Pesquisa Ipsos Marplan sobre torcidas.
por Emerson Gonçalves
Esse post, dividido em duas partes, vai mostrar os resultados da pesquisa do instituto Ipsos Marplan sobre o perfil das torcidas de futebol no Brasil, com destaque para as cinco maiores. Esse OCE, entretanto, trará o conjunto de informações dos 23 clubes listados, ampliando as informações que já foram divulgadas nos últimos dias.
O Ipsos é um dos maiores e mais importantes institutos de pesquisas do mundo, líder em estudos de mídia na Europa e America Latina. O Marplan foi fundado em 1958 e tornou-se uma das mais respeitadas empresas do setor no Brasil, tendo se juntado à Ipsos em 2001, passando a constituir a área especializada em estudos de hábitos de mídia e consumo. Eu, particularmente, tenho grande carinho pelo Marplan, pois comecei minha carreira em propaganda e marketing (depois de um estágio como “boy”) fazendo levantamentos dos “Estudos Marplan” para outras áreas da agência em que trabalhava em… 1970. Não, não sou velho, fui precoce.
No decorrer desses dois posts farei alguns comentários adicionais, explicando ou interpretando, na minha visão, alguns números.
Perfil das torcidas de futebol no Brasil
Preliminarmente, é fundamental o leitor entender que essa pesquisa foi realizada em 13 grandes praças, sendo 12 Regiões Metropolitanas e mais o interior do Estado de São Paulo. Seus dados, portanto, são válidos para essas regiões: Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Grande Recife, Grande Porto Alegre, Grande Salvador, Grande Belo Horizonte, Grande Curitiba, Brasília, Grande Fortaleza, Grande Vitória, Grande Florianópolis, Grande Goiânia e interior do estado de São Paulo nas seguintes cidades: Campinas, Jundiaí, Piracicaba, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Sorocaba. Apenas para deixar claro, mais uma vez, não é uma pesquisa de abrangência nacional.
O levantamento de dados foi realizado durante o primeiro trimestre desse ano e o universo compreendido pela pesquisa é de 50.119.000 pessoas, na soma das 13 praças. A distribuição das entrevistas, naturalmente, obedeceu a critérios proporcionais, tendo como base os dados oficiais do IBGE. Foram ouvidas 14.413 pessoas de ambos os sexos, com 10 anos ou mais de idade. Essa informação é importante, uma vez que somente a pesquisa Lance IBOPE trabalha com a faixa etária de 10 a 16 anos. As pesquisas do instituto Datafolha e outros são realizadas com pessoas de 16 anos ou mais, ao passo que a da Pluri trabalhou com 14 anos para cima. Isso significa que encontraremos diferenças razoáveis em relação às pesquisas Datafolha, em função da expansão da base etária pesquisada. Já o tamanho da amostra é excelente, muito acima do que seria o mínimo necessário.
Aqui vamos introduzir uma informação nova e interessante: a margem de erro para o total de universo é de 0,82 ponto para mais ou para menos, com um índice de confiabilidade de 95%. Considerando a amostra Torcedores, que correspondeu a 74% do universo, a margem de erro é de 0,71 ponto para mais ou para menos, com 95% de confiabilidade.
A primeira pergunta feita aos entrevistados foi simples: torce por algum time de futebol?
A partir dessa resposta, o universo passa a ser de 37.153.000 pessoas, todas elas torcedoras de algum time de futebol nas regiões compreendidas pelo estudo.
O passo seguinte foi determinar os times para os quais torcem essas pessoas e separá-las por sexo, classe sócio-econômica e faixa etária. As respostas permitiram identificar 23 diferentes times que foram declarados como de preferência dos entrevistados, que é o que veremos na próxima tabela, juntamente com a divisão por sexo.
Um ponto importante a observar nessa tabela é o grande percentual de mulheres declarando-se torcedoras do Corinthians, com uma participação 23,5% maior que a de homens, um percentual que foge muito à média, como mostra a tabela. Esse número será abordado novamente, um pouco mais adiante.
