Feb 3, 2014

Para pensar

 

4 estragos feitos pela invasão ao CT corintiano

Ricardo Perrone

1 – Reforços

O Corinthians já sofria com a falta de dinheiro para renovar um elenco desgastado. Agora corre o risco de encarar também a rejeição de atletas que estejam em seus planos. É comum jogadores se recusarem a ir para clubes em conflito com torcedores (vândalos, na verdade). Ou pedirem mais do que o normal para aceitar o convite. O Palmeiras passou por isso recentemente.

2 – Saídas

A maneira como os jogadores corintianos reagiram à ação dos vândalos no CT mostra que estão sem a mínima paciência para conviver com a insegurança no trabalho. Assim que passou o susto, eles perguntaram à diretoria o que aconteceria com o clube se não entrassem em campo contra a Ponte. Nesse cenário, o Corinthians passa a enfrentar o risco de ver jogadores pedindo para deixar o Parque São Jorge.  Pelo menos em tese, é possível atletas conseguirem liberação na Justiça alegando falta de segurança para trabalhar.

3 – Nervosismo

Contra a Ponte Preta, ficou claro o abalo emocional do time, que teve duas expulsões e voltou a jogar mal. Mas as horas de terror vividas no CT impedem cobranças da diretoria sobre jogadores e comissão técnica nesse momento. Ou seja, o alvinegro perderá tempo precioso até poder reiniciar sua tentativa de reorganização.

4 – Política

O episódio faz ferver ainda mais o caldeirão político no Parque São Jorge. A crise é um prato cheio para a oposição, composta em boa parte por ex-aliados. A ala formada pelos que já estiveram ao lado da diretoria, aliás, é mais barulhenta do que a oposição tradicional.

www.blogdoperrone.blogosfera.uol.com.br

7 Comments

  • Sou torcedor e moro no PR, então graças a Deus não convivo com esse bando de bandido que são financiados pelo clube, ou você acha que não foram pagos pra fazer isso com interesse na politica?

  • Foi só o Andrés e o Mário Gobbi racharem que os protestos recomeçam. Eu tenho uma sugestão ao Presidente. Já que ele está ficando isolado politicamente, aproveita para radicalizar. Rompe definitivamente com essas organizadas, expulsa empresários que rondam as categorias da base, pede uma auditoria completa no clube, e manda embora os funcionários apadrinhados por grupos políticos. Pronto. E vida que segue.

  • Pode cometer violência física covarde contra uma mulher, funcionária humilde do clube? Pode roubar celulares de gente humilde que trabalha para sustentar-se? Pode esganar o jogador que fez um dos gols mais importantes da história do Clube?

    Porque esses “torcedores” que torcem por “amor$$$” não foram no PSJ – ou no inferno – pegar os dirigentes não-remunerados Mario Gobbi e Andrès Sanchez que são tempo integral no clube e que como eles trabalham “por amor$$$” ??????

    Ahhh entendi… aí não pode né? Afinal o carnaval está chegando e de amor ninguém vive.

  • O clube tem uma oportunidade histórica de fazer o que já devia ser feito há muito tempo: ROMPER COMPLETAMENTE COM AS ORGANIZADAS!! Sei e concordo com os outros comentários de que são massas de manobra política, então é mais difícil, porém está ficando insustentável essa relação com a bandidagem. Vamos, Corinthians, aproveita esta oportunidade para crescer!!

  • Em 1910, um grupo de membros da classe operária fundaram um clube de futebol que, em pouco tempo, se tornou o “Galo” das várzeas paulistanas: o Corinthians, que passou a ser temido por seu time de futebol aguerrido e por uma barulhenta e cada vez mais numerosa e apaixonada torcida. A ascensão do “Time dos Operários” foi irrefreável e sensacional: em 1913 ingressou no campeonato paulista, em 1914 conquistou o seu primeiro título e, na década, com a conquista de dois tricampeonatos, se consolidou como o principal clube do futebol paulista.

    A chegada do varzeano e guerreiro time do Corinthians, e de sua perturbadora (em mais de um sentido da palavra) torcida ocasionou um racha na elite dos clubes de futebol paulistas, superado apenas duas décadas depois. O que jamais parece ter sido superado é o incômodo provocado pelo Corinthians – o time “do povo”, “dos carroceiros”, “dos engraxates”, “da ralé”, “dos maloqueiros”, “dos bandidos” – e, principalmente, por sua fiel torcida.

