Uma boa luta
Líder do Bom Senso FC, Paulo André critica projeto de lei
O ESTADO DE S. PAULO
Ex-jogador do Corinthians repudia dirigentes que querem implementação rápida de lei que pode beneficiar cartolas
Líder do Bom Senso FC, o zagueiro Paulo André, ex-jogador do Corinthians e atualmente no Shangaï Shenhua, da China, utilizou o Facebook repudiou o desejo dos dirigentes de aprovarem rapidamente o projeto de lei que propõe parcelar as dívidas dos clubes.
De acordo com o jogador, os profissionais resposáveis pelas negociações de dívidas nos clubes buscam a aprovação pois a proposta exige apenas uma vez por ano a apresentação da Certidão Negativa de Débito (CND) como garantia total de uma gestão transparente no futebol nacional. Paulo André ainda cita no texto que os jogadores não serão beneficiados com as possíveis mudanças, apenas cartolas.
CONFIRA A NOTA NA ÍNTEGRA
CHEGA DE OMISSÃO!
Eu vou morrer e não vou ver tudo, fato. A CBF não cessará de me surpreender, outro fato. Mas confesso que no último mês foi exagerado, uma trapalhada atrás da outra e com direito a grand finale, Paysandu e Brasília, justiça comum, brilhante. Roteiro adaptado, diga-se de passagem. Se quisermos que o caos continue, basta não fazer nada diferente. Fiquemos calados às agressões ao André Santos e ao Max Biancucchi. Entremos mais vezes em campo com uma faixa dizendo que estamos com 5 meses de direito de imagem e 2 meses de salário atrasados, como fizeram os jogadores do Botafogo no último domingo. Ou melhor, entremos com uma faixa dizendo que somos a favor da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte, como fizeram os jogadores do Vasco na noite de quarta-feira. E assim teremos a certeza de que nada, absolutamente nada, irá mudar!
Meus companheiros de profissão, com todo respeito, é hora de deixarmos de ser inocentes úteis. Chegamos ao cúmulo da inconsciência e da exploração. Tudo nos parece normal, rotineiro, inerente ao meio em que vivemos. Dizemos uns aos outros: Ah, deixa pra lá, sempre foi assim… E alguns cartolas, por sua vez, chegaram no limite da malandragem, da lei de Gerson – onde cada um tenta tirar o maior proveito da situação sem se importar com o resto das pessoas à sua volta ou com a sociedade em que vivem.
Por isso mandei mensagens para o Bolívar, Sheik, Douglas e André Rocha e tentei explicar o que está acontecendo. Avisei os atletas que escreveria este texto, pedi autorização para citá-los e sugeri a eles que pedissem ao Dinamite, ao Assumpção e aos demais cartolas que entrassem em campo, eles próprios, empunhando as faixas, já que a LRFE só beneficiará os dirigentes de clubes de futebol, livrando-os de possíveis ações civis e criminais – aos que cometeram infrações ou irregularidades em suas gestões, claro – e liberando verba (retida pela Receita) para que a gastança dos clubes continue sem controle. É sim o momento certo para se votar a LRFE, mas para se atingir o objetivo final do projeto, que é oferecer o parcelamento da dívida fiscal aos clubes em contrapartida à garantia da moralização do futebol brasileiro, é preciso incluir na íntegra as emendas que propõe o Bom Senso.
Para quem ainda não sabe, os clubes estão alinhados, mancomunados com a CBF e com a “Bancada da Bola” e fazendo pressão no Governo para aprovar a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte do jeito que ela se encontra. Jogadores estão sendo usados porque não sabem (ou não sabiam até então) que a lei não mudará a realidade atual dos salários atrasados. Para se ter uma ideia, ela exigirá, se aprovada, apenas a apresentação da CND, uma vez por ano, para garantir que tudo esteja dentro dos conformes. Cara, mesmo o Flamengo, na crise financeira em que se encontra, consegue (na maior parte do tempo) apresentar a CND e receber o patrocínio da Caixa. Você entende o que eu quero dizer? Tudo continuará exatamente como está.
E isso só é possível no futebol do Marco Polo Del Nero e do Marin. Aliás, Del Nero disse que a FPF (Federação Paulista de Futebol) já pune times que não pagam salários de seus atletas em dia há anos e por isso ele crê que não haverá problemas na implantação da nova regra. “Tão logo o projeto de lei seja aprovado, isso será incorporado nos regulamentos das competições”, disse o futuro presidente da CBF. Em que mundo vive este senhor? Em primeiro lugar, gostaria de saber porquê não solicitaram antes a incorporação disso ao regulamento? Outra coisa, conheço mais de 100 atletas que jogaram no interior de São Paulo nos últimos anos e têm ação na justiça reclamando o não pagamento de seus salários. O regulamento de “Fair Play Paulista a la Marco Polo” não funciona e também não funcionará na CBF. Dos 105 clubes profissionais do estado de São Paulo, pelo menos três dúzias estão com ações na justiça devido ao não pagamento de salários desde que a regra foi implantada e nenhum deles foi punido esportivamente (exceção ao Paulista de Junidiaí que foi acionado). Brilhante saída para moralizar o futebol, hein!
