Apr 13, 2012

Sexta-feira 13


(Marc Chagall. “Paris através da janela”, óleo sobre tela, 1913)

Para muitos sexta-feira 13 é um dia de azar e infortúnio.
Esta história teria seu início na ordem secreta do Papa Clemente  V, para a destruição da Ordem dos Templários. Por solicitação do Rei Felipe IV da França,  o  Sumo Pontífice emitiu uma bula secreta, fixando uma certa sexta-feira, dia 13, em 1307, para o ataque final e extermínio aos Templários. O Rei ficou com o patrimônio da ordem e a Igreja com o prestígio (e também a grana).  A partir deste fato,  a sexta 13 ganhou a má fama que tem até hoje. Assim, o dia 13 é propício para o azar.
Já o dia 12 é seu oposto. Ali é sorte e alegria. Doze seria o número da completude: 12 meses do ano, 12 tribos de Israel, 12 apóstolos de Jesus, 12 signos do Zodíaco.
Enfim, é o dia da felicidade.

O futebol é um mundo de misticismos e superstições, onde o dia 13 não está perdoado. Mas não creio que a torcida do Flamengo passe a acreditar – a partir de ontem –  que dia 12 seja dia da sorte, e  13,  de azar. O que ocorreu não deixa dúvidas.

Mas esta cultura mística, carregada com todo tipo de história, é uma constante no futebol brasileiro.
Ninguém se esquece que o Brasil eliminou a camisa branca  após a derrota da Seleção em 1950 , no Maracanã. Quando, em 1958, a Seleção não poderia jogar a final com a “canarinho” (a Suécia tinha a preferência e sua camisa oficial era amarela), foi proposto jogar com o velho uniforme nº.2, a tal camisa branca. Didi – o chefe da Seleção – disse não. Por mais que o psicólogo da Seleção explicasse que aquilo era superstição, bobagem, etc, o time rejeitou. A situação estava no impasse e a Direção da Seleção resolveu o caso com uma solução tão mística como a rejeição do branco:  o time jogaria com uma camisa (comprada às pressas)  de cor… azul, a mesma cor do manto de Nossa Senhora da Aparecida, segundo palavras dos Diretores. Foi uma solução marcada pela superstição. E o Brasil foi campeão!
Mesma sorte não teve o Palestra que, na partida final do famoso Campeonato Paulista de 1954 (ano do Quarto Centenário de São Paulo), por orientação de um pai-de- santo, trocou a cor de  sua camisa e o Presidente engessou a perna, embora nada tivesse. Não deu sorte. O Corinthians foi o campeão daquele que é o mais famoso de todos os campeonatos de São Paulo.

Nas últimas décadas os “despachos”, “trabalhos”  feitos por religiões de origem africana, perderam (um pouco) seu espaço. Foram substituídos pelos católicos (nenhum Clube deixa de rezar o pai-nosso e ave-maria antes do jogo)  e pelos evangélicos, que surgiram com seus “atletas de Cristo”. Mas tanto em um como no outro está presente uma forte dose de misticismo e superstição. Invocar um santo ou fazer uma promessa, como fazem os católicos, é também aceitar sua mística.  Como também os evangélicos (especialmente este novos pentecostais), que revivem hoje práticas que Calvino e Lutero mandariam para a fogueira: óleo santo, meia consagrada, terra de Israel, porta da salvação, etc, tudo é uma superstição geral que a Reforma Protestante tanto condenou e que os evangélicos de hoje reconstituem.

Mas no futebol  azar, sorte, figa  e tudo mais são presenças constantes. Para os que acreditam ou não.

 

11 Comments

  • Citadini, só faltou dizer que NADA disso funciona se o time não jogar futebol. É incrível como alguns depositam toda sua fé em algo abstrato (digo abstrato porque sem dúvida Deus tem muito mais coisa que fazer do que ajudar esse ou aquele time/jogador) e não percebem que se o time não fizer a parte dele, não adianta nada.

    • Precisa o time jogar. Ai resolve.

  • Quem acredita em DEUS, como eu acredito, não pode nem cogitar essas coisas de misticismo. Como aliás, têm um charlatão aí em SP que vira e mexe é cogitado para fazer “rezas”, e tal para técnicos, dirigentes, etc. Como podem acreditar num sujeito daquele?

    • Muitos acreditam. E muito.

  • Com relação ao pai-de-santo que fez um “trabalho” para o palmeiras na final de 1954, com certeza ele era corintiano, porque deu tudo errado para eles e o TIMÃO sagrou-se campeão neste ano. hahahahahaha

    • Deu tudo errado mesmo.

  • Citadini, e essa história que saiu no blog do Perrone de hoje sobre o Fiel Torcedor ter direito à voto nas eleições? Merece post. Olha, eu queria uma discussão sobre torcedores de fora de SP. O corinthians têm milhares de torcedores fora de SP. Eu sou de Maringá-PR, o clube deveria têr mais ações e presença aqui no Estado, que têm muito corinthiano… Isso Também merece um post

  • Se “trabaio” funcionasse mesmo, o campeonato baiano terminava sempre empatado.

  • hahahaha Será que aquele jogo da Libertadores foi num dia 13!!!! Marcelinho, o pé de anjo bate o pênalti e São Marcos defende!!!rsrsrsrsrsr Será que foi no dia 13 ou 12?????? Não importa!!!! Mas, que até hoje vcs. não engolem !!!Não engolem!!!rsrsrsrsrsrsr

  • Citadini,
    Gostaria que você fizesse uma abordagem “diferente” sobre nosso estádio. Eu, confesso que estou empolgadíssimo com o andamento das obras; Mas… gostaria de saber sua opinião. E sobre a “FAZENDINHA”. O que será feito lá ? Como importante conselheiro você poderia ampliar as expectativas, pois não ?!
    Abraços
    P.S. Hoje foi finalizado o reposicionamento dos dutos. Em que será que a”imprensa maldita” vai se amparar agora ?

  • Citadini, sobre a baixaria entre o Kajuru e o Blog do Paulinho, seu nome foi envolvido de maneira depreciativa, não irá se posicionar?

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