Feb 5, 2014

Devagar. Bem devagar.

 

PM diz que Corinthians não relatou atos de agressão durante invasão

 

Gustavo Franceschini
Do UOL, em São Paulo

 

  • UOL

    Torcedores invadem o gramado do CT Joaquim Grava, em protesto contra a goleada sofrida pelo Corinthians para o SantosTorcedores invadem o gramado do CT Joaquim Grava, em protesto contra a goleada sofrida pelo Corinthians para o Santos

A Polícia Militar explicou que não prendeu ninguém durante a invasão ao CT Joaquim Grava, no último sábado, por não ter identificado atos de vandalismo ou agressão. Além disso, a corporação argumenta que o clube não informou aos oficiais qualquer ação do tipo contra funcionários ou jogadores do clube, e por isso teria liberado os torcedores.

“Apesar dos ânimos acirrados, até aquele momento não foi observado ou constatado por parte dos policiais, nenhum ato de vandalismo, de agressão ou qualquer tipo de evento que ensejasse, de imediato, a prisão ou detenção de qualquer um dos manifestantes”, disse a PM, em resposta a uma solicitação do UOL Esporte.

“Somente um tempo após a saída dos manifestantes do CT, chegou ao conhecimento dos policiais militares, por meio do Chefe da Segurança, que haviam sido furtados peças de uniforme do clube, dois aparelhos celular Iphone e um aparelho Nextel, além do reporte de danos causados em um veículo e em uma porta de vidro do Hall de Entrada dos vestiários. A segurança do clube informou também não ter conseguido identificar os autores. A respeito de possíveis agressões ou ferimentos sofridos por atletas ou funcionários do Clube, nada foi relatado aos policiais, apenas os danos anteriormente citados”, prosseguiu o documento.

O pronunciamento da PM contraria a versão apresentada pelo Corinthians. Desde sábado, os funcionários são unânimes em dizer que os torcedores que invadiram o CT estavam mascarados, portavam paus e até facas e agrediram e hostilizaram as pessoas. Um segurança, uma faxineira do clube e o consultor médico Joaquim Grava saíram feridos, além do atacante Paolo Guerrero ter sido “estrangulado”, segundo o clube.

Valdir Dutra, chefe de segurança do clube, confirma o relato da polícia. “O que eles estão dizendo está correto, eu só não consigo precisar o momento em que relatei os furtos. Eu não relatei nenhuma agressão porque também só fiquei sabendo depois. Talvez outra pessoa tenha relatado, mas eu não”, disse ele.

Apesar de não ter tido acesso a essas informações, a PM viu o cenário descrito pelos funcionários. As cenas relatadas por quem estava no CT são de vândalos mascarados, armados com paus e até facas, hostilizando e espalhando terror pelo local. Dutra, porém, prefere não julgar a atitude dos oficiais.

“Eu servi essa corporação por 30 anos, não é assim que funciona. É muito fácil criticar a ação depois. Minha opinião não é importante neste momento”, disse Dutra, hoje coronel da reserva.

Pedro Iokoi, advogado criminalista formado pela PUC-SP, discorda. “Entendo que se os policiais estavam no interior do CT, no momento do delito, deveriam ter agido. A invasão, cortando o alambrado, já configura crime de dano e violação de domicilio, se não são associados ao clube”, disse o especialista consultado pelo UOL Esporte.

Leia a íntegra da nota da PM:

“A Polícia Militar do Estado de São Paulo vem a público esclarecer a cerca dos fatos envolvendo a invasão de torcedores no Centro de Treinamento do Sport Club Corinthians Paulista, ocorrido no dia 1° de fevereiro.

Cumpre elucidar de início que, em decorrência de tal fato, não houve o acionamento usual da Polícia Militar por meio do seu telefone de emergência 190 (via Centro de Operações da PM – COPOM). Todavia, a corporação foi acionada diretamente na 3ª Companhia do 2º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, por telefone. De imediato houve o acionamento e deslocamento de viaturas da 3ª e 4ª Companhias para o atendimento da ocorrência.

No local, defronte ao portão principal do referido CT, sito à Rua Arlindo Bettio, 10, encontravam-se aproximadamente 15 torcedores uniformizados, que objetivavam protestar e cobrar dos jogadores e da comissão técnica o desempenho e as derrotas sofridas pelo clube.

De pronto, um Oficial estabeleceu uma negociação com os manifestantes ali presentes, sendo que logo após, os seguranças do CT informaram aos policiais militares que outros torcedores, em maior número, já haviam invadido o CT pela parte lateral e pela parte posterior do terreno, cortando os alambrados, motivando dessa forma que os policiais militares adentrassem também.

