O presidente e a crise financeira do Corinthians
‘Entramos em um quadro caótico’, afirma Mário Gobbi
RAPHAEL RAMOS, VÍTOR MARQUES – O ESTADO DE S.PAULO
Presidente do Corinthians abre o jogo sobre a atual crise financeira do futebol brasileiro e assume a sua parcela de culpa
Por 1h03, o presidente do Corinthians, Mário Gobbi, recebeu os repórteres doEstado em sua suntuosa sala no Parque São Jorge. Enquanto queimava a vela que o dirigente mantém ao lado das imagens de Jesus Cristo, Nossa Senhora de Fátima, São Jorge, Nossa Senhora Aparecida, São José e outros santos, ele não falou apenas do Corinthians. Falou sobretudo sobre o atual momento do futebol brasileiro e fez seu diagnóstico: os clubes não suportam mais o mercado inflacionado que eles mesmos criaram.
Depois da Copa, abriu-se uma ampla discussão sobre o futebol brasileiro. Como o Corinthians pode contribuir para o debate?
O Brasil precisa rever conceitos e métodos de gestão dos clubes. Passamos por uma crise muito difícil porque deixamos inflacionar as despesas, tudo em busca de querer montar o melhor time. Isso tem de mudar. Não se monta time em três meses. Você tem de dar tempo ao grupo. Foi assim que o Corinthians chegou ao Mundial. O futebol brasileiro vive hoje em um patamar de finanças incompatível com a economia do País. Pagamos salários que não são mais possíveis de os clubes arcarem.
O senhor defende teto salarial?
Se você deixar cada um fazer o que pensa, não vamos chegar a um consenso. Tem de ter regras limitativas. A principal delas é que um clube não pode gastar mais do que recebe. É o que o Proforte propõe, sob pena de o dirigente arcar com o seu patrimônio particular e o clube arcar tecnicamente saindo do campeonato e caindo de divisão. Impor teto salarial é complicado porque cada profissional tem o seu valor. Equacionar isso é difícil, mas a união de todos para buscar uma solução é imperativo.
Gobbi na sala da presidência do Parque São Jorge: presidente admite que clubes como o Corinthians inflacionaram salários dos jogadores.
Qual é o valor ideal de uma folha de pagamento?
Nossa folha é de R$ 8 milhões e teríamos de cortar no mínimo 50%. Temos de adequar os custos à receita atual. É claro que cada clube tem a sua folha de pagamento, mas todos precisam se adaptar à nova realidade financeira do País. Os clubes não suportam mais manter esse ritmo alucinante de contratações e salários de valores exorbitantes.
A Globo chamou os clubes justamente para falar sobre essa questão. Como foi a sua conversa com a emissora?
Em nenhum momento se falou que a audiência caiu e que a Globo queria aumentar a receita dela. A Globo nos chamou para estudarmos medidas para arrumar o desarranjo financeiro pelo qual os clubes passam. A reunião foi para melhorar o quadro caótico em que entramos. Eles querem fortalecer os clubes e cortar a hemorragia financeira para o campeonato ser mais atrativo.
Os clubes menores dizem que a divisão das cotas de transmissão é injusta. O senhor aceita rever esses valores?
As cotas não podem mudar até 2018 porque há um contrato em vigor. É muito cedo para falar sobre isso agora. É claro que quem ganha menos quer ganhar mais e quem ganha mais entende que ganha mais porque merece. É uma discussão sem fim. Podemos sentar e achar outros critérios para, quem sabe, corrigir uma eventual disparidade, mas cada um tem o seu valor e a sua força de mercado.
Uma espécie de Clube dos 13 pode voltar?
