Mar 26, 2013

Um problema interminável

Morte de Boris Berezovsky não muda investigação sobre MSI/Corinthians

Gustavo Franceschini
Do UOL, em São Paulo

A morte de Boris Berezovsky, um dos principais acusados do processo, não vai afetar a apuração dos crimes da parceria MSI/Corinthians. Consultada pelo UOL Esporte, a procuradoria do Ministério Público Federal confirmou que os demais réus seguem passíveis de condenação por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Boris Berezovsky foi encontrado morto em seu apartamento no último sábado, em Londres, em circunstâncias misteriosas. O russo estava trancado por dentro no banheiro de sua mansão em um bairro rico da capital inglesa.

A polícia descartou qualquer contaminação por produto químico ou radioativo e também não trabalha com a hipótese da participação de terceiros. Com isso, restam as opções de suicídio, inflamada por depoimentos de ex-sócios do empresário que relatam que ele estava com depressão, ou uma morte ocasional.

  • Se ficou conhecido no Brasil por seu envolvimento com o escândalo MSI/Corinthians, o oligarca russo Boris Berezovsky em muito diferia de seu ex-protegido transformado em inimigo, Roman Abramovich. Enquanto o último ganhou notoriedade em 2003 ao comprar o Chelsea, a fama do primeiro foi construída em torno de um relacionamento acrimonioso com os centros de poder em Moscou, sobretudo o presidente Vladmir Putin.

    As ligações perigosas de Berezovsky, por sinal, são a principal razão pela qual a polícia inglesa cercou de cuidados especiais a investigação sobre a morte do oligarca, cujo corpo foi encontrado no interior de sua mansão, em Ascot, um rico vilarejo no entorno de Londres, na tarde deste sábado. Agentes de uma divisão de elite da Scotland Yard, especializada em situações de risco químico e radioativo, fizeram uma varredura do imóvel, por exemplo. Leia mais

Nenhum dos possíveis resultados da investigação da polícia britânica, porém, alterarão os rumos do processo que corre no Brasil. Boris era acusado de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha ao lado de outras sete pessoas, entre eles Kia Joorabchian, homem-forte da parceria MSI/Corinthians no Brasil, e o ex-presidente do clube, Alberto Dualib.

O processo está em andamento na 6ª Vara Federal de São Paulo e vários depoimentos foram colhidos nos últimos meses. Boris Berezovsky falaria à Justiça brasileira de Londres, em um interrogatório feito por meio de carta rogatória. A defesa do russo no Brasil não foi encontrada para confirmar se ele chegou a dar sua versão dos fatos.

Boris é apontado pela acusação como o principal responsável pela parceria, que geriu o futebol do Corinthians de 2005 a meados de 2007 e participou de transações milionárias como as de Carlitos Tévez e Javier Mascherano. Segundo a procuradoria, a única mudança no processo é a óbvia extinção de punibilidade do russo.

Os responsáveis pela investigação pedirão à Justiça inglesa documentos que comprovem a morte de Boris Berezovsky e depois a tendência é que o processo entre nas diligências finais. Se os papéis chegarem rapidamente, há até a expectativa de que o caso corra com agilidade superior àquela esperada anteriormente. Desde o ano passado, a defesa de Kia Joorabchian argumenta que o real investidor da MSI não era Berezovsky, mas sim o também russo Rafael Filinov.

Ex-parceiro comercial de Berezovsky em diversos empreendimentos, como mostrou o UOL Esporte, Filinov prestou depoimento na Rússia, no ano passado, também sob carta rogatória. A defesa argumenta que o dinheiro investido tinha origem legal, o que derrubaria a tese da acusação de que houve lavagem de dinheiro e a consequente formação de quadrilha, mas a versão não foi totalmente aceita por quem acompanha o processo de perto.

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1 Comment

  • Isso não tem nada com o Corinthians, por favor.

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