Muito trabalho. Pouca grana.
Gustavo Franceschini
Do UOL, em São Paulo
O Corinthians anunciou uma reformulação em seu departamento de futebol e, com isso, deve mudar drasticamente a cara do setor. Antes comandada por dois homens próximos de Andrés Sanchez, a área mais importante do clube agora está nas mãos do braço-direito de Mário Gobbi, o que deve impactar até na política de contratações alvinegra.
Ronaldo Ximenes ocupava, até a última quinta, o cargo de secretário-geral do clube. Formado em direito, construiu carreira como assessor de políticos petistas como José Eduardo Cardozo, hoje ministro da Justiça, e José Américo, vereador de São Paulo e presidente da Câmara Municipal da cidade.
Filho de corintianos, Ximenes foi levado ao clube por Mário Gobbi, e sofre relutância interna justamente por essa relação. Heranças de Andrés, que é mais popular que seu antecessor, Roberto de Andrade e Duílio Monteiro comandavam o dia-a-dia do futebol à maneira do ex-presidente, com doses de ousadia no mercado de transferências.
Sob o comando de Ximenes, a tendência é que isso mude. Gobbi é conhecido por um estilo mais conservador, que já afetou, por exemplo, a dinâmica do departamento de marketing. No futebol, o Corinthians deve buscar contratações mais precisas e baratas.
Essa mudança, após um 2013 desanimador em termos de resultados, já estava em curso. Depois de gastar mais de R$ 80 milhões no ano passado, o Corinthians começou essa temporada com o pé no freio. Até agora, o clube fechou com Uendel, ex-Ponte Preta, e está próximo de Fagner e Bruno Henrique, ex-Vasco e Portuguesa, respectivamente.
Com isso, o Corinthians deve encerrar sua participação no mercado de janeiro. No meio do ano, o cenário pode mudar dependendo de alguns fatores, mas arrojos como Ronaldo, Adriano ou até mesmo Alexandre Pato não devem ser repetidos tão cedo.
Se a tática não funcionar, Ximenes pode entrar facilmente na alça de mira dos detratores de Gobbi. Internamente, ele faz parte do grupo de conselheiros do presidente que são vistos com desdém por não terem uma grande história no clube, já que cresceram internamente sob as asas do atual mandatário.
A escolha e a mudança, porém, foram avalizadas. Antes de definir o nome de Ronaldo, Gobbi consultou Roberto e Duílio, que aprovaram a escolha. Andrés Sanchez também foi ouvido, e entendeu que o ex-secretário-geral era a melhor opção disponível no clube.
Ronaldo assume nesta sexta, quando se apresentará aos jogadores, à imprensa e a Edu Gaspar, que seguirá como gerente de futebol do clube.
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Existe um “racha” no clube: Andrès de um lado e Gobbi do lado oposto.
Como ao que tudo indica ambos grupos são compostos de aproveitadores oportunistas que não pretendem “largar o osso” jamais, o prenúncio é – na minha opinião – o pior possível.
União de gente do bem geralmente proporciona coisas boas. O contrário pode resultar em tragédia. Lembram-se de 2007?