O gol que muda o mundo
(Clóvis Graciano, “Figura Feminina” (1944)) (Reprodução)
O futebol é um esporte em que a emoção chega aos limites da racionalidade.
Veja o que ocorreu ontem, 28/6, com a Seleção da Itália mostrando um futebol feio e pouco criativo na Eurocopa. Apareceu um Balotelli, com seu físico de herói do novo mundo, e dele vieram dois belos gols. O primeiro (de cabeça) foi mais bonito que o segundo (um chutão “de fazenda”).
E ele – como sempre – foi comemorar com a costumeira cara amarrada.
Mas nenhum dos dois tentos chegou perto do que fez Romarinho, na quarta-feira, à noite, em Buenos Aires.
Aquele lance sutil e envenenado, com um toque na bola, fazendo o goleiro pular com feições de desespero, vale toda uma carreira. São lances como este que mudam o futebol e o mundo.
Todos nós sabemos que nosso maior problema nesta temporada é o ataque.
Perdemos Adriano, e Liedson está em precária situação física. O aparecimento de um atacante criativo e eficiente na conclusão das jogadas é o que mais queríamos. Vamos torcer para que ele, cada vez mais, progrida na carreira.
O futebol brasileiro necessita – e muito – de jogadores como este Romarinho.
Outros assuntos
Nesta últimas semanas, por razões conhecidas, não tenho tido tempo para escrever sobre vários assuntos que permeiam o mundo do futebol.
A emoção dos jogos do Corinthians tomou todo o espaço, embora estejamos atentos a outros fatos que ocorram e mereçam alguma nota.
1- Agora está claro.
Ninguém – além dos corinthianos – torcem pelo Corinthians! Na reta final não dá mais para disfarçar e cada um está indo para seu “quadrado”.
Nós em um e todos os demais, juntinhos e de cara amarrada, no outro.
2-A mídia não consegue esconder o estupor com o que vem ocorrendo.
A Globo explode em audiência (o futebol surrou até suas novelinhas), mas, mesmo assim, somos obrigado a ouvir papos como “há 102 anos o Corinthians luta para ganhar esta Copa”.
Não seria melhor dizer que “desde 1.554 o Corinthians luta pela Libertadores”.
Padre Manoel da Nóbrega e José de Anchieta poderiam ser chamados (numa sessão espírita, é claro) para testemunhar o fato.
3-A campanha do Timão escondeu a crise no vizinho da Vila Sônia.
Será? Talvez, nem isso.
4- Os jornalistas pró-Santos ficaram em estado de internação à força.
Diante da postura tímida de tricolores e palestrinos, resolveram assumir uma guerra para a qual não têm tamanho. As maiores bobagens da mídia, na fase atual, estão nascendo por lá. Peço ao pessoal do Jabuca e da Briosa que façam marcação cerrada sobre eles.
É o que basta.
5-O Corinthians – com sua campanha – melhora até o humor dos humoristas.
Veja-se o José Simão, tricolor e que estava em um momento de pura chatice. Sua coluna de hoje – na Folha – está imperdível. Criativa, provocativa e – acima de tudo – bem feita. A última frase da coluna do sãopaulino é interessante: “E vou mudar meu nome para José Timão. Questão de sobrevivência. Legítima defesa.”
Viva!
6-Até a coluna do corinthiano Tutty Vasques, no Estadão, de hoje ganhou mais sabor.
Ultimamente vinha quase sem graça, pelo excesso de governismo em seu texto, mas hoje acertou a mão. Essa foi boa: “Romarinho já supera Adriano em gols marcados pelo Corinthians. Fez três em menos de uma semana contra dois do Imperador em seus 11 meses de Clube”.
Não apoio a comparação, mas foi bem sacada.
O futebol agradece
(Leonardo Da Vinci, “Gioconda”, óleo sobre madeira de álamo, 1503-7)
Quando Romarinho, aos 40 minutos do segundo tempo, recebeu um passe preciso de Emerson e deu um toque genial sobre o goleiro, ele empatou o jogo mas, principalmente, glorificou o futebol.
