Goleiro da Seleção Brasileira nas Copas do Mundo de 1958 e 1962, Gylmar dos Santos Neves foi internado nesta sexta-feira após sofrer um infarto. O ídolo de Corinthians e Santos está sob os cuidados da equipe de médicos do Hospital Sírio-Libanês, localizado na região central de São Paulo, e enfrenta quadro complicado.
A informação foi confirmada pelo filho do ex-goleiro, Marcelo Neves, à reportagem da GE.net. Marcelo afirmou que Gylmar tem a saúde fragilizada desde que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) no ano de 2000. Desde então, o ex-jogador tem 40% do corpo paralisado e utiliza cadeira de rodas.
Segundo Marcelo Neves, existe o receio de que uma intervenção médica possa complicar ainda mais o estado de um dos maiores nomes da história do futebol brasileiro. Gilmar, como foi chamado durante toda a carreira, completou 83 anos na última quinta-feira.
Nascido na cidade de Santos, Gylmar começou a carreira aos 15 anos, quando ingressou no juvenil do Hespanha, clube de origem espanhola que ficou conhecido como Jabaquara, justamente por estar localizado no bairro de igual nome, em Santos. Foi efetivado como titular quatro anos depois – recém-saído do Exército como “Cabo Neves” – e considerado revelação logo no seu primeiro Campeonato Paulista.
Porém, demorou a chamar a atenção dos grandes clubes. Quis o destino que fosse parar num deles como contrapeso, algo natural nas transferências daquela época. Em 1951, dirigentes do Corinthians chegaram ao modesto campo do “Jabuca” atrás de um reforço para o meio-campo. O alvo era o volante Ciciá, um negrinho esperto e altamente técnico.
O Jabaquara só aceitou negociar sua estrela se entrasse na negociação também o jovem Gilmar. O Alvinegro, mesmo já bem servido no gol – tinha ninguém menos que o goleiro reserva da seleção brasileira, Cabeção – topou. Assim, em maio daquele ano, Gilmar desembarcava no Parque São Jorge, onde disputaria 395 partidas e conquistaria os títulos do Campeonato Paulista de 1951, 1952 e 1954 (IV Centenário) e do Torneio Rio-São Paulo, também em 1954.
Já em 1962, foi contratado pelo Santos conheceu sua melhor fase. Fez parte do time épico que ganhou quase de tudo na década de 60, desde Campeonatos Paulistas até Mundiais Interclubes. Excursionou por todo o mundo e demonstrou toda a sua categoria. Na Vila Belmiro fez história ao faturar a Copa Libertadores da América e o Mundial de Clubes em 1962 e 1963.
Também levantou taças do Paulistão (62, 64, 65, 67 e 68), do Rio-SP (63, 64 e 66), da Taça Brasil (62, 63, 64 e 65) e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (68). As duas últimas foram unificadas como títulos do Campeonato Brasileiro recentemente. O goleiro Permaneceu na Vila Belmiro até o final da década, quando, beirando os 40 anos, decidiu pendurar as chuteiras.
Vida verde e amarela – O primeiro contato de Gilmar com a camisa amarela foi em março de 53, em Lima, no Peru, quando substituiu Castilho, do Fluminense. O Brasil venceu por 8 a 1 e, dali, por diante, o goleiro foi figura constante nas convocações. Defendeu a seleção em três Copas do Mundo (58, 62 e 66), totalizando103 jogos ao longo de 16 anos.
Sua despedida foi numa vitória por 2 a 1 sobre a Inglaterra, em 1969. Já seu jogo inesquecível, segundo ele mesmo, foi a final da Copa da Suécia: 5 a 2 sobre os donos da casa e show de bola do então menino Pelé. Gilmar, inclusive, chorou no terceiro gol brasileiro, marcado justamente pelo camisa dez. “O povo sueco gostava muito de nós e aplaudiu a conquista. Até fizemos o rei sorrir”.
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