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Apr 9, 2012

2 x 0, resultado perigoso

(Antonio Peticov. “Man dragora”) (Reprodução)

O Corinthians venceu mais um jogo no Paulistão (ou seria Paulistinha?), no Pacaembu, ontem no domingo de Páscoa.
Mas a mídia pouco falou sobre a vitória  ou da  co-liderança do Campeonato. Preferiram destacar o placar de um a zero com que foi batido o Paulista, de Jundiaí. Mas, 1×0 por acaso, é empate ou derrota ? Quando se trata do Timão, a mídia tem critérios que nem Deus explica. O time não perdeu, e daí? Mas também não goleou, dirão.  E desde quando este deve ser o objetivo num campeonato disputado em conjunto com outro.

A vitória foi importante mas deixa, para os corinthianos sinceros, algumas preocupações.
A maior delas é a precária condição física de alguns jogadores de grande importância para a equipe. Está mais do que na hora de termos um elenco em boas condições físicas, para as duras competições que vêm pela frente. O time está organizado, joga de forma compacta e, em geral, controla o jogo. Mas necessita de alguns jogadores em melhor forma para enfrentar adversários mais fortes. O ideal, como já foi dito, era termos mais uns 3 ou 4 jogadores – de boa qualidade – e com boa preparação física.

Para a mídia – no entanto –  o assunto que importa é o placar apertado. E muitos torcedores do Timão entram nesta onda. Ontem, quando saía do Pacaembu, um jovem torcedor aproximou-se com esta queixa midiática. 1×0… 1×0… 1×0…, só isso? Respondi de forma cordial e irônica: “prefiro o 1×0 porque 2xo é um resultado muito perigoso, como diz a mídia”. O torcedor entendeu a minha brincadeira e passou a falar de outras coisas, inclusive sobre alguns atletas que “estão correndo pouco”.
Aí concordamos e saímos andando e comentando o sofrimento dos nossos adversários (até em campeonatos simples, como o Paulista).

A Nova CBF

Quem achava que o novo presidente Marin seria um mero elemento dominado por todos, deve estar surpreso.
Ele está correndo por todo lado. Articula com Federações, Clubes, Estados, Municípios e com a União. Fará tudo (tudo, mesmo) para manter-se no poder. E não há composição impossível para sua pretensão e para os interesses que o futebol e a Copa movimentam. Para ele não há direita nem esquerda, velho ou novo, Flamengo ou Vasco, Corinthians ou São Paulo, Ministros, Secretários ou Governadores.
Todos serão aliados – pelo menos em potencial – desde que concordem com sua manutenção no cargo. Até a mídia diminuirá suas críticas. O problema será quando um acordo com um aliado atingir interesse de outro, também aliado. Aí mora o perigo de confusão. Mas ele lutará para que isso não ocorra.

 

Apr 4, 2012

Quarta sem Timão

(Reprodução)

Não vamos ser chatos mas, quarta-feira sem jogo do Corinthians, é um problema e tanto.
Primeiro, é uma encrenca para a TV. Com o Timão na TV é audiência certa dos corinthianos e (dizem) dos que procuram secar o alvinegro. Mas, pelo que estamos vendo nos últimos anos, o Corinthians leva nas costas o produto futebol.
É a enorme presença social do Clube na região mais importante para o mercado publicitário. Liderar na região Sudeste não é pouca coisa. Mesmo com a má vontade da mídia (que fala muito do Timão, mas fala para o  achincalhar), o Corinthians é um fenômeno de audiência.
Queiram os adversários ou não, Ibope é com o Timão.

A Fifa perdeu o rumo?

A tentativa de a Fifa enfiar seu Secretário-Geral em uma audiência do Senado é coisa de amadores.
Ou de quem se acha muito esperto. O convite foi para o presidente da Fifa depor e, se ele não puder agora, que se marque outro dia.  Porém, a tentativa de substituí-lo mostra que a Fifa perdeu o rumo. Após aquela declaração grosseira, chula e pedante do Secretário-Geral,  o que esperam os dirigentes da federação de futebol mundial?
Como já está claro, o Mundial de 2014 é da Fifa (inclusive o lucro), mas a grana é do Governo.

Agarrar, pode?

