiano, acostumado a balançar as redes adversárias, optou por servir Jadson, melhor colocado, que só teve o trabalho de empurrar para além da linha de gol. Era o segundo do esquadrão alvinegro sob vaias da torcida local.
Carille pedia tranquilidade e movimentação de seus jogadores. A estratégia era simples: dar bola à Universidad e contra-atacar em velocidade, sobretudo pelo meio de campo. Atrás, Cássio mostrava o porquê dos recentes elogios da comissão, de parte da imprensa e da maioria da torcida: não cedia rebotes em finalizações de curta distância.
A Universidad, é bem verdade, diminuiu a soberania alvinegra no confronto. Beausejour avançou pela esquerda, se desvencilhou da marcação de Paulo Roberto como quis e deu assistência na medida para Mora, bem posicionado.
Carille mexeu na equipe do Corinthians outras duas vezes antes do apito final: sacou Romero e Gabriel para as respectivas entradas de Clayton e Camacho. Mas o jogo deu lugar à má educação dos chilenos. Reyes e Jara, ambos da Universidad, foram expulsos pelo árbitro uruguaio Daniel Fedorczuk.
Sobrou Corinthians no Chile. Com um time que parece saber o que quer, não deu margem ao erro diante da Universidad e conquistou a classificação em pleno solo inimigo. Quem sabe a quarta força não chega longe também na América do Sul?
ESCALAÇÕES
Corinthians: Cássio; Léo Príncipe, Balbuena (capitão), Pedro Henrique e Guilherme Arana; Gabriel e Maycon; Ángel Romero, Rodriguinho e Jadson; Jô
Universidad de Chile: Johnny Herrera (capitão); Rodríguez, Vilches, Jara e Beausejour; Espinoza, Reyes e Lorenzetti; Lucas Ontivero, Mora e Benegas
CORINTHIANS CONFIRMA VANTAGEM NA ARENA E É CAMPEÃO PAULISTA DE 2017
Do Meu Timão
“E que gooooool. Coringão na frente. Olha o espetáculo, olha a emoção e a motivação. Olha a festa no Brasil. Você enche de lagrimas os olhos desse povo. Você enche de felicidade o coração desta gente. Corinthians, o grito sufocado de um povo. O grito do fundo do coração de um torcedor”.
40 anos atrás, Osmar Santos narrava assim o título do Campeonato Paulista de 1977, conquistado pelo Corinthians sobre a Ponte Preta depois de um jejum de 23 anos. Neste domingo, diante do mesmo oponente, um novo capítulo da história alvinegra foi escrito na Arena.
E que capítulo! Com gol de Ángel Romero, tão criticado desde que chegou ao Parque São Jorge, o Timão de Tobias e Cássio, de Zé Maria e Fagner, de Basílio e Jadson, empatou com a Ponte Preta por 1 a 1 e se sagrou campeão paulista de 2017.
Solta o grito, torcedor. Pode comemorar! No centésimo jogo da Arena Corinthians, que recebeu a primeira decisão da equipe em sua história, o Timão não deu margem ao erro, teve atuação segura e coroou a boa campanha ao longo do certame. Méritos a Fábio Carille, que driblou a desconfiança da diretoria, as críticas da torcida e levou a chamada “quarta força” de São Paulo à 28ª taça do clube.
Primeiro tempo
Organização tática. Desde o primeiro minuto de jogo na Arena Corinthians, a equipe de Fábio Carille mostrou como pretendia vencer a Ponte Preta dentro de seus domínios e ficar com o troféu de campeão estadual: na base da troca de passes, triangulações e infiltrações, características do time moldado ao longo do primeiro semestre.
Até por isso quem foi a Itaquera demorou a ver jogadas de perigo de gol. Com a desvantagem por 3 a 0 no placar agregado, a Ponte tentava alçar bolas na área a qualquer custo e tinha no trio de ataque – Lucca, Clayson e William Pottker – a esperança de abrir o marcador antes do intervalo. Ainda assim, os primeiros a obrigarem um goleiro a trabalhar foram os corinthianos.
Aos 29 minutos, após erro na saída de bola dos campineiros, Jadson avançou pelo lado direito e cruzou para Romero. O atacante paraguaio, cercado por um zagueiro adversário, ajeitou de cabeça para Maycon, que arrematou de canhota da entrada da área e acertou a trave do goleiro Aranha. Na sobra, Jô finalizou forte, mas acabou bloqueado pela defesa.
A essa altura, o Corinthians controlava as ações como queria dentro de campo e sequer era incomodado pela equipe comandada por Gilson Kleina, bastante impaciente, aliás. Mas faltava o gol, que não veio aos 42 minutos, quando Jô fez bela jogada pela direita e cruzou rasteiro para Romero. Bem colocado, Nino Paraíba afastou de qualquer maneira e evitou o estopim corinthiano. Por ora.
“Começamos um pouco desligados, os deixamos trabalharem bem a bola, depois melhoramos. Tivemos uma bola na trave e chegamos outras vezes. A equipe está indo conforme o combinado”, disse Jô na saída para o intervalo. “Nossa equipe sabia que eles iam vir para cima. No começo jogo se impuseram um pouco, mas criamos chances e só faltou a bola entrar. É ter um pouco mais de tranquilidade para fazer o gol”, acrescentou Jadson.
Segundo tempo
Ainda que o placar da Arena Corinthians evidenciasse o empate sem gols, a imensa maioria dos 46.017 pagantes logo passou a celebrar a conquista. “É campeão, é campeão, é campeão!”, entoava a Fiel. Era o grito que faltava para o Corinthians deslanchar na tarde de domingo.
