Apr 25, 2014

A lição do 25 de abril

 

Capitão Salgueiro Maia- comandante da operação- negocia a a rendição do governo portugues.

 

As pessoas de minha geração nunca esquecerão o 25 de abril de 1974 quando – em Portugal- as Forças Armadas derrubaram a ditadura salazarista de mais de quatro década.

Foi um dia de plena alegria  quando a liberdade voltou aos nossos queridos portugueses.

Estava na Faculdade de direito. O Centro Acadêmico Onze de Agosto fervia como se a revolução dos cravos fosse ali dentro.

Em uma assembleia improvisada decidiu-se que deveríamos fazer um manifesto de apoio a revolução portuguesa  mesmo o Brasil vivendo pleno governo Médici.

Um pequeno grupo foi escrever o manifesto. Ai, desabamos todo nosso ódio ao salazarismo com afirmações de um radicalismo que só a juventude ( e a existência de uma ditadura no Brasil) poderia explicar. Um laudo  pedia todo tipo de punição aos membros do regime anterior que- em horas – começariam chegar ao Brasil como novos exilados. Trocavam de posição com os velhos democrátas portugueses que por décadas ficaram no Brasil.

Quando fomos ler o documento- que trazia raiva e sangue por todo lado- apareceu uma voz ponderada. Um aluno do quinto ano ( Gerson Lacerda Pistori)- que não sei por onde anda-  disse: ” Pessoal , nós somos do Onze que tem mais de 100 anos de vida. Já viveu tudo. E viverá muito mais. Quando este documento for lido – daqui 50 ou 100 anos- o que acharão dele ? Vamos tirar todo ódio que temos pelos derrotados e vamos ver o futuro que precisa ser construido. Será melhor para todos. Para o Onze e para Portugal”.

Nunca esqueci esta lição. Reformulamos o manifesto e hoje – quando lembro- vejo a grande sabedoria de meu colega.

Via a revolução dos Cravos que trouxe a democracia à Portugal.

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