Desconstruindo o mito do Morumbi
Quando a Copa do mundo foi confirmada para nosso país, a mídia criou muita agitação em cima da candidatura do Morumbi para abrigar a abertura do evento. Houve uma onda de informações equivocadas sobre o estádio e suas condições para as reformas, e quase todas as vozes serviam a uma campanha em favor do estádio.
Nosso blog publicava, ao longo desse período, uma série de artigos que falavam ad difícil tarefa para tornar o Morumbi viável para a Copa, e ia contra toda a maré criada em torno deste tema.
Colocamos abaixo a reprodução desses textos, em ordem cronológica.
30/05/2007
A Copa 2014 e os Estádios (1)
A Copa do Mundo de Futebol de 2014, que será realizada no Brasil, precisa vencer grandes obstáculos até o dia do pontapé inicial do jogo de abertura.
A primeira grande dificuldade para um evento de tal magnitude, realizado num país “emergente”, é a falta de recursos, tanto na área privada, como na pública, bem como a deficiente infraestrutura que precisará ser construída, reformada e estar pronta para os jogos de 2014.
A experiência de todos os países que realizaram as últimas cinco Copas do Mundo mostra que este é um evento caro, com grande retorno, mas caro.
Aceitando-se que a infraestrutura geral do país sede já tenha recebido investimentos, e, para o evento, necessite apenas complementá-los, não é pouco o que deve ser gasto em aeroportos, hotelaria, estradas, transportes, comunicação etc. Tudo isso, nos indicam as experiências anteriores, ficará por conta dos governos que, em muitos casos, terão que inverter prioridades para adaptar-se à Copa 2014. Além disso, os jogos precisam de estádios modernos, amplos, como vimos nas últimas edições de copas na Alemanha, Japão-Coréia etc. Também aqui não podemos ignorar que muitos recursos públicos terão que ser investidos. Haverá necessidade de previsões orçamentárias, transposição de verbas, suplementações, créditos especiais, tudo demandando novas fontes de recursos.
A idéia de que a iniciativa privada construirá estádios pelo País todo, propagandeada pela CBF, não tem sustentação nas experiências anteriores, mesmo de países ricos e com grupos econômicos fortes, e tampouco nos eventos realizados no Brasil. No fim, o que se verá, é que serão os cofres públicos, de maneira direta ou indireta, que bancarão os jogos.
Para a Copa 2014 aqui é que aparece o segundo obstáculo. Estando o Brasil realizando os Jogos Pan-americanos no Rio de Janeiro, todos estes problemas ganharam uma superdimensão. Notadamente pelo descalabro orçamentário com que se está fazendo o Pan-2007. Como é público, quando da escolha do Rio como sede para o PAN, o COB e os organizadores do evento informaram que haveria um gasto aproximado de menos de 400 milhões de reais, e que haveria uma grande presença de capitais privados no evento. Nada disso era verdade. Hoje, pelos cálculos mais otimistas, o custo do Pan-americano se aproxima de 4 bilhões, sem que nada tenha vindo da iniciativa privada. O ônus desta anarquia orçamentária não ficará com o COB, mas respingará no futebol, sobre o qual incidirão dúvidas em qualquer idéia, projeto ou proposta, considerando que todos estamos perplexos com a fraude orçamentária Pan-2007.
O Fim do Pacaembu
A mais importante sede dos jogos da Copa de 2014 é inegavelmente a cidade de São Paulo. E aqui reside um potencial problema que pode desmoralizar a Copa do Mundo. A cidade vive o dilema de encontrar o estádio onde será feita a abertura ou o encerramento do mundial. E o que estamos vendo é uma confusão que mais lembra o Pan do Rio do que qualquer evento alemão.
Os primeiros passos da preparação da Copa 2014 decretam o fim do Pacaembu. A prefeitura, por motivos pouco consistentes, desistiu de derrubar ou reconstruir um estádio no Pacaembu alegando dificuldades com moradores, por vezes, problemas com ambientalistas, por outras. Mas a única verdade que nasce dessas primeiras tratativas da Copa 2014 é que, escolhendo-se uma outra alternativa que não seja lutar pelo Pacaembu, a prefeitura decreta a transformação do estádio da cidade em templo católico e evangélico e palco de rock e sertanejo. Certamente um outro estádio será sede do mundial e não nos parece razoável que a prefeitura construirá outra arena e manterá o Pacaembu.
