Entrevista no UOL
Para Citadini, Corinthians com salários atuais pode chegar ao colapso
Dassler Marques
Do UOL, em São Paulo
Numa antessala do quarto andar do Tribunal de Contas, no centro de São Paulo, cinco funcionários trabalham quase espremidos entre pilhas de papéis. Por trás da porta, em espaço amplo e preenchido por sofás, Antônio Roque Citadini comanda a equipe sem conseguir se desligar do Corinthians.
Diretor no primeiro título do Mundial de Clubes e ativo na política do clube, Roque cuida de um blog pessoal sobre o Corinthians, recebe amigos conselheiros e concede entrevista exclusiva ao UOL Esporte. Citadini, que trabalha ao som de música clássica, toma três cafés com leite em menos de uma hora. Ele se diz preocupado com a saúde financeira corintiana.
Com quatro temporadas de vivência no departamento de futebol, doutor Roque, como costuma ser chamado, quer ver o elenco mais barato no próximo ano. Para ele, não há treinador que mereça um salário de R$ 633 mil por mês, como o Corinthians paga a Mano Menezes.
“Não tem nenhum top. Não tem nenhum como esse que era do Barcelona. O Guardiola. E o Mourinho tem muito marketing”, opina Citadini. “Temos que ver. Quanto é que podemos pagar? Com esse salário não devemos convidar nem o Papa. Isso não é compatível ao futebol e ao Corinthians”, acrescenta.
O exemplo, para ele, está no passado do próprio Corinthians. “Entre 98, 99 e 2000, tínhamos uma folha altíssima. Fizemos uma redução drástica, montamos um time modesto que em 2002 disputou todos os títulos. Só não pode é ser o ruim e barato como o Palmeiras”, provoca o ex-diretor, ainda sem lado para as eleições do clube.
Atualmente, Citadini tenta ajustar ponteiros entre os membros da oposição com quem tem relacionamento mais próximo. “Hoje a maioria dos sócios não frequenta o clube. Precisamos de um programa claro de mudança para que eles votem. (…) Se for um projeto real, não tenho problema em estar na linha de frente”, diz.
As críticas dele vão do repasse de direitos de jovens da base a investidores até a retirada de cadeiras no Itaquerão. Citadini quer que a oposição apresente projetos claros para todas essas áreas. Nega que o impasse sobre sua posição nas eleições do clube esteja condicionada a cargos na chapa de Paulo Garcia, favorito entre seu grupo.
A família Garcia, por sinal, é poupada por Citadini. Fernando, irmão de Paulo, é conselheiro do Corinthians, realiza empréstimos ao clube e tem empresa com direitos de vários atletas. “Quem tem que explicar isso é a situação”, repassa. Importante, para ele, é fazer cortes.
“A redução de custos pode ser feita de duas maneiras”, prega. “Ou a gente administra ou será espremido por necessidades graves. O clube tem adiantado dinheiro, renovou contrato (com a Nike) até 2025 para receber um valorzinho a mais. Ou reduzimos ou chegamos a um colapso financeiro”, prevê.
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