Quem é contra a transparência na gestão, o fortalecimento dos clubes de futebol, os salários em dia, a democracia da CBF, a melhora do espetáculo e um esporte melhor para quem está por vir? Esta não é uma luta só do Bom Senso, dos veteranos da elite que iniciaram esse movimento, mas uma luta de todos os apaixonados por futebol. Então lutemos juntos para que se acrescente as emendas à LRFE propostas pelo Bom Senso pois eu afirmo que elas garantirão fiscalização e punições esportivas aos clubes e a seus dirigentes em caso de infração da lei. Aproveitemos para fazer cumprir a palavra do senhor Marco Polo e cobremos da CBF a inclusão de toda a proposta no regulamento das competições, inclusive democratizando sua estrutura de poder, permitindo a participação de todos os segmentos e modalidades do nosso futebol na assembleia geral da entidade como garantia, e demonstração de boa fé, de que daqui a alguns anos os cartolas não alterarão o regulamento a seu bel prazer.
Agora, meus amigos, é uma questão política, não tem mais técnica ou qualidade de proposta (a diferença é gritante), é no peito e na raça. Vai ganhar quem fizer mais pressão, reunir o maior número de deputados, senadores, torcedores, atletas, ex-atletas, jogadoras, beach soccer, treinadores e educadores físicos e aparecer em Brasília na próxima semana, assim como fizeram os artistas e os músicos, lotando o plenário da Câmara e olhando nos olhos daqueles que votarão as emendas da LRFE. Tem treino? Não dá pra ir? Será o jogo mais importante do nosso futebol. Peçam liberação aos seus presidentes já que eles são tão favoráveis a pagar os salários em dia e vejam se eles apoiarão essa visita histórica ao Congresso Nacional para dizer que somos contra a LRFE que eles tanto querem que passe. Aposto que a surpresa pela não liberação de um dia de trabalho só não será maior do que a cara de susto que esses senhores farão quando perceberem que não dá mais para enrolar uma “categoria” (de apaixonados por futebol) que se cansou de tanta injustiça e incompetência.
Democracia na CBF, já!
www.estadao.com.br
Blog do Citadini: Quando o movimento Bom Senso Futebol clube começou sua agenda era confusa, para dizer o mínimo. Aquele papo de que os jogadores estavam jogando muita s partidas e que o futebol teria que ter um calendário com menos jogos era – e é- um equívoco. A esmagadora maioria dos clubes precisa de mais jogos em número maior de competições. Querer discutir com a CBF mudanças no futebol brasileiro era um caminho errado. O futebol só muda pelos clubes e pelo governo. CBF e Federações não querem mudar nada. O BSFC só queria discutir nesta àrea. Fugia- e ainda foge- de encarar que o principal problema do futebol é com os clubes. Se eles quiserem mudar levarão o governo a propor mudanças. A proposta – acima citada- mostra o caminho correto. Pressionar o Congresso para que estabeleça mudanças na gestão do futebol. Este é o caminho. Qualquer vantagem do governo deve ser acompanhada de mais medidas de transparência de gestão e democratização do futebol.
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Esse tal de “Bom Senso” de bom senso não tem nada. Fica cada vez mais claro que não passa de um movimento corporativista. Nada contra, mas que não venham então querer dizer que é pela moralização ou valorização do que quer que seja.
Por um acaso existe uma lei específica para atraso nos salários dos metalúrgicos? Dos bancários? Professores? Motoristas? Por que deve haver para jogadores de futebol?????
Outra coisa, quando o BNDES faz um empréstimo em condições privilegiadas para uma empresa, por um acaso os funcionários dela reclamam? Seja ele justo ou não, favorável aos interesses do país ou não, eles seriam os últimos dos últimos a reclamar.
Por favor entendam, não acho que os clubes devam ter esses privilégios que estão pedindo, mas em que os jogadores são prejudicados mais do que todos os contribuintes?
De novidade aqui vi a arrogância do Paulo André. “Por isso mandei mensagens para o Bolívar, Sheik, Douglas e André Rocha e tentei explicar o que está acontecendo.” Uau! Eles estão aqui e ele acha que precisa explicar o que está acontecendo!
Não tenho conhecimento dos detalhes técnicos da LRFE. Então baseio meus comentários na declaração de jornalistas que, ao meu ver, são confiáveis. Me parece claro que a Presidente tem nas mãos a oportunidade de mudar o cenário do Futebol Brasileiro para melhor, ao condicionar o financiamento das dividas que os clubes tem com o Estado a responsabilidade fiscal e civil de seus dirigentes daqui para frente. É simples, como é na casa de toda família ou empresa responsável. Se tenho condições, gasto, se não, não gasto. O problema é a bancada da bola, que vive as custas do futebol….Ou seja, se não mudar nada, tá ótimo para eles. Espero que mude…do jeito que esta, essa dívida de 5 bi vai continuar a crescer…e muita gente vai continuar a ficar rica, menos os times.
O Bom Senso precisa entrar na luta contra os empresários de futebol.
Não sei quase nada sobre os empresários do futebol João, mas imagino que ninguém é obrigado a associar-se a eles.
Um dos grandes problemas do nosso país é que estamos sempre querendo que alguém tome conta de nós. Se a atuação deles é prejudicial a quem quer que seja, basta não aceitar as propostas deles!
Não é apenas o bom senso que tira o corpo fora nessa parada com os “empresários” mais ricos dos que clubes, a imprensa também se omite.
Talvez por vergonha de ter contribuido com o lobby em favor da lei que os favoreceu.