Bom Senso e Nonsense no nosso futebol
As discussões que os jogadores estão trazendo, através de um grupo chamado “Bom Senso”, são importantes e merecem aplausos. Mas também não são uma nova obra divina, escrita nas montanhas, e deveria ser vista com a participação do “outro lado”. Os jogadores já foram proclamados “anjos” perante os “diabos” (os dirigentes, é claro).
Os atletas já disseram o que querem: férias em janeiro; menos jogos na temporada; e pagamento dos salários em dia, entre outras questões.
Quem deveria fazer o “outro lado” seriam os dirigentes do nosso futebol. Triste quadro. Deste lado pouca coisa teremos. Como dizia o Barão de Itararé “de onde nada se espera, é de lá que não vem nada mesmo”.
E muitas coisa deveriam estes dirigentes trazer à mesa.
Por exemplo, diminuir o número de jogos na temporada deveria ser acompanhada da diminuição dos salários pactuados. Menos jogos, menos dinheiro e, então, menores salários para os jogadores. O que os atletas acham disso? Nenhum dirigente falou nada a respeito. E deveriam ter falado. Querer que a TV pague o mesmo valor por menos jogos é lorota.
Um salário mínimo por competição (clubes da série A, pagariam um mínimo X, série B outro Y, etc) . Mas também deveríamos ter um teto salarial para os jogadores. É difícil? Muito. Mas necessário e justo.
Proibição de jogadores e empresários terem participação nos direitos de transferência dos atletas (passe, em linguagem popular). No geral, estas participações nas vendas podem descambar para a participação de dirigentes. Especialmente para os jogadores de grandes contratos, estas cláusulas são frequentes e ruins. Mais que isso, a Fifa luta contra esta “participação” em compra e venda de jogadores por atletas (seus pais e parentes), empresários e até dirigentes. A solução é difícil pois boa parte dos que participam deste mundo são ex-atletas (portanto anjos).
Jogadores com salários acima de 50 salários mínimos teriam, obrigatoriamente, seguro de saúde próprio. Quer dizer, o clube só bancaria o tratamento de atletas com menos de de 50 salários mínimos. Ou então, aplique-se as regras do SUS . Jogador em tratamento por mais de 2 semanas passam a receber – e ser tratado- pelo sistema público. Difícil? Muito. Nossos pobres atletas deveriam pensar nisso. E no enorme gastos que os clubes têm com os departamentos médicos e de fisioterapia.
Uma última questão é a utilização da CLT e Justiça do Trabalho para decisões sobre contratos de atletas. Para aqueles que ganham mais de 50 salário mínimo a contratação poderia ser menos rígida (mais livre) e principalmente ficariam fora da Justiça do Trabalho. Nos dias atuais, jogadores com salários de 200 mil ou mais, vão a Justiça como “pobres coitados” em busca de proteção. Nada mais falso e danoso para as relações entre clubes e jogadores.
Os dirigentes de futebol (isto é, os diabos) deveriam falar e discutir. Até porque os anjinhos (os jogadores) não são tão angelicais como a mídia os pinta.
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Interessante essa tese de diminuir jogos, diminuir salários, em razão de menos dinheiro… Mas aí o Bom Senso vai bufar de raiva.
Vc toca em alguns pontos que sinceramente não tinha pensado, como a questão de menos jogos, menos receita das TV´s… É fato que embora não seja mais atraentes ao publico, os campeonatos regionais ainda sejam rentáveis para a Globo. Em linhas gerais acho que há anjos e demônios dos dois lados, embora seja claro que os demônios do lado dos dirigentes tenham muito mais poder. Agora, tem um ponto que vc não disse e esse me incomoda. Muito! A questão de jogadores e agentes terem contratos que são imutáveis quando eles estão em baixa ou falando claramente não estão jogando nada e o contrário quando jogam um pouco acima da média. É revoltante ver no primeiro cado jogadores que não aceitam que se mexa um centavo em seu contrato e as vezes vão para um outro clube tendo salários pagos pelo clube de origem e no segundo caso jogadores forçando situações e fazendo chantagem para ganharem aumento. Culpa dos jogares e agentes? Claro. Mas culpa também dos dirigentes, que assinam qualquer coisa e depois quem paga a conta são os clubes. É o mesmo raciocínio para os treinadores. O Luxemburgo, por exemplo, saiu escorraçado do Grêmio e Fluminense. Mas saiu com os bolsos cheios.
Parabéns pelo post.. concordo muito!
Concordo com seu texto.
Jogadores jogam um futebolzinho fraco e querem muito $$$.
O que eu não esqueço é a lendária frase: Gil é melhor que Kaká!
BLog. Não disse.Uma pena. Deveria ter dito.