RIO – Foi uma bela decisão. Jogo equilibrado, bem disputado e com os dois times buscando o ataque. Prevaleceu o cântico da Fiel, que transformou o estádio de Yokohama, no Japão, palco da final do Mundial de Clubes da Fifa, numa sucursal do Pacaembu. O bando de loucos que viajou ao outro lado do mundo, viu o Corinthians conquistar o bicampeonato mundial com uma vitória maiúscula sobre o Chelsea, campeão europeu, por 1 a 0. O gol foi marcado pelo atacante peruano Paolo Guerrero, o mesmo que já tinha feito o gol da vitória sobre o Al Ahly, do Egito, na semifinal.
Longe dali, muito longe, uma outra multidão de corintianos acompanhava apreensiva a final, na quadra da Gaviões da Fiel. A corrente para frente no Japão, em São Paulo e em todo o Brasil pareceu dar energia ao time do técnico Tite. O Corinthians teve ótima atuação e mostrou a força do seu conjunto, exatamente como na conquista do inédito título da Libertadores. Como naquela campanha, o goleiro Cássio foi um monstro, decisivo, com defesas difíceis, em momentos complicadíssimos da partida.
Com Lampard no meio e o veloz Moses aberto pela ponta, o técnico Rafa Benítez optou por uma estratégia que funcionou bem para compensar a forte marcação que Tite armou em cima de Hazard, na esquerda. Moses acabou se tornando a melhor opção de ataque do Chelsea na etapa inicial e nos últimos dez minutos inverteu a posição com o companheiro, para confundir ainda mais a defesa corintiana.
Do lado alvinegro, com a velocidade de Jorge Henrique, que entrou na vaga de Douglas, como titular, a jogada mais utilizada era o contra-ataque. Guerrero e Emerson tentavam abrir pelos lados do campo e incomodavam bastante o brasileiro David Luiz e o inglês Cahill.
O primeiro lance de perigo aconteceu aos 10 minutos. Cássio salvou o Corinthians em chute à queima-roupa do zagueiro Cahill na pequena área, após cobrança de escanteio. O goleiro corintiano evitou com as pernas, em cima da linha, que a bola entrasse. Jogadores do Chelsea chegaram a pedir gol. Mas o árbitro mandou seguir, acertadamente. O Mundial de Clubes é o primeiro torneio da Fifa em que está sendo usada tecnologia na linha do gol para apontar se a bola entrou ou não. O sistema de câmeras e sensores instalado nas traves exigiu investimento de US$ 1 milhão e cada bola com chip custou US$ 4 mil.
Defesas salvadoras de Cássio
Depois do susto, o Corinthians tentou marcar presença também na área do Chelsea. Emerson aproveitou passe errado de Mata na saída de bola e arrancou em velocidade. Mas prendeu demais a bola e desperdiçou a chance, aos 17. Em seguida, aos 18, em contra-ataque do time brasileiro, Jorge Luiz preferiu chutar de longe a passar a bola e mandou de graça para o goleiro Petr Cech. Aos 25 foi a vez de Paolo Guerrero. O ataque peruano do Timão deu uma caneta sensacional em Cahill e caiu na área. A torcida pediu pênalti, mas não houve nada. O Corinthians se animou mesmo. Aos 28, Guerrero tocou para Emerson, o zagueiro Cahill falhou feio e o Sheik saiu na cara do gol, mas finalizou mal, por cima do travessão.
O Chelsea respondeu. Aos 32, o zagueiro Paulo André salvou o Timão, após Hazard fazer belo lançamento nas costas de Fábio Santos para Moses, que ajeitou na área e foi bloqueado pelo zagueiro corintiano na hora do arremate.
Dois minutos depois, foi o Corinthians que quase marcou. Guerrero driblou David Luiz e Cahill dentro da área e bateu cruzado. A bola passou por Cech e Emerson tentou aproveitar de primeira. A bola saiu, bem perto da trave.
O jogo estava equilibrado, mas o Chelsea conseguiu boas oportunidades em sequência. Aos 37, Cássio defendeu cara a cara com Fernando Torres na área, após lançamento sensacional de Lampard, da risca do meio de campo. O goleiro corintiano brilhou ainda mais no lance seguinte, aos 38. Moses bateu com categoria da entrada da área e Cássio fez linda defesa, com a ponta do dedo, mandando a escanteio. Aos 40, Cássio defendeu de novo, desta vez em chute de fora da área de Mata.
No segundo tempo, mais equilíbrio. E jogo disputado em velocidade, com os dois times buscando o ataque. Novamente Cássio apareceu bem: aos 8 minutos, Hazard foi lançado na área e chutou na saída do goleiro corintiano, que defendeu nos pés do adversário.
O gol também salvador de Guerrero
Foi aos 24 minutos. O Corinthians pressionava e dominava o meio de campo. Até que numa jogada rápida chegou ao gol. Jorge Henrique tocou para Paulinho, que fez chegar a bola a Danilo. Ele bateu, a bola desviou na zaga e Guerrero pebou o rebote, de cabeça.
Antes de abrir o placar o Corinthians já demonstrava domínio. Aos 18, Jorge Henrique tocou para Guerrero, que matou no peito e rolou para Paulinho bater forte, à esquerda de Cech. Foi um belo ataque corintiano, que mostrava a segurança que os jogadores sentiam em campo.
Após sofrer o gol o Chelsea ficou perdido. Na base do coração, ainda tentou pressionar, mas o Corinthians administrava bem o jogo. Aos 40, um tremendo susto: a bola sobrou para Fernando Torres totalmente livre na área, diante de Cássio. O goleiro defendeu com os pés o chute do atacante espanhol.
Aos 44, cartão vermelho para Cahill, dedurado pelo bandeira ao árbitro por falta fora do lance em Emerson. E aos 49, no último lance, o Chelsea quase empatou, em lance dentro da área.
A partir dali não houve tempo para mais nada. Só para festejar o bicampeonato mundial do Corinthians, 12 anos depois da primeira conquista, no Maracanã, em disputa de pênaltis contra o Vasco.
O Monterrey, do México, ficou com a terceira posição no Mundial de Clubes. Antes de Corinthians x Chelsea, venceu o Al Ahly por 2 a 0.
CORINTHIANS 1 X 0 CHELSEA (ING)
Estádio: Nissan Stadium, em Yokohama (JAP)
Data-Hora: 16/12/2012 – 8h30 (de Brasília)
Árbitro: Cuneyt Cakir (TUR)
Auxiliares: Bahattin Duran (TUR) e Tarik Ongun (TUR)
Público: 68.275 pessoas
Cartões amarelos: Jorge Henrique (COR); David Luiz (CHE)
Cartão vermelho: Cahill
GOL: Guerrero, 23’/2ºT (1-0)
CORINTHIANS: Cássio, Alessandro, Chicão, Paulo André e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Danilo, Jorge Henrique e Emerson Sheik (Wallace, 45’/2ºT); Guerrero (Martínez, 40/2ºT) – Técnico: Tite.
CHELSEA: Petr Cech, Ivanovic (Azpilicueta, 37’/2T), Cahill, David Luiz e Ashley Cole; Ramires, Lampard, Moses (Oscar, 26’/2ºT), Hazard (Marín, 41’/2ºT) e Mata; Torres. Técnico: Rafa Benítez.
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