Futebol e grana .
A dupla Gre-Nal na segunda divisão!, por Luiz Fernando Oderich*
Nov 08|13:54
Esse será nosso triste destino. Perguntarão: onde ficaram aqueles tempos de glória em que ambos conquistaram o mundo? Por trás do futebol, há a pujança econômica de uma região e o Rio Grande do Sul afunda.
Não é apenas a perda da BMW para Santa Catarina. Estive há pouco tempo em Pernambuco, um fervilhante canteiro de obras, e é voz corrente no comércio, que mais de cinquenta novas fábricas estabelecem-se por lá. O desenvolvimento é tão grande que o governador tem uma popularidade absurda.
Nós ficamos cantando glórias passadas. Sacrificamos o presente e o futuro para honrar um equívoco do passado. Mais de 50% da receita do Estado é destinada ao pagamento dos aposentados. Outro naco importante paga uma dívida gerada pela dificuldade passada em honrar salários.
Quando as leis foram criadas, havia uma previsão atuarial para justificá-las. Depois Ele nos deu mais tempo de vida. Deus é o neoliberal, ao aumentar nossa expectativa de vida. Isso geraria três alternativas – trabalharmos mais tempo, aumentarmos a taxa de contribuição ou diminuirmos nosso ganho depois de aposentados.
Os deputados conseguiram criar uma opção pior. Não fazer nada. Desse modo, agora não é possível pagar corretamente quem trabalha. Tiramos verbas da educação, da segurança, da saúde, da infraestrutura, para pagar quem descansa. Os servidores inteligentes entenderão que não sou contra eles. O futuro que se nos avizinha é o da Grécia, onde nem isso é possível.
Os equívocos não param por aí. Impedimos o surgimento de criação de camarões no litoral. Animal exótico? Tão exótico quanto o cavalo, a galinha e a ovelha. Enquanto isso, deixamos crescer uma favela na cabeceira do aeroporto. Porto Alegre expulsa suas indústrias, mas não consegue tirar do chão nosso “Porto Madero”. Construímos “espaços culturais” que, para funcionar consomem recursos públicos, e temos um ridículo centro de exposições que poderia gerar empregos. Deixamos morrer nosso comércio de rua, que tem a nossa cultura, por falta de estacionamento. Os americanos são claros “no parking, no business”. Nossa falida economia não consegue manter times do interior nas séries B e C.
Um craque de futebol, cheio de regalias, lota os estádios. Ao redor do estádio lotado gravitam pipoqueiros, taxistas e restaurantes. Trazer uma grande indústria é trazer um craque. É riqueza.
Desculpem-me os que pensaram que eu falaria de futebol.
* Luiz Fernando Oderich é Presidente da ONG Brasil Sem Grades
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