A experiência pela qual passamos com o Clube dos 13 foi um fracasso. Todos os clubes estão pagando até hoje uma prestação para saldar o débito que restou lá. A solução está entre nós, não importa a nomenclatura. Temos de sentar com federações, CBF e clubes para formar um esqueleto da gestão necessária para fazer mudanças no futebol. A presidente Dilma Rousseff tem nas mãos a chance de fazer um grande bem para o futebol. O Proforte nada mais é do que equacionar a forma de os clubes pagarem suas dívidas. Não é anistia, nem perdão. Você faz um projeto de lei e envia para o Congresso e, quando chega lá, todo mundo tem uma emenda e não sai nada. A medida provisória é um ato não democrático, mas necessário em uma situação de necessidade.
O Corinthians assume a sua parcela de culpa nesse quadro caótico que o senhor falou?
Na parte financeira, sim. O Corinthians, nos últimos anos, foi a sensação do futebol brasileiro e colaborou para o valor exacerbado a que chegou o patamar de salários, luvas e imagem de técnicos e jogadores.
Contratar o Pato foi um erro?
Compramos o Pato porque o Corinthians precisava de um artilheiro para fazer gols e alavancar as vendas. Ele é um ícone, que depois venderíamos para recuperar o investimento de 15 milhões de euros (R$ 43 milhões). Depois que trouxemos o Pato, o dinheiro começou a sumir do mercado. Isso foi um baque que não só o Corinthians, mas os outros grandes clubes sentiram do mesmo jeito. Quem não comprou o Pato afundou da mesma forma. Temos de torcer para que ele jogue bem e consiga produzir o que pode para a gente recuperar o investimento.
Como o Corinthians pode voltar a revelar jogadores?
O Corinthians revela, o problema é que não vinga. Nem sempre o garoto quando sobe para o profissional consegue render o que jogava na base. O Jô, por exemplo, foi revelado aqui, assim com o Everton Ribeiro e o Willian. Na época, ninguém teve paciência para esperar eles atingirem o patamar em que estão hoje. O mal do futebol é o imediatismo.
Qual é a sua avaliação da temporada do Corinthians?
Começamos a montar um time no meio do Campeonato Paulista e querem que a gente ganhe tudo. O time que estamos montando é muito bom, mas no ano que vem será melhor ainda. Nosso time tem potencial, mas é preciso ter paciência.
Como está a gestão da Arena Corinthians?
O estádio tem uma gestão independente. É incompatível tocar o Corinthians e o estádio. Tem um fundo que cuida de receitas e despesas. Será assim durante os dez anos que temos para pagar as dívidas. Receitas que entram lá ficam lá para abater a dívida. A bilheteria está estourando, temos renda de quase R$ 2 milhões por jogo, mas não entra um centavo para o clube. Vai tudo para amortizar a dívida.
O ex-presidente Andrés Sanchez anunciou que estava de saída da gestão do estádio. Quem será o novo gestor?
O Andrés não se afastou e continua como gestor. É um cargo pesado, estressante. O Andrés vem num ritmo alucinante. Às vezes acaba desabafando, mas foi só isso.
E os naming rights?
Estamos em busca e ele virá. Assinei duas vezes a autorização para o negócio ser fechado, mas não deu certo. Estamos conversando com as empresas.
O senhor diz que mantém uma relação de respeito e diálogo com as torcidas organizadas. Depois de tantos casos de violência, o senhor acha que essas facções respeitam o Corinthians e têm de dialogar com a diretoria?
Não compete aos clubes combater a violência. Se torcedores praticam atos de vandalismo, o aparato estatal tem de investigar e prender. Não vejo problema em receber na minha sala um grupo de torcedores. Aqui, eles se comportam bem. Na testa de cada um não está escrito quem é bandido.
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Eu acho que o presidente Mário Gobbi é bem intencionado, mas infelizmente acaba tendo que fazer vista grossa para muita gente que pensa mais em si, e não no clube.
João Ricardo,
Não seja ingênuo, meu filho. Esse cara é o pior dirigente que já existiu no futebol.
-O Corinthians atualmente tem uma dívida de quase 2 bilhões de reais para pagar.
