Operação desastre
Tite foi ‘fritado’ durante quatro meses
Relação com clube ruiu entre título da Recopa e a goleada sofrida para a Lusa e acabou após a eliminação na Copa do Brasil
- Vítor Marques – O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO – Os cinco títulos conquistados por Tite ao longo de três anos no comando doCorinthians, o último deles em julho contra o rival São Paulo, davam a nítida impressão de que o casamento entre técnico e clube continuaria em 2014. Mas, do título da Recopa até a goleada sofrida para a Portuguesa, em Campo Grande, por 4 a 0, a relação ruiu. E quatro meses depois do seu terceiro título internacional, a saída do treinador foi consumada e informada em uma entrevista coletiva.
Os fatores decisivos para saída de Tite foram o desempenho e a má fase do time, opiniões divergentes de uma diretoria rachada, e o “fator” Mano Menezes, o técnico preferido do presidente Mário Gobbi e futuro comandante do Corinthians. E, nesse cenário, nasce uma prática tão comum e antiga no futebol e que atinge até um técnico campeão do mundo: a “fritura”.
Tite ouviu críticas de todos os lados, algumas cobranças diretas em reuniões com diretoria. Mas muitas delas chegavam a ele por meio de outras pessoas ou ainda “vazadas” para a imprensa – e estas o deixavam extremamente irritado porque, segundo ele, não se sustentavam.
Um exemplo foi o de que o técnico, após o título do Mundial do Japão, tenha se tornado intransigente. Outro foi o de que tinha perdido o controle do elenco. Com os maus resultados surgiram as especulações, os possíveis nomes para substituí-lo ainda nesta temporada.
As primeiras cobranças da diretoria, em reuniões formais com Tite, comissão técnica e jogadores, surgiram em março. O motivo era o péssimo futebol no início do ano, mesmo na primeira fase da Libertadores.
Pouco antes do fatídico jogo contra a Portuguesa (goleada por 4 a 0), em que Tite entregou o cargo e depois voltou atrás, houve um jogo emblemático. A derrota para o Botafogo por 1 a 0 no Maracanã, na abertura do segundo turno do Brasileirão.
Gobbi passou a ser cobrado para demitir o treinador e não foram poucos os que foram a sua sala clamando pelo nome de Abel Braga. O único cartola contrário à saída de Tite no meio da temporada foi Roberto de Andrade, diretor de futebol. Outros, entre eles Gobbi, claudicavam e já sonhavam com um novo comandante em 2014.
O nome não era Abel Braga, mas sim Oswaldo de Oliveira. Um fato novo mudou a escolha do técnico do Botafogo e colocou mais pressão sobre Tite: Mano Menezes. Poucos dias depois da derrota para o Botafogo de Oswaldinho, e antes do jogo contra a Portuguesa, Mano pediu demissão no Flamengo.
Tite decidiu continuar após os 4 a 0 e teria avisado a todos que não ficaria para 2014. Mas que também iria até o fim. Desejo este que não era igual ao de toda a diretoria, como aconteceu após a derrota para o Grêmio, por 1 a 0, no Brasileiro.
Gobbi e parte dos cartolas teriam arquitetado para que Tite pedisse demissão, assim ninguém ficaria com o ônus de ter derrubado o treinador, querido pela torcida e até por conselheiros: uma pesquisa no Parque São Jorge apontou que 80% queriam que Tite ficasse. Gobbi nega que queria demitir seu treinador. Mas o iminente retorno de Mano Menezes é uma vitória pessoal do presidente.
Com a eliminação na Copa do Brasil, o futuro de Tite já estava traçado – ele também já tinha percebido que o melhor era sair. Tite soube que seu contrato não seria renovado antes de vencer o Coritiba. Daí aquela melancólica entrevista em tom de despedida.
www.estadao.com.br
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Independentemente da questão se seria bom ficar ou não, se realmente houve a tal “fritura”, é para lá de lamentável. Seria mais fácil chegar ao Tite, meses atrás, e falar que não haveria interesse na renovação, ao invés de ficar fazendo “joguinho”. O Tite é um cara sério e correto, e não merecia tal “fritura”.
A reportagem do Estadão é motivo mais que suficiente para se instaurar apuração interna – a qual, em se confirmando a veracidade dos gravíssimos fatos relatados, resultar em afastamento dos JUDAS que traíram, por trinta dinheiros (ou muito mais…), o técnico mais vitorioso da história corinthiana.
Quanto a Tite, homem de caráter, além de competência, inatacável, será merecedor de desagravo – isso, se sua volta não se impuser, por força da admiração da Fiel Torcida.