‘O parâmetro de São Paulo tem de ser Verona, Viena, Londres, Chicago’
27.maio.2013 | 1:02
John Neschling (Foto: Márcio Fernandes/Estadão)
O novo diretor artístico do Municipal fala sobre o desafio de “reconstruir” o teatro, sua vitória sobre o câncer, Osesp e a eterna busca do músico pela excelência.
Todo músico vive de desafios, mas John Neschling sempre fez questão de elevar a máxima ao extremo. O maestro turrão que alçou a Osesp à categoria de orquestra internacionalmente reconhecida está há três meses às voltas com outra missão: fazer do Municipal de São Paulo um teatro lírico nos moldes dos melhores da Europa.
Para tanto, o diretor artístico da casa de Ramos de Azevedo tem dormido pouquíssimo, viajado muito e vem gerenciando um orçamento apertado. “Mas não me queixo, não, sabe? A única forma de lutar é trabalhando”, ressalta o carioca de 66 anos recém-completados.
Ele falou à coluna na semana passada, logo depois de anunciar as primeiras notas bem afinadas de sua nova empreitada.
Quais os maiores desafios à frente do Municipal?
A reconstrução total, administrativa, técnica e musical, do teatro.
Gostou da última reforma pela qual o teatro passou?
Poderia ter sido melhor, sabe? Porque o teatro continua sem backstage. Só reformaram a área nobre, que o público e a imprensa veem. Os camarins, por exemplo, são da década de 1980. Este é o maior problema: ele foi reformado do palco para a frente. E esse restante de trabalho precisa ser feito neste primeiro ano.
E a Praça das Artes?
Foi um grande acerto. Porque pudemos transferir para lá a área administrativa. Isso liberou o backstage do Municipal para que ele possa ser reformado e se transforme num lugar 100% destinado a quem trabalha no espetáculo.
Quando ficará pronto?
Ainda este ano.
O fato de o teatro ser tombado é um fator complicador?
Sem dúvida. E o que querem de mim é que eu transforme o Municipal em um teatro de ponta na América Latina, que possa ser comparado às grandes casas europeias e norte-americanas, um marco da produção lírica. É um trabalho que requer tempo.
Recebeu carta branca do secretário de Cultura, Juca Ferreira, e do prefeito, Fernando Haddad?
Nem o prefeito tem carta branca (risos). O que a gente tem é a confiança de todos.
O senhor trabalhava com cerca de R$ 65 milhões anuais à frente da Osesp. E agora?
Agora tenho menos. Só que o Municipal é muito mais complexo. E temos para 2013 a mesma verba do ano passado.
É muito difícil trabalhar com música no Brasil?
Acho que é difícil em qualquer lugar. É preciso dedicação, tempo de estudo, para ser um grande músico. Aqui no Brasil, você tem também dificuldades orçamentárias e técnicas, claro. Mas trabalhar com música é uma devoção, sabe? A música é que te escolhe, não é você que escolhe a música.
Apesar dos pesares, a Osesp foi um case de sucesso mundial. Ficou algum arrependimento?
Fiz o que tinha de fazer naquele momento. E sou muito orgulhoso disso. Sei que se, hoje em dia, não me dão a devida importância pelo que fiz lá dentro, algum dia terão de me dar essa importância.
O senhor tem fama de turrão. Concorda com isso?
Concordo (risos).
Que qualidades um homem na sua posição precisa ter para desenvolver um trabalho como este à frente do Municipal?
Clareza de objetivos muito grande, não se pode perder o foco de modo algum. Se, de repente, eu noto que as circunstâncias vão me desviar, ou eu brigo ou eu saio. Não posso aceitar interferências no trabalho. É necessário também disciplina, vontade política, conhecimento e competência. Nesse sentido é que eu sou difícil e turrão. Agora, quando as coisas vão bem e funcionam, é só alegria, tudo beleza.
O senhor tem conselheiros?
