May 21, 2015

O Corinthians após saída da Libertadores.

Como sempre faço aos fins de semana, fui ao clube no último sábado, onde o ambiente era de grande tristeza. A eliminação do Corinthians pelo fraco time do Guaraní, do Paraguai, ainda não foi digerida por torcedores e sócios alvinegros.

Logo que cheguei ao restaurante, com um grupo de amigos, aproximou-se um sócio muito revoltado. Creio que era do Departamento de Tênis ou do Tamboréu, o que faz pouca diferença, já que são duas áreas que votaram maciçamente na diretoria atual. A revolta deste sócio era total. Atacava os jogadores (chamando-os de mercenários), o técnico (o taxando de retranqueiro), o juiz etc. Só não falava da diretoria.

Como já era comentado que alguns atletas da Base seriam “vendidos” interpelou-me perguntando o que a “oposição” iria fazer para barrar os altos salários e a saída de jovens revelados pelo Corinthians, que hoje são de empresários.

Mesmo sabendo que ele era um oficialista assumido, fui claro nas explicações.

Nós, na última campanha, tínhamos colocado diariamente a difícil situação financeira que vivia o clube. E dissemos que foi o Departamento de Futebol (dirigido, dentre outros, pelo atual presidente) que tinha perdido a mão e gastado o que não podia. Foi uma enxurrada de contratações -a todo preço- que começou debilitar as finanças do clube.

Lembrei que criticamos duramente e de maneira sistemática a política inaugurada pelos diretores (a de pagar comissão para tudo no Corinthians: compra, venda, empréstimos e até em renovação de contratos de atletas que já estavam no clube). Essa foi política desastrosa que sugou os cofres da agremiação.

Lembrei, também, que na campanha falamos sobre a política da Base, onde a relação promiscua com empresários, só servia aos atravessadores. Os acertos com empresários, que se tornavam donos de jogadores, tinham que acabar imediatamente. Sempre defendemos que os jogadores da Base deveriam ser 100% do clube e que não há qualquer motivo para manter atletas com outro tipo de “acordo”.

Perguntei ao revoltado torcedor se seriam apenas os jogadores (os tais mercenários) e o técnico (o dito retranqueiro) os responsáveis pelo que estava ocorrendo. Ele fez uma ou outra crítica a mais, mas nada falou sobre os diretores e a política de partilha de jogadores.

Naquela mesma tarde, encontrei com torcedores de organizadas que por lá protestavam. Eram as mesmas palavras de indignação. “Mercenários! Covardes! Faltou raça!” e outras coisas na mesma linha. Nenhuma crítica aos diretores  (que inundaram o mercado de comissões), e nem crítica aos empresários, que por sua vez se compuseram com a direção do clube. Nada.

Após ouvir deles o repetido apelo onde pedem que “a oposição tem que acabar isso”, como se os conselheiros da oposição, que estão em menor número, pudessem anular o que faz a diretoria, perguntei o por quê de não haver críticas à direção e a política de partilha com os empresários. Também deram uma ou outra razão, meio sem sentido, sem qualquer ponto lógico.

Afirmei que uma das grandes proezas desta diretoria é ter tirado toda a independência das organizadas. Quando estas protestam, suas críticas são contra todos, menos contra os diretores diretamente responsáveis. Pertence ao passado a idéia de que as torcidas eram independentes da diretoria do clube. Hoje fazem tabelinhas o tempo todo.

O mesmo discurso de críticas aos altos salários, aos jogadores e ao técnico vem sendo repetido por boa parte da imprensa de forma sistemática e quase propagandista.

Quase não se ouvem críticas ao trabalho desastroso dos diretores nos últimos anos (com a política de compra e comissões). Nada é dito a respeito do partilhamento dos jogadores da Base. Jornalistas oficialistas de todos os lados repetem o mesmo discurso das organizadas e do pessoal alinhado ao clube.

A oposição faz o que tem que fazer: criticou o modelo que levou as finanças do clube aos trapos; criticou o conluio de empresários que viraram “donos” de jogadores; e nunca deixou de apoiar e defender o time com muito entusiasmo.

