Dec 5, 2019
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O perigo de vender as reservas

O Brasil chegou a acumular, ao longo dos anos, por volta de quatrocentos bilhões de dólares em suas reservas cambiais. É este o montante que garante certa estabilidade econômica, mesmo durante períodos de grandes crises políticas, como as que vivemos desde 2013.
O novo governo aparenta querer reduzir consideravelmente as reservas e vem, pouco a pouco, vendendo parte delas sob argumentos ligados ao câmbio e à dívida. O problema é que encolher as reservas nos coloca em grande risco de maior instabilidade. Podemos nos transformar numa Argentina, pois sabemos que um dos fatores centrais dos problemas portenhos é a falta de reservas que acabou levando o país ao desastre econômico.
No Brasil não houve “efeito Orloff”. Ainda que com dificuldades, tivemos alguma estabilidade econômica.
Neste momento, o governo vive o final da gestão Temer. Tudo o que ocorreu até aqui é mais herança do governo passado do que ação do atual, como são os casos das privatizações e vendas de áreas do petróleo. O mesmo ocorre, ainda, no caso do controle da inflação e da política de juros baixos. Até a reforma na previdência tinha criado corpo anteriormente, não sendo concluída por conta da ação da JBS. A respeito da reforma da previdência, lembremos que o ponto mais desejado por Guedes era mesmo a introdução do sistema de capitalização para aposentadoria. O Congresso foi sábio ao mandar a proposta para o arquivo. A revolta no Chile mostrou que há perigo nas ideias de Chicago.
A partir de agora teremos que observar as ações de Guedes. Até aqui, elas parecem confusas e pouco efetivas. As privatizações são ainda discursos inacabados; as reformas do Estado (fora da previdência) estão em marcha lenta. A única mudança de direção do atual governo vem sendo na venda das reservas. E esta não é uma boa saída. Podemos estar seguindo os passos argentinos em direção ao desastre certo.

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