Nov 3, 2012

Voto obrigatório ou facultativo ?

44% não teriam ido às urnas em SP se o voto fosse facultativo

 

Se o voto não fosse obrigatório, 44% dos eleitores que foram às urnas escolher o prefeito de São Paulo no domingo passado afirmam que não teriam comparecido à votação, mostra o Datafolha.

O cenário não favoreceria nem Fernando Haddad (PT), que saiu vencedor com 56% dos votos válidos, nem seu adversário, José Serra (PSDB). Isso porque o percentual dos que deixariam de votar é semelhante entre eleitores dos dois: 40% dos que declaram voto no petista e 39% dos que votam no tucano.

Entre os que afirmam ter votado branco ou nulo, o índice dos que não teriam comparecido é bem maior: 77%. A pesquisa foi realizada no dia seguinte à eleição.

Se a indicação se concretizasse, a taxa de abstenção na cidade de São Paulo saltaria de 19,99% para 55,2%.

Na eleição de Barack Obama nos Estados Unidos, em 2008, por exemplo, a abstenção foi de 44%. Nos EUA, o voto é facultativo.

Dados da Justiça Eleitoral, no entanto, mostram que o índice de abstenção em São Paulo pode estar superestimado por falta de atualização no cadastro dos eleitores.

O cientista político Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC, diz que o dado, sozinho, “não indica se uma democracia está instável ou estável”. Ele cita como exemplo o alto comparecimento na eleição venezuelana. “Pode ser que a população esteja mobilizada politicamente, mas não em nome da democracia”, afirma.

No Brasil, o voto é obrigatório para as pessoas alfabetizadas que têm entre 18 e 70 anos. Quem não comparece nem justifica a ausência é multado em R$ 3,51. Se a multa não for paga, ficará impedido de participar de concursos públicos ou tirar documentos como o passaporte.

Editoria de Arte/Folhapress

PERFIL

O percentual dos que não iriam às urnas em São Paulo é maior entre os que dizem ter renda menor: 48% dos que ganham até dois salários mínimos ante 32% dos que recebem mais de dez mínimos.

A maior inclinação dos mais pobres à abstenção é um dos principais argumentos usados pelos que defendem a obrigatoriedade do voto. Para eles, a exigência é um estímulo para que essa parcela da população seja contemplada nas propostas.

Defensores do voto facultativo, no entanto, afirmam que a obrigatoriedade faz com que eleitores escolham sem conhecer as plataformas dos candidatos em quem estão votando.(PAULO GAMA)

www.uol.com.br

Blog do Citadini: A Folha, como sempre, lê a pesquisa nos pontos que interessa a sua tese. A manchete poderia ser: Maioria é a favor do voto obrigatório. Como o jornal defende- e não é de hoje- o voto facultativo sua leitura é para reforçar a tese.

Defendo o voto obrigatório há muitos anos e não vou entrar nesta “fase libertária” que agita as pessoas por ai. O voto obrigatório é filho direto do alistamento obrigatório (quer dizer o título eleitoral) . É este sistema de obrigatoriedade do alistamento que mantém no Brasil a eleição limpa. Sem golpes, fraudes etc.

Em países onde não há o voto obrigatório o alistamento eleitoral é facultativo. Isto é, até quase o dia da eleição, você não sabe quem pode ir votar. E aparecem todo tipo de sacanagem na lista de eleitores. É o que ocorre nos Estados Unidos. Um Estado atrás do outro vive lutando com todo tipo de irregularidade eleitoral. É por esta razão que não adotam o voto em máquina. O sistema brasileiro só é posivel porque temos um alistamento obrigatório e cada secção  sabe quem são os leitores.

Com o voto facultativo isso acaba. Termina , também, o voto na máquina e voltaremos a contar voto de papel. E sofrer com  as fraudes que ele pode trazer.

Ninguém esquece o ridículo da primeira eleição do presidente Bush na Flórida. E isso continua. Veja as confusões do alistamento na eleição dos EUA nos dias atuais.

O voto obrigatório é um dever e é mais democrático porque com ele vem a eleição limpa. O voto facultativo escancara o processo a todo tipo de fraude. 

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