Fica, portanto, resolvido o primeiro round da Copa 2014 na cidade de São Paulo. A prefeitura joga a toalha e o estádio que mais contribuiu para o crescimento do futebol paulista e brasileiro terá um funeral sem luxo.
Nos próximos textos falarei sobre a alternativa Morumbi, a Arena da Federação e opções do Governo do Estado, prefeitura, de Corinthians e Palmeiras.
31/05/2007
A Copa 2014 e os Estádios (2) – A “Arena da Federação”
Os países que realizaram Copas do Mundo, ou grandes eventos esportivos, e que necessitaram construir estádios, adotaram como modelo estádios vinculados a clubes. Esta decisão é perfeitamente lógica e procura garantir ao investimento feito uma ampla capacidade de retorno. Como sabemos, construir estádios modernos é caro. Fica sem sentido fazê-lo apenas para evento único, praticamente esgotando-se sua utilidade.
Experiências de organização bem-sucedida, ocorreram em cidades onde a prefeitura ou o governo local se dispunha a construir a praça de esportes e, depois, administrá-la, com clubes regionais utilizando-a para campeonatos regulares e possibilitando retorno permanente dos investimentos aplicados. O melhor caminho, no entanto, para a viabilidade econômica dos investimentos, foi encontrado quando a edificação se vincula a um clube, especialmente a um clube de massa, podendo ter ocupação intensa, por muitos campeonatos e por longo tempo.
Mesmo grupos privados, que se dispunham à construção de estádios, sempre procuraram vinculá-los a um clube, com a mesma preocupação: conseguir retorno a longo prazo e garantir a permanência daquela agremiação. Foi o que vimos ocorrer em Portugal, no bem-sucedido exemplo da Eurocopa, quando o governo português reuniu alguns grupos privados e reconstruiu os estádios do Benfica, do Porto, do Sporting e de alguns outros clubes.
Foram feitas obras magníficas, caras, derrubaram-se estádios antigos – como o velho Estádio da Luz do Benfica – e construíram-se modernas praças para a prática de futebol e para outras utilizações de marketing, como lojas, estacionamentos etc. Mas o essencial disso, foi que os empreendedores escolhiam primeiro o clube, elaboravam-se os projetos, e viabilizava-se a construção. Hoje temos o Benfica, o Porto, o Sporting, e outros mais, com estádios moderníssimos, utilizados todo o ano, e em competições nacionais e internacionais.
Com isso, ficou o governo com a garantia de estar apoiando clubes centenários, e os investidores privados com a segurança de que nas próximas décadas poderão receber os valores investidos.
Não obstante o modelo deste bem-sucedido projeto da Eurocopa, que foi basicamente repetido na Copa da Alemanha, aparece agora, no início das discussões sobre estádios para a Copa de 2014 em São Paulo, a surpreendente proposta da construção pela Federação Paulista, junto com um grupo privado e o Governo, de um estádio de futebol.
Ora, quem deverá jogar na “arena” a ser construída pela Federação Paulista de Futebol?
Os jogos do Campeonato Paulista, não mais do que três meses por ano? Quem garantirá retorno aos investidores em um negócio feito por uma entidade que não é dona de clube, numa cidade em que existe um estádio municipal?
Não consta que a Federação Paulista vá organizar algum clube para ela e sustentar, nas próximas décadas, o retorno do investimento que seria feito. Estamos, portanto, diante de uma proposta inédita e quase surrealista!
Mais surpreeendente, ainda, é a postura da Prefeitura de São Paulo que, sendo proprietária de um estádio historicamente importante para o futebol brasileiro, como o Pacaembu, covardemente abandona seu estádio, condenando-o a futuramente transformar-se num centro religioso, ou para shows de rock ou rap, ou ainda, para jogos de casados e solteiros, aliando-se à Federação para construir um “estádio sem clube”! Ou há muito dinheiro sobrando e o País pode construir estádio só para a Copa, sem uso pós-evento, ou já estamos diante do primeiro caso complicado da Brasil-2014.
