Jan 25, 2019
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“Dinheiro da TV é o que salva o Corinthians”

Por Alexandre Praetzel – Yahoo Esportes
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A revelação dos valores pagos pelo BMG ao Corinthians, num acordo de cinco anos de patrocínio, frustraram muitos torcedores e irritaram vários conselheiros. O anúncio da diretoria de que o clube receberia R$ 30 milhões, podendo chegar a R$ 42 milhões anuais, foi mal explicado. Na realidade, o aporte é de R$ 12 milhões anuais, com acréscimos de valores, se o Corinthians conseguir a adesão de torcedores a uma plataforma do BMG, para abertura de contas e créditos bancários, a ser lançada em 40 dias.

O blog conversou com Antonio Roque Citadini, conselheiro influente e candidato à presidência, nas duas últimas eleições corintianas. Confiram.

O que o Sr. achou do patrocínio do BMG?

Eu, desde o primeiro momento, me manifestei com muita cautela sobre isso, tentando entender o que era. Eu disse publicamente pelas redes sociais, que eu preferia que fosse um patrocínio. Patrocínio puro e simples. Porque você sabe quanto vai pagar, quanto vai receber, quanto tempo tem o contrato. Desde o primeiro momento, a diretoria não falava claramente que era um patrocínio. Aí, até criaram umas páginas dizendo, não é só patrocínio, é uma parceria e tal, sem explicar exatamente como é. Então, eu via com muita reserva isso daí. Primeiro, que o Banco que está patrocinando, é um banco vinculado a negócios no futebol. Tradicionalmente, o BMG compra e vende jogadores, financia e, eu sempre que isso poderia se misturar, se envolvendo tanto o patrocínio quanto entrar no campo de jogadores. Não se fala isso, a diretoria não diz isso, mas o BMG é dono de uma porção de jogadores, inclusive no Corinthians, sempre teve vinculações em negócios com os jogadores. Portanto, desde o primeiro momento, ficou claro que, ao dizer que não era só patrocínio, deveria ter alguma outra coisa.

Os conselheiros foram informados sobre o contrato?

Não, não foram informados. Nem os conselheiros, nem a imprensa. Na verdade, todas as informações foram passadas de forma atravessada. Você não entendia qual é o negócio que vão implantar. Ah, é uma plataforma que vai render muito dinheiro, mas tem contar com adesão…Ninguém sabe exatamente qual plataforma, que adesão que tem que ter e nem quais são os produtos. Então, é um assunto que não está claro, não estava claro e também não foi comunicado nada sobre isso aí. Eu acho que essa confusão que foi criada, ao invés de patrocínio/parceria, plataforma que vai arrecadar dinheiro, que o clube vai ganhar muito, foi tudo com um único objetivo. Como o patrocínio é pouco dinheiro, se o Corinthians fosse dizer quanto ganharia, ganharia menos que Palmeiras e São Paulo, mais ou menos o que o Grêmio ganha de patrocínio. Então, se bolou essa ideia de que é um negócio que vai dar milhares. Eu tenho minhas dúvidas. Esse banco não tem agências, não é um banco forte na internet, crédito consignado que é o forte dele, não sei se a torcida vai ver isso aí. Eu acho que essa coisa que se criou para divulgar esse patrocínio foi para retirar o fato que era pouco dinheiro porque o Corinthians vive criticando a Crefisa, os outros clubes e, de repente, aparece com um contrto bem inferior aos outros clubes. Eles vão dizer que é muito maior, mas é muito maior se der lucro, se essa plataforma do BMG que eu nem sei como é que é, não conheço uma agência desse banco e nem sei qual é o trabalho que eles vão fazer nessa plataforma. Então, pode ser uma coisa brilhante, mas nada indica que isso seja seguro, né.

Como o Sr. define a gestão atual?

A gestão atual é uma gestão de minoria. O Andrés se elegeu presidente com pouco mais de 30% dos votos, embora ele consiga apoio majoritário do Conselho, é uma diretoria que pela primeira vez trabalha em minoria, que ela não teve em apoio de votos. É óbvio que ela consegue manobrar. É uma gestão um pouco difícil. Como a imagem do clube está muito desgastada, e é essa a razão pela qual nós não conseguimos patrocínios melhores, mais sólidos, com grandes empresas. Veja, nós só temos os patrocínios de empresas secundárias, porque o clube está muito desgastado, por tudo que tem ocorrido. Então, a diretoria não pode admitir que o clube está desgastado, aí se auto-incriminaria. Então, eu acho que esse desgaste que o clube tem, está levando o clube a faturar pouco, embora é preciso destacar que o Corinthians tem uma situação singular. Ele nunca recebeu tanto dinheiro da TV como agora, que é o que está salvando tudo. Não é propaganda de manga de camisa, das costas ou de uma ou outra empresinha. O que está salvando o Corinthians é o dinheiro da TV, porque tem um dinheiro muito grande, comparado ao Flamengo. Só os dois que têm. E isso está mantendo o clube, além do bom contrato com a Nike. No mais, na camisa, pouca coisa vem, comparado aos outros campos. Agora, a diretoria está trabalhando em minoria e tem que administrar as dificuldades do estádio, a negociação com a Caixa Federal, das ações por não recolher, que estão batendo na porta do clube. Então, a diretoria está com as dificuldades que foram criadas por ela mesma. No entanto, ainda tem um grande ponto de salvamento, que é o dinheiro da TV.

E a volta do Carille e o trabalho no futebol?

Carille é um grande técnico. Só não sei se ele conseguirá montar um time como ele teve. Primeiro, porque há poucos jogadores por aí e mesmo o Corinthians tendo o dinheiro da TV, tem dificuldades para contratar. Só espero que não apareça o BMG, oferecendo daqui, de lá, por preços astronômicos. Isso é um perigo real.

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