Aug 23, 2012

Olho vivo !


Franz Kline (1910-1962) (Reprodução)

Nos últimos 20 anos, a imprensa brasileira, em sua imensa maioria, apoiou, aplaudiu e elogiou o quanto foi possível o Presidente da CBF Ricardo Teixeira.
Apenas um número reduzido de jornalistas manteve uma posição distante e crítica da gestão de nossa entidade maior de futebol. Há alguns meses, pouco antes de sair da Confederação e do Brasil, o Presidente da CBF era louvado por todo lado. Apoiado por dirigentes de futebol – sem nenhuma discordância – políticos (de todos os partidos), sem falar do sempre presente suporte da mídia. Numa hecabombe, sem precedente, dirigentes, jornalistas e políticos foram surprendidos pela saída de Ricardo Teixeira.  Só uns poucos – dentre eles o Juca Kfouri – estavam de outro lado na história. Por esta razão é importante ficarmos de olhos abertos em sua coluna. Algumas vezes ele dá uma opiniões atravessadas com as quais não concordo. E todos sabem quais são. Mas – neste campo-  é preciso ficar atento.
Após a “renúncia” de Ricardo Teixeira qualquer faísca pode acabar em fogueira.

 

Mudança de rota

JUCA KFOURI

As relações do governo federal com a CBF e com o COB passam por delicado momento de correção

CBF E COB viveram no melhor dos mundos no governo Lula. Após um primeiro momento de colisão, com a aprovação do Estatuto do Torcedor e da chamada Lei da Moralização do Esporte, vistas pelas entidades como contra elas, Lula deixou-se seduzir pela cartolagem, saiu em sua defesa e lhe deu não só a Timemania como as leis de incentivo. Sem exigir nenhuma mudança no modelo de gestão, como seria obrigatório, o que só aprofundou os problemas.

A gestão Dilma ainda patinou no relacionamento graças ao comportamento servil do ex-ministro do Esporte Orlando Silva Jr., que acabou caindo em meio às mais variadas denúncias, embora consideradas inconsistentes pelo Conselho de Ética do próprio governo.

A chegada de Aldo Rebelo à pasta esfriou o relacionamento, mantida a formalidade institucional.

A saída pelos fundos do ex-presidente da CBF, a chegada do novo acumulando cargos no Comitê Organizador Local da Copa do Mundo, mais o incômodo do COI com o mesmo procedimento do presidente do COB, que também acumula a presidência da Rio-2016, somados ao mau desempenho em Londres, permitiram ao governo federal uma correção de rota que, se seguida com firmeza, poderá trazer resultados positivos no futuro imediato e mais ainda a longo prazo.

Nestas alturas, por delicados que sejam os movimentos, é indisfarçável o empenho governamental em tomar as rédeas dos megaeventos no país e em parar de dar dinheiro diretamente ao COB. Em todos os escalões são abundantes as críticas à má gestão do dinheiro público no caso do COB, além de se fazer coro às preocupações do COI.

Do mesmo modo que se está de acordo com o constrangimento da Fifa pela imagem do novo presidente da CBF, não só por seu passado subserviente e colaboracionista em relação à ditadura como, principalmente, pelo episódio da subtração da medalha, que “correu o mundo”, segundo a coluna ouviu de envergonhado alto funcionário da entidade que controla o futebol mundial.

Afinal, se o conservadorismo político ou, mais, o reacionarismo, são marcas tradicionais na cúpula do esporte -Juan Samaranch, o antecessor do atual presidente do COI, era franquista de carteirinha, e João Havelange, na Fifa, se dava melhor com ditadores sul-americanos e africanos-, havia uma preocupação com o decoro que os fazia evitar gestos públicos como o de José Maria Marin na premiação da Copa São Paulo de futebol júnior.