A lamentável adesão da Prefeitura ao projeto da “Arena da Federação” mostra o quanto confusas estão as autoridades municipais e, o que é pior, o quanto será difícil a organização de uma Copa Mundial de Futebol no Brasil.
Esta sem dúvida é a pior das opções que a cidade tem!
A Copa 2014 e os Estádios (3) – O São Paulo tenta salvar o Morumbi
Na confusa discussão para a decisão do estádio da Capital paulista que sediará a Copa do Mundo, o São Paulo FC, mais uma vez, faz um bom trabalho político e uma excelente ação de mídia.
Seu objetivo é claro: salvar o seu Morumbi, reformando-o, e colocando-o como estádio para abertura ou fechamento da Copa do Mundo de 2014.
E este é um esforço gigantesco, considerando-se os problemas que tem seu estádio.
O Morumbi é uma daquelas praças de esportes que nasceram de acordo com o modelo do Maracanã. Como o Mineirão, Beira Rio, Castelão, foram todos feitos a partir de duas premissas: -grandes públicos; e -pouca qualidade de acomodações.
Era a época de 120, 130, 140, 180 mil pessoas num estádio, todos amontoados de qualquer jeito, sem medidas de razoáveis conforto e segurança. Este ciclo de construção de estádios esvaiu-se no final da década de 1980 e 90, com o aparecimento das “arenas” construídas para públicos menores, com muito conforto, lugares com cadeiras, lojas, restaurantes, sanitários e estacionamentos, além de fácil acesso e adequado transporte coletivo.
Vários países demoliram os velhos estádios, como Wembley, os portugueses, alemães etc. Com dinheiro farto, iniciou-se a leva da construção de estádios menores e de conforto quase digno dos grandes teatros.
O São Paulo não teve dinheiro para dinamitar o Morumbi, muito menos para adaptá-lo às novas exigências de público, mídia e de torcedores em geral. E muito menos para edificar um novo.
As duas últimas pequenas reformas que o estádio sofreu, com a colocação de amortecedores e a construção de algumas acomodações – foram feitas, ou com dinheiro da Federação Paulista na gestão Farah, ou patrocinado por CBF-FIFA para realização do Mundial de Clubes de 2000 -, no mais, foi uma pinturinha aqui, a construção de um banheirinho ali, ou a colocação de um camarote para uma empresa acolá.
Restou ao São Paulo, e estão fazendo de forma eficiente, embarcar na nave da Copa 2014, para produzir uma grande reforma que dê sobrevida ao Morumbi.
Os próprios planos apresentados pelo São Paulo para a CBF mostram a inviabilidade desta reforma, ainda que se procure justificá-la pelos baixos custos.
Ressalte-se, de plano, que o São Paulo não omite que isto tudo deverá ser feito com dinheiro alheio, já que não tem recursos próprios para grande reforma.
Quem conhece, ainda que de forma superficial, o estádio do Morumbi sabe da inviabilidade de transformá-lo numa arena moderna, que exige lugares com cadeiras em todo o estádio, estacionamento para veículos de torcedores, banheiros e restaurantes minimamente decentes, acessos modernos e amplos, isto tudo quase inexistente, e o que é pior, de difícil implantação no caso tricolor.
Veja-se o exemplo das cadeiras que, se colocadas em todo o estádio, reduzirão sua capacidade para aproximadamente 50 mil pessoas, o que o tornará grande em tamanho, pequeno em acomodações e com muitas dificuldades para os torcedores assistirem aos jogos.
A CBF sabe que reformas não salvam o Morumbi. Os próprios governos estadual e municipal, que fingem apoiar os projetos do Tricolor, também o fazem por não quererem construir outra alternativa de estádio. O São Paulo vai fazendo seu discurso e a sua luta, mesmo sabendo que a manutenção do Morumbi como estádio da Copa, desqualifica a cidade de São Paulo como local para abertura ou encerramento desse evento mundial.
