Parreira relembra Corinthians campeão há 15 anos com “melhor trio do mundo”
Diego Salgado e Vanderlei Lima Do UOL
Dois títulos em três dias deram ao Corinthians de Carlos Alberto Parreira o status de melhor time do Brasil em maio de 2002. Quinze anos depois de conquistar a Copa do Brasil e o Torneio Rio-SP com o clube paulista, o ex-treinador voltou a se render à equipe montada no começo daquela temporada.
Em entrevista ao UOL Esporte, Parreira voltou a falar que o Corinthians era dono do melhor lado esquerdo do mundo – à época, o lateral Kléber, o meia Ricardinho e o atacante Gil atuavam pelo setor. “Era e eu continuo afirmando isso hoje. Ter os três jogadores que nós tínhamos, eram jogadores fora de série”, disse.
O técnico admitiu ainda que o trabalho à frente do Corinthians – o time chegou também à final do Campeonato Brasileiro no fim do ano – o credenciou a voltar à seleção brasileira. Parreira assumiu a equipe brasileira no começo de 2003 e comandou o Brasil na Copa do Mundo da Alemanha, em 2006.
No Corinthians, Parreira venceu a Copa do Brasil após um empate por 1 a 1 com o Brasiliense fora de casa – antes, no Morumbi, venceu por 2 a 1. No Rio-SP, superou o São Paulo na final.
CORINTHIANS DE 2002 O LEVOU À SELEÇÃO
“Eu fui para a seleção por causa do Corinthians, porque chegou ao final do ano e a seleção brasileira estava sem treinador. Nas pesquisas de opinião pública o meu nome saiu disparado, então foi natural. E eu nem queria, eu já tinha sido convidado antes e eu não queria mais voltar à seleção brasileira. Mas aí um dia me pegaram nas férias. O Ricardo Teixeira, o Marco Antônio Teixeira, secretário do Zagallo e o Américo Faria. Ficamos 5 horas falando de seleção brasileira.”
PASSAGEM PELO CLUBE TRAZ SAUDADE
“Eu tive alguns momentos bons na minha carreira. Este ano no Corinthians foi maravilhoso, eu me identifiquei muito com a torcida do Corinthians e até hoje, quando eu olho na televisão, vejo e falo: ‘que legal que eu já passei por aquilo ali, conheço e sei como é bom estar ali’.”
DOIS TÍTULOS EM TRÊS DIAS
“O time estava pronto. Outra vantagem é que a gente manteve o time jogando. Eu não fiquei trocando jogadores. Isso aí é muito importante. Mantive o time jogando o ano todo e os caras diziam que tinha que mudar. Eu fiquei até o final e eu acho que eu estava certo. Chegamos nas finais de todas as competições.”
MELHOR LADO ESQUERDO DO MUNDO?
“Era e eu continuo afirmando isso hoje. Ter os três jogadores que nós tínhamos, eram jogadores fora de série. O Kleber embora não tem tido uma carreira longa na seleção brasileira, mas era jogador de nível de seleção brasileira, o Ricardinho jogou na seleção e foi campeão. O Gil também era um jogador diferenciado teve lá uma temporada comigo maravilhosa. Eram os três jogadores canhotos e jogavam muito bem. É para mim um dos melhores trios do lado esquerdo do futebol mundial sem dúvida alguma.”
GOSTO AMARGO NO BRASILEIRO
“Faltou, seria chave de ouro terminar o ano ganhando o brasileiro, as três competições. O jogo final chegou a ficar 2 x 1, mas nós chegamos muito desgastados. O time do Santos era muito jovem, com Diego e Robinho. A gente depois daquele esforço (2 x 1) no segundo tempo deu uma caída. Eu me lembro que a gente estava jogando seguidamente, mas valeu tudo a pena no Corinthians.”
TOQUE DE BOLA
“Às vezes falam: o Parreira não sei o que lá, o Parreira de 94, do Mauro Silva, Dunga. Mas tudo isso é momento. Se você olhar o time do Corinthians, é importante ressaltar a gente não tinha lobby, o Corinthians não tinha um 9, um jogador de área, era Deivid, Leandro e Gil. Não tinha um 9 de oficio e as coisas saiam. Não tinha um volante de oficio, era o Fabrício, que era um meia, Vampeta e Ricardinho. Com esses jogadores de meio-campo, com os laterais que a gente tinha, Kleber e Rogério, aquele Corinthians só podia jogar desse jeito: tocando a bola. O time usou o momento, aproveitando as características dos jogadores. Realmente o time tocava muito bem a bola, foi uma época muito boa.”
PERFIL CORINTHIANS?
“É engraçado como são as apercepções das pessoas. Tinha essa história não tinha perfil, não tinha cara (do clube), essas coisas todas. No Bragantino, em 1991, lá em Bragança Paulista, eu meti um terno bacana e quando eu cheguei lá era um ambiente muito simples, todo mundo com sandália de dedos, camisetinhas, bermudas. Pô, eu cheguei todo de terno, mas eu sou do povo, eu sou gente, não tem nada a ver. No Corinthians foi sensacional, fui muito bem recebido.”
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