Uma jogada como essa torna-se lendária e inspira milhares e milhares de jovens, em todo o mundo, a repeti-la.
Poderia ter feito a jogada de outra maneira.
Como aquela em que Cristiano Ronaldo, no jogo contra a Espanha, poucas horas antes, recebeu na esquerda, ficando livre, ele, a bola e o goleiro, e se saiu com um chutão, findando o lance com a pelota caindo quase fora do estádio.
Mas poderia, também, ter feito como Neymar, na partida com o Barcelona, quando, ainda no 0x0, frente a frente com o gol, sozinho, deu um petardo, que explodiu no peito do arqueiro.
Preferiu dar um toque genial, malandro, delicado, brasileiro e deixou o goleiro batido.
Todos nós, corinthianos, somos gratos pelo gol de Romarinho, e por sua forma.
Mas quem deve agradecer mesmo é futebol no mundo todo. São esses momentos que tornam este esporte um espetáculo sem igual.
Não sei se Romarinho será, ou não, um craque “fora-de série”.
Torço para que seja, pois, o futebol brasileiro precisa – e muito – destes deuses. Muitos atletas marcam gols geniais mas, com o tempo e os problemas em suas carreiras, recaem para o status de jogadores comuns. É impossível prever se um jogador, jovem, com dois jogos e três gols possa ser classificado como “craque”. O tempo dirá.
E espero que se torne um jogador genial, que marcou um gol histórico do Timão em Buenos Aires.
Com a mão na Taça
O Corinthians empatou com o Boca Juniors, em Buenos Aires, há pouco mais de 30 minutos.
Foi um grande passo para a conquista do título, que será disputado na próxima quarta-feira, 4/7, no Pacaembu.
O empate foi um resultado justo, embora isso nem sempre ocorra no futebol.
No primeiro tempo, o Timão foi superior e poderia ter decidido o jogo.
Na segunda etapa, o Boca tocou melhor a bola e teve algumas boas oportunidades de marcar. Seu gol nasceu de uma jogada de escanteio, na qual os argentinos são mestres.
O empate do Timão foi uma bela jogada e teve a genialidade de Romarinho com um toque de craque.
Já ganhamos a Libertadores? Não! Mas um grande passo foi dado e no Pacaembu teremos todas as condições de vencer.
Vamos para frente.
O primeiro tempo terminou e agora é o Pacaembu que dará o ritmo. E lá nós poderemos conquistar mais uma Taça!
A bola vai rolar
(Rebollo. “Futebol”, óleo sobre tela, 1936) (Reprodução)
Francisco Rebollo Gonzales (1902-1980). Pintor modernista, filho de imigrantes espanhóis, participou nas décadas de 1930-40 do Grupo Santa Helena, que reuniu vários artistas no centro de São Paulo. Rebollo atuou como jogador nas categorias de base do Corinthians em meados dos anos 1920. Atribui-se ao artista a concepção gráfica do escudo alvinegro, após 1930.
Essas últimas horas que antecedem um grande jogo são sempre o tempo mais difícil da partida.
Quando a bola rola, tudo fica menos angustiante. Mas este tempo que falta é sempre de tensão.
Daqui algumas horas, o Corinthians começará a decisão de mais um importante título, jogando em Buenos Aires contra o Boca Juniors.
Para todos nós, corinthianos, é sempre um momento de grande satisfação ver o Clube em mais uma final. E nossa torcida é para que os deuses do futebol estejam ao nosso lado. O Corinthians chega à final com todos os méritos e pode ganhar mais um título importante, que se juntará a tantos e tantos já conquistados.
Neste momento, de intensa emoção, recordo-me dos primeiros “heróis” que começaram esta longa e vitoriosa vida do Timão.
Em 1913 (dia 21 de Março) , no estádio do Velódromo (na Rua da Consolação), o Corinthians entrava em campo para jogar a primeira partida eliminatória que o levaria para a Primeira Divisão do Campeonato Paulista. Venceu o Minas Gerais por 1×0, com um gol de Joaquim Rodrigues.
