Apr 10, 2012

Mazzaropi, Adoniran e o desempate

 

(Reprodução)

Até nossos adversários reconhecem que a maior força do Corinthians é sua imensa torcida.
Com grande presença social entre as camadas populares, o Alvinegro avança pela classe média e  é a maior força, até entre os ricos. Este fenômeno, que permitiu a um time de operários, da periferia e  sem patrimônio financeiro, tornar-se – em um século – a potência que todos sabemos, é  um fato ainda pouco estudado. Muitos foram protagonistas,  ajudaram  nesta vitoriosa caminhada: jogadores, ídolos, dirigentes, escritores, políticos, torcedores (famosos ou não). Há um mundo de situações que explica este crescimento do time que começou no Bom Retiro.

Destaco, hoje, dois grandes corinthianos, que muito ajudaram o Corinthians a ganhar a popularidade que tem nos dias atuais: Mazzaropi e Adoniran.
Foram valentes propagandeadores do Timão no meio da população, especialmente entre os mais pobres. Muito da adesão de novos torcedores foi obra destes dois gênios. Esta dupla tem muito em comum, além de seu fanatismo pelo Corinthians: eram de São Paulo, filhos de imigrantes italianos e foram brilhantes em sua arte.
Os dois traziam a marca do Corinthians.

Mazzaropi nasceu em São Paulo (em 9 de abril de 1912) teria completado, no dia de ontem, 100 anos.
Nasceu praticamente quando o Timão começava na Várzea, com garra e mais garra.  Começou no circo,  mas trabalhou em tudo: rádio, TV, cinema, além de um mundo de apresentações que hoje seriam chamadas de stand-up.
Quer dizer: contava piadas sozinho nos palcos, mas com graça e criatividade, não como fazem muitos dos atuais artistas desta onda, infestada por piadinhas (sem graça) de verve americana. Mas seu grande campo de  sucesso foi o cinema. Em cada lançamento de seus 32 filmes, reunia sempre uma multidão no cinema Art Palácio, na  Av. São João, centro de São Paulo.
Em 1966, lançou seu famoso “O Corinthiano”, até hoje um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema nacional. O filme, feito em período de grande dificuldade  do Timão, tem cenas de jogos reais, em que aparecem Rivelino e Dino, estrelas do Alvinegro. Seu Manoel, um barbeiro, corinthiano fanático, entra em conflito o tempo todo com seus vizinhos palmeirenses. Sobra até para a mídia da época, que atacava o Corinthians como o jornalista Geraldo Bretas (“venceu, mas não convenceu”, dizia o radialista em seu bordão). O sucesso de Mazzaropi com o povão, especialmente nos anos 1940, 50 e 60, muito ajudou na expansão de nossa torcida.
Viva, grande Mazzaropi!

Adoniran Barbosa, como Mazzaropi, era de São Paulo, onde nasceu em 6 de agosto de 1910.
Quase junto com o nascimento do Timão. Também era filho de imigrante italiano (chamava-se João Rubinato), e trabalhou em quase tudo. Atuou no rádio, televisão, cinema,  mas seu forte foi a música. Compositor fantástico, assumia seu corinthianismo por todo lado. Criou o personagem “Charutinho”, na Rádio Record, com notável sucesso. Tratava-se de um corinthiano, morador do Morro do Piolho, o primeiro maloqueiro e sofredor, que ganhou a simpatia de toda a cidade. Especialmente entre a população pobre que acompanhava todas as participações daquele genial “Charutinho”. Arrastou para o Timão uma legião de torcedores. Viva, grande Adoniran!

Lembremos que o período que vai de 1940 a 1960 é decisivo para a definição do time com a maior torcida em São Paulo. Com a chegada da industrialização e seus operários (do Nordeste, na sua maioria) a cidade sofre uma brutal mudança. E o futebol também. A briga entre Corinthians e Palestra (dois times de origem italiana numa cidade onde 70% era de italianos ou seus descendentes) foi inesquecível. A utilização do Palestra pelos adeptos do facismo trouxe dinheiro e riqueza a sua agremiação, mas cobrou um alto preço. Vincular-se a ideias racistas e retrógradas deixara um campo aberto para seu rival (o Corinthians) receber levas e levas de imigrantes que por aqui chegavam para construir a nova metrópole. Aí o jogo desempatou e o placar nunca mais mudou. E para isso Mazzaropi e Adoniran foram muito importantes. Que vivam para sempre estes dois gênios!

E o triunvirato?

Quando o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, renunciou e deixou o país, a Folha publicou que a entidade seria dirigida por um Triunvirato.
Marin (seu formal presidente), Del Nero (da Federação Paulista) e Andrés Sanchez (diretor de Seleções). Acho que a Folha tinha lá suas fontes para informar com tanta certeza e precisão. Mas hoje, pelo que leio na Folha, a história de “triunvirato” ficou só naquela matéria. Marin vai compondo por todo lado, nomeando um aqui, outro ali, até sem avisar o nomeado. Surpresa? Pode ser. Mas apenas para os que acreditavam que, com a saída do presidente Teixeira, nada mudaria.  Mas a frase do atual presidente sobre o ex indica algo: “Não dei nem boa Páscoa para ele”. Para que lado vão andar as coisas, pouco sabemos. O que definirá o futuro serão os acordos para Marin consolidar o Poder.
E muita gente vai perder o sono nos próximos meses.

