May 4, 2012

Boleirada

 

(Clóvis Graciano (1907-1988), “Colheita”) (Reprodução)

Todo torcedor acha que sabe mais de futebol do que o técnico, o jogador e a Diretoria.
Esta é a regra no futebol e é isso que faz a beleza apaixonante do esporte. Muitos Dirigentes também se acham grandes boleiros, pretendendo entender de táticas, escalações de equipes e tudo o mais. Aí é o perigo. O Dirigente deve organizar o planejamento da temporada de sua equipe, acompanhando sua execução. Programação de treinos devem ser respeitadas, horário e período para tratamento médico etc. E o Dirigente deve evitar a bruta vontade de dar palpite nas escalações. Caso não esteja satisfeito com o trabalho da Comissão Técnica, deve mudar os profissionais. Neste caso, o status do Dirigente deve superar o de torcedor .
É duro, mas às vezes tem que ser feito.

O episódio da “retirada” de um jogador da concentração (e do time) pela Diretoria do SPFC  é uma mostra destes equívocos no futebol.
Como diz hoje o Antero Grecco, no Estado (Sossega Leão), foi uma sequência de erros. “A imposição manda para o lixo o discurso que tão garbosamente se ostenta no Morumbi, de que se trata de um clube diferente, em que decisões são tomadas em conjunto e com base em perspectivas profissionais, modernas e o blablabla manjado”.
Foi coisa de torcedor amador.

Mas não é só no SPFC que essas coisas vivem acontecendo.
No Corinthians, um antigo Dirigente (Sr. Nesi Cury) tinha verdadeira obsessão por escalar times e demitir técnicos (sempre no vestiário). Nesi, que foi o “pai espiritual” das últimas direções do Corinthians, deixou uma marca de atraso para o Clube. Na década de 1960, demitiu o técnico Zezé Moreira no vestiário, por divergências na escalação de um jogador na ponta-direita do Timão. Saindo do jogo, o técnico demitido, disse uma das frases antológicas sobre este problema: “O Corinthians não necessita de técnico, mas de um psiquiatra para tratar a Diretoria”.
Até hoje guardo esta frase, e mantenho distância de Dirigentes com este perfil.

Equilíbrio

Os jogadores brasileiros, apoiados pela imprensa Tapuia, vivem acusando outros times de provocadores, catimbeiros etc.
Com isso, justificam seus descontroles e suas expulsões que tanto prejudicam as equipes. É uma situação sempre complicada, manter os jogadores calmos sem que “percam a cabeça” por excesso de faltas e erros de arbitragem. Este desequilíbrio foi a parte negativa do Corinthians no último jogo no Equador.
Expulsões, cartões etc, levam o grupo a perder a serenidade necessária para atuar bem.

Recordo-me do jogador Kleber que, em jogo contra o River (2003), atravessou o gramado para fazer uma falta infantil e grosseira num jogador argentino, que teria lhe dito uma expressão racista. Eram quase 40 minutos do segundo tempo. O Corinthians ganhava de 1×0; o River empatou na batida da falta e, dois minutos após, fez outro gol. Perdemos a partida e o atleta para o jogo de volta.
Tivemos que escalar um juvenil, que não aguentou a barra e também foi expulso.

Quando disse ontem que Emerson, Jorge Henrique e Castan reclamavam demais do árbitro, ficava pensando no discurso que adotariam se fossem expulsos.
É neste momento que você vê a importância de equilíbrio e de jogadores diferenciados.

Ausência

A dispensa de Adriano e o quadro de dificuldades de Liedson são os maiores pepinos que o Corinthians tem nas próximas partidas.
São dois jogadores que – em boas condições – fazem a diferença da equipe. Sem  eles, ou apenas parcialmente com um deles, abre-se  um buraco difícil de ser preenchido. Lamentavelmente, estas duas situações (saída de um e condição precária de outro) não foram adequadamente previstas e teremos que tocar com o que temos.

