Uma mudança necessária.
Em meio a dura crise financeira que o Corinthians foi jogado, um assunto tomou todo mundo de espanto: a antecipação de receitas futuras.
Revelada à conta gotas, em verdade escondida, a crise mostrou alguns itens que necessitam ser analisados. Após uma ação na Justiça Federal por débitos fiscais -que assustou todo mundo- o presidente Gobbi passou a falar outra linguagem na entrevistas. Aquele mundo de boas notícias que os balanços e “Relatórios de Sustentabilidade” traziam foi solenemente jogado ao Deus-dará. Uma nova história aparece com o presidente mostrando que o clube está em difícil situação financeira.
Foi um choque em todos os membros do clube. De repente o clube soube que não pagou impostos e que precisa de uma Lei para sair do rolo; que o futebol tinha gasto o dinheiro que não tinha; que o Futebol estava pagando comissão para tudo (compra, venda ou empréstimo de atletas); que o clube inovou no pagamento de comissão aos empresários por renovação de contrato e até por contratação de técnico; que fêz um grande parcelamento de débitos fiscais etc. Para agravar, o clube viu-se em situação complicada ao adotar uma política de “parceria” com empresários nas compra e venda de jogadores. Vende, compra, vende compra e quase sempre os resultados -para o clube- são pífios. E descobriu-se que até os jogadores da Base são do esquema de “parcerias”.
Se todos os problemas financeiros são preocupantes, veio uma notícia que agrava mais ainda: o clube adotou a política de antecipar as receitas futuras para enfrentar a situação presente. Embora o clube tenha apresentado um aumento de receita expressivo nos últimos anos, as contas continuaram no vermelho. No período pré-Copa, as receitas deram um salto. No Corinthians e em outros clubes, a TV, a publicidade e os materiais esportivos aumentaram de valor. Mas o clube gastou demais.
As contratações que não deram resultado (o que é sempre um risco no futebol) e as novas idéias de pagamento de comissões para tudo (compra,venda,empréstimo) sangraram e as receitas não cobriram os gastos, embora o clube tenha disputado quase todas as grandes competições.
O avanço nas receitas futuras é um grave problema que necessita ser analisado sob pena de termos mais e mais problemas. Nosso estatuto pouco ajuda para enfrentar esta situação. A rigor, a Diretoria Executiva, que controla a maioria do Conselho Deliberativo, do Cori e do Conselho fiscal, sem muito trabalho aprova todas as medida de antecipação de receita. O presidente Gobbi, ao dizer em público que estava antecipando receita, tomou o cuidado de informar que tinha entrado no mesmo caminho dos dirigentes anteriores. Não é bem assim. As antecipações sempre ocorreram de forma episódica, diferente do quadro atual que foi geral e frequente.
Pelo que informa a direção -sempre de forma confusa e por etapas- o clube já antecipou receita da TV por 3 anos, o que será um grave problema para as contas do futuro. CBF, Federação Paulista, e todas as empresas “parceiras” do clube já tiveram dinheiro sacado da receita futura. No caso das empresas de materiais -pelo que diz a direção á mídia- adotou-se a política de fazer contratos longos, mas com um pagamento inicial de luvas totalmente desproporcional ao usual, deixando ao futuro um contrato quase sem retorno. Também tem problema no parcelamento de dívidas fiscais (os tais Refis) que o clube pagará nos próximos 15 anos. Adotou-se o sistema inverso: aqui os pagamentos iniciais são pequenos e vão aumentando no futuro.
Está mais do que na hora do clube pensar em mudanças. Uma das mais importantes será estabelecer regras que limitem estes quadros de antecipação de receita. É muito complicado ver o clube fazer contratação ou pagar um contrato lunático para jogadores e técnicos sacando dinheiro do futuro. Torna-se urgente que adotemos um regramento que impeça este tipo de prática. Além de transparência, é preciso ter freios na Diretoria Executiva. Se isso existisse, não faríamos uma contratação por 15 milhões de euros de um jogador problemático.
Sem novas regras, poderá haver uma sequência de antecipação de ganhos futuros com uma gestão comprometendo a outra.
O equilíbrio entre receita e despesa, que o clube urgentemente necessita, só virá com mudanças que limitem estas antecipações.
Leave a comment
Postagens Recentes
Arquivo
- September 2023
- January 2023
- September 2022
- August 2022
- January 2022
- November 2021
- April 2020
- December 2019
- November 2019
- January 2019
- February 2018
- January 2018
- December 2017
- November 2017
- October 2017
- September 2017
- August 2017
- July 2017
- June 2017
- May 2017
- April 2017
- March 2017
- February 2017
- January 2017
- December 2016
- November 2016
- October 2016
- September 2016
- August 2016
- July 2016
- June 2016
- May 2016
- April 2016
- March 2016
- February 2016
- January 2016
- December 2015
- November 2015
- October 2015
- September 2015
- August 2015
- July 2015
- June 2015
- May 2015
- April 2015
- March 2015
- February 2015
- January 2015
- December 2014
- November 2014
- October 2014
- September 2014
- August 2014
- July 2014
- June 2014
- May 2014
- April 2014
- March 2014
- February 2014
- January 2014
- December 2013
- November 2013
- October 2013
- September 2013
- August 2013
- July 2013
- June 2013
- May 2013
- April 2013
- March 2013
- February 2013
- January 2013
- December 2012
- November 2012
- October 2012
- September 2012
- August 2012
- July 2012
- June 2012
- May 2012
- April 2012
- March 2012
- 0
Categorias
- 2000
- 2012
- 2013
- 2014
- 2016
- Audiência
- Campeonato Brasileiro
- Campeonato Paulista
- CBF
- COB
- Confrontos Históricos
- Copa
- Copa do Brasil
- Copinha
- Corinthians
- Cultura
- Discursos na história
- Educação
- Esportes Olímpicos
- FIFA
- Futebol
- Gestão pública
- Legislação do Esporte
- Libertadores
- Marketing
- Mercado da Bola
- Mídia
- Música
- Opera
- Pesquisas
- Seleção Brasileira
- Torcidas Organizadas
- TV
- Uncategorized
- Violência