Apr 17, 2012

O Estado pode mudar o futebol

 

(Djanira da Motta e Silva) (Reprodução)

Durante décadas, os clubes de futebol, as Federações e os Dirigentes alimentaram a balela de  que a Constituição garantia a eles “autonomia” e poderiam fazer o que quisessem.
Sem qualquer controle do Estado. Era, segundo os Dirigentes, um mundo auto-regulado, sem interferências de ninguém. Diziam-se “entidade privadas”, imunes a qualquer controle ou regulamentação. Uma parte significativa da mídia entrou nesta lorota, que era um dogma do futebol. Com esta  “interpretação criativa” da cartolagem chegou-se  a dizer que não poderia haver CPI sobre o Futebol, pois a autonomia seria atingida.  
Puro equívoco.

No último dia 23 de fevereiro, o Supremo Trinal Federal, enterrou – de uma vez – este conjunto de ideias malucas dos Dirigentes. Ao julgar a constitucionalidade do Estatuto do torcedor, o STF disse que o Estado pode legislar sobre Futebol e tudo mais. Não poderia ser diferente. Aquela autonomia das entidades, de que fala a Constituição de 1988, é mero instrumento ou meio para a concretização do esporte, definido como direito do cidadão. A ideia de que a regulamentação do Poder Público é uma “interferência estatal no funcionamento das associações desportivas” caiu por terra.
E mais , o Estado pode e deve regulamentá-las.

Hoje, em longa entrevista no Estadão, o Ministro Aldo Rebelo diz que o que mais incomoda o Governo é a ” perpetuação de cartolas no comando das entidades”.
Períodos de “10, 15, 20 anos de uma pessoa na mesma cadeira são considerados um abuso”. Entre outros pontos, este fará parte de um conjunto de normas e diretrizes que regulamentará a Gestão de Clubes, Federações e Confederações. Viva! O Governo, finalmente, entendeu que pode mudar o Futebol. E, após a decisão do STF, caiu por terra qualquer pretensão “independentista” do esporte. Será uma grande revolução se o Governo inovar e estabelecer normas para o estatuto das entidades desportivas.

O fim da reeleição de Dirigentes deve ser um objetivo claro. Sugiro que seja adotado o modelo do Corinthians: os dirigentes têm um mandato de 3 anos, sem reeleição, somente podendo recandidatar-se após 2 gestões. Isto deveria valer para Clubes,  Federações e Confederações. E também deveria estabelecer novas normas de transparência e controle destas entidades. Seria uma revolução e tanto no Esporte brasileiro.

Devemos lembrar que os problemas no Futebol são de menor grau quando comparados aos de  outras modalidades. No Futebol, o torcedor e a opinião pública estimulam mudanças, especialmente em clubes grandes. Em outros esportes olímpicos o quadro é desolador. Veja-se o COB, onde há mais de décadas e décadas segue o domínio do Sr. Nuzman. Nas Federações não é diferente.

O Ministro Aldo Rebelo poderá fazer uma revolução.
E será um marco no Futebol. O Estado pode mudar o Futebol. Só é preciso querer. Nas últimas décadas, os Ministros da área queriam ser paparicados pelos cartolas. E isso os Dirigentes esportivos  sabem fazer muito bem. É trocar festas e elogios por uma revolução. Vamos torcer para que o Ministro faça a sua.
O Futebol agradecerá.

11 Comments

  • O estatuto do corinthians foi um marco e tanto para se modernizar o futebol. Por falar em “marco”, leio nos sites em geral sobre a acusação que Oscar faz do ex dirigente Marco Aurélio Cunha, do “SPFC”. Peraí, eu escrevi “do SPFC”. Bom, então convido a todos a entrar agora no youtube e digitar a seguinte expressão: “marco aurélio cunha santista”. Divirtam-se com o que vocês vão ver, num vídeo de 9 segundos (ou para facilitar, têm o link abaixo). Abraços.

    http://www.youtube.com/watch?v=ne1Q6B8L54Y

    • O Estatuto foi um grande passo.

  • O primeiro nome que ele quer chamar para o grupo de tutela é do Belluzzo, ótimo quadro da economia nacional, mas pior dirigente que vimos nos últimos 20 anos.

  • João, o MAC trabalhou um bom tempo no Santos, assim como no Figueirense. Ele sempre afirmou ter carinho por esses times, mas não dá para negar que ele é são paulino.

    • Este `e o problema de dirigentes remunerados.

  • Viva! Sou a favor der instituições livres, de direitos de propriedade e da liberdade para a direção de empresas, entidades e grupos. Porém, a liberdade é um tanto mais complexa e é bem diferente do desleixo que muitos atribuem a ela. Como dizia Sócrates, o filósofo, Liberdade sem controle é excesso de servidão. No caso do futebol a liberdade sem controle estava levando nossos clubes a serem servos de seus donos. Aliás, clube nem dono tem. Pelo menos não deveria ter.

    • Vamos aguardar a projeto do governo.

  • De fato, o estatuto do CORINTHIANS é um bom exemplo que merece ser seguido pelos demais clubes, federações e confederações. Torço para que o Estado possa mudar o futebol e acabar com esse regime ditatorial que permeia tal esporte. Já que vivemos em um país democrático, não vejo o por que do esporte bretão não seguir o mesmo caminho.

  • Sobre COB e Olimpiadas esquece Citadini. A Record comprou. Não haverão criticas, e se houver a amenidade será priodidade.

    O negocio é bater no Corinthians. E esse negocio de reeleição proibida no Corinthians, pegou muito mal no “meio” dos antis.

    Tocam de leve no assunto, e tangenciam para outro lado.

    Pode desistir.

    • A proibição de reeleição pra qualquer cargo de direção nos clubes, federações e confederações é da maior importância.

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