25 Comments

  • Citadini, você tem toda razão: os jogadores devem tentar se manter calmos durante a partida. Mas a diretoria está certa em reclamar. Em 2006, quando fomos eliminados pelo River, o Corinthians foi extremamente garfado no jogo de ida, na Argentina. Foi um gol mal anulado e um jogador expulso injustamente. No jogo de volta, o juiz não foi caseiro e até anulou um gol do Timão. Resultado: fomos eliminados e a imprensa mal falou dos erros de arbitragem. Gobbi está certo em reclamar, mas tem que protestar diretamente com a Conmebol também, o que ele disse que não iria fazer.

    • A diretoria deve protestar, reclamar e tudo mais. O jogador não. Deve saber que quanto mais reclamar do juiz pior fica o quadro.

  • Nada, absolutamente nada justifica um jogador profissional que ganha uma fortuna por mês, não saber se controlar em situações como as que vimos no jogo passado. Os jogadores que tomaram amarelos em situações ridiculas como estas deveriam se punidos e multados. Não entrar no catimbeiro dos sulamericanos deveria ser o básico da preparação de um time e uma equipe técnica que vai disputar qualquer competição continental. Infelizmente temos que nos espelhar no exemplo do santos ano passado quando o Murici disse antes do ultimo jogo que nenhum jogador iria entrar na provocação do adversário, por pior que fosse. O negocio deles era apenas jogar bola, mais nada. Pq na porra do Timão onde existem profissionais MUITO bem pagos para pensar nisso na comissão técnica, ninguem pensa e impões isso ao jogadores.

    Sobre os dirigentes interfirirem nas escalações dos times, é o mesmo que em uma empresa o presidente mandar o diretor comercial demitir alguem da sua equipe. É direito do presidente, pois ele será cobrado pelo resultado pelos acionistas (no clube, pelos sócios e conselhiros), mas é preciso ter certeza do que está fazendo, ter jogo de cintura para fazer sem queimar o superior deste membro demitido e assumir o ato. Não é o ideal, claro que não, pois na teoria o diretor comercial deveria tomar este tipo de decisão (ou o técnico no caso de clubes), porem é um ato de direito, e isso ninguem pode negar. Na minha opinião é que em empresas, geralmente a presidencia é ocupada por profissionais que se especializaram em adm, mkt, gestão de equipes e vendas, e no futebol o presidente é apenas alguem com capacidade politica e quase sempre sem entender absolutamente NADA de bola, como no caso dos dignissimos mario gobi, j.j., a. tirone e laor. Duvido que se o presidente em questão fosse o Parreira, por exemplo (questionado sobre resultados, mas nunca sobre conhecimento técnico) e mandasse um jogador embora sem consultar o técnico alguem iria falar alguma coisa sobre amadorismo.

    A questão é delicada sim, mas existem outras variaveis a respeito. Não podemos generalizar todas as situações, cada caso é um caso. Neste do spfw, tenho certeza que foi uma decisão varzeana!

    • Foi várzea mesmo.

  • Ah não, de novo o pessoal com o discurso de que o SPFC “não é mais aquele” clube diferente. Ou nunca foi, ou se foi, foi nos primórdios… como é que pode o pessoal continuar sempre falando a mesma coisa, que “não é mais aquele”. Além de o assunto ser ter sido uma falácia, agora já virou redudandante…

    • Por fora bela viola, por dentro pão bolorento.

  • Concordo, que faltou malicia a alguns de nossos jogadores. Por isso, acho que até saimos no lucro, com esse 0x0. Além do empate, aprendemos uma lição que certamente não será esquecida.
    Lembro-me da passividade naquele jogo contra o Tolima, e o contraste com a “pilha” nesse jogo.
    Acho que foi bom o que aconteceu nesse jogo, pois nem a passividade, e nem o nervosismo já provado está que não funcionam.
    O que funciona por incrivel que pareça, é a palavra que nosso querido Tite, mais gosta de usar:
    “E q u i l i b r i o”.
    Vamos ver se ele consegue transmitir isso aos jogadores.
    Mas que fomos garfados no Equador, não resta duvidas.
    Nesse ponto o time foi inteligente, não deixou entrarem na nossa área, porque penalty seria marcado com toda certeza.