Tenho amigos no Brasil e no mundo inteiro que eu consulto. Porque não sou dono da verdade. E veja que digo isso sem querer parecer humilde. Digo porque é fato, ninguém sabe de tudo. Napoleão dizia que se pode ter no máximo sete ministros, mais do que isso complica a visão.
Acho que a Dilma não concorda com o senhor…
(risos) O importante é saber delegar direito.
Em 2010, o senhor enfrentou um câncer complicado (Neschling estirpou um rim e está curado). Como foi aquele momento?
O câncer é sempre algo inesperado. A verdade é que você vê acontecer com os outros e não espera que ocorra com você. Quando acontece, é um choque enorme. O primeiro momento é de completa prostração. Será que acabou tudo? Como vai ser? Depois, entende que é preciso achar forças para superar a doença. E a única forma de lutar é trabalhando, tendo esperança, investindo na qualidade de tudo que se faz. Porque todo mundo tem seu dia.
Nesses meses à frente do Municipal, o senhor viajou, regendo e trabalhando pelo teatro. Como é o dia a dia fora do País?
Cada vez que saio do Brasil para reger uma ópera, faço contatos importantíssimos. Por exemplo: recentemente, fiz La Bohème em Verona. Quem vem fazer a Bohème aqui? O mesmo regisseur (diretor teatral) que a fez em Verona. Isso acontece porque ele me conhece, fica mais fácil trazê-lo. O mesmo acontece quando se convidam cantores, músicos, cenógrafos etc. Você tem de correr o mundo. O parâmetro de São Paulo não pode ser Guarulhos, tem de ser Verona, Viena, Londres, Chicago. É por aí que a gente vai.
Desde a semana passada há uma programação operística para o ano, inclusive com venda de assinaturas. Como vai funcionar o teatro a partir de agora?
A ideia é voltar a ter o Municipal como cenário de óperas, que foi a razão de ser de seu projeto original. Para se ter uma ideia do desafio, há 28 anos não se fazia uma temporada de óperas com assinatura no Municipal. Temos de ver esse momento já como uma conquista muito grande.
O senhor preferiu apostar na produção de quatro óperas logo de início, ao invés de alugar produções. Por quê?
Porque nem sempre alugar é mais barato. Além disso, o Municipal precisa de repertório. Onde já se viu um teatro dessa importância não ter repertório? Então, preferimos começar o trabalho montando óperas.
E onde serão guardados cenários e figurinos?
Este é mais um problema a ser enfrentado. A central técnica, no bairro do Canindé, está em mau estado. Vai precisar de uma bela reforma. Não existe nada lá. Carpintaria, pintura, serralheira, peluqueria, sapataria… nada!
O senhor disse que faria do Municipal um gerador de empregos para artistas…
Exato. É preciso lembrar que uma ópera envolve trabalho de cerca de 300 pessoas. O que a gente quer é transformar o Municipal em uma grande fábrica de empregos para atores, músicos, bailarinos e todo o staff técnico.
No projeto do novo Municipal, esses profissionais da área técnica serão funcionários?
Alguns, sim. Ao menos os chefes de departamento. Outros podemos terceirizar, mas queremos ter uma equipe fixa para o teatro – que comande a produção de ópera do Municipal.
Como estão as audições para as óperas?
Excelentes. Quero deixar claro outro aspecto importante: mais de 50% dos cantores são brasileiros, gente de qualidade, não estamos fazendo favor a ninguém.
Já há também programação para a Sala do Conservatório, que acaba de ser reinaugurada. Qual a expectativa para esse espaço?
Estou muito animado. Será a casa do Quarteto da Cidade. A sala foi reaberta na Virada Cultural e tivemos 24 horas de música de câmara ininterruptas. É essa identidade que queremos dar para São Paulo. /DANIEL JAPIASSU
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Domingo
ACIS E GALATEA (Handel) Horário: 08:00
Londres, fevereiro/1978. Maestro: John Eliot Gardiner.
Elenco: Norma Burrowes, Anthony Rolfe Johnson, Martyn Hill, Willard White.
BORIS GODUNOV (Mussorgsky) Horário: 09:30
Salisburgo, 1966. Maestro: Herbert Von Karajan.