13 Comments

  • Citadini esse blog de hoje dará um ótimo livro. É uma explicação muito boa da nossa grandeza, e um tema para tese de estudantes de jornalismo ou sociologia. O seu livro NECO tinha várias referências históricas, esse novo livro também com referências será oportuno para explicar a nova geração e essa mídia de antis, porque chegamos a ser a maior torcida. Se por acaso tem conhecimento de algum livro publiucado sobre esse tema, favor mencionar no blog. Parabéns.

    • No Brasil,infelizmente, livros de futebol são coisas raras.Isso precisa mudar.

  • Parabéns por escrever mais um excelente texto Citadini. Você resume bem através das palavras a essência do que é ser corintiano, como ao explicar os motivos que fizeram com que a torcida do CORINTHIANS crescesse mais que a do Palestra.
    Com relação ao Mazzaropi e ao Adoniran Barbosa, eu concordo com o que você escreveras. Ambos são gênios, e este fato é inquestionável.
    O primeiro, soube fazer humor como poucos neste país, fazendo com que as pessoas rissem de suas piadas, sem que ao menos fosse preciso desferir uma palavra de baixo calão ou ofender a terceiros ( coisa que a maioria dos chamados “novos humoristas” não sabem fazer ). Lembro-me que fiquei fascinado ao assistir ao filme “O Corintiano”. Além do humor de primeiríssima qualidade já mencionado, eu me identifiquei bastante com o personagem “Seu Manoel”, torcedor fanático do alvinegro de Parque São Jorge. E verdade seja dita, qual corintiano não se identificaria com esse personagem?
    O segundo, merece ser reverenciado por todos os que apreciam a boa música. Através de tal arte Adoniran Barbosa criou personagens, descreveu a magia que existe na cidade de São Paulo, além é claro de nos encantar com os seus belos versos.

    • São dois gênios. E ajudaram muito o Timão.

  • Mazzaropi, que saudadesss!!!! Lembro-me do filme o Vendedor de Linguiça!!! Muito legal!!! Mas para não esquecer!!! Já se passaram um século e nada de Libertadores!!! hahahahaha
    Marin!!! Nomeou a Presidenta do Flamengo para presidir a Seleção Feminina!!! Tá atirando para todo lado!!! O Andrés será Presidente do mundial de carteado!!! rsrsrsrsrsrsr E, “tamo” juntos!!!!!

  • Eu comprei esse DVD “o corinthiano”. Tenho 34 anos hoje, e lembro que por volta dos meus 13/14 anos, passava na TV a sessão mazzaropi. Nostalgia…

    • A TV Cultura de São Paulo passa, com frequência, os filmes de Mazzaropi.

  • vou ver se acho esse filme (“o corinthiano”) pra alugar.. Ê, Mazzaropi!!

    • É um belo filme.

  • Citadini, parabéns pela reverência a esses dois gênios ! Aliás, não querendo ser repetitivo, está sendo prazeroso ler seus posts. Os textos são muito bem abordados e diferentes de todo o lixo que aparece nos jornais atualmente.
    Tive o prazer de assistir “O Corinthiano”. Bons tempos em que a rivalidade era tratada com bom humor e a violência máxima era um singelo xingamento sem maiores consequências. Quero lembrar que a Eliza – nossa torcedora símbolo dos anos 40 até os anos 80 -, também tem participação.
    Nós corinthianos temos mesmo que nos orgulhar de pessoas que engrandecem o clube através de seu trabalho. Nos dias de hoje, Toquinho é um grande exemplo, né ? O fato é que nossa história é linda, única e incomparável. Nascemos de um sonho e nos tornamos Gigantes, graças à nossa maravilhosa torcida.
    Quanto ao Marin. ah… não se esqueça que estamos tratando de um verdadeiro “rato da política”. Ele não dá ponto sem nó. Perto dele Ricardo Teixeira é aprendiz.
    Abraços

    • Vc lembrou bem. A Eliza é inesquecível.

  • ENTÃO ESTÁ EXPLICADO PORQUE É A MAIOR TORCIDA DE SÃO PAULO, O MAZZAROPI CONSEGUIU ATRAIR OS GAYS E MARGINAIS. E AQUELES QUE NÃO SE INCLUI NESTA DUAS CLASSES, SÃO REVOLTADOS POR TER OPTADO EM TORCER POR UM TIME QUE NÃO É NADA DAQUILO QUE DIZEM. OU SEJA, FORAM ENGANADOS QUANDO INDUZIDOS DESDE PEQUENOS A TER PAIXÃO POR UMA COISA MENTIROSA. JÁ REPAROU COMO CÚ-RINTI-ÂNUS SÃO CHATOS,IGNORANTES.

    • Não precisa usar letra grande. No futuro, se continuar, será deletado.

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