Salvar o Morumbi, reformando-o na onda da Copa do Mundo só é possível dentro de uma concepção de evento inteiramente diversa dos últimos cinco realizados. Seria como dizer assim: “realizemos uma Copa para os pobres”, aí o Morumbi estaria dentro. O difícil será convencer o mundo, especialmente a FIFA, que cada vez mais procura transformar o evento Copa em megaespetáculo, retroceder e aceitar um estádio como o Morumbi, quase sem acesso, com precárias instalações e com uma reforma que mais se parecerá com gambiarra, mambembe, do que com reconstrução de arena.
Mas o São Paulo insistirá, e se ninguém fizer nada em sentido contrário, crê que receberá dinheiro público e salvará seu estádio, ainda que isto comprometa a realização da Copa do Mundo no Brasil.
02/06/2007
A Copa 2014 e os Estádios (4) – O Corinthians fora da fita
A realização da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, proporciona ao Corinthians uma oportunidade de ouro para dela participar, construindo seu estádio.
Como sabemos, a abertura ou o encerramento desse evento será em São Paulo, e como vimos nos textos anteriores, a cidade não possui estádios dentro dos padrões aceitáveis para sediar importantes partidas como um Mundial de futebol.
Considerando que, em todas as competições esportivas mundiais de monta realizadas nas últimas décadas, a construção de estádios sempre esteve vinculada a algum clube, o Corinthians – clube de massa, não possuindo estádio compatível para jogos do mundial – é, inegavelmente, a melhor solução para a construção de uma arena que sedie uma Copa do Mundo.
Isto porque todos os investidores, envolvidos neste tipo de evento, preocupam-se com o pós-mundial, com seu uso futuro e permanente em campeonatos populares, viabilizando o retorno do investimento. Salta aos olhos, portanto, que ao Corinthians a oportunidade é grande, mas, desenganado, o clube sequer está participando de discussões com CBF e FIFA, para posicionar-se na preparação do Mundial.
É uma oportunidade que não está perdida, mas que pode se esvair, da mesma forma como o clube já perdeu a chance de construir sua praça de esportes na década de 1960, ao apoiar o São Paulo, na construção de seu estádio, por decisão equivocada de seus dirigentes, ou a oportunidade repetida ao final dos anos 1970 e início dos 80, não aproveitada mais uma vez, para construir, como era praxe na época, um estádio grandalhão e sem conforto.
Mas, esquecidos os erros das décadas de 50 a 80, entramos neste período de pré-definição de estádios para a Copa 2014, e, infelizmente, o clube tem uma posição de completa omissão, quando não, de procurar caminhos errados. A parceria feita com a MSI deixou aos investidores estrangeiros e “meio-clandestinos” a possibilidade da construção de um estádio. Ocorre que, com a definição da Copa 2014, este estádio certamente deveria estar inserido nos preparativos da FIFA. E é aí que as coisas se complicam.
Como vem reiteradamente dizendo, o Senhor Joseph Blatter, Presidente da FIFA, opõe-se ferozmente a estes investidores soviéticos que estão entrando no futebol. Basta ver o que tem sido declarado nos últimos dois anos sobre MSI e Corinthians, para se compreender que, no que depender da FIFA, eles terão dificuldades para se inserir mais nos negócios do futebol.
Nas últimas semanas, depois da decisão da Premier League que considerou a transferência de Tevez uma fraude, diminuiu mais ainda o espaço para estes complicados investidores que buscam atuar no futebol.
Eles estão com a porta fechada e pela mesma brecha por onde estiverem entrando, a FIFA vai procurar empurrá-los para fora, ou dificultar suas ações.
Ora, como é que o Corinthians apresentaria à comissão da FIFA um estádio patrocinado por esta gente que ela tanto procura cercear?
É por isso que, nas discussões ocorridas até agora, o Corinthians é completamente omisso, o presidente Dualib nem mesmo participa de qualquer tratativa sobre o evento. É uma figura fora da foto. E isto se deve ao fato de que o clube está agregado com gente cujos negócios escusos a FIFA não apóia, e até condena.
