Nov 13, 2013

Mudar para continuar a mesma coisa.

(Mudar para continuar tudo como está é a base do gatopardismo, tão bem retratada no filme de Visconti)

Curiosa esta campanha dos jogadores “por mudanças ” no futebol brasileiro. Querem (porque querem) conversar com as Federações e Confederações. Segundo os atletas é ali  (e nas TV) que está o Poder no Futebol.

Não sei se isto é tão revolucionário como vem dizendo e elogiando a mídia.

No mundo todo, Federação só serve para registrar jogadores e tomar conta da seleção nacional. O resto é com os clubes: campeonatos, eventos, números de jogos etc. Em geral é organizado Ligas que passam a administra o “negócio Futebol”.

Por aqui isso não acontece. Os clubes não se entendem e as Ligas nascem e morrem. Ficam então as Federações e Confederações com o calendário das competições.

O Brasil evoluiu muito nesta organização de eventos: jogos começam no horário; a TV mostra todos os lados da arbitragem; o estatuto do torcedor foi um avanço que deu ordem nos eventos e nos direitos do torcedor.

Precisa melhorar?  Muito. Mas já se avançou léguas do que era nosso futebol no passado.

Registre-se que estas mudanças vieram mais por obrigações com a TV do que por  planejamento do dirigentes. A Televisão, com suas transmissões quase diárias, foi o motor que organizou nossos jogos, horários, acesso de jogadores, imprensa etc. Tudo foi sendo arrumado pela TV (especialmente a Globo).

Mas existem, ainda,  muitas mudanças que seriam necessárias. E as melhores mudanças virão dos clubes na relação jogador. Hoje ela é pra lá de  complicada.

Mas por que então os jogadores pouco querem confrontar-se com os clubes e seus dirigente e ficam chamando sempre (para as mesas e reuniões) as Federações e Confederações?

Não sei o real motivo. Acho, no entanto, que os jogadores pouco querem dos clubes porque lá o relacionamento com os cartolas está muito bom. Diria ótimo.Por que então vão querer mexer onde tudo está bem.

Veja-se o caso destes deploráveis contratos de parcerias de clube/jogadores/pai de jogadores/empresários de jogadores e etc. O único ferrado é o clube.

Já viram quantas vezes a mídia anuncia a venda de um jogador para a Europa e os clubes ficam só com 5%, 10%, 20% ou 40% ? O grosso é de empresários, do próprio jogador , de pai, irmão até irmão de jogadores ? Até,por vezes, de um amigo de infância.

Mas isso é feito claramente à margem da legislação da Fifa (e também de nossas leis). O clube – que deveria ser o beneficiado do negócio- é só instrumento para outros ganharem.

Isso precisa mudar? Claro.

Por que- então- os “modernos jogadores” brasileiros- não questionam este ponto que tanto lesa o futebol e os clubes? É porque ai (no ninho do negócio) eles estão bem quietinhos e quentinhos.

Eles estão “assim” como os dirigentes dos clubes. E isso é bom para eles, especialmente, para fazer esses contratos de valores malucos, onde o clube quase nada ganha.

Eles querem uma revolução assim : mudamos tudo mas nada de mexer na relação minha com os dirigentes do time. Só paguem em dia . O resto nós nos entendemos.

E vamos falar com a Federação.

 

2 Comments

  • Ah… quer dizer então que o vagabundo do Aurélio Miguel (o mesmo que “lutou” contra os incentivos fiscais para fazermos o nosso estádio), recebia propina da máfia dos dos fiscais da prefeitura !
    Cala a boca safado ! cadeia pra você !!!

  • Não acho que joguem tanto assim. Vejo jogos de Barcelona duas vezes por semana — mais até do que de nossos times de ponta por aqui.
    Não existe milagre: quem paga seus salários são os clubes e eles ganham mesmo é mostrando seus jogos na TV. Se querem que diminuam os jogos, que aceitem diminuir seus proventos.
    O que todos precisam discutir é uma forma de deixarem os clubes menos doentes financeiramente, para que possam ter seus salários em dia e, quem sabe, trabalharem menos por mais. Do jeito que está, ninguém ganha.
    Não vejo nenhum grupo de clubes se organizando para o diálogo com os jogadores. Talvez porque estes mesmos dirigentes estejam metidos em negociatas.

    Blog. Vc tem razão. O problema não é jogo demais , é jogo de menos. Nem os jogadores, nem os dirigentes querem falar qualquer coisa. Discussão só com Federação e CBF.

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