Aos 17 minutos do segundo tempo, após saída errada de Fernando Bob, Fagner recuperou a bola e tocou para Jadson. O meia-atacante, em outro belo lance, rolo para Romero na entrada da área. À la 1977, o paraguaio chutou e, depois de defesa à queima-roupa de Aranha, contou com a corte para pegar a sobra e estufar as redes alvinegras. 1 a 0 e título encaminhado em Itaquera!
Sem nada a perder além da conquista estadual, a Ponte Preta se mandou ao ataque e até chegou ao gol de empate, com Marllon, mas não foi capaz de reverter a derrota sofrida em casa.
Escalações
Corinthians: Cássio (capitão); Fagner, Balbuena, Pablo e Guilherme Arana; Paulo Roberto; Jadson, Camacho, Maycon e Romero; Jô.
Ponte Preta: Aranha; Nino Paraíba, Marllon, Kadu e Arthur; Fernando Bob, Elton e Jadson; Lucca, Clayson e William Pottker.
O Corinthians viajou a Campinas para disputar a primeira partida da final do Campeonato Paulista. Com dois gols de Rodriguinho e um de Jadson, o Timão abriu boa vantagem vencendo o duelo por 3 a 0.
A final contou com presenças especiais na torcida no Moisés Lucarelli. O ex-jogador e eterno ídolo do Timão, Ronaldo Fenômeno, foi no vestiário do Timão antes do jogo e depois acompanhou o duelo ao lado de seu filho Ronald. Além dele, Cléber Xavier, auxiliar de Tite na Seleção Brasileira, também acompanhou o duelo.
Com a vantagem, o Corinthians agora recebe a Ponte Preta na Arena em Itaquera. No próximo domingo, dia 7 de maio, também às 16h, as duas equipes fazem o último e decisivo jogo do Campeonato Paulista de 2017.
RODRIGUINHO NELES!
Mesmo fora de casa, o Corinthians iniciou o duelo pressionando e tocando a bola. A Ponte Preta também criou boas oportunidades, deixando o jogo com chances para os dois lados desde o começo.
Aos nove minutos, o primeiro lance de perigo foi do Corinthians. Fagner passou para Jô, que mandou o chute direto para o gol. Aranha espalmou, e ninguém aproveitou o rebote.
Minutos depois, aos 13, a pressão corinthiana surtiu efeito. Em uma linda jogada, Jô tocou para Romero, que devolveu para o centroavante. De primeiro, o camisa 7 deixou Rodriguinho livre dentro da área para marcar o primeiro gol do Timão na final. 1 a 0!
Mesmo com o placar favorável, a partida se mantinha equilibrada para as duas equipes. Aos 16 minutos, seis finalizações – três para cada lado.
O Corinthians seguiu tocando a bola, enquanto a Ponte Preta parecia sentir o gol tomado. Aos 28, a equipe tentou com Nino Paraíba, que chutou de longe e mandou para mais longe ainda.
Aos 31, o Timão perdeu o seu primeiro jogador para a finalíssima na Arena. Rodriguinho levou amarelo e está fora do jogo. Um minuto depois, Gabriel também foi amarelado e se tornou o segundo desfalque.
Antes do final do primeiro tempo, Rodriguinho ainda teve mais uma boa chance de cabeça, mas a bola foi defendida por Aranha – veja abaixo no vídeo.
JADSON E MAIS RODRIGUINHO!
A Ponte Preta voltou para o segundo tempo com duas alterações. Reynaldo e Jadson deixaram o jogo para as entradas de Artur e Renato Cajá, respectivamente.
Mesmo com as alterações, o Corinthians conseguiu iniciar a segunda etapa dominando o jogo e segurando o ritmo. A equipe de Campinas criava jogadas, mas o Timão resistia à pressão.
Aos 13, de novo, o placar ficou mais favorável para o Corinthians. Em um contra-ataque, Rodriguinho dá uma bela arrancada, toca para Jadson que acerta uma bomba de perna direita. 2 a 0 para o Timão!
Depois do gol, Gilson Kleina realizou a última alteração na equipe de Campinas. O zagueiro Yago, que pertence ao Corinthians, deixou o jogo para a entrada de Kadu. Minutos depois, foi a vez de Carille mexer na equipe pela primeira vez. Paulo Roberto entrou no lugar de Gabriel, que já havia levado amarelo e poderia ser expulso se fosse advertido novamente.
Assim como na primeira etapa, a equipe de Campina voltou a sentir o gol do Corinthians. Pouco agressiva, a Ponte Preta não conseguia criar novas chances. A marcação corinthiana também estava bem colocada, dificultando que os pontepretanos encontrassem espaços.
Aos 31, Carille fez mais uma mudança. Pensando em não perder Jadson para o próximo jogo, o treinador colocou Clayton em seu lugar. Minutos depois, Rodriguinho quase ampliou o placar, mas teve chute travado pela defesa de Campinas.
Aos 34, porém, a defesa não conseguiu parar o meia, que viveu tarde inspirada. Fagner cobrou lateral, a bola quicou no gramado e chegou até Rodriguinho. De cabeça, o meia ampliou ainda mais a vantagem do Timão – 3 a 0.
Na sequência, Maycon, que também estava pendurado, foi substituído por Camacho. Com o novo gol, torcedores da Ponte Preta já deixaram o estádio mesmo antes do apito final. Sem novas chances, o árbitro apitou o duelo vencido pelo Corinthians com facilidade.