Apr 16, 2013

Ritmo lento

Inspeção ocular da morte de Kevin deve ser adiada novamente

Advogado boliviano indicado pela embaixada brasileira aponta lentidão da justiça local, que pode prorrogar reconstituição não-oficial mais uma vez

Por Leandro CanônicoSão Paulo

Há exatamente uma semana, os 12 corintianos detidos na Penitenciária de San Pedro, em Oruro, ficaram frustrados com o adiamento da inspeção ocular da morte do garoto Kevin Douglas Beltrán Espada, prorrogada para a próxima quarta-feira, dia 17. Mas o drama dos torcedores pode ficar ainda maior: a tendência é que o processo seja novamente adiado, por determinação da justiça boliviana.

A inspeção ocular é uma espécie de reconstituição não-oficial, um direito da defesa no processo. Foi solicitada por Miguel Blancourt, advogado boliviano indicado pela embaixada brasileira aos 12 detentos, presos como suspeitos desde o dia 20 de fevereiro, quando o menino Kevin foi atingido por um sinalizador e morreu durante o empate por 1 a 1 do Corinthians com o San José, pela estreia da Taça Libertadores da América.

Torcedores Oruro prisão Corinthians (Foto: Leandro Canônico)
Corintianos presos em Oruro podem aumentar frustração nesta semana (Foto: Leandro Canônico)

– Ainda está marcado, mas a chance de irmos até lá e a inspeção ser adiada novamente é grande. Na justiça boliviana é assim: sempre arrumam algum detalhe para deixar para depois – resumiu Blancourt, em contato com a reportagem do GLOBOESPORTE.COM.

Na última segunda-feira, dia 8, os corintianos foram levados até o estádio Jesús Bermúdez para a inspeção ocular. Eles seriam fotógrafos nos lugares em que estavam no momento do disparo do sinalizador marítimo que matou Kevin Espada. Após uma hora de espera, todos foram levados até o Ministério Público, onde não fizeram nada. Os cinco que alegam que no momento do disparo estavam fora do estádio não entrarão para a inspeção.

O adiamento da reconstituição não-oficial revoltou os detentos. “Palhaçada” foi a palavra mais repetida por eles para definir o que acharam sobre a decisão da justiça boliviana. Duas versões justificaram a medida: o advogado do San José, Marco Jamies, alegou que a inspeção ocular foi cancelada porque não havia peritos suficientes e pela ausência de representantes da família de Kevin Beltrán Espada, parte interessada no processo. Já o advogado brasileiro Sérgio Marques, que representa os corintianos, disse que ele mesmo foi o responsável por forçar o adiamento da inspeção ocular.

Curiosamente, Marques foi contra a vontade dos próprios clientes. Precisando da ajuda de Blancourt, já que não pode advogar em solo boliviano, o brasileiro disse que o adiamento fazia parte da estratégia traçada por ele, uma vez que, na sua opinião, não seria interessante para os corintianos que a inspeção acontecesse naquele dia. A versão de Blancourt, porém, é a mesma do advogado do San José: faltaram peritos e algum familiar de Kevin.

Uma comitiva de deputados brasileiros já está envolvida no caso.  A intenção é pressionar com a justiça boliviana para conseguir, ao menos, a liberdade provisória dos 12 torcedores, para que eles respondam ao processo fora da cadeia, mas na Bolívia. A Gaviões da Fiel, principal torcida organizada alvinegra, alugou uma casa para eles na cidade de Cochabamba.

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1 Comment

  • Pensem comigo uma coisa. No Brasil, o Inquérito têm prazo para ser concluído. Do contrário, cabe até um Habeas Corpus para evitar que haja prisão ilegal. Questiono. Na Bolívia isso existe?

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