    • Equilíbrio. Esta é a meta.

  • O 5ão paul0 julga-se organizado, coisa que não é. Quanto ao desequilíbrio emocional apresentado por alguns jogadores corintianos. Eu defendo a tese de que o CORINTHIANS deveria fornecer acompanhamento psicológico ao seus atletas, para que os mesmos aprendam a ignorar tais provocações. Por fim, com a ausência de Adriano e a má fase de Liédson, o ideal seria a contratação de um centro-avante de alto nível, mas pelo que me consta a janela de transferência do mercado europeu está fechada e os atacantes que atuam no velho continente pedem um valor exorbitante para jogarem no Brasil. Esta é uma situação difícil e que o TIMÃO terá de resolver com sabedoria.

    • É isso mesmo.

  • O assunto vai parecer diverso, mas o grande problema do Corinthians (e dos outros clubes brasileiros) são as categorias de base. Está tudo sucateado e nas mãos de sanguessugas. Tendo categorias de base decentes, com o intuito ÚNICO de revelar jogadores para TODAS AS POSIÇÕES para o profissional (em vez de encher o bolso de alguns), com certeza as soluções para os problemas (centroavante neste caso) serão caseiras e baratas. O clube com maior potencial do Brasil pra revelar um craque é o Corinthians!! Eu sonho com o tempo que o meu Timão dará valor aos seus garotos.

    • As categorias de base são importantes para qualquer clube. Para o Timão é maior ainda.

  • Essa história de torcedor dar palpite em escalação em time de futebol profissional eu conheço!!!! Lembro de um amigo que deu alguns palpites na escalação do time quando o Luxa era técnico (não sei se ele escutou o torcedor), só sei que o time perdeu!!!!rsrsrsrsrsrsrsrs Viva Luizão!!! Isso mesmo!!! Que vc. de mais palpites!!! Principalmente agora contra o “Emeleka”!!!!! hahahahahaha

    • Quem dá palpite no seu time.

  • Mas a camara dos lordes da Vila Sônia, não tinha aprovado um busto para o Sr. Juvenal Juvencio? diante da conduta pouco convencional do Presidente aqui citado, lhe pergunto Citadini, qual o busto que representaria melhor a atual situação dos lordes da Vila Sônia?

    • Não fale em busto. Nem aqui,nem lá.

  • Característico do jogador brasileiro o descontrole emocional.
    Basta ver as barbaridades que protagonizam jogadores vestindo o uniforme da CBF, por exemplo.
    No Corinthians, portanto, tambem acontece.
    Mas o nível crescente de profissionalismo no futebol já deveria ter alterado esse cenário. Investir na chamada ‘inteligência emocional’ deveria ser parte do planejamento dos clubes de ponta.

    • Este é um grande problema.

  • Não temos ausência de Adriano. Porque ele nunca esteve realmente presente. Apenas a imprensactem sentido a falta dele.
    Liedson, sim, faz falta. E muita. Nesse caso, o clube deveria fazer um esforço para poder contar com esse excepcional atleta na Libertadores, em boas condições.
    E o mercado oferece poucas opções.

    • Sem os dois o desfalque é grande.

  • Lá!!!!! Tem técnico!!!! hahahahahaha

    • Estou vendo.

      • Todo mundo esta vendo. Principalmente que tem por responsabilidade aprovar as contas daquele clube nos últimos anos.

  • Citadini, 40 milhões por ano seria muito bom, agora, 40 milhões por 20 anos seria um desastre.

    • Vamos aguardar. E torcer.

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