Elenco: Nicolai Ghiaurov, Gertrude Jahn, Nadejda Dobrianova, Gerhard Stolze, Sabin Markov, Kim Borg, Alexei Maslennikov, Sena Jurinac, Zoltan Kelemen, Anton Diakov, Milen Paunov.
NORMA (Bellini) Horário: 12:00
Londres, 1965. Maestro: Richard Bonynge.
Elenco: Joan Sutherland, Marilyn Horne, John Alexander, Richard Cross, Yvonne Minton, Joseph Ward.
A NOITE DO CASTELO (Carlos Gomes) Horário: 14:40
Campinas, 14/9/1978. Maestro: Benito Juarez.
Elenco: Niza de Castro Tank, José Dainese, Luiz Tenaglia, Alcides Acosta, Vera Lucia Pessagno, José A. Marson, Fernando J. C. Duarte.
LA FORZA DEL DESTINO (Verdi) Horário: 16:50
London, 1977. Maestro : James Levine
Elenco: Leontyne Price, Plácido Domingo, Sherrill Milnes, Fioreza Cossotto.
IL BARBIERI DI SIVIGLIA (Rossini) Horário: 19:35
Londres, 7-14/2/1957. Maestro: Alceo Galliera.
Elenco: Maria Callas, Luigi Alva, Tito Gobbi, Fritz Ollendorff, Nicola Zaccaria, Gabriella Carturan, Mario Carlin
Campeões estaduais, Timão e Bota fazem ‘jogo das faixas’ no Pacaembu
Candidatos a protagonistas no Brasileiro, paulistas e cariocas estreiam com confronto direto neste sábado. Ambos querem acumular ‘gordura’
Por GLOBOESPORTE.COMSão Paulo
Um título estadual no primeiro semestre tem lá seu peso, mas Corinthians e Botafogo sabem que podem fazer muito mais na temporada. A tabela do Campeonato Brasileiro reserva o encontro de dois fortes candidatos a protagonistas logo na primeira rodada, neste sábado, às 21h (horário de Brasília), no Pacaembu. De cara, pedreira para os dois lados. Um duelo com jeito de decisão, que pode pesar no futuro.
Emerson Sheik e Seedorf, estrelas de Timão e Botafogo (Montagem sobre fotos da Agência Estado)
O Timão foi eliminado precocemente da Taça Libertadores, mas ganhou o Paulista e quer seu sexto título brasileiro para manter a sequência positiva da era Tite e assegurar vaga na edição do ano que vem da competição sul-americana. Sob o comando de Oswaldo de Oliveira fora de campo e Seedorf dentro dele, o Bota ganhou o estadual do Rio de Janeiro com antecedência, não deu chances aos adversários e abocanhou Taça Guanabara e Taça Rio.
Tinha tudo para ser um mero “jogo das faixas”, com as duas equipes comemorando seus títulos estaduais. O Brasileirão, porém, não permite vacilos. Cada uma das 38 rodadas tem seu valor, e os dois rivais querem acumular gordura na tabela de classificação antes da pausa para a Copa das Confederações.
O PremiereFC 4 transmite a partida para todo o Brasil, pelo sistema pay-per-view. O GLOBOESPORTE.COM acompanha todos os lances em Tempo Real, com vídeos, a partir das 20h30m.
Corinthians: não fosse a lesão muscular de Alessandro, Tite repetiria a equipe pelo sétimo jogo seguido. O técnico quer manter o padrão de Libertadores e Paulista para o Brasileiro. O lateral-direito será substituído por Edenílson, na única mudança promovida para a partida. O time: Cássio, Edenílson, Gil, Paulo André e Fábio Santos; Ralf e Paulinho; Danilo, Romarinho e Emerson; Guerrero.
Botafogo: o técnico Oswaldo de Oliveira terá os seus principais jogadores à disposição. Apenas o zagueiro Dória está fora, já que foi convocado para a seleção brasileira sub-20. O time entrará em campo com Jefferson, Lucas, Antônio Carlos, Bolívar e Julio Cesar; Marcelo Mattos, Gabriel, Fellype Gabriel, Lodeiro e Seedorf; Rafael Marques.