Carlos Nuzman já dá sinais de ter entendido que a situação se complicou e tem piscado mais que o normal. Seu descontrole na entrevista final em Londres, sem saber que estava sendo gravado, comprova: “Não dá mais para fazer reunião e fazer merda. Tô de saco cheio, eu tô cansado, tô cansado de fazer merda. Me encheu”.

blogdojuca@uol.com.br

10 Comments

  • Tudo que vem do Juca precisa ser lido com calma. Com raras exceções ele acerta algo.

  • Temos que reconhecer: o continuismo dessa gente não fez bem ao esporte…

  • A maioria dos jornalistas esportivos é composta de gente que gosta (ou um dia gostou) muito de futebol mas que jamais participaram de uma partida oficial de futebol. Fazem comentários esdruxulos em que percebe-se claramente o desconhecimento da técnica do futebol. Outros aventuram-se em elocubrações táticas. Assistem os jogos mas não enxergam nada. Falam, falam e falam, inventam teorias, mas não dizem nada de útil. A maioria é assim. Uns mais badalados outros não. Uns mais emproados outros não. Fazem parte disse time: Juca Kfouri, Paulo Vinicius Coelho, Victor Birner, Flávio Prado, Renato Mauricio Prado, Vanderley Nogueira, etc. etc. etc.

    • Analise perfeita, acertou em todos os nomes, mas ainda faltam muitos “jornalistas” nesta lista…

      • É muito mais simples e curta uma relação daqueles que entendem alguma coisa.
        Se for para listar todos os abutres que falam muito e não sabem nada, vai faltar espaço na Internet toda para guardar tanta (des)informação.
        Queria até dar o primeiro nome e fazer minha contribuição para a lista daqueles que entendem, mas ninguém me vem à memória neste momento.

  • Claro que todo mundo sempre está de olho Citadini. Porém existe uma verdade nessa história, o bombardeio em cima do Teixeira se acentuou após o Morumbi ser deletado da copa.

    É bom não ignorarmos que muitos jornalistas até então, (exceto o Juca) omitiram-se por interesses claramente clubisticos.

    Foi só o Corinthians ser “empurrado” para conseguir o seu estádio, uma vez que corporativamente “nobres vereadores” saopaulinos impediram que o Pacaembu fosse cedido ao Timão,(prejudicando inclusive a cidade) que as metralhadoras, e lentes de aumento se viraram contra a CBF, Fifa e cia.

    É só pesquisar no google, e verificar a veracidade dessa omissão “seletiva” naquele periodo.

    Portanto, se houve um beneficio com a saida de RT da CBF, o crédito é todo do Corinthians.

    Não existe jornalista isento. Isso é utopia.

    • Esta ai um grande equívoco. Achar que o ex-presidente Ricardo Teixeira ” era contra o Morumbi”. Vamos esclarecer isso. O Morumbi nunca( digo, nunca) teria a menor condição de abri a Copa. A menos que o estadio fôsse “quase” reconstruido. O ex- presidente nada teve com o Morumbi. Queria outra Arena , ou então São Paulo ficaria fora da Copa.

      • Foi o que eu disse Citadini. Enquanto “achavam” que RT “apoiava” o panetone, esses “jornaleiros”, se calaram.

        Exatamente o que você também comentou em seu texto.”Só uns poucos – dentre eles o Juca Kfouri”.

        E eu digo, que os “outros” foram omissos. Não discordei em nenhum momento de seu comentário, pelo contrário, só reafirmei em “ficar de olho”.

        E, sua recomendação “Ficar de olho”, remete a seguinte conclusão, pelo menos é o que sugere o seu texto.

        Devemos ficar de olho para que não se repita, o que efetivamente está acontecendo com o atual presidente, torcedor, alinhado e “apoiado por dirigentes, jornalistas”(suas palavras).

        Ficar de olho! Meeesssssmmmoo!!!

  • E bota opinião atravessada nisso… eu mudaria a ordem para; algumas vezes ele acerta no que escreve, mas via de regra, suas opiniões são sempre atravessadas!!!

  • Eu não entendo por que até agora o Mano e o Sanchez não foram demitidos. O que o sr. Zé das medalhas está esperando?

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