    #

    1933 : Depois de uma derrota para o grande rival, Palestra Itália, por 0x8 (maior goleada sofrida pelo Coriinthians em sua história), uma multidão de corinthianos – “desordeiros”, segunda definição da imprensa à época – se dirigiu à sede do clube, que foi invadida e incendiada, resultando na renúncia de toda a diretoria.

    A terrível crise vivenciada no início da era profissional começa a ser superada no ano seguinte, com a chegada do lendário Teleco, e é definitivamente superada com o tricampeonato de 1937/38/39.

    #

    1974 : Após a derrota por 0x1 para o Palmeiras, na final do campeonato paulista (a mais doída derrota da história do Corinthians), completando 20 anos de jejum de títulos, foi preciso se eleger um bode expiatório para expiar a imensa dor da nação corinthiana. O escolhido foi Rivelino – jogador com mais de 10 anos de clube, maior craque a vestir a camisa corinthiana -, que foi praticamente banido do clube, e só teve a memória de seu valor para o clube resgatada anos depois.

    O Corinthians perdeu seu maior craque e foi um time sem craques, em 1977, que libertou a Fiel do martírio de mais de 20 anos sem um título do campeonato paulista.

    #

    1997 : Depois de uma derrota para o Santos, 0x1, na Vila Belmiro, torcedores do Corinthians fazem uma emboscada para o ônibus do time, na subida da Serra, na Rodovia dos Imigrantes, em plena madrugada. O ônibus foi cercado, apedrejado, e sofreu tentativa de invasão, com os jogadores e comissão técnica vivendo momentos de terror.

    Logo após o episódio deplorável, e ainda com grande parte do elenco que o vivenciou, teve início, em 1998, uma das melhores fases da história corinthiana: o bicampeonato de 1998/99 no Brasileirão e a conquista da 1° Mundial de Clubes, em 2000.

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    2000 : Após a segunda eliminação consecutiva, frente ao Palmeiras, por pênaltis, na Libertadores, a torcida corinthiana invadiu o clube para protestar. Edilson, um dos maiores ídolos de então, eleito melhor jogador do Mundial, foi agredido e acabou saindo do clube.

    Com um elenco renovado, o Corinthians conquistou títulos nos três anos seguintes: 2001/02/03.

    #

    Os fatos acima destacados dão mostras da passionalidade que envolve o Corinthians. A Fiel faz do Corinthians o maior clube do futebol brasileiros, e faz com que o profissional que envergue o escudo do clube esteja sempre no fio da navalha, na iminência de tocar o céu e prestes a sentir as chamas do inferno.

    Os alvos da invasão ao CT corinthiano, no último dia 1°, se deram conta disso – eles que, em sua maioria, vivenciaram e se impressionaram de outra maneira com outra invasão da torcida corinthiana, no Mundial de 2012.

    Pode-se concluir que a expressão corinthiana “Aqui é Corinthians!”, não é mera retórica, é rica de significados, e se significados extremos.

    Ser do Corinthians não é algo que se faça sem compromentimeto e sem respeito. Em outras palavras, e fazendo citação de outra máxima da torcida corinthiana:

    “Não é mole, não! Tem que ser homem pra jogar no Coringão!”

  • O comentário do colega Fernando está certo. Esqueci de escrever isso também. Têm que romper com as organizadas, tal qual fez o presidente do Cruzeiro. O Gobbi está sofrendo pressão política? Sim, infelizmente, mas se ele romper com os torcedores organizados ficará bem claro do lado que está, e não precisará ficar mais costurando acordos.

  • Citadini, revisei o texto e corrigi alguns erros do meu comentário anterior. Ficou assim:

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    Em 1910, um grupo de membros da classe operária fundou um clube de futebol que, em pouco tempo, se tornou o “Galo” das várzeas paulistanas: o Corinthians, que passou a ser temido por seu time de futebol aguerrido e por uma barulhenta e cada vez mais numerosa e apaixonada torcida. A ascensão do “Time dos Operários” foi irrefreável e sensacional: em 1913 ingressou no campeonato paulista, em 1914 conquistou o seu primeiro título e, na década de 1920, com a conquista de dois tricampeonatos, se consolidou como o principal clube do futebol paulista.