Corinthians: Alessandro, com dores no músculo posterior da coxa direita, Renato Augusto, ainda se recuperando de lesão – também no posterior da coxa direita – e Guilherme Andrade, que rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito e fica pelo menos mais cinco meses em tratamento.
Botafogo: além de Dória, convocado para a seleção brasileira sub-20, Oswaldo não conta com o meia Cidinho, submetido a uma cirurgia no joelho direito.
Leandro Pedro Vuaden (RS) apita a partida, auxiliado por Fabricio Vilarinho da Silva (GO) e Dibert Pedrosa Moises (RJ). Leandro Vuaden arbitrou 19 jogos no Brasileirão 2012 e, em média, marcou 36,2 faltas, aplicou 3,9 cartões amarelos, 0,21 vermelho e assinalou um total de 5 pênaltis. O campeonato teve média de 5 amarelos, 0,30 vermelho, 36,7 faltas e 0,23 pênalti.
Em 1991, o Corinthians defendia o título brasileiro e começou sua caminhada com boa vitória sobre o Botafogo, no mesmo Pacaembu que recebe o confronto deste sábado. Na ocasião, o Timão fez 2 a 1, gols dos ídolos Neto e Wilson Mano – o Botafogo descontou com Valdeir. O jogo foi tenso para os cariocas: Paulo Roberto e Renato Martins acabaram expulsos, deixando a equipe com dois jogadores a menos.
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Sábado
LULU (Berg) Horário: 06:00
Londres, agosto-setembro/1996. Maestro: Ulf Schirmer.
Elenco: Constance Hauman, Julia Juon, Theo Adam, Peter Straka, Monte Jaffe, Michael Myers, Gert Henning-Jensen, Sten Byriel, Helen Gjerris, Ulrik Cold, Susanne Elmark.
ANDREA CHÉNIER (Giordano) Horário: 09:05
Nova Iorque, 9/10/1970. Maestro: Fausto Cleva.
Elenco: Renata Tebaldi, Carlo Bergonzi, Anselmo Colzani, Judith Forst, Jean Kraft, Lili Chookasian, Gabor Carelli, Gene Boucher, Andrea Velis, Clifford Harvout, Paul Plishka.
IL MATRIMONIO SEGRETO (Cimarosa) Horário: 11:50
Jesi, outubro/1990. Maestro: Angelo Cavallaro.
Elenco: Enzo Dara, Daniela Mazzuccato, Bruno de Simone, Adriana Cicogna, Max René Cosotti, Valeria Baiano.
ANNA BOLENA (Donizetti) Horário: 14:20
Budapeste, novembro-dezembro/1994. Maestro: Elio Boncompagni.
Elenco: Edita Gruberova, Delores Ziegler, Stefano Palatchi, José Bros, Igor Morosow, Helene Schneiderman, José Guadalupe Reyes.
IL TRITTICO (Puccini)Horário: 17:20
Florença, julho-agosto/1991. Maestro: Bruno Bartoletti.
Elenco: (IL TABARRO) Juan Pons, Mirella Freni, Giuseppe Giacomini; (SUOR ANGELICA) Mirella Freni, Elena Souliotis; (GIANNI SCHICCHI) Leo Nucci, Mirella Freni, Roberto Alagna, Eva Podles, Riccardo Cassinelli.
COLOMBO (Carlos Gomes) Horário: 20:05
São Paulo, 1964. Maestro: Armando Belardi.
Elenco: Constanzo Mascitti, Lucia Quinto Morsello, Sergio Albertini, Paulo Adonis, Paulo Scavone, Mariângela Réa, João Calil.
CARITEA (Mercadante) Horário: 21:10
Martina Franca, julho/1995. Maestro: Giuliano Carella.
Elenco: Nana Gordaze, Jacek Laszczkowski, Sonia Lee, Nicolas Rivenq, Gregory Bonfatti, Ayhan Ustuk.