Não assisti ao jogo do Barça com o Milan na tarde de ontem, 3/4.
Vejo que muitos reclamam dos pênaltis marcados, especialmente o segundo, em que o beque do Milan agarrou a camisa do jogador do Barça. Não vi, mas procedeu bem o juiz em  marcar este tipo de jogada, feita por defensores italianos. Após aquele maledetto jogo da Espanha de 1982, onde o defensor da Itália rasgou a camisa de Zico e o juiz não deu nada, não perdoo os italianos . Eles fazem isso o tempo todo. E qualquer pênalti marcado deve ser aplaudido. Ainda que fique a dúvida. Não quero atacar o Milan, time por que torci naquele escândalo  na década de 60, no Maracanã. Foi uma dos maiores sacanagens já feitas no futebol. Quem quiser saber é só ler  a biografia do Almir Pernambuquinho. Ele jogava no Santos e nos conta todo o acerto com o juiz argentino.
Mas aquela simpatia pelo Milan, garfado no Maracanã, terminou em 1982.

Mais uma

O UOL publica – pela décima vez, creio – uma matéria sobre  o estádio do Timão e sua propriedade.
É um conjunto de informações confusas, que amanhã mesmo podem ser corrigidas em outra matéria do mesmo UOL. O importante é que o estádio vai sendo construído, e que  o Timão livrará São Paulo de um vexame sem precedentes: ficar fora do Mundial. Isto é importante para a Cidade . E pouca coisa mais.

TV  Timão.

A notícia de dificuldades na TV Timão não é nenhuma surpresa.
Quem conhece o futebol, os clubes e os projetos de televisão sabe – e bem – que as premissas com que o Corinthians lançou sua TV eram irrealistas.  Trata-se de um fruto da marketagem, achando  que pode a tudo resolver,  apenas importando seguir em frente com mais uma “boa” ideia. Poderiam ter visto o que já foi feito pelo mundo (as experiências de Barça, Milan, Juventus, Real etc). Mas a auto-suficiência é um caminho para o fracasso.
E agora terão que resolver o problema criado pela arrogância.

Mar 29, 2012

Chute no valor

(Reprodução)

O inverno chegou ontem, à noite, no Pacaembu, no jogo do Corinthians contra o XV de Piracicaba.
Frio, vento e uma partida sem grandes emoções. O Corinthians fez o básico e venceu. Bom para alguns jovens que começam a ganhar experiência de jogo. Ruim para outros jogadores que, já no terceiro mês da temporada, estão em precárias condições física. Outros, que vivem querendo ser titulares, mostraram que o técnico está certo. O melhor é continuarem na reserva. Além do frio e do jogo pouco criativo, o destaque foi o enorme policiamento. Parecia final de campeonato com policiais, cavalos e viaturas por toda parte. Parabéns. Mas acho que esta mobilização foi em jogo errado. Tudo bem.
Vamos ver nos próximos.

Dinheiro mais dinheiro

A mídia gosta de especular sobre o valor dos contratos que o futebol gera para os Clubes. 
Os marketeiros também gostam de ficar vazando valores aqui e acolá. O Corinthians – pelo seu tamanho – é o preferido dos jornalistas. Agora, a respeito do novo contrato de publicidade de sua camisa, já se falou de tudo. Sobre valores e  empresas. Um jornalista afirma que “está 99% fechado” com a empresa X, pelo valor “tal”. Logo depois,  desaparece o noticiário,  retornando em seguida, com outra suposta empresa e novas cifras. Estes dias a bola da vez é o contrato do Timão com uma montadora, por 50 milhões ao ano.
Vamos aguardar, porque nem sempre o que é falado na assinatura corresponde ao valor real. E isso ocorre em todos os Clubes. Veja-se o caso da contratação da TV.
Tudo o que se divulgou foi inflado, pelos Clubes em geral! Hoje sabemos que a TV paga quase 1/3 menos do que se propagandeou. E aí estão todos os Clubes. Os marketeiros gostam de dizer que os grandes contratos são obra de suas “jogadas”. Não é bem assim.
Quem define valores, patamares, tetos, limites é o mercado. Veja-se que todos os Clubes têm aumento de seus patrocínios quase em conjunto. Obviamente, respeitando-se o tamanho comercial de cada um.
Nos últimos anos, foi isso que ocorreu. Todos os contratos melhoraram, até de Clubes que não tinham Departamento de Marketing. É este movimento (das empresas e da economia) que aumenta ou reduz os valores.
Por esta razão é bom acompanharmos (todos os Clubes) para vermos para onde vai o mercado.

Mar 23, 2012

Louco ou gênio?