    A chegada do varzeano e guerreiro time do Corinthians, e de sua perturbadora (em mais de um sentido da palavra) torcida ocasionou um racha na elite dos clubes de futebol paulistas, superado apenas duas décadas depois. O que jamais parece ter sido superado é o incômodo provocado pelo Corinthians – o time “do povo”, “dos carroceiros”, “dos engraxates”, “da ralé”, “dos maloqueiros”, “dos bandidos” – e, principalmente, por sua fiel torcida.

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    1933 : Depois de uma derrota para o grande rival, Palestra Itália, por 0x8 (maior goleada sofrida pelo Corinthians em sua história), uma multidão de corinthianos – “desordeiros”, segunda definição da imprensa à época – se dirigiu à sede do clube, que foi invadida e incendiada, resultando na renúncia de toda a diretoria.

    A terrível crise vivenciada no início da era profissional começou a ser superada no ano seguinte, com a chegada do lendário Teleco, e foi definitivamente superada com o tricampeonato de 1937/38/39.

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    1974 : Após a derrota por 0x1 para o Palmeiras, na final do campeonato paulista (a mais doída derrota da história do Corinthians), completando 20 anos de jejum de títulos, foi preciso se eleger um bode expiatório para mitigar a imensa dor da nação corinthiana. O escolhido foi Rivelino – jogador com mais de 10 anos de clube, maior craque a vestir a camisa corinthiana -, que foi praticamente banido do clube, e só teve a importância de seu nome no clube reconhecida anos depois.

    O Corinthians perdeu seu maior craque, e foi um time sem craques, em 1977, que libertou a Fiel do martírio de mais de 20 anos sem um título do campeonato paulista.

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    1997 : Depois de uma derrota para o Santos, 0x1, na Vila Belmiro, torcedores do Corinthians fizeram uma emboscada para o ônibus do time, na subida da Serra, na Rodovia dos Imigrantes, em plena madrugada. O ônibus foi cercado, apedrejado, e sofreu tentativa de invasão, com os jogadores e comissão técnica vivendo momentos de terror.

    Logo após o episódio deplorável, e ainda contando com grande parte do elenco que o vivenciou, teve início, em 1998, uma das melhores fases da história corinthiana: o bicampeonato de 1998/99 no Brasileirão e a conquista da 1° Mundial de Clubes, em 2000.

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    2000 : Após a segunda eliminação consecutiva, frente ao Palmeiras, por pênaltis, na Libertadores, a torcida corinthiana invadiu o clube para protestar. Edilson, um dos maiores ídolos de então, eleito melhor jogador do Mundial, foi agredido e acabou saindo do clube.

    Com um elenco renovado, o Corinthians conquistou títulos nos três anos seguintes: 2001/02/03.

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    2011 : Após eliminação na Libertadores, perante o Tolima, o CT corinthiano é invadido por torcedores revoltados, que vandalizam carros ali estacionados, vários deles pertencentes aos jogadores. Temerosa do que poderia ocorrer (e, de fato, ocorreu), a delegação desembarcou, de volta da Colômbia, em Viracopos, e não se dirigiu ao CT para pegar os carros.

    Mantido no cargo, a despeito da crise, o técnico Tite ganhou o Brasileirão no mesmo ano, a Libertadores e o Mundial, em 2012, e o Paulistão e a Recopa, em 2013, tornando-se o técnico com o maior e mais valoroso cartel de títulos da história corinthiana.

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    Os fatos acima destacados dão mostras da passionalidade que envolve o Corinthians. A Fiel faz do Corinthians o maior clube do futebol brasileiros, e faz com que o profissional que envergue o escudo do clube esteja sempre no fio da navalha, na iminência de tocar o céu e prestes a sentir as chamas do inferno.

    Os alvos da invasão ao CT corinthiano, no último dia 1°, deram-se conta disso – eles que, em sua maioria, vivenciaram e se impressionaram de outra maneira com outra invasão da torcida corinthiana, no Mundial de 2012.

    Pode-se concluir que a expressão corinthiana “Aqui é Corinthians!”, não é mera retórica, é rica de significados, e de significados extremos.

    Ser do Corinthians não é algo que se faça sem comprometimento e sem respeito. Em outras palavras, e fazendo citação de outra máxima da torcida corinthiana:

    “Não é mole, não! Tem que ser homem pra jogar no Coringão!”

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