Uma programação tímida
Municipal anuncia óperas de 2013
Em sua primeira temporada no Teatro, John Neschling lança série de assinaturas e escolhe obras de apelo popular
Uma seleção de “blockbusters.” Ao construir sua primeira temporada lírica à frente do Teatro Municipal de São Paulo, o maestro John Neschling optou por títulos de grande apelo popular. São óperas tradicionais e conhecidas – como Aída, La Bohème e Don Giovanni – mas que o público paulistano não tinha a oportunidade de assistir há algumas décadas. “Há 27 anos não era montada uma Aída em São Paulo. A última La Bohème que houve na cidade fui eu que fiz. Existe uma geração inteira que nunca viu essas obras montadas”, disse Neschling na entrevista coletiva que concedeu para divulgar as cinco produções que irão compor a programação 2013.
Durante o evento, o diretor artístico do Municipal também anunciou uma importante mudança: após 28 anos, o Teatro voltará a contar com um programa de assinaturas. Ao todo, serão 40 récitas, divididas em 11 séries, que estarão disponíveis para compra a partir do dia 3.
“Nunca invento nada. Repito a experiência dos grandes teatros do mundo”, comentou o maestro. “As pessoas agora poderão escolher o melhor dia para virem a ópera, não enfrentar fila e montar o seu programa.” Os pacotes, que variam de R$ 96 a R$ 500, podem incluir ingressos para todas as estreias. Ou para récitas às quintas-feiras, sábados ou domingos. Há ainda quatro séries mistas, com diferentes óperas em diferentes dias da semana. Além de três assinaturas livres, com a possibilidade de o assinante escolher a quais óperas quer assistir.
Para 2014, a intenção é aumentar o número de óperas disponíveis. “No ano que vem serão no mínimo dez títulos”, garante o ex-regente titular da Osesp. Ele também pretende ampliar o plano de assinaturas, que passará a abranger os concertos e as apresentações do Balé da Cidade.
De acordo com o maestro, a proposta pretende resgatar o público do Teatro. “Quando eu era menino, no Rio de Janeiro, havia pelo menos três óperas por semana para assistir. Em 2014, planejo ter ao menos 9 récitas por mês. Serão mais de duas apresentações por semana. Existe um espectador aficionado por ópera na cidade que nós podemos conquistar”, comentou.
A seleção dos títulos deste ano tem a ver com essa ambição. Além de Aída, La Bohème eDon Giovanni, serão encenadas Ouro do Reno e Cavalleria Rusticana/ Jupyura (os dois títulos apresentados em sequência). Segundo Neschling, essas não são apenas criações populares e queridas dos espectadores. Mas óperas que poderão compor um repertório para a casa.
“Não adiantaria eu fazer Lulu agora, porque é algo que só vou poder remontar daqui a 20 anos”, justifica ele. “Não pretendo reapresentar essas obras já no ano que vem, mas a intenção é que elas possam ser vistas sempre. Vou fazer um Verdi agora (Aída). e pretendo fazer um diferente a cada ano. O mesmo com Puccini (La Bohème). São compositores que estão na base do repertório de qualquer teatro lírico.”
O maestro atacou o modelo de coproduções com outros teatros ou produtores particulares. “É preciso que o Teatro tenha as suas próprias produções. Pode, inclusive, gerar receita com isso, já que as obras podem ser remontadas em ouros teatros do Brasil.”
A Praça das Artes, complexo cultural de 28.500 m2 inaugurado pela gestão anterior, também irá merecer uma programação específica. Completamente restaurada em 2012, a sala do Conservatório Dramático e Musical receberá concertos de música de câmara, especialmente do Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo e do Coral Paulistano.
Ainda que privilegie a música clássica, a sala deverá abrir espaço, segundo a direção do Municipal, para formações de jazz, choro e shows de instrumentistas brasileiros. O pianista Nelson Ayres, o acordeonista Toninho Ferragutti e o violonista Paulo Bellinati estão entre os artistas que devem se apresentar.
www.estadao.com.br
Blog do Citadini: A programação lírica do Teatro Municipal de São Paulo ,neste ano de 2013, é inferior a do ano passado. Embora traga Verdi, Wagner e Puccini tem um número pequeno de óperas montadas. Como é o primeiro ano do maestro Nescheling vamos esperar que as próximas temporadas tenham outro formato. Mais óperas e mais récitas. É o que a cidade precisa.
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