Rumo ao Rio-2016
Medalha de lata
O Comitê Organizador queimou a largada nos trabalhos para os Jogos de 2016.
As cópias piratas (para usar expressão mais suave) de arquivos da Olimpíada de Londres formaram episódio constrangedor, humilhante e embaraçoso para os brasileiros, anfitriões da próxima festa mundial do esporte.
A demissão de dez supostos responsáveis pela atitude ilícita e deselegante não encerra o escândalo; apenas confirma a praxe de que são necessários bodes expiatórios, para livrar cabeças coroadas de cobranças e eventuais suspeitas.
Os bombeiros de plantão inicialmente não ligaram para a fumaça, provocada dias atrás pelo jornalista Juca Kfouri. A reação imediata foi a de ignorar a denúncia de que observadores patrícios haviam se apoderado de informações dos britânicos sem a devida autorização. Era melhor deixar a notícia esvair-se.
Tão logo perceberam que havia fogo, e este poderia alastrar-se, trataram de colocar em prática ações de emergência. Uma nota lamentou o ocorrido e informou que os culpados pagariam a conduta leviana com a perda do emprego. Nota adicional reiterou que agiram por iniciativa própria, sem o conhecimento dos superiores nem de “nenhuma outra liderança da Rio-16”. Só não foram demitidos por justa porque se entendeu que não houve intenção criminosa. Ou seja, não passou de um pecadilho, na avaliação dos dirigentes do COL.
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, classificou de “lamentável” a pilhagem cibernética, em nota publicada no site da pasta. Mas destacou que o Comitê agiu corretamente ao liberar-se dos funcionários levianos. Em determinado trecho do comunicado oficial, ressalta que foi um fato passado entre “entidades privadas”. No mais, vamos em frente que atrás vem gente. Como se, dessa maneira, esperasse limpar a mancha com uma suave ensaboada moral.
Não é assim, não. A história tem mais arestas soltas do que aparadas. A começar pela postura do governo. Ao frisar o caráter de empresa particular do Comitê Organizador, fica a impressão de que o ministro ensaiou não meter a mão na cumbuca e olimpicamente driblar a polêmica. COL e Comitê Olímpico Brasileiro são entidades privadas, mas de enorme interesse público. Muito mais agora, que recursos municipais, estaduais e federais são destinados, com generosidade, para a preparação dos Jogos Olímpicos de 2016. Portanto, o governo tem o dever de cobrar atitudes transparentes, de fiscalizar os movimentos dessas empresas. E como tem!
O comportamento de COL e COB é ainda mais estranho. O presidente das duas entidades, não por acaso a mesma pessoa, tinha de vir a público e prestar esclarecimentos no ato. Deveria ser o primeiro a falar, a dar a cara para bater, a ser cobrado. Esse o papel que se espera de uma liderança, já que assim é tratado no site oficial. No entanto, optou pelo silêncio, estratégia usada também pelo prefeito do Rio.
Ninguém explicou que arquivos eram esses, a quais equipes pertenciam os observadores trapalhões, de onde vieram, que cargos ocupavam e havia quanto tempo. Silêncio total, desmentidos oficiais e aposta na anestesia moral em que vivemos.
É sempre igual: explode um bafafá tremendo, grave e, na hora em que a lama ameaça sujar tubarões, se apela para o recurso do “eu não sabia”, “foi um bando de aloprados”, “agiram por iniciativa pessoal” e por aí vai, à espera do esquecimento.
O episódio desprestigia a cúpula da Rio-16 e mostra que começamos nossos Jogos com bela medalha de lata.
Antero Greco
(O Estado de S.Paulo, Esportes, 26/9/2012, p.E-2)
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Muita água ainda vai rolar, o que me incomada nisso tudo, é a quantidade de grana que será gasta nesses jogos olímpicos. Tomara que haja um retorno social para isso tudo…
Este, não somente lamentável, mas absolutamente vergonhoso episódio, reflete de maneira clara e insofismável a índole dos que tratam as coisas olímpicas no Brasil. O tal presidente, um aprendiz de Havelange no seu mais negro perfil, o prefeito do Rio, que adora dar tapas na cara da Paulistada, desta vez deu murro na cara de toda sociedade brasileria. Curiosamente, não vi ou li nenhuma declaração do seríssimo deputado Romário sobre o ocorrido.
Há circulando, vi no blog do Juca, uma carta de uma das pessoas demitidas pelo COB, onde mostra indignação por ser demitida como ladra, me parece ser sincera, essa moça poderia ser um caminho para a imprensa, desde que séria, percorrer o caminho ou descaminhos das pessoas que efetivamente cometeram esse crime, e principalmente a mando de quem.
Lembram do texto??????
“Mas quem gosta mesmo de tatu é a CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
E o gosto não é pela carne (cujo consumo é proibido), mas das reações do bicho quando sente qualquer perigo. Imediatamente se fecha como uma bola, depois vai pro buraco se esconder” hahahahahaha Vamos abrir uma campanha nova para o nome do Tatu Bola!!! Marin ou Nuzman ???????? Como diz a musica!!!! Se gritar pega o ladrão, não fica uma meu irmão!!!! hehehehehehe Vai Palestraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!
Escreveu Marcelo Damato no lance:
“A CBF, como qualquer entidade esportiva, é uma entidade privada, com autonomia de organização e funcionamento estabelecida pela Constituição. Um cargo na CBF nem de longe se parece com a função de um servidor público. Como abriu mão da isenção fiscal, a CBF tem o poder até de pagar salários a seus dirigentes. O José Maria Marin e o Marco Polo Del Nero, por exemplo, recebem cerca de R$ 130 mil mensais. Sobre conflitos de interesses, a questão é muito mais ampla. O presidente da FPF é conselheiro vitalício do Palmeiras. O presidente da Ferj foi presidente e é conselheiro do Bangu. O presidente da FGF foi presidente do São José, de Porto Alegre, e é um dos conselheiros mais poderosos, quase um presidente de fato. E o que acha do fato de os presidentes dos Conselhos Deliberativos de São Paulo, Corinthians serem desembargadores e isso ter acontecido com praticamente todos os clubes grandes do Brasil no passado (e possivelmente até no presente?)”
Estou achando muito estranho, pessoas como Romário repentinamente pedirem para a Presidente Dilma substituir até o técnico Mano Menezes.
Ué? Ela por acaso deveria se comportar como o ocupante do palácio na ditadura, convocando o Dario?
Daqui a pouco a Dilma vai atender a esses pedidos e escalar até a seleção brasileira.
Coitada! Estão jogando trossentos anos de incompetencia administrativa dos clubes de futebol, que mandam na CBF, nas costas dessa mulher, praticamente exigindo intervenção.
Beleza de democracia que conquistamos.!