Dec 22, 2017
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Entrevista ao Jornal Agora

Luciano Trindade

Vice-presidente do Corinthians entre 2001 e 2004, na gestão de Alberto Dualib, Antonio Roque Citadini, 67 anos, lança-se mais uma vez candidato ao cargo máximo do Timão, na eleição marcada para 3 de fevereiro. Membro da oposição e crítico ferrenho da atual diretoria, Citadini vê o clube no fundo do poço, afundado em dívidas, e acredita saber o caminho para recuperar a credibilidade do alvinegro. Entre suas p ropostas, além de negociar com a Odebrecht e a Caixa a dívida do Fielzão, ocandidato também quer tornar públicos todos os contratos e a gestão do dinheiro da equipe do Parque São Jorge. “Já avisei que as reuniões semanais da diretoria serão transmitidas pela internet, de forma que todo o mundo acompanhe. Eventualmente, alguns pontos que precisam ser tratados de forma sigilosa serão preservados. As demais questões serão todas colocadas ao público”, falou.

Agora – A falta de credibilidade tem sido um dos problemas do Corinthians mais apontados por você. Como recuperar isso?

Tem de trabalhar com seriedade e transparência. Tudo o que eles falam [atual diretoria], depois aparece outra coisa. Isso gera a falta de credibilidade.

Agora – Como vai recuperar a saúde financeira do clube? 

O quadro é de um completo desequilíbrio, de forma que você não sabe como solucionar. Isso aí terá de ser transformado em números palpáveis e aceitáveis.

Agora – Como gerar receitas?

Nós disputam o s um campeonato sem ter uma propaganda que preste na camisa. O que tinha eram coisas secundárias, por pouco tempo. No marketing, nós estamos no fundo do poço.

Agora – Vai manter os patrocínios de empresas de médio porte?

Não, não, não. O clube tem de trabalhar com empresa grande. Esse negócio de empresa pequena é coisa de marqueteiro que quer fazer negócio. O Corinthians não é clube para trabalhar com empresa de fundo de quintal.

Agora – Mas dá para dispensar dinheiro?

É tão pouco dinheiro que essas empresas dão que isso não altera nada. É muito pouco. Eles fazem uns contratos que têm promoção e têm mais gasto. Tudo isso vai acabar.

Agora – Como conselheiro do clube, qual o conhecimento que você tem da dívida?

Aquela política de recolher os impostos e não pagar para a Receita gerou uma ação muito ruim contra o clube, que teve de fazer de tudo para encontrar dinheiro para parcelar a dívida. Aí o clube adiantou dinheiro com a Nike, com a Globo, adiantou com a CBF. Procurou até a Odebrecht para se livrar daquele processo fiscal.

Agora – Qual será sua política de investimentos?

Teremos a seguinte questão: vamos ter pouco dinheiro e temos de ter muita competência e criatividade para superar as dívidas.

Agora – Como pretende lidar com a dívida da arena?

Temos de chegar na Odebrecht e discutir o que falta terminar, o que falta fazer, o que foi feito errado. Se chegar a um acordo, tudo bem. Caso não chegue, vamos ter uma arbitragem, que vai definir quanto que o clube deve ou não.

Agora – Como gerar mais receitas na arena?

Precisamos de uma empresa que tenha competência para fazer um p la n o de grande exploração da arena. Há vários exemplos de empresas americanas que rentabilizam muito bem estádios. Nós vamos procurar.

Agora – O que acha do perfil do público da arena?

Nosso DNA são as camadas populares e nós não podemos abandonar isso de jeito nenhum. Então, precisa ter ingressos mais baratos, promoções melhores, de forma que nós não vamos abandonar ninguém.

Agora – Há um desequilíbrio no preço dos ingressos?

Eu sou Fiel Torcedor, o meu ingresso é do setor oeste, e eu pago barato. Eu comprei ingressos para a temporada toda do Campeonato Brasileiro a um preço médio muito baixo. Eu acho que ali tem de cobrar mais caro, inclusive o meu. Se você não cobrar caro ali, onde vai cobrar caro?

Agora – Ainda é possível vender os naming rights?

Eu acho que é possível vender em outro clima. Nesse que está aí, não é possível. Esta é uma das razões pelas quais eu sou candidato. Essa d i r e t o ria atual perdeu t o d a s a s condições de resolver esses problemas.

Agora – Como avalia a comissão técnica?

O trabalho do Carille foi bom, ótimo. Ele pegou um time sem reforços e foi campeão, merece ser elogiado. O Corinthians tem um departamento de futebol bastante profissional e não pretendo mudar. Mas, óbvio, todos trabalharam dentro da regra de profissionalismo do clube.

Agora – Vai priorizar algum campeonato em 2018?

Todos. Não vamos cair nessa bobagem de abandonar o Brasileiro.

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