Jun 30, 2014

O inesquecível carrosel

 

Envolvido no ‘Carrossel Holandês’

O ESTADO DE S. PAULO

 

Brasil frustra expectativa de repetir show de 1970 e cai diante de um futebol inovador

 

 

SÃO PAULO – Na Copa de 1974, o Brasil frustrou as expectativas de quem esperava algo próximo da espetacular seleção de 70. O técnico era o mesmo, Zagallo, alguns jogadores importantes também – Jairzinho e Rivellino. O futebol apresentado, contudo, estava bem aquém do que encantara o mundo quatro anos antes. Era também o primeiro Mundial sem Pelé desde 58.

 

 

O time quase não passa da primeira fase. Após dois empates por 0 a 0, contra Iugoslávia e Escócia, precisou fazer saldo na vitória por 3 a 0 sobre o fraco Zaire para avançar. O título da reportagem do Estadão do dia seguinte (23 de junho de 1974) atribui a passagem de fase do Brasil a um frango do arqueiro da seleção africana. “Goleiro do Zaire falha, o Brasil está classificado.”

 

Foram inevitáveis as comparações desfavoráveis com o retrospecto no Mundial anterior.”No mesmo jogo em que obteve a classificação, o Brasil viu, moralmente, a diluição das suas possibilidades de êxito no torneio semifinal. Que fez o Brasil nesses 3 a 0, com a responsabilidade de tricampeão mundial, em termos técnicos?”, questionava o jornal em análise na mesma edição.

 

Terminada a primeira fase, o jornal ouviu técnicos renomados atrás da resposta. A despeito de todo o corporativismo da classe, os adjetivos foram de displicente a preguiçosa, passando por medíocre e sem criatividade, sendo o meio de campo o setor mais criticado.

 

Na segunda fase a equipe até evoluiu. Bateu a Alemanha Oriental e a arquirrival Argentina. Quando parecia que o peso da camisa poderia empurrar o Brasil a outra final, a equipe de Zagallo cruzou com a Holanda.

 

Com um esquema inovador implementado pelo técnico Rinus Michels, em que os jogadores rodavam sem posição fixa, a Holanda era chamada de “Carrossel Holandês”. Liderados em campo por Johan Cruyff, ganharam do Brasil por 2 a 0 e foram pela primeira vez a uma decisão de Mundial.

 

 

 

Emoções das Copas, 1974
Brasil não conseguiu segurar a Holanda em 74
Arquivo/AE

 

 

 

 

 

A falta de tradição dos holandeses em Copas fez Zagallo subestimá-los. “Não é o diabo que estão pintando”, foi a opinião do treinador publicada pelo Estadão nodia 18 de junho. Nas entrevistas pós derrota o discurso mudara. “Caímos diante da melhor seleção que está disputando esse torneio”, é a frase do “Velho Lobo” que aparece em texto de 4 de julho.

 

Restou ao Brasil a disputa do terceiro lugar contra a Polônia, outro país sem currículo em Mundiais. Zagallo fez cinco alterações em relação aos 11 da estreia. Não funcionou: derrota por 1 a 0, gol de Lato, artilheiro da Copa.

 

“É o fim do Brasil”, noticiou o Estadão em título. “A Polônia jogou o suficiente para vencer o desarticulado time brasileiro, num jogo melancólico.”  Em outros tempos, a quarta colocação, até seria uma posição honrosa, mas depois de três títulos, o resultado foi considerado decepcionante.

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