Feb 22, 2014

É preciso esclarecer II

Especialista refuta versão do Corinthians sobre câmeras

VIOLÊNCIA
‘É impossível pararem’, afirma distribuidor dos aparelhos

ALEX SABINODE SÃO PAULO

A Vivotek, multinacional fabricante de pelo menos 16 das 22 câmeras de segurança do centro de treinamento corintiano, tem três distribuidores oficiais no Brasil. Um deles considera “impossível” que 20 delas tenham falhado ao mesmo tempo.

Essa é a versão do clube para as poucas imagens da invasão das torcidas organizadas ao CT, no último dia 1º.

A delegada Margarette Barreto, encarregada do caso, havia afirmado que o problema atrapalha a investigação.

“Elas não param de funcionar. É impossível”, disse à Folha Guilherme Barandas, diretor da Alca Network, distribuidora das câmeras utilizadas no CT do clube, cujas imagens são gravadas em alta definição.

O sistema foi instalado em 2012. Segundo Barandas, os aparelhos ainda estão dentro dos três anos de garantia padrão do fabricante.

A instalação foi feita pela Smart Systems. A Folha tentou entrar em contato por telefone e e-mail com Fernando Lourenço, diretor da empresa. Ele não respondeu.

“A vida útil de uma câmera dessas é de cinco ou seis anos. Não dá para acreditar na versão do clube. Sinto muito”, diz Barandas.

Ele especula sobre problema no servidor que armazena as imagens. Mas ressalta que as câmeras possuem cartões de memória que gravam imagens por até sete dias.

“São equipamentos feitos para funcionar 24 horas por dia. O padrão é sempre armazenar os dados no servidor, em ambiente remoto e no cartão de memória. São três fontes”, afirma Marcos Watanabe, especialista em segurança e diretor de estratégia da empresa de segurança Ipset.

A empresa possui 1.800 câmeras semelhantes às usadas pelo Corinthians, instaladas em hotéis. “Temos problemas com uma delas a cada dois meses. Imagine, então, a chance de 20 pararem ao mesmo tempo”, afirma.

De acordo com Barandas, o software do sistema, quando percebe algum problema, avisa com antecedência. “Dá tempo de evitar”, conta.

O programa corintiano foi feito pela Seventh. Procurada pela reportagem, funcionária que se identificou como Michelle afirmou que a empresa não teria nada a dizer.

O distribuidor da Vivotek recomenda perícia no servidor, não nas câmeras. E busca pelos cartões de memória.

A direção do Corinthians afirma não saber o que fez as câmeras falharem.

O clube colocou os aparelhos à disposição da Polícia Civil para serem examinados.

SEM INGRESSOS

Ontem, o Corinthians anunciou que não vai mais ceder ingressos para as torcidas organizadas venderem em suas sedes.

A decisão foi tomada pelo presidente Mario Gobbi, em resposta às críticas de que o clube colabora com as organizadas. Também é reflexo da invasão ao centro de treinamento, no último dia 1º.

A medida vale para a partida contra o Rio Claro, hoje

As organizadas recebiam ingressos graças a Termo de Ajustamento assinado pelo Corinthians na Federação. Vendiam as entradas e repassavam o dinheiro para o clube na semana seguinte.

 

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1 Comment

  • Tudo muito estranho, mas ao que parece o clube vai rompendo, aos poucos, com as organizadas.

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