Mar 25, 2012

Corinthians e Palestra.

Neste domingo teremos mais um duelo de Corinthians e Palestra. Para muitos é o maior “clássico” do nosso futebol. E há motivos. Há quase cem anos se enfrentam com toda a emoção que só o futebol é capaz de apresentar. Alcântara Machado, grande escritor modernista, encantou todos com seu famoso conto Corinthians 2 X Palestra 1 . Um marco para o clássico  do futebol e para a literatura brasileira. Pela primeira vez num livro, uma partida de futebol, seus jogadores e torcedores são os elementos da narrativa do conto. Um clássico com histórias de todo tipo. Começou no inicio do século passado numa cidade que era quase italiana e dois times com as mesmas origens. O Corinthians, fundado em 1910, quase só por italianos, e o Palestra, alguns anos após , também pelos “oriundi”. Dividiram a liderança em nosso futebol acompanhado pelo Paulistano ( time da “elite” da cidade). Nos primeiros 40  anos, com o dinheiro fácil dos imigrantes italianos enriquecidos, o Palestra pode mostrar enorme poder de fogo. Enquanto o Corinthians crescia na periferia, o Palestra se enrolava com a ascensão do facismo de Mussolini. O dinheiro fácil dos comentadores deu sucesso, porém, plantou o vírus  que levaria a comprometer seu futuro. Enquanto os italianos da Zona Leste abriram-se para outras colônias, o compromisso dos ricos “oriundi” da zona oeste,  fecharam-se num mundo de exclusividade e racismo. Dinheiro e facismo cobraram um preço alto. O Timão passou a receber árabes, armênios,  judeus, espanhóis, brancos, negros e amarelos e, com a industrialização em massa da região, foi tornando-se o clube dos nordestinos e dos baianos. O que era um orgulho de ser um clube ” sem mistura” virou um pesado ônus. Permitiu ao Corinthians dar um salto à partir dos anos 30 e 40 e tornar-se a maior torcida da cidade. O clássico deste domingo – mesmo sendo um jogo do “Paulistinha”, como diz o Juca- é , e sempre será, um encontro que renova a rivalidade de séculos. Tem o sabor dos primeiros jogos, e isso, torna o futebol um esporte singular que toca a alma do torcedor.

Na veia.

O artigo de hoje de Tostão na Folha não será lido com muito agrado pelos dirigentes de nosso futebol. Ele aponta que um dos grande problemas de nosso futebol é o campo confuso em que ficam dirigentes com interesses nos negócios do futebol. E diz que é preciso decidir  “ser empresários do esporte ou dirigente. ” Existindo os dois há “um nítido conflito de interesse”. Cada dia mais o Tostão mostra que, além de bom de bola, tem rara qualidade no jornalismo atual. Viva!

Mesa redonda ou quadrada

A Folha de hoje , no Caderno Ilustrada, publica longa matéria sobre  os programas esportivos da TV. É uma boa narrativa mais faltou colocar o problema da queda de audiências dos tais programas. A transmissão exaustiva de jogos de futebol atingiram os programas de esporte  que, hoje, perdem audiências aos montes. E são todos os canais. Na TV aberta ou fechada tudo tem seu público reduzido. Seria importante que a Folha tivesse entrado neste espinhoso problema. Não foi o que ocorreu. Ficou uma matéria do óbvio e nada mais.

1 Comment

  • Bom, agora são 19:15 hs. de domingo, mas deixarei para falar da vitória do timão no post que ainda vai vir. Até, lá, eu digo, valeu corinthians.

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