Cabe aqui uma observação interessante: nos primeiros meses de 2010, portanto dois anos antes da realização desse estudo que abordamos hoje, o IBOPE pesquisou a preferência futebolística dos moradores de doze regiões metropolitanas (o IBOPE não incluiu Vitória e considerou a Região Metropolitana de Campinas, que, nesse caso, foi incluída com outras cidades do interior paulista, como vimos acima), num total de 9.000 entrevistas. Vejam as diferenças e semelhanças:
A próxima tabela mostra a divisão das torcidas por classe sócio-econômica. As classes D e E são mostradas como uma só, uma prática já comum nas pesquisas de mercado. Uma observação atenta vai mostrar um ponto que esse OCE já destacou várias vezes: não há torcida “pobre” ou torcida “rica”.
Nessa tabela, temos a participação de cada time nas diferentes classes, considerando o total das amostras. Ou seja, trocando em miúdos e usando a torcida do Palmeiras como exemplo, vemos que 11% das pessoas que se declararam torcedoras de algum time e que estão incluídas na classe A, torcem pelo Palmeiras. Da mesma forma, outros 11% torcem pelo São Paulo, enquanto 13% são torcedores do Flamengo e 16% do Corinthians. Somando todos os percentuais da classe A chegaremos a 97%. Isso ocorre em função de valores muito baixos que não foram considerados, seja de times listados ou não listados. Se tomarmos a afluente classe B, por exemplo, veremos que 5% de seus membros são gremistas, ao passo que 22% são corintianos. Na classe C, 22% dos torcedores são do Flamengo, que tem 24% dos membros das classes D e E, contra 18% do Corinthians.
Importante: reparem no percentual que mostra o quanto cada classe representa sobre o universo: a maior é a classe C, com 47% de participação, seguida pela classe B, com 35%. As classes D e E somam 12% e a classe A tem um total de apenas 7% do universo. No frigir dos ovos, esses números, em termos práticos, mostram que não há torcida só de “pobre” ou só de “rico”. O perfil sócio-econômico é muito próximo, mesmo quando alguns percentuais em uma ou outra classe destoam da média. Para um anunciante, porém, alguns números, mesmo que aparentemente pequenos, podem fazer diferença, o que veremos em outro momento. Não custa lembrar que estamos falando das 13 regiões de maior economia do país e, sinceramente, não dá para dizer as “mais ricas”.
Veremos agora uma tabela importante, que mostra a participação de cada time nas diferentes faixas etárias. Reparem nos números das três maiores torcidas na faixa etária mais jovem.
Pois bem, acredito que todos foram direto à coluna da gurizada. Para um clube é importante atentar para esses números e lutar para aumentá-los, pois, em termos do dia-a-dia, eles significam crescimento e manutenção da força da torcida no futuro. Por outro lado, essa fase ainda encontra muitos jovens pouco “fechados” com o clube do coração. Naturalmente que isso é menos verdadeiro nos centros mais importantes, onde existem clubes tradicionais, importantes, com grande história, e onde é maior, também, a transmissão do valor familiar no tocante ao clube de futebol. Pela minha experiência, porém, essa manutenção de uma só paixão fica mais volúvel e sujeita a mudanças à medida que nos distanciamos dos grandes centros. Isso ocorre, basicamente, pela força da mídia, ou melhor, pela força de times vencedores que, por conseguinte, têm mais presença na mídia.
Novamente em minha opinião baseada no que vivi e no que conheço desse país, dois fatores já vistos podem ter influenciado a ascensão da torcida corintiana ao primeiro posto: o grande número de mulheres – principalmente – e crianças, duas categorias de público mais influenciáveis por resultados e pela presença na mídia. A presença de Ronaldo em campo e os títulos conquistados foram, muito provavelmente, os responsáveis diretos por esse crescimento.