Uma semana depois (dia 30 de março), na segunda e decisiva partida, venceu o o F.C. São Paulo por 4xo, com gols de Fabi (2), Peres e Campanella. Foi uma disputa que marcou todo a história do nosso Clube. Nascido na Várzea (no Bairro do Bom Retiro), o “time dos carroceiros” chegava à elite do Campeonato Paulista. Que este heróis nunca sejam esquecidos: Casemiro do Amaral, Fulvio Benti, Casemiro Gonzales, Francisco Police, Alfredo de Assis, Francisco Lepre, César Nunes, Antpnio Perez, Luiz Fabi, Joquim Rodrigues, Carmo Campanella.
Para sempre vivam nossos heróis!
Hoje à noite, quando a bola rolar, vamos torcer para que nosso time vença como fizeram os “lutadores” de 1913.
Todos nós, os vivos e os mortos, hoje estamos unidos aos 11 craques no estádio da Bombonera.
Como dizia o saudoso Chico Mendes: Vai Corinthians!
O Corinthians é só o Corinthians na Libertadores
(Di Cavalcanti) (Reprodução)
Nesta véspera do primeiro jogo do Corinthians contra o Boca, em Buenos Aires, procuro ler, ouvir e ver quase nada do que diz nossa mídia.
Extensas matérias históricas – quase todas – procurando colocar o Timão em situação ruim. A pretexto de se tratar da importância do jogo de quarta-feira, destilam-se um sem números de bobagens a respeito da história do Clube.
Apontam estatísticas, mostrando um tabu que simplesmente não exite, reúnem números, levantando informações de crédito questionável, apresentam declarações de ex-jogadores, de jornalistas etc, tudo em uma linha para achincalhar o Timão.
Outro dia, desavisadamente, ouvi um destes gênios de nossa mídia esportiva dizer que o Corinthians poderá ganhar seu primeiro título internacional! Nem os nossos adversários de arquibancada chegam a tanto.
Curioso, também, é ver aqui a constrangida torcida pelo time argentino.
Torçam! De peito aberto, camisas e bandeiras estendidas! Nós sabemos que nestes dois jogos a regra já está escrita: o Corinthians é só o Corinthians na Libertadores.
No mais, é lorota.
Vitória e História
Sempre é importante vencer o Palestra.
Em qualquer tempo, campeonato ou estádio, com chuva ou sol. Com titulares ou reservas.
Mas um fato importante neste clássico de domingo é a sensação de que poderemos ter um jogador de ataque que venha contribuir (e muito) para as disputas que temos pela frente.
Jogador ganha fama quando joga bem contra adversários tradicionais. Neco foi um demônio para os palestrinos; Sócrates infernizou os tricolores e palestrinos; Tevez tinha grande prazer em jogar contra o Palestra ;e Gil deixou um mundo de ódio no Morumbi. Com Luizinho, Carbone, Neto, Baltazar, Teleco ou Servílio aconteceu a mesma coisa.
Jogar e marcar contra adversários fracos dá bom resultado na estatística, mas não ganha o torcedor.
Por esta razão foi muito bom o que aconteceu ontem. Romarinho é um jogador que está começando e trilha um bom caminho. Marcou gol em jogo importante.
Aquele que a torcida não esquece.
Primeiro Hino do Corinthians
Lutar… Lutar…
É nosso lema sempre, para a glória.
Jogar… Jogar…
E conquistar os louros da vitória.
E proclamar nosso pendão.
É alvinegro e sempre há de brilhar,
Lutar, viril
Para a grandeza e glória do Brasil.
CORINTHIANS… CORINTHIANS…
A glória será teu repouso
E nós unidos sempre…
elevaremos teu nome glorioso
O mundo vai parar!
(Winge, “Thor e os gigantes”) (Reprodução)
O destino decidiu: a final da Libertadores de 2012 reune o Corinthians contra o Boca.
Será o clássico da década (ou talvez do século), confrontando as duas maiores equipes do futebol das Américas. Como diz nossa mídia tupinambá: “pela primeira vez, em 100 anos, uma final de Libertadores coloca em campo Corinthians e Boca”.
