Apr 5, 2013

Alô Bolívia II

Ficha suja prejudica quatro dos corintianos detidos na Bolívia

Corintianos com antecedentes criminais deverão ter mais dificuldade para deixar a cadeia em Oruro

Gonçalo Junior – O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO – Quatro dos 12 corintianos presos na Bolívia, acusados de envolvimento na morte de Kevin Beltrán Espada, têm antecedentes criminais e por isso devem ter mais dificuldades para conseguir a liberdade provisória solicitada pelos advogados de defesa.

Situação dos torcedores corintianos que estão presos em Oruro deve demorar para ser resolvida - Daniel Rodrigo/Reuters
Daniel Rodrigo/Reuters
Situação dos torcedores corintianos que estão presos em Oruro deve demorar para ser resolvida

 

A documentação foi encaminhada pelo Ministério Público de São Paulo à Justiça boliviana no início da semana e está sendo analisada pelo fiscal de investigação Alfredo Santos. O vídeo que identifica o autor do disparo e a confissão feita pelo menor de idade no programa Fantástico, da Rede Globo, enviados espontaneamente pelo Brasil, não foram incorporados ao processo de Oruro. “Não há relevância esses materiais. A justiça boliviana não considera a confissão como prova”, explica o fiscal boliviano responsável pelo caso.

Dentre as quatro fichas com antecedentes – todos relacionados a violência nos estádios – está a de Tadeu Macedo de Andrade, tesoureiro e um dos líderes da torcida Gaviões da Fiel.

Independentemente dos antecedentes, Cleuter Barreto Barros e Leandro Silva de Oliveira são acusados de serem os autores materiais da morte de Kevin, já que foram encontrados com sinalizadores. Os outros dez foram indiciados como cúmplices.

PRAZO INDEFINIDO

O desfecho do caso deve demorar, indicou nesta quinta o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota. Pela primeira vez o chanceler sinalizou que há confiança das autoridades brasileiras na inocência dos detidos.

“Uma vez comprovada a inocência, aquilo que acreditamos que será o desenlace, queremos garantir a libertação dos nossos concidadãos e que o processo seja célere”, disse Patriota na audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Os deputados que foram à Bolívia prestar solidariedade aos presos e pedir agilidade nas investigações concordaram com a avaliação do chanceler.

“Tivemos uma boa evolução na sensibilização da Justiça boliviana em relação à necessidade de tomar decisões de maneira mais ágil”, disse o deputado Carlos Zarattini (PT/SP). “Mas não temos nenhuma garantia em relação aos prazos”, lamentou.
“Ainda teremos um longo caminho pela frente. O primeiro passo é resolver o problema penal e tirá-los da cadeia. Depois, vamos resolver o retorno ao Brasil”, disse o deputado Jefferson Campos (PSD/SP).

ADIAMENTO

A reconstituição do crime de Oruro não será mais realizada segunda-feira. Os corintianos vão ao estádio apenas para contar sua versão dos fatos em um processo que se chama “inspeção” na Bolívia.
“Pela lei boliviana, a reconstituição do crime só é feita no final da investigação, quando todos os fatos já foram comprovados”, diz Alfredo Santos.

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