O Corinthians somou o seu 14º empate no Campeonato Brasileiro. Em crise depois de ser eliminado da Copa do Brasil pelo Grêmio, o time foi a Araraquara para cumprir punição imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) contra o Santos. Não passou de um empate por 1 a 1 e ouviu apoio e cobranças dos torcedores presentes na Arena Fonte Luminosa. O atacante Alexandre Pato, por exemplo, arrancou (muitos) insultos e também aplausos ao entrar em campo no segundo tempo.
Centro das atenções pelo pênalti desperdiçado de forma caricata na desclassificação do Corinthians da Copa do Brasil, Pato começou o clássico na reserva. Em um dos momentos em que não foi hostilizado, viu o meia Douglas abrir o placar de cabeça, no primeiro tempo. No segundo, o zagueiro Gustavo Henrique se aventurou no ataque e igualou o marcador para o Santos.
Com o ponto conquistado na tarde deste domingo, o Corinthians passou a totalizar 41 no Campeonato Brasileiro, contra 44 do Santos. As duas equipes estão distantes da zona de classificação da Copa Libertadores da América, mas ainda sonham em disputar o torneio continental em 2014. Para não matar a esperança, o alvinegro da capital paulista tentará superar o Vitória no próximo domingo, no Barradão, enquanto o do litoral receberá o líder Cruzeiro na Vila Belmiro.
O resultado em Araraquara ao menos assegurou ao Corinthians a invencibilidade em clássicos na temporada. Foram 12 partidas contra Palmeiras, São Paulo e o próprio Santos em 2013, com quatro vitórias e oito empates. Diante dos santistas, derrotados na decisão do Campeonato Paulista, foram computados um triunfo e quatro igualdades pela equipe liderada por Tite.
O jogo – Nem parecia que o Corinthians estava em crise. Antes de o clássico contra o Santos começar, o presidente Mário Gobbi caminhou calmamente pelo gramado da Fonte Luminosa e até acenou para alguns torcedores que o fotografavam. O público não deixou de gritar nem sequer o nome do reserva Danilo Fernandes na hora do aquecimento dos goleiros. Com a equipe toda no gramado, a festa foi ainda maior para – quase todos – os jogadores.
Bastou o atacante Alexandre Pato se dirigir para o banco de suplentes para o cenário mudar em Araraquara. Ofensas isoladas contra o astro, vilão na eliminação da Copa do Brasil, avolumaram-se até ecoar por quase todos os lados da Fonte Luminosa. Como ele estava escondido pelo técnico Tite na reserva, ficaria a cargo de Emerson a missão de conquistar a torcida diante do Santos.
O Sheik deu conta do recado no primeiro tempo. Movimentando-se de um lado a outro do gramado, o único atacante escalado por Tite passou a confundir (o que não aparentava ser tarefa das mais complicadas) a marcação do Santos. Também não economizava nos carrinhos, o que cativava a ala do público ávida por demonstrações de raça do Corinthians. Diego Macedo agradou ainda mais quando aplicou um drible na linha de fundo na primeira (e fracassada) investida do clássico.
Pelo Santos, a estratégia era apostar na velocidade para surpreender a nem sempre bem postada defesa do Corinthians. Cicinho se transformou em uma boa válvula de escape pelo lado direito, onde o veterano ex-santista Alessandro estava improvisado como ala canhoto. O problema é que a grande quantidade de passes errados do time do litoral e as antecipações do zagueiro Paulo André tornaram a correria praticamente inofensiva na etapa inicial.
Mais empenhado em chegar ao gol, o que consegue com pouca frequência no Campeonato Brasileiro, o Corinthians logo assustou Aranha. Emerson arriscou um chute de longa distância aos dez minutos, e o goleiro fez torcedores do Santos levarem as mãos à cabeça com uma defesa em dois tempos.
Montillo se encarregou de responder pelo Santos. Com a camisa 10 de Pelé – o ídolo foi homenageado nos novos uniformes listrados do time, que traziam nomes de lugares marcantes para o Rei –, o argentino percebeu o goleiro Walter adiantado e tentou concluir por cobertura aos 15 minutos. Mandou por cima da meta. Pouco depois, o meia até acertou a rede com uma finalização firme, porém o árbitro Leandro Pedro Vuaden já havia assinalado impedimento na jogada.
As chances criadas por Montillo foram as últimas antes de Vuaden paralisar o clássico para os jogadores se hidratarem – fazia muito calor no interior paulista. A partir de então, o Corinthians esquentou o jogo. Com gol. Aos 26 minutos, Emerson avançou pela direita e cruzou para Douglas abrir o placar com a cabeça. O meia não conseguiu nem festejar, já que se chocou com Arouca no lance e ficou caído no gramado, com dores.
Ainda houve uma boa oportunidade para cada alvinegro antes de o primeiro tempo acabar. Aos 33, Cícero cabeceou com estilo após cruzamento de Mena e parou na mão providencial de Walter. A grande defesa do substituto de Cássio foi comemorada como um gol pelos corintianos. Aos 44, a vibração se transformou em frustração porque Emerson ficou diante de Aranha, após ganhar a bola de Cicinho, e bateu em cima do goleiro.
A vitória parcial não impediu a torcida do Corinthians de insultar novamente Pato, desta vez cobrado para deixar o clube, no intervalo do clássico. “Tem que ser homem para jogar no Coringão!”, avisaram os torcedores organizados. Tentando mostrar destemor, o atacante realizou normalmente o seu aquecimento à beira do campo. Viu de lá o goleiro Walter espalmar uma forte cobrança de falta de Cícero, aos 11 minutos, e salvar mais uma vez a equipe mandante.
A intervenção de Walter somente retardou o empate no clássico. Aos 16 minutos, Gustavo Henrique reforçou o ataque do Santos e tirou proveito de uma confusão na área do Corinthians, após Everton Costa dominar mal a bola, para empurrar para o gol. Era o que faltava para Tite fazer a primeira alteração do jogo: colocou Danilo no lugar do desgastado Renato Augusto, recuperado prematuramente de uma artroscopia no joelho direito.
Danilo não pareceu ser a melhor opção para o Corinthians – como já não havia sido na eliminação diante do Grêmio. Aos 27 minutos, o veterano recebeu um bom lançamento de Douglas e não teve fôlego para alcançar a bola. “Vaza, Danilo, seu velho!”, irritou-se um torcedor, acalmado por outros. A divergência nas arquibancadas seria ainda maior aos 30: muitos do que tinham insultado Pato celebraram a entrada dele no lugar de Diego Macedo. No Santos, Claudinei Oliveira trocou Mena por Emerson.
A presença de Pato deu maior mobilidade ao ataque do Corinthians. Mas ainda era Walter quem mais chamava a atenção na formação do Parque São Jorge. O goleiro salvou de novo o seu time ao fechar o ângulo e defender um chute de Everton Costa, que apareceu livre de marcação dentro da área aos 36 minutos. O troco veio com Douglas, acertando a trave com uma conclusão de longa distância, aos 43. Foi a última oportunidade de tirar o 1 a 1 do placar do clássico paulista.
www.gazetaesportiva.net