Sobra então ao presidente Dualib e à direção do Corinthians anunciar, vez por outra, interesse em estádios com projetos totalmente desvinculados da Copa 2014, o que é mais do que irrealismo, mas uma procura desesperada de justificar a parceria feita pelo clube.
Ficamos assim: estádio fora do contexto de uma Copa é difícil sair, até porque não acomodarão jogos do mundial.
Entrarmos em qualquer projeto da FIFA, com essa gente não será possível! Destaque-se que a FIFA tem encaminhado investidores para os eventos da Copa e não os fará para um contexto Corinthians-MSI.
Aqueles que apoiaram a parceria, dizendo que o problema da origem do dinheiro era dos investidores, deveriam, neste momento, tomar a palavra e considerar o terrível dano causado ao clube.
Os projetos da COOPERFIEL (torcedores construindo um estádio), ou de uma arena construída pela empresa W. Torres, ou uma arena em Guarulhos: qualquer um deles para se viabilizar terá que se ajustar ao clube e aos interesses da Copa do Mundo. Fora deste contexto, podem ser generosos, idealistas, temerários ou geniais, mas padecerão pelo caminho.
O Corinthians, portanto, na discussão da Copa do Mundo, é um ausente, até porque seu Presidente não pode aparecer falando em projetos de seus parceiros porque os organizadores do Mundial não o ouvirão.
30/08/2007
“Pro Brasilia fiant eximia”*
(*) Pelo Brasil façam-se grandes coisas
O anúncio feito no dia de ontem, 29/08, de que o Morumbi reformado será a praça paulista para a Copa do Mundo representa, entre outras coisas, um grave apequenamento da cidade.
Seria natural que uma metrópole como São Paulo, que tantas iniciativas pioneiras e audaciosas já tomou, se preparasse para a Copa do Mundo de 2014 com o mesmo espírito de grandeza e audácia que fizera do vilarejo colonial de Piratininga, fundado por Jesuítas, a maior e mais importante metrópole da América do Sul.
O projeto de reforma do Morumbi para a Copa não representa nada disso. Um estádio velho, absolutamente superado, sem qualquer perspectiva de remodelação minimamente aceitável para uma abertura ou encerramento de Copa do Mundo, é apresentado como se não houvesse mais audácia, arrojo, para se buscar a construção de uma arena moderna, grande, que projetasse a cidade nos próximos 50 anos.
Agrava tudo isso que o projeto apresentado aos inspetores da FIFA é quase uma proposta de um PAN “II”, de segunda classe. Não há orçamento para nada. Pode custar um real, um milhão ou dez bilhões. É uma reforma com livro-caixa em aberto, e, repetindo o que fizeram Nuzman e seus amigos, o SPFC apareceu com a idéia e pede aos outros que venham com o dinheiro.
Fora a apresentação de multimídia, que pode ser confeccionada em qualquer lugar, tudo lá é interrogação. Não há orçamento; não existe definição de razoável projeto de engenharia. E tudo isso por que, se existissem, os valores seriam certamente altíssimos, incompatíveis para um estádio de Copa e para esse Morumbi.
É inegável que a cidade pode criar a alternativa de construir uma arena moderna, à altura de sua história. Caso prevaleça essa participação mambembe do Estado de São Paulo na Copa, uma primeira medida poderia ser mudar a legenda do brasão do Estado. E ao invés de “Pelo Brasil façam-se grandes coisas” (Pro Brasilia fiant eximia), alterem-na para “Pelo Brasil façam-se pequenas coisas”.
Não creio que esse projeto, claramente insustentável, possa receber o apoio da sociedade paulista. Passado o momento eufórico da festinha com a FIFA, quando se voltarem os olhos para a efetivação do projeto, tomar-se-á consciência do grave erro cometido e se buscará melhor alternativa.
Esperamos que não seja tarde!