Ah! Ah! Que sofrimento!
Foi melhor assim.
Poderia ser uma final contra um time paraguaio, colombiano, equatoriano, peruano ou chileno mas, o melhor é disputar com um argentino. Melhor ainda que seja contra o Boca. Aquela balela que iriam inventar – “ganhou de um time paraguaio, colombiano etc” – foi enterrada.
Este século promete muito para futebol sulamericano.
Começou com o Corinthians ganhando o mais cobiçado campeonato do mundo: foi o primeiro campeão mundial de clubes. Agora, ainda quase na primeira década do século, participa de uma final entre os dois maiores clubes da América.
Mesmo os torcedores de equipes adversárias devem ficar felizes. Imagino o orgulho do River Plate (que está lutando na segunda divisão da Argentina) e do Independiente (que ganhou o maior número de vezes a Libertadores – não sei se joga na primeira ou segunda divisão Argentina), devam estar sentindo.
Uma final entre Corinthians e Boca valoriza o passado e lança a taça num novo patamar para o futuro.
O jogo está em aberto, como diz o jornalista pensativo.
Ninguém ganhou nada, e ninguém perdeu nada. Mas os dois já deram uma caminhada grande e vitoriosa. O Corinthians, por exemplo, pode ser campeão, invicto, contra o Boca.
Ah! estou certo: o mundo vai parar.
Passou
Desculpem-me por ser direto: o jogo contra o Santos passou.
Ficar postando textos e mais textos “tirando uma” dos santistas é uma perda de tempo. A diferença conosco é muito grande. Alguns minutos após o apito final, nem nos lembrávamos mais quem era o adversário que havíamos vencido.
Qualquer polêmica com os alvinegros praianos deve ficar restrita aos torcedores do Jabuca ou da Briosa.
“Co-irmãos”
Não preciso dizer, aqui, que não gosto dessa lorota de somos todos “irmãos” no mundo do futebol.
Acho que devemos deixar bem claro: temos adversários. Nada de violência, nada de agressão, mas cada um no seu lado. Acho um atraso só, esta tese de que temos “interesses comuns” no mundo do futebol. Temos nada. Eles sempre quiseram ver o Corinthians em ruínas. Deplorável, também, é esta politica de duas caras: em público, fazendo uma provocação, ou outra, “no privado”, rasgando elogios ao adversário e dizendo que “falou isso ou aquilo” porque a torcida exigia. O discurso deve ser único. Respeito e distância.
Muita distância.
Corinthians goleia e está na final
Cheguei há pouco em casa.
Molhado e suado, com a pressão arterial lá em cima. Com a goleada desta quarta-feira, 20/6, no Pacaembu, o Timão disputará a final da Libertadores com o Boca Jr ou com a LA U, do Chile.
Sim! Foi goleada.
O placar numérico de 1×1 não é o resultado da disputa. A “sensação futebolística” (assim como a “sensação térmica”) não é o que os números frios indicam.
O Corinthians ganhou a disputa com o Santos de forma exemplar.
Foi prejudicado por erros da arbitragem (isto faz parte do futebol), tanto na Vila quanto no Pacaembu, mas superou tudo.
O Corinthians é um time bem organizado, com uma defesa de encher os olhos e um meio de campo que toca bem a bola, ainda que o ataque não tenha o mesmo nível, as vitórias aparecem.
Não vou falar, nesta hora, da “cara de bezerro que perdeu a vaca” em que estão muitos da nossa mídia. Paciência! Vamos elogiar nossos mosqueteiros, que lutaram com o sangue que corinthiano requer. E, sei que alguns não gostam disso, o nosso técnico Tite merece todo aplauso. Ele está fazendo história. E os corinthianos ficam felizes por isso.
Em tempo
Disseram-me há pouco que, no final do jogo, o locutor da Globo disse que “após 102 anos” o Corinthians pode ganhar a Libertadores.
Espero que as pessoas tenham ouvido errado mas – cá para nós – nesta hora de desânimo e desespero eles falam qualquer coisa.
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