Ninguém esquece a grande seleção de 82.
5 de julho de 1982
O ESTADO DE S. PAULO
Derrota de um Brasil espetacular dá início à supervalorização do futebol de resultados
SÃO PAULO – “O triste fim do time que encantou o mundo.” Este é o título que circulou nas páginas dos cadernos de esportes do Estadão e do Jornal da Tardeno dia 5 de julho de 2012. Fazia 30 anos que uma das melhores seleções de todos os tempos era desclassificada precocemente da Copa de 1982, na Espanha. Sob a batuta de Telê Santana, um timaço com Júnior, Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico perdeu para uma Itália que havia empatado seus três jogos na primeira fase.
Iluminado, o atacante Paolo Rossi fez o primeiro gol logo aos 5 minutos do primeiro tempo. Sócrates empatou aos 12. Mas após um passe errado de Cerezo, aos 25, Rossi colocou de novo a Azurra em vantagem. Apenas na segunda etapa saiu o golaço de empate de Falcão. E bastava para levar o Brasil à semifinal. O alívio durou pouco. Seis minutos depois Rossi marcou o terceiro.
Vitória da Azurra por 3 a 2. Zebra que levou a imprensa a recordar as derrotas da Hungria de 54 e da Holanda de 74. “Brasil, fim de um sonho”, foi o título do texto na capa do Estadão do dia seguinte. No JT, uma capa histórica, retratava a tristeza da nação. Uma foto de página inteira com o garoto José Carlos Vilela aos prantos e o título que remetia a um epitáfio: “Barcelona, 5 de julho de 1982″.
Revés chocante não somente aos brasileiros.”É ver para não crer”, definiu o diário espanhol ABC à época. “Já não se entende mais este mundo”, dramatizou o francês Le Matin.
Em 1989, o Estadão relembrou a repercussão mundial da eliminação em 82 por conta da ilustre presença do carrasco italiano no Brasil. Rossi e outros daquela geração vieram ao país disputar um torneio de veteranos.”Chega Paolo Rossi, aquele do Sarriá”, anuncia O Estado de São Paulo.
Perguntado a respeito das recordações daquela partida, disse, fugindo de polêmicas, que fora um duelo tão importante como os outros daquela Copa. “Não tenho ideia do que aconteceu por aqui”, é uma das frases do “bambino d´oro” destacadas na reportagem. Depois de bater o Brasil, a Itália até então cambaleante no torneio atropelou os adversários até a conquista de seu terceiro título mundial. Rossi terminou como artilheiro com seis gols.
O ex-lateral Gentile também participou da entrevista. Marcador implacável, foi questionado se nos masters seria duro como foi com Zico no confronto de 82, quando rasgou a camisa do 10 brasileiro em uma falta ignorada pelo árbitro. “Se durante a partida sentir que é necessário vou bater mesmo.” Diferentemente de Rossi, Gentile pareceu sincero.
E o técnico dos veteranos italianos, Ferruccio Valcareggi, mostrou-se surpreso com o clima encontrado por aqui. “Por que levam tão a sério esta competição? Achei que todos viríamos aqui para uma confraternização, sem pensar em vingança ou desforra.” Valcareggi não fazia ideia do que era para os brasileiros reverem de perto Rossi e Gentile, responsáveis pelo que talvez tenha sido a segunda pior derrota da história da seleção brasileira, atrás somente do “Maracanazzo” de 1950.
O Brasil voltou a ser campeão mundial apenas em 1994 e depois em 2002. Porém nunca mais viu uma seleção tão talentosa. A eliminação em 1982 deu início a uma supervalorização do futebol de resultados. “Hoje prevalece o pragmatismo e a correria”, relata o texto do JT acerca do aniversário de 30 anos do duelo.
O episódio ficou conhecido como o “desastre do Sarriá”. Referência ao estádio onde ocorreu a fatídica derrota. Estádio que, tal qual o futebol brasileiro de 82, não existe mais.
www.estadao.com.br
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Chegou-se a cogitar (lembro) – o colunista Clovis Rossi iniciou a discussão e muitos jornalistas passaram a debater a questão – que a seleção de 2005-2006 (a do quadrado mágico) poderia ser melhor que a de 82. Um ano depois, o fiasco na Alemanha derrubou a tese..
“Um ano depois, o fiasco na Alemanha derrubou a tese..” Por que? O que a de 82, overrated até hoje conseguiu a mais?????
“uma das melhores seleções de todos os tempos ”
Uma das quanto melhores? 100? 200?
Tudo depende de em que nível de futebol se está discutindo.
– peladeiros
– varzea
– profissionais
– profissionais de times de primeira divisão
– profissionais de times de primeira divisão de países com bom futebol/seleções de países fracos
– seleções de países com bom futebol
Nesse último, como é o caso, DEVE-SE exigir, além de habilidade, garra, vontade de ganhar, sacrifício pelo time.