É preciso aos que estão tão revoltados que assumam seus erros ou parem de criticar.

A oposição continuará a ser coerente com o que defendeu na última campanha sem que isso prejudique o clube. E é exatamente isso que vem sendo feito.

 

8 Comments

  • Olha Citadini, eu jacho que dificilmente esse grupo sairá do poder no Corinthians. Eles prometem cargos à todos, barganham, e infelizmente a turma deles é muito grande. A saída, a meu ver, é aquela que já externei. O Poder Judiciário. Afinal, não faltam exemplos de gestão temerária para destituir a atual diretoria (o não recolhimento dos tributos é o melhor dos exemplos).

  • É isso aí Citadini, o Corinthians esta sendo corroído pelos ratos, mas tem uma explicação: o club fica as margens do poluído rio Tietê.
    Sou de uma família de corinthianos , onde já tem torcedores da 5ª geração. Qual o motivo que tenho para ser sócio torcedor, se meu dinheiro vai ser roído pelos ratos.

  • Meu amigo Citadini. Seu comentário é perfeito. Nada a contestar. O grande problema do Corinthians hoje em dia é ser pessimamente dirigido. E há um culpado maior por tudo isso. Chama-se Andres Sanchez. Ele impos essa forma de administrar. Imaginou que o dinheiro não acabaria nunca. Além disso, assinou um contrato onde só a Oderbrecht é favorecida (há até quem diga que ele é sócio da Construtora neste negócio). O pior é que não tem como mudar. Sanchez armou um esquema que o deixará por muito tempo no comando. Eu lamento. Gostaria muito que pessoas como voce estivessem no comando do clube. O Corinthians não merece seus atuais administradores. Mas como foram os socios que escolheram, nada se pode fazer. É lamentavel.

    • Sérgio, concordo quando você escreve que “Sanchez armou um esquema que o deixará por muito tempo no comando”, mas tenho dito aqui no blog que há como resolver isso. Pelas esferas judiciais. E não faltam elementos para isso… E que me desculpe os sócios do clube, mas faz 10 anos que esse grupo está aí, e olha o tamanho do buraco que eles estão deixando.

  • Concordo com quase tudo.
    Só acho que os conselheiros da oposição, mesmo sabendo que dificilmente conseguiriam alguma coisa devido ao CHAPÃO, deveriam questionar e deixar registrado as suas discordâncias.
    As Contas do exercício passado foram aprovadas com um único voto contra. Já tive que ouvir aqui na padaria da esquina que a oposição aprovou tudo, etc..
    Agora na adequação do Estatuto, a oposição deveria deixar registrado que não concorda com as pífias alterações propostas. Era hora de negociar pelo menos o fim do Chapão.
    Ouvi na Radio Bandeirantes na sexta que o Corinthians tem uma dívida com empresário Fernando Garcia de R$ 13 milhões. Nenhum conselheiro sabe a origem desta dívida, os juros cobrados, etc..
    O Leandro Quesada quis minimizar e deu o exemplo do Palmeiras, onde o presidente Nobre emprestou dinheiro ao clube tb. Mas no palmeiras, o Conselho o chamou e o acordo para pagamento foi discutido e negociado no Conselho… Lá não tem Chapão pelo que entendi.. O Conselho é formado pelas diversas correntes..

  • Tudo que a renovação e transparência criticava na gestão duailibi eles fazem agora. Se bobear Sanchez é o novo Juvenal juvencio.

  • Creio que o Presidente Roberto de Andrade não vai ler meu comentário, mas se ler, peço o seguinte. Presidente, convide o Dr. Citadini para ser Diretor de Futebol, agora que o cargo está vago. E dê à ele independência para trabalhar. É uma forma de tentar melhorar a situação do clube, que está caótica.

  • Citadini faça como o Emerson Piovesan, esqueça essa de situação e oposição. Alie-se aos que estão no poder e tente ajudar o clube de maneira mais efetiva. Poderia começar pela diretoria de futebol que está vaga…Deixe o Andrés com a megalomania dele.

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