Já no interior do Centro, foi observado, nas imediações do hotel, dos vestiários e nas proximidades do campo de treinamento, um grupo de aproximadamente 100 torcedores, exaltados. Os jogadores, por sua vez, encontravam-se dentro dos vestiários.
Apesar dos ânimos acirrados, até aquele momento não foi observado ou constatado por parte dos policiais, nenhum ato de vandalismo, de agressão ou qualquer tipo de evento que ensejasse, de imediato, a prisão ou detenção de qualquer um dos manifestantes.

Além disso, informações fornecidas pelo Chefe da Segurança do clube, davam conta que outras torcidas iriam se deslocar também ao CT, motivando também de pronto a solicitação de apoio ao policiamento, tendo comparecido na sequência, outras viaturas do 39º Batalhão, com a presença de mais dois Oficiais.

Ato contínuo estabeleceu-se uma negociação com os manifestantes e a diretoria do clube, acompanhados pelo pessoal da segurança. Dessa forma, permaneceram no local apenas 12 integrantes das torcidas que conversariam com os representantes do clube, sendo que os demais manifestantes se retiraram.

Somente um tempo após a saída dos manifestantes do CT, chegou ao conhecimento dos policiais militares, por meio do Chefe da Segurança, que haviam sido furtados peças de uniforme do clube, 02 aparelhos celular I-Phone e 01 aparelho Nextel, além do reporte de danos causados em um veículo e em uma porta de vidro do Hall de Entrada dos vestiários. A segurança do clube informou também não ter conseguido identificar os autores.

A respeito de possíveis agressões ou ferimentos sofridos por atletas ou funcionários do Clube, nada foi relatado aos policiais, apenas os danos anteriormente citados.

Os representantes do clube e as vítimas de furto ou de dano foram orientados e solicitados a acompanharem os policiais militares ao 24º Distrito Policial para o registro das ocorrências, porém, o Chefe da Segurança informou que iriam posteriormente ao DP, e, sequer, tais pessoas foram apresentados aos policiais para registro.

A Polícia Militar atendeu a ocorrência com 11 viaturas operacionais, com efetivo total de 26 policiais, entre eles, três Oficiais na coordenação dos trabalhos. Foi elaborado o Boletim de Ocorrência/PM de Nº 7728 pela equipe da viatura M-02341.
O Delegado de Plantão do 24º DP recebeu os dados preliminares da ocorrência e aguardou, por sua vez, a presença das vítimas para proceder à elaboração dos competentes Boletins de Ocorrência. Posteriormente, no mesmo dia, por volta das 17 horas, foi elaborado pelo 62º DP, um Boletim de Ocorrência, exclusivamente, de natureza de “roubo consumado” e “danos”.

Por fim, a Polícia Militar entende que nesse atendimento, em momento algum, houve inércia ou omissão dos seus integrantes, havendo sim, uma atitude, além de preventiva, consciente e hábil para aplacar os ânimos, por meio de negociação, o que, com certeza evitou um mal maior, conseguindo assim, a retirada pacífica dos manifestantes evitando ao máximo o uso de força.

Não obstante, entendendo a dimensão e possível extensão do problema, a Polícia Militar, no dia seguinte, deu continuidade ao atendimento e apoio ao S.C.Corinthians Paulista, ao providenciar novamente policiamento ostensivo no seu CT, para o embarque dos jogadores em direção a Campinas, onde enfrentaria a Ponte Preta.

A escolta da comitiva prosseguiu até a Marginal Pinheiros, onde seguiram escoltados na sequência por viaturas do Comando de Policiamento de Trânsito até a Rodovia dos Bandeirantes, assumindo a partir daí até o estádio em Campinas, viaturas da Polícia Militar Rodoviária Estadual.

Além disso, por volta das 19 horas da mesma data, após nova derrota da equipe, houve a escolta da comitiva de volta ao CT, onde já havia também, de forma preventiva, a presença de policiamento ostensivo, permitindo que os jogadores pudessem desembarcar do ônibus e embarcarem em seus veículos com segurança.

São Paulo, 04 de fevereiro de 2014.”

www.uol.com.br

2 Comments

  • Isso já está ficando chato. Todo mundo quer explicações, mas ninguém toma atitude para mudança.

  • “Relatar” ? Alguém diga para o responsável pelo comando da PM paulista que a simples invasão domicílio é crime, capitulado no artigo 150 do Código Penal. Alguém diga para o comando da PM paulista que o artigo 301 do Código de Processo Penal assevera que “as autoridades policiais e seus agentes DEVERÃO prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”. Alguém diga ao comando da PM paulista que por isso tudo, os policiais que lá estavam não precisavam de requerimento por escrito para efetuar prisões…

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