É sempre difícil saber se uma ideia é genial ou uma loucura pura.
Numa fase inicial ocorre  – quase sempre – o mesmo quadro. Caminha-se para uma mudança. Forte, estrutural e rompendo com o presente. Foi o “Caso dos pardais”, na China maoísta dos anos 1950.
Com crise na agricultura e fome generalizada, um grupo de Economistas apresentou a Mao Tse Tung  um caminho “genial”: os pardais comiam mais de 30% da produção agrícola chinesa. Era preciso acabar com esta praga. Mao mandou e a China eliminou, numa campanha nacional, todos os pardais. Resultado: a produção agrícola chinesa no ano seguinte caiu quase 60%, levando a uma fome infernal. Sem os pardais, as plantações tiveram que conviver com todo tipo de praga de insetos (que os pobres pardais comiam).
Mao consertou aquela ideia “genial” e “louca” com duas medidas: mandou fuzilar todos os Economistas que fizeram a proposta de eliminação dos pardais; e decretou uma importação dos pássaros da União Soviética.

Esta tragédia maoísta  lembra – um pouco – a proposta de “adaptar o calendário de futebol do Brasil ao europeu”.
Aqui também acho que não há nada de “genial”, é “loucura pura”. O que propõem nossos “iluminados” é uma mudança no clima: o Inverno passa a ser Verão; o Outono, Primavera. Como sabemos, os povos – desde que o homem tomou a direção do mundo – organizam suas atividades de acordo com as estações do ano. No Verão, com Sol e tudo mais, é um tempo para descanso. Os trabalhadores (ou não) viajam, descansam e recomeçam o trabalho no início do Outono. Desde os anos 1930 – do século passado – quando a esquerda francesa inovou e  estabeleceu as férias remuneradas – isto vem sendo feito. E toda atividade do país segue este caminho: os governos e as empresas programam tudo obedecendo às estações do ano. As fábricas, as escolas, os restaurantes, todos seguem os períodos climáticos. E os eventos (esportivos, culturais etc) fazem a mesma trilha. Por esta razão, os campeonatos europeus e americanos começam com o início do Outono (quando tudo começa a funcionar), vivem seu auge no Inverno, e vão se encerrando na Primavera.
O que propõem nossos “gênios” (ou “loucos’) é fazer com que o Brasil mude de Hemisfério. O auge dos nossos campeonatos seria em janeiro e fevereiro (com aquele sol na cabeça, que Deus nos deu), e descansemos no Inverno (na neve, que Deus não deu).

Esta ideia está mais para loucura e é uma vingança contra Policarpo Quaresma. Desqualifica totalmente o País, submetendo-nos ao regime das estações do hemisfério diverso do nosso. Lembra a ideia de outro gênio (aquele que inventou a Correção Monetária), Roberto Campos, que nunca se conformou com o fato de o Brasil não obrigar a todos  falar inglês. Esta aí uma ideia para complementar a mudança das estações: falando inglês ganharíamos mercados  e ficaríamos iguais aos europeus, como querem os “gênios” da mudança do calendário do futebol.

E mais interesssante é que esta ideia retorna quando o Brasil (pelo crescimento ecônomico das últimas décadas) tornou-se a “joia da coroa” das empresas que por aqui atuam. E que – com maior poder econômico – tendem a tornar os clubes locais mais fortes e concorrentes diretos dos europeus. Ou será que não acreditam que seremos a quinta (ou quarta) economia do mundo nos próximos anos? E que isso terá impacto no futebol? Como, aliás, já vem ocorrendo. Vejam o caso do Neymar (que não acho que seja tudo isso que a mídia diz) que continua jogando no Brasil. Com o Brasil crescendo e a Europa em queda livre são eles (os europeus)  que deveriam pensar em mudar suas estações.

Grande Xico

Há motivos para termos fé na nossa mídia esportiva. Não muito, é claro. O  artigo de hoje, na FolhaFé no Casagrande do Xico Sá, é um deles. Chama de mística furada este papo de time “com cara de Libertadores”. Faz bem o Xico de dizer que este papo de “competição diferente”  é “mistificação pura”.
Infelizmente não é só a mídia que martela esta bobagem. Até torcedores e jogadores do Timão entram neste papo furado. Xico diz – com razão –  que por este critéro de “cara de Libertadores” o Barcelona de Messi seria um exemplo de covardia, que nunca ganharia Copita. Está certo o Xico. Este papo de que a  Copita “Libertadores” é diferente é só para cutucar o Timão. É um torneio igual. Inclusive com um monte de times de segunda ou de terceira categoria (como este “poderoso Juan” que o Santos venceu ontem). Seu endeusamento é, também,  para pagar pouco aos clubes pela transmissão da TV. O Corinthians – não fosse a bilheteria – teria prejuízo em jogar esta “Copita”.  
Vencendo o Corinthians esta competição, a mídia se encarregará de retorná-la ao lugar de quinta, onde esta Copita fica bem.

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