-Todas as nossas a rendas do nosso estádio, são destinadas 100% para pagar o estádio (que não é nosso).
-A nossa base não revela sequer um jogador mediano a mais de 10 anos.
-Os empresários usam o time como barriga de aluguel e tiram quando querem. De graça !
-A cada jogo, ele distribui milhares de ingressos para seus amigos e torcedores organizados.
-Temos mais de 100 jogadores na nossa folha de pagamento. Muitos, nós pagamos para eles jogarem em outros times.
-O Conselho Deliberativo é formado de 99% de cupinchas dele, eleitos pelo famigerado CHAPÃO.
-Alguns membros de sua diretoria já estão “desaparecidos”, por conta de investigações gravíssimas, do Ministério Público.
-Ele já antecipou TODAS as receitas de marketing para os próximos anos (Globo, FPF, Nike, CBF, etc). O que tornará o clube inadministrável em menos de 2 anos.
-Existem processos administrativos contra ele, por improbidades quando foi diretor no Detran-SP.
Manoel, tenho falado há muito nesse blog sobre os tais dirigentes “”amadores”” que locupletam-se financeiramente do Corinthians. Sou torcedor dessa paixão chamada Corinthians há mais de 50 anos. Segundo o que vi, de Wadih Helou até Mario Gobbi, todos os presidentes “”amadores”” sempre exploraram o depauperaram o Corinthians dos modos mais sórdidos possíveis e para fins exclusivamente pessoais.
A única excessão que conheço é Vicente Matheus. Quem souber de outro presidente honesto que avise.
O que vocsso é absolutamente claro para qualquer corinthiano de inteligência mediana..
continuando….
O que você, Manoel, relata é absolutamente claro e verossímel. Você conhece os detalhes que nós outros ignoramos. Mas nada do que vc relatou me espanta. Para falar a verdade, acredito que existam bandalheiras muito piores ainda. Além de empobrecer o Corinthians financeiramente esses ultimos pulhas estão acabando com a imagem do Corinthians. Eu como torcedor corinthiano jamais identifiquei-me com os princípios morais de Helou, Dualib, Sanchez, Gobbi, etc. com a excessão feita acima.
Citadini é uma esperança para nós. Mas não sei se ele quer. Eu tento intuir a posição dele. Talvez, misturar-se com essa gente que vê e assaltou o Corinthians como seu negócio não deve ser nada fácil.
Enfim, a situação atual não é nada animadora. Chegaram ao ponto de ter quase uma centena de jogadores profissionais, que são distribuidos “”gratuitamente”” e reforçam os “”co-irmãos””. Tem muita gente levando muito dinheiro aí por debaixo do pano…
Hoje ouvi o Linha de Passe na ESPN. É triste ver Juca Kfouri que conhece tudo de Corinthians omitir-se.
Que jornalismo é esse?
Fala do Nilmar mas não fala do Carlos Leite nem da diretoria corrupta. O Nilmar é só a ponta do iceberg. Há muita sujeira lá embaixo.
Ninguém lá teve a coragem de falar porque Tite foi mandado embora em troca do Carlos Leite Ooooopppss.. desculpem-me do Mano Menezes.
Um carioca ao lado do Juca, claramente torcedor do Flamengo, até tirou um sarro: porque o Corinthians demitiu um treinador elogiando o mesmo, tanto a torcida como a diretoria.
Talvez fosse um motivo de força maior. Será que as comissões sobre compra/venda e salários de jogadores com o Tite como técnico seriam mais escassas ou não estavam a contento???
Onde você estava Citadini???
Você faz parte do CORI…
pelo que eu sei tudo passa pelo Cori, desde o contrato do estádio até as contas aprovadas do SCCP…..
Ah, sei onde você estava, falando algo do SPFC para aparecer!
Continuo com o Toninho, fui Administrado do clube na época do SR. VICENTE MATHEUS, e DNA.MARLENE MATHEUS. Tempo bom…