Que vexame !
O futebol resistirá aos trapaceiros
por Ricardo Gonzalez
O futebol não foi derrotado por guerras – ao contrário, conseguiu acabar com algumas. O futebol superou intempéries e fenômenos naturais. O futebol seguiu em frente, mesmo com dirigentes nefastos, em vários países, que tentaram usá-lo como trampolim político – e financeiro. O futebol resistiu a crises das mais variadas naturezas, de conflitos sociais a programas de arrocho econômico. Por tudo isso, pela certeza de que o futebol é tão melhor do que tudo o mais e é eterno, confio que o futebol brasileiro vai sobreviver aos jogadores trapaceiros e aos técnicos e dirigentes que pisam no pescoço da mãe para se dar bem.
Mas essa “sobrevivência” é um processo em andamento. Estamos num ponto em que o futebol ficou muito chato. Não há uma rodada do Brasileiro em que não haja críticas a árbitros ou lances polêmicos. Será que ninguém se dá conta que o árbitro é um personagem que, sozinho, não pode ser capaz de desencadear tantos problemas? Árbitro é gente, em sua cabeça funciona um cérebro, não um chip de computador. Não bastasse o aumento brutal da velocidade do jogo, do número incontável de câmeras que colocam o telespectador em campo, o árbitro é o único elemento no Brasil que trabalha ao lado de 22 sujeitos cujo único intento é ludibriá-lo, é pressioná-lo, é tirar-lhe inteiramente a moral para comandar o jogo.
Isso cansa. Confesso-me farto de jogadores se atirando em campo, dobrando o joelho antes do zagueiro chegar na disputa. Reclama-se de tudo, das faltas contra e das faltas a favor. E não se reclama pouco. Reclama-se com um ritual de gestos e berros como se estivessem sendo punidos com a morte, ou como se lhe retirassem todos os bens a cada apito do árbitro. Tenho vergonha, como torcedor, como jornalista, como brasileiro, como ser humano, de ver esse festival de tentativas de levar vantagem ilegalmente, de ser o mais esperto, de mandar ética e fair play às favas. Fico estupefato a cada jogo do Brasileiro com o exemplo do pior tipo de malandragem que é dado às crianças que acompanham o futebol desde cedo.
Vendo os advogados do Palmeiras, vendo Barcos, vendo Gilson Kleina, fico pensando… Será que cada um deles teria coragem de olhar no olho de seus filhos pequenos e dizer: “Meu filho, eu ganhei com um gol ilegal. Com um gol com a mão. Eu tirei de meu adversário dois pontos que não eram meus. Eu mandei para o inferno da Série B um time de otários que cumpriram as regras e eu vou continuar na elite do futebol porque sou mais esperto do que eles.” Por que não fazem isso publicamente?
Mas ainda tenho fé. Isso é uma onda que vai passar. Talvez um dia meus colegas de mídia sejam menos covardes contra o árbitro e entendam que ele só poderá trabalhar melhor se não tiver trapaceiros a seu lado, e se a Fifa se modernizar e aceitar o auxílio da tecnologia. Mas mesmo que isso tudo demore, o futebol vai resistir.
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Vou entrar nesse post para defender o Palmeiras… O gol foi de mão, ninguém discute isso. O Barcos reclama que, no lance, sofreu pênalti! Isso ninguém discute também! Mas ninguém discutir, nesse caso, significa não a menor pelota para a reclamação do cara! E se observarmos o lance houve um abraço esquisito de um jogador do Cholorado nas axilas do argentino! Mas para mim o verdinho tem razão ao pedir a anulação da partida porque houve interferência externa na decisão do árbitro! Enquanto não existirem regras claras e árbitros reconhecidos por todos para determinar se, a atitude do árbitro de campo, ao decidir um gol, um impedimento, um pênalti ou seja lá o que for, foi ou não correta tal prática é inaceitável! Houve um Timão x verdinho em que o Tevez fez um gol legítimo, confirmado pelo árbitro e depois anulado por uma suposta falta do argentino segundos antes do gol. Quem soprou a existência da falta para o árbitro acho que foram esses 4.o, 5.o, 10.o árbitros que hoje existem ao redor do campo. Na época chiamos! Não era uma prática reconhecida o papel desses fulanos! Hoje é! Então é o que embasa meu juízo: mudou a regra? Ainda não! Então o verdinho está certo de reclamar de árbitro que muda de decisão por palpite de figura estranha à arbitragem! E na segundona não pode ter isso!!!