Observação e correção: o nome de um dos times foi grafado de forma incorreta no material de divulgação, mas a correção já foi efetuada.
http://www.globoesporte.globo.com?platb/olharcronicoesportivo.
5 Comments
Leave a comment
Postagens Recentes
Arquivo
- September 2023
- January 2023
- September 2022
- August 2022
- January 2022
- November 2021
- April 2020
- December 2019
- November 2019
- January 2019
- February 2018
- January 2018
- December 2017
- November 2017
- October 2017
- September 2017
- August 2017
- July 2017
- June 2017
- May 2017
- April 2017
- March 2017
- February 2017
- January 2017
- December 2016
- November 2016
- October 2016
- September 2016
- August 2016
- July 2016
- June 2016
- May 2016
- April 2016
- March 2016
- February 2016
- January 2016
- December 2015
- November 2015
- October 2015
- September 2015
- August 2015
- July 2015
- June 2015
- May 2015
- April 2015
- March 2015
- February 2015
- January 2015
- December 2014
- November 2014
- October 2014
- September 2014
- August 2014
- July 2014
- June 2014
- May 2014
- April 2014
- March 2014
- February 2014
- January 2014
- December 2013
- November 2013
- October 2013
- September 2013
- August 2013
- July 2013
- June 2013
- May 2013
- April 2013
- March 2013
- February 2013
- January 2013
- December 2012
- November 2012
- October 2012
- September 2012
- August 2012
- July 2012
- June 2012
- May 2012
- April 2012
- March 2012
- 0
Categorias
- 2000
- 2012
- 2013
- 2014
- 2016
- Audiência
- Campeonato Brasileiro
- Campeonato Paulista
- CBF
- COB
- Confrontos Históricos
- Copa
- Copa do Brasil
- Copinha
- Corinthians
- Cultura
- Discursos na história
- Educação
- Esportes Olímpicos
- FIFA
- Futebol
- Gestão pública
- Legislação do Esporte
- Libertadores
- Marketing
- Mercado da Bola
- Mídia
- Música
- Opera
- Pesquisas
- Seleção Brasileira
- Torcidas Organizadas
- TV
- Uncategorized
- Violência
Esta pesquisa nem me surpreende. Eu já sabia que o TIMÃO era o dono da maior torcida. E na minha opinião, o maior desafio do CORINTHIANS será manter esse bom trabalho e organização. Dessa forma o TODO PODEROSO conquistará um título atrás do outro, sendo que a consequência disso será o aumento do número de torcedores. Outro fato que contribui, é a decadência do rival verde. Por exemplo: uma criança na faixa etária dos 7 há 10 anos, não irá torcer para um clube fraco que está acostumado a frequentar a segunda divisão. Está criança consequentemente torcerá para o CORINTHIANS, já que este frequentemente conquista campeonatos… Resumindo, até os rivais contribuem para o aumento da FIEL, devido a decadência na qual eles se encontram… HAHAHAHAHAHA
A FIEL É A TORCIDA QUE MAIS CRESCE NO BRASIL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
E aquele diretor de marketing deles falando que em pouco tempo superariam o corinthians em torcida…. de marketing ele entende muito, né…
[…] Pesquisa Ipsos Marplan sobre torcidas. […]
[…] Pesquisa Ipsos Marplan sobre torcidas. […]
Citadini,
esse é o resultado de um processo iniciado em 2008 e que ja está demonstrando frutos colhidos com a vinda de Ronaldo e cia e os titulos conquistados.
Mas tem um fator fundamental que esse tal de Emerson bambi não fala, que as mulheres tem um peso grande na geração de futuros corinthianos – eu tenho observado isso em todos os circulos de amizade que ja tive.
E o mais importante das pesquisas é que elas provam que já somos lideres tambem nas classes A e B, o que é muito importante para a venda de nossa imagem e de conquistas de patrocinadores.