22/04/2009
O “PAC da bola”
A Imprensa divulgou de forma discreta, discretíssima, que o Prefeito Kassab, aproveitou sua presença no jogo do último domingo, entre Corinthians e São Paulo, para inspecionar as obras realizadas no estádio do Morumbi para a Copa do Mundo de 2014. Não sei exatamente o que o Prefeito andou vendo, junto com o Presidente Juvenal Juvêncio, nem tampouco se ele estava acompanhado dos Secretários Feldman e Caio que, como o alcaide, são responsáveis pela infeliz escolha do Morumbi como arena para abertura da Copa 2014.
É possível que tenham mostrado para o Prefeito aquele velho vídeo com computação gráfica que mostra um estádio inexistente. Ou, talvez, tenham-no levado para ver um bar que abriram por lá. Ou uma ou outra área VIP, que quase nada siginificam em termos de preparação do espaço para o evento mundial.
A rigor o Morumbi nada avançou para sediar a Copa, como informam todos os especialistas na matéria, pois sua reforma é “difícil, cara e sempre será precária”. O São Paulo vai empurrando com a barriga, já que não tem condições de nada ou pouco realizar neste sentido. No início, disseram que reformariam o estádio sem dinheiro público. Embora sendo impossível, com isso conquistaram apoio do Prefeito e de seus Secretários Caio e Feldman e, ao mesmo tempo, inviabilizaram a procura de outro espaço para a Copa na Cidade de São Paulo.
Sem dinheiro público, ou a fundo perdido, o São Paulo sabe ser impossível cobrir o estádio, construir garagens e fazer outras reformas necessárias para sua adequação às normas da FIFA. A estratégia tricolor para conseguir recursos públicos será mostrada quando não houver mais tempo para a construção de uma nova arena na Cidade e isto já está se aproximando. Os três responsáveis pelo desastre na Prefeitura serão os melhores representantes para que o São Paulo consiga os recursos e reforme seu estádio.
Mas o Tricolor precisa lutar muito e, por essa razão, já começa a trabalhar na área federal a idéia de que com a atual crise, o Governo Federal deveria criar um “PAC esportivo”, isto é, a criação de fundo de empréstimo para custeio de todas as obras envolvidas com a realização do mundial.
Não sei se isso dará certo, mas creio que o Prefeito Kassab e os Secretários Feldaman e Caio devem se preparar para toda sorte de problemas que virão da opção errada que fizeram ao escolher o Morumbi.
Ainda que o diretor de marketing são-paulino tenha dito: “as grandes obras de reforma começarão em setembro, sem dúvida”, todos os que conhecem o problema sabem que o São Paulo, fora uma ou outra pintura ou reforma de um e outro camarote VIP, não tem condições para realizar as obras necessárias para a Copa 2014.
Kassb, Feldman e Caio – todos são-paulinos – estão com o maior mico na mão e terão que resolver o equívoco que cometeram, uma vez que FIFA, Governo Federal e Estadual reconhecem a inviabilidade da escolha do Morumbi.
PAN-07 x COPA-14
Quem acreditava que os problemas do Pan do Rio, realizado em 2007, não se repetiriam na preparação da Copa do Mundo de Futebol de 2014 perde a esperança.
A mídia paulista, ressalvados aqueles que sempre se posicionaram bem, que costumava “espinafrar” o preparo e a execução do Pan-07, precisa mudar a lente de seus óculos e dar uma olhada no que está ocorrendo na reforma do Morumbi para a Copa.
De início será preciso lembrar da farsa que levou a Prefeitura da Capital paulista a escolher o estádio do São Paulo para sediar a Copa:
1) a reforma seria feita com dinheiro privado;
2) o estádio atenderia às condições da FIFA para a abertura do Mundial.
Nada disso ocorreu. Não há grana privada e o estádio não terá condições – ainda que se gaste muito – de sediar a abertura dos jogos.
O SPFC sabia que não teria os recursos para a reforma. Era de conhecimento da CBF que somente uma obra gigantesca poderia reconstruir o Morumbi para a suportar a abertura da competição.
Partindo daquelas duas mentiras, tudo vem sendo feito em atos que deixam o Pan-07 como um evento menor, em relação ao caráter espantoso de suas ações. O que temos hoje é uma verdade escondida e indesmentida: poucas vezes tivemos tamanha mobilização de esforços públicos para apoiar um ente privado como na preparação do Mundial de Futebol em São Paulo.
Veja-se o caso do empréstimo do BNDES: nunca o banco apoiou Clube algum nesta terra! Os financiamentos a entidade estatais são públicos (sim, é preciso dizer isso!), efetuados diretamente ao tesouro de Estados ou Prefeituras (que avalizam os contratos e pagam ao banco).
A mídia paulista de nosso Estado, excetuada a parcela dos que mantêm o senso crítico, chega à aberração de dizer que o empréstimo do BNDES é privado. Ignorância? Nada disso! Poderíamos dizer que armam a maior privatização de um banco público, sem conhecimento de um mínimo mortal tapuia. E, se tal fato tivesse ocorrido com o Pan? Vemos o Poder Público desviando recursos para um Clube privado, sem qualquer aval de ente público, e sem garantias de viabilidade financeira que lhe possibilitem retorno.
A capacidade de indignação, exibida pela mídia bandeirante, esgotou-se nas críticas ao Engenhão. Que, diga-se, não foi contruído para o futebol e está sendo pago pelos cofres cariocas.
O último (?) projeto de reforma do estádio do Morumbi é uma confissão de ilegalidade deste tal Comitê Paulista da Copa. A maior parte do projeto “ocupa” uma área pública, sem cerimônia, sem lei, sem respeito à Cidade e sua população. A FIFA deveria mandar mais esta proposta para o lixo, não sem antes encaminhar cópia ao MP, para reponsabilizar o Comitê que violou a lei.
Está mais do que claro que a CBF prefere fazer a abertura do Mundial em Brasília. E agora tem bons motivos. Afinal o projeto do São Paulo é uma homenagem ao Jeca Tatu, tal é o seu atraso.
O Prefeito Kassab, o Feldman (não corre, não!) e o Dr. Caio sabem o tamanho do problema que criaram.
Mas, mantendo-se as ressalvas acima, e a nossa mídia? Fala sobre lei de licitação, estudos do sr. Othake, projetos mirabolantes, investidores que não existem, perseguição da Fifa etc.
Tudo para não ter que dizer que o Pan-07 – que foi péssimo – foi menos chocante do que a preparação paulista para a Copa-14.
E agora prefeito?
Este blog nunca entrou no oba-oba de um “udenismo tardio”, que defende o Governo fora de qualquer evento esportivo. Quando a Prefeitura de São Paulo, por meio do Dr. Caio Carvalho, afirmava que o Morumbi seria preparado para a Copa com dinheiro privado e atenderia às exigências da Fifa, dissemos que nada disso ocorreria. Aquele discurso da CBF de que a Copa seria privada, também dissemos que não era correto. Qualquer País do mundo que queira sediar um evento como Copa ou Olimpíada deve preparar o bolso (quer dizer: o cofre público), pois terá que investir muito. Como sempre afirmamos – neste debate – o importante era garantir investimentos com transparência, seriedade e de forma regular. Transparência que, por sinal, nunca houve no projeto de reforma do Morumbi.
Mas o assunto agora é outro.
No Estadão de hoje (1/8/10) – domingo – o sr. Bernie Ecclestone (vice-rei da Fórmula 1) abre a boca e diz que a Prefeitura tem que refazer Interlagos ou… não terá mais F1 em São Paulo.
Diz o sr. Ecclestone: “O futuro da Fórmula 1 no Brasil depende agora de melhoras importantes em Interlagos… Não posso mais ser questionado pelas equipes por qual corremos no pior circuito do campeonato” E conclui de forma direta: “Vou ter uma conversa com o prefeito.”
E agora, Sr. Prefeito, Sr. Caio e Sr. Feldman? Não seria a hora de a iniciativa privada ser chamada para bancar a festa? Afinal é um investimento para uma só competição (???) no ano.
A Cidade de São Paulo que já dá um vexame histórico de ficar sem solução para realizar a abertura da Copa por falta de estádio, pode caminhar para um segundo vexame. Não, não acho. No caso da Fórmula 1 o discurso do “udenismo tardio” vai para uma pasta de arquivo. Dirão que o evento é importante para a Cidade, para o turismo, para a TV etc e tal.
Não sei o que farão as autoridades do Municipio e as empresas vinculadas a este evento. Creio, no entanto, que não será repetido o equívoco da preparação da Copa, onde os interesses clubísticos dos membros do Comitê Organizador inverteram as prioridades: o projeto de preparação para a Copa ficou subordinado a encontrar solução (e dinheiro) para reformar um estádio privado. O grande projeto era salvar o Morumbi e impedir outra solução. Então, ficamos num beco, sem solução.
Será que a entidade que promove a Fórmula 1 não está de má vontade com São Paulo? Diria o Secretário-Geral da Fifa.
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Acompanho o blog desde sua criação e sou testemunha contemporânea de suas colocações sobre o Morumbi. O S.Paulo hoje tem um estádio inapropriado e ultrapassado devido a soberba de seus gestores antigos, pois achavam que tamanho de estádio é sinal de grandeza. Esse monstrengo que foi sustentado por anos pelo CORINTHIANS “mais dia, menos dia” vai ter que ser demolido, assim como aconteceu em WEMBLEY. Sua estrutura é arcaica e não aceita reformas. Além do quê não previram que um palco grande necessita de estacionamento também.
O pior é que essa mídia (verdadeiros papagaios verborrágicos) defendiam essa porcaria como sendo palco da abertura da Copa do Mundo (o demagogo Juca Kfouri, inclusive)
VIVA NOSSA LINDA E MODERNÍSSIMA ARENA,
‘Weltgeist” talvez seja a palavra correta: espírito dos tempos! Nada permanece para sempre. O Morumbi teve sua época, e ela já passou. Os dirigentes tricolores deveriam criar juízo e deixar de acender vela para mau defunto! A área é boa; deveriam copiar os dirigentes do Grêmio e tentar trocar o terreno do falecido por alguma OUTRA área (quem sabe em Osasco?) para a construção de um estádio novo. Mas isso é problema deles! Que se atolem até o pescoço em sua presunção! Vai, Corinthians!
OK Morumbi blablabla
Você votou ou não para aprovar o empréstimo de mais R$350mi para o Itaquerão???
Sugiro cuidar melhor do seu clubinho!
Para você, minhas homenagens com dois dedinhos!
https://www.youtube.com/watch?v=jQx8EtemtTk
Boa tarde, Citadii,
Seria vc um setorista do SPFC ???? disfrçado de torcedor do Curintha?
Abs
Desconstruindo mais gente. Vejam o pisão do Rai no joelho do Dida, se é papel de jogador com todos os dentes:
https://www.youtube.com/watch?v=ctmMQyShgcQ
E no Panetone, ( ou Laudão, como queiram)
Comem mortadela podre e arrotam caviar. Fato.
Citadini, ok, todos nós somos testemunhas de que vc sempre foi contra o panetone na copa e sempre previu que elas não iriam embarcar nessa com um projeto falho e ultrapassado… mas será que já não passou do ponto, ficar a todo momento dando vitrine pra esse timeco da vila sônia e o elefante cor de rosa que chamam de estádio????
Será que agora não é hora de se preocupar com o futuro do nosso clube de focar em como pagar o estádio mais superfaturado da história do nosso futebol???
Creio que todo Corinthiano de verdade, não está nem ai para esse oba oba de festa para o novo estádio, está mesmo é preocupado em como uma gestão corrupta e que desvia milhões dos cofres do clube, irá conseguir pagar o estádio e manter um time competitivo ao mesmo tempo.
Adoraria ver este tema sendo abordado de forma mais profunda aqui no seu blog, afinal de contas você sempre teve uma visão diferenciada dentro do clube e muito nos agregaria conhece-la a respeito deste desafio que o clube terá que vencer nos próximos 10 ou 15 anos, pelo menos!
Como diria o famoso pensador contemporâneo “cumpadi